terça-feira, 12 de março de 2013

Capítulo 9 - O Motoqueiro Misterioso - 2ª Parte


    Então, quando a moto chegou a alguns centímetros do meu corpo, Natsuno se jogou pra cima de mim, me jogando para o chão e me salvando.
    Enquanto o vento da moto arranhava o meu rosto, vi os olhos do motoqueiro – estavam profundamente vermelhos.
    Ele continuou pelo corredor, em direção à janela.
    Não pensei duas vezes e o segui.
    Eu corri atrás da moto, surpreendentemente alcançando-a. Todos gritando para eu voltar, mas eu ignorava. Quando a moto chegou perto da janela do fim do corredor, saltou para o lado de fora.
    Eu também pulei.
    Pousei em cima de um ônibus em movimento, na avenida, na lateral do colégio. Me equilibrei. O ônibus seguia pela avenida na mesma direção do motoqueiro, que pousara bem em frente a ele. Íamos direto para a grande cidade.
    O céu estava sem nuvens, totalmente azul, resultando num ótimo clima para uma manhã.
    Eu corri por cima do ônibus para chegar perto da moto, mas a mesma estava mais rápida, se distanciando. O motoqueiro olhou para trás e me viu. Então virou a rua à esquerda.
    Daí eu pulei do ônibus para um caminhão-baú, que estava virando a mesma rua da moto. O trânsito estava intenso. E, graças a isso, o caminhão parou. Mais a frente, vi que o farol estava fechado.
    - Droga! – disse a mim mesmo.
    Do caminhão pulei em cima de um carro que estava mais a frente (onde o motorista gritou “Ei!”) e fui pulando para outros carros. A moto tinha dificuldades para avançar graças ao congestionamento, e isso me dava um pouco de vantagem. Eu continuava me aproximando, até o farol abrir.
    Os carros continuaram seus trajetos, enquanto o motoqueiro virava à direita. Pulei exatamente na garupa de uma moto que seguia o mesmo caminho que o inimigo, e falei:
    - Segue ele!
    - Hã? – se perguntou o motoqueiro; mas sem protestar (e acho que ele pensava que eu estava armado) ele fez o pedido. Acelerou, e estávamos alcançando o inimigo, a apenas alguns metros, quando o farol novamente fechou. Porém, o motoqueiro misterioso virou a avenida à esquerda e pisou fundo. Olhei meu anel, que ganhara do meu pai, e o beijei.
    - Por favor – disse a ele –, se você tem algo a me oferecer, que seja agora!
    De início nada aconteceu.  
    Mas depois me surpreendi. O anel estava deixando sua forma. Aos poucos ele se esticava, virando uma… espada?
    Uma espada não muito grande, pois tinha 60 cm de comprimento. A lâmina de metal era dourada e o cabo era vermelho, lembrando o fogo.
    - Obrigado, pai – agradeci ao anel (agora espada), como se ele fosse meu pai; o motoqueiro que me “ajudara” estranhou.
    Olhei para a avenida à esquerda, onde o motoqueiro se distanciava.
    Apertei a espada dourada e, com toda a minha força, a lancei contra o indivíduo.
    PUFF… acertei o pneu da moto, que furou. Aos poucos ia se esvaziando. O veículo começou a parar, enquanto o motoqueiro misterioso saía para fugir. Não perdi tempo e saltei da moto, correndo em direção a ele.
    O homem tirou o capacete e entrou num beco, correndo muito rápido. Rapidamente peguei minha espada, que ainda estava encravada no pneu da moto, no meio da rua, e o segui. O beco era um lugar deserto de pessoas, apenas com latas e baús de lixo por toda parte. Era fedorento e havia muitas portas laterais e/ou dos fundos de prédios no decorrer das paredes.
    Eu corria, corria, e nada de me aproximar do motoqueiro. Ele virou à esquerda e depois à direita, até que ele se encontrou sem saída – um enorme muro encerrava o caminho.
    Ele parou.
    Quando cheguei perto ele se virou para mim, e vi suas presas e dentes, além dos olhos vermelhos. Mas ele não me atacou.
    - Aonde pensa que vai? – falei, com a minha espada em punho, pronto para o ataque.
    Ele deu uma gargalhada assustadora.  
    - Isso é apenas o começo – me disse.
    - Hã? – perguntei.
    Mas quando eu ia atacá-lo com a minha espada, ele apenas deu um salto e já estava no alto do prédio do beco, indo embora!
    Fiquei lá, parado, de boca aberta, impressionado com o pulo.
    Como assim apenas o começo? Ele me atraiu para ali apenas para me dizer isso? E quem era ele afinal?
    Olhei para trás e lembrei que estava numa grande encrenca – saí da escola sem permissão, seguindo um estranho. Com certeza eu estava em sérios apuros. Não só na escola, mas como fora dela também!
   Voltei para as ruas, ainda pensando no sujeito.
    Eu estava numa avenida, em alguma parte da cidade, perdido. A rua era muito movimentada, com grandes prédios por perto, o que significava que eu já estava na cidade.
    Fui à uma cabine telefônica.
    Sorte que eu tinha algumas moedas no bolso, então disquei o número de casa.
    Minha mãe atendeu:
    - Alô?
    - Oi, mãe.
    - Filho! – o grito foi tão alto que quase pulei de susto – Onde você está? Ligaram da sua escola dizendo que você havia saído de lá e…
    - Calma, mãe – a interrompi –, estou bem. Só estou meio perdido.
    - Perdido? – vi que ela estava realmente muito preocupada.
    - Fubuki? – agora era meu pai quem falava ao telefone.
    - Oi, pai. Desculpe-me por sair da escola assim, desse jeito, mas acho que vi um…
    - Conversamos depois – ele me interrompeu, como se quisesse me dizer que não deveríamos falar sobre isso por telefone. – Onde você está?
    Olhei em volta e vi uma loja chamada YURI, depois vi o nome da avenida numa placa de cruzamentos, perto do semáforo.
    Informei tudo ao meu pai.

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