quarta-feira, 27 de março de 2013

Capítulo 13 - Confronto no Estacionamento - Parte Única


    Chegamos ao estacionamento do Shopping Center, que ficava no subsolo do prédio. Meu pai estacionou o carro, saímos e entramos no elevador. Fomos para o térreo.
    - Nossa! – falei de queixo caído assim que a porta do elevador abriu. – Nunca vi nada igual.
    Era verdade. Nem aquele supermercado era maior que isso. O shopping era bem maior, e ainda era o primeiro dos cinco andares!
    Saímos do elevador.
    Andamos pelo corredor, passando por diversas lojas, todas com algo muito bonito nas vitrines. Subimos ao segundo andar pela escada rolante, até chegarmos num lugar que tinha uma planta do shopping na parede.
    - Vamos comprar as pipocas e refrigerantes aqui – falou meu pai, apontando num lugar do mapa, no terceiro andar. – Querida, você compra os ingressos?
    - Claro.
    - E eu, pai? – perguntei. – Fico com a minha mãe ou vou com você?
    - Venha comigo, assim você me ajuda com o lanche.
    Então, enquanto minha mãe ficava na enorme fila dos ingressos, já no terceiro andar, eu e meu pai comprávamos as pipocas, refrigerante e chocolates.
    Pensei em minha mãe. Ela finalmente iria comer besteiras sem reclamar, aliás, temos que comer de tudo um pouco. E, afinal, era uma ocasião muito especial.
    Estávamos na fila da pipoca, quando, de repente, senti um arrepio estranho – quer dizer, não mais estranho para mim.
    Olhei para o meu pai, que olhou para mim. Não falamos nada, mas foi como se disséssemos: “Você sentiu isso, pai?”, “Claro filho. Parece que teremos companhia”.
    Dei uma olhada discreta em nossa volta, mas nada de suspeito.
    Fiquei preparado para tudo, já tirando o meu anel dourado do dedo e o colocando no bolso.
    Compramos a pipoca e fomos até Sanae, que já era a terceira da fila dos ingressos. Depois de também comprarmos os ingressos, fomos para a sala do cinema, onde o filme estava prestes a começar.
    Nos acomodamos na quinta fileira de cadeiras, um lugar perfeito.

    Depois de rir muito, infelizmente o filme acabou.
    Saímos do cinema quase onze da noite.
    - Gostaram do filme? – perguntou meu pai, enquanto saímos da sala do cinema.
    - Eu achei ótimo! – respondeu minha mãe.
    - Eu também – completei. – Nos divertimos muito.
    Eu estava realmente muito feliz. Sempre quando meu pai vinha nos visitar eu ficava feliz. Quando estávamos os três juntos sempre nos divertimos muito, sempre com algo diferente. Por exemplo: no último mês fomos a um parque de diversões; no mês anterior a esse fomos ao parque-aquático; no anterior aos dois fomos para a praia; no anterior aos três anteriores fomos a um museu seguido de uma sorveteria; e no outro… bom, se eu mencionar todos ficarei a minha vida inteira aqui falando.
    Fizemos algumas compras: roupas, sapatos, objetos…
    Ficamos conversando no McDonalds do shopping e comendo hambúrgueres. Foi um máximo!
    Mas tudo tem um fim.
    Já era quase meia-noite quando voltamos para casa.
    Pegamos o elevador e descemos ao estacionamento, no subsolo. Minha mãe havia esquecido sua bolsa na lanchonete, então voltou para buscá-la. Eu e meu pai rumamos em direção ao carro dele, quando ouvimos um barulho. Parecia batida.
    - O que foi isso? – perguntei, assustado.
    - Será que…
    Meu pai nem precisou completar a sua frase para termos certeza: um vampiro apareceu na nossa frente.
    Ele era alto, branco e tinha enormes cabelos lisos, porém bagunçados. Era muito feio, e seus olhos vermelhos eram enormes.
    - Droga! – exclamou meu pai.
    - Háháháhá – gargalhou o vampiro, abrindo sua boca e mostrando seus olhos vermelhos. O indivíduo era um pouco peludo, e percebi suas grossas veias em diversas partes do seu corpo.
    - O que você quer? – perguntou Tony.
    O vampiro estava um pouco distante, a uns vinte metros de nós, em cima de um carro, mas mesmo assim era assustador.
    - Adivinha – falou o indivíduo. – Seu sangue!
    Meu pai sacou sua corrente prata e bronze – agora uma espada – e se preparou.
    - Você veio ao lugar errado! – ele estava muito sério.
    - Você acha? – o vampiro parecia nem ligar para a lendária Ko-Kyuketsuki.
    Também peguei meu anel, que se transformou na espada vermelho-dourada.
    - Você ainda não me respondeu! – gritou meu pai. – O que você quer?
    - Eu já falei – o vampiro ria ironicamente. – Seu sangue!
    Sangue? Isso até poderia ser normal. Mas não seria normal um vampiro procurar em dois caçadores, seria? A não ser se ele quisesse algo a mais. Mas o quê?
    - Pai – falei –, deixe-me lutar com ele.
    - Mas Fubuki…
    - Confie em mim – o interrompi. – Quero provar que posso ser um bom caçador.
    Eu estava confiante. Era meu primeiro vampiro, e eu não queria decepcionar.
    Mas me surpreendi quando o vampiro correu em minha direção e já estava ao meu lado.
    - Hã?
    “PLAFTCH!”, ele me acertou com um soco no rosto. Fui parar voando numa das colunas do estacionamento, onde eu bati com força. Com o impacto, fez-se uma pequena rachadura.
    - Não é possível! – meu pai estava surpreso – Nunca vi um vampiro assim. Ele é tão rápido!
    O vampiro estava em frente ao meu pai, o olhou mas o ignorou. Veio em minha direção na mesma velocidade de antes, eu ainda me levantando. Quando ele tentou me atingir com outro soco, eu desviei num pulo para o lado, enquanto o soco rachava mais ainda a coluna. Parei atrás do indivíduo, que se virou rapidamente. Ele me deu uma rasteira e caí.
    - Você é muito fraco, aprendiz de caçador! – ele riu com seus dentes afiados.
    - Ah é? – com a minha espada eu o ataquei, mas ele desviou. Mesmo assim fiz um corte em sua perna, que começou a sangrar.
    Levantei-me rapidamente. Ele veio em minha direção com um ataque, mas eu desviei e lhe dei um chute. Em seguida dei-lhe vários socos na cara e na barriga, fazendo-o ficar sem alternativa a não ser recuar – até eu estava surpreso com a minha agilidade.
    Enquanto eu o batia, seu nariz sangrava e ele gritava de dor, até que deu um salto-mortal para trás. Corri em sua direção, muito rápido, e quando cheguei perto dele, o vampiro tentou me acertar com um chute, mas pulei para o lado, peguei impulso na lateral de um carro e acertei-lhe uma voadora na cara. Ele caiu no chão, muito ferido com os meus ataques.
    - Quem é fraco mesmo? – ironizei, olhando para ele. Me estremeci vendo a horrível criatura, que estava mais feia ainda com a sua cara enchada e seu nariz sangrando. Mas não perdi tempo e enfiei minha espada em seu peito.
    Era o fim dele.
    Enquanto o vampiro gritava de dor, ele se transformava em pó, deixando apenas rastros de sangue no chão.
    Olhei para o meu pai e vi que ele estava muito surpreso.
    Ele se aproximou de nós com o frasco de vidro cristalino vermelho. Eu tirei minha espada do monte de areia, e meu pai colocou todo o pó no vidro. Minha espada ensanguentada tornou a virar um anel dourado limpo e brilhante.
    - Filho, você será um ótimo caçador de vampiros – falou meu pai, com tom de orgulho na voz. – Com quem aprendeu a lutar tão bem assim?
    - Com o tio Michael.
    - Admito que você me surpreendeu.
    - Pai, eu não disse que ia te provar que seria um bom caçador?
    - Isso eu já sabia – meu pai guardou o pote de vidro num dos bolsos internos da jaqueta. – Fubuki, mas esse vampiro não era um vampiro comum.
    Estranhei.
    Nenhum vampiro era comum, mas o que meu pai queria dizer com isso?
    - Como assim, pai?
    - A velocidade dele. Os vampiros não são tão rápidos assim. Havia algo diferente nele. A aparência também mostrava isso. Aqueles pêlos e veias grossas...
    - E o que será que ele queria?
    Essa era a outra questão.
    - Não sei – ele respondeu; andamos até o carro. – Normalmente os vampiros nem sonham ver um caçador por perto.
    Seria por isso que o professor de História e os dois valentões faltaram à aula ontem? Porque depois que o diretor da minha escola me atacou, ele morreu por meu pai.
    Mas e aquele motoqueiro? Ele disse, antes de fugir: “Isso é apenas o começo”. Então isso significava que os vampiros me atacariam? Porque esse último vampiro ignorou meu pai para me atacar. Bom, mais do que nunca tenho que me prevenir, ou então virarei comida de morcego.
    - Vocês ainda não tiraram o carro? – perguntou minha mãe, entrando no estacionamento.
    Ela estava um pouco distante, então meu pai disse a mim:
    - Rápido, Fubuki, entra no carro!
    - Mas por quê? – eu estranhei.
    - Se olhe no espelho.
    Fiz o que ele mandou. Então percebi que havia uma marca muito feia de um soco no meu rosto, resultado do ataque daquele vampiro. Minha mãe não entenderia.
    Entrei no carro.
    Ela se aproximou, com a bolsa que fora buscar:
    - Vamos ou não?

    Chegamos em casa às meia-noite e meia.
    Meu pai guardou o carro na garagem, enquanto eu e minha mãe entrávamos em casa – eu, logicamente, sempre escondendo a parte ferida do meu rosto.
    Meu pai chegou. Subimos para nossos quartos.
    Enquanto eu vestia minha roupa de dormir, pensava naquele vampiro. Eu tinha uma leve impressão que era um teste ou algo do tipo. Mas por quê? Meu pai disse que ele não era um vampiro comum. Mas como eu o derrotei tão fácil? Bom, essas perguntas ficam para outro dia, porque agora eu estou esgotado. Apesar de eu ter derrotado aquele indivíduo facilmente, gastei todas as minhas energias.
    Hoje foi um dia longo. Descobri que Natsuno e Riku também são caçadores de vampiros e matei um vampiro. Mas, apesar de eu estar feliz com os meus pais por perto, faltava alguém. Não um alguém, mas dois “alguéns”! Shimizu e Zoe. Quando estou distante das duas sinto um vazio no coração. Eu estava apaixonado por uma e quase por outra. Mas não tenho nada a fazer a não ser torcer para vê-las o mais rápido possível.
    Deitei na minha cama e simplesmente dormi. Sem pesadelos nem nada. Dormi tranquilamente. Apenas torcendo para não entrar nenhuma sombra no meu quarto. Fora isso, estava tudo normal.
   
     Hoje eu enfrentei um novo desafio. Mas, e dali em diante, o que será da minha vida? O domingo seria normal, ou eu encontraria mais um inimigo? Descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

segunda-feira, 25 de março de 2013

1ª Mensagem

    Estou avisando aos leitores que decidi publicar os capítulos em variadas formas. Alguns vão ser divididos por indeterminadas partes, outros serão publicados completos. Enfim, o que importa é que vocês não ficarão sem O Caçador de Vampiros, porque a história está apenas começando... =)
    Ah, e logo mais estarei postando as biografias e as imagens dos personagens principais, por isso não se preocupem. Garanto que vocês não se arrependerão de esperar e, quem sabe, posso até fazer sorteios (mas isso fica para outro dia).
    Só isso, espero que vocês estejam gostando da história ^^
    E comentem bastante!!! rs'
    Um abraço!!!

domingo, 24 de março de 2013

Capítulo 12 - O Aviso de Um Novo Rival - 2ª Parte


    Era exatamente três horas da tarde.
    Avisei à minha mãe e ao meu pai que iria dar uma volta ao parque. Hoje com certeza estaria cheio.
    Chegando lá, muitas crianças brincando nos gramados e brinquedos, além de vários garotos jogando futebol na quadra.
    Zoe?
    Nem sinal dela.
    Mas adivinha quem estava lá.
    Riku.
    Sentei no mesmo banco de sempre, e ele estava no mais perto.
    Fiquei observando os caras jogarem bola, quando me surpreendi:
    - Preciso falar com você.
    Era ele.
    Olhei para Riku que, como de costume, seu rosto não expressava nenhum sentimento.
    - Falar comigo? – estranhei. – Sobre o quê?
    Ele também se sentou.
    Apesar do calor que fazia, às vezes batia um vento gelado em nosso rosto. O parque estava movimentado na outra parte (na das crianças), deixando-nos em um “silêncio” agradável, perfeito para um bate-papo.
    - Você já deve imaginar que eu sou um caçador – falou ele.
    - Verdade – confirmei. – E você já sabe que eu também…
    - Sei.
    - Por isso veio até aqui.
    - Eu sei que te recusei quando vocês chegaram perto de mim naquele dia na escola, mas a verdade é que eu já não confio em mais ninguém.
    Apesar de ele disfarçar muito bem, percebi, de relance, um tom de tristeza em sua voz e nos seus olhos.
    - Mas por que não confia em ninguém? – perguntei.
    - Meus pais foram atacados nesses últimos dias por vampiros, e agora estão…
    Escorreu uma lágrima de seus olhos, mas Riku logo a enxugou.
    Mas seus pais não haviam morrido num acidente de carro?
    Estranhei.
    - Sinto muito – lamentei.
    Ele nunca olhava diretamente nos meus olhos, mas percebia que ele me observava o tempo todo.
    - Mas o que tudo tem a ver? – perguntei.
    - Vou ser bem direto. Eu quero vingança.
    Isso já era meio que óbvio para mim. Se acontecesse a mesma coisa com os meus pais, eu nem sei o que faria: se entraria em depressão ou, simplesmente, me mataria. Mas uma coisa eu sei: antes de tomar essa decisão eu me vingaria.
    - Você quer vingança – repeti.
    - Ou seja – ele continuou –, matarei todos os vampiros, inclusive… o seu amigo.
    Ele estava falando do Yuuki.
    Riku, de certo modo, estava certo, pois Yuuki também era um vampiro.
    - Mas primeiro temos que descobrir mais alguma coisa sobre ele – protestei.
    - Descobrir mais? – Riku estava impaciente – Já sabemos o suficiente: Yuuki… é… um… vampiro!
    - Mas e se ele for um vampiro do bem?
    - Não existe isso!
    - Como você sabe?!
    - Fubuki, eu sou um caçador há quase dez anos. Os conheço muito bem.
    Eu estava surpreso.
    Caçador há quase dez anos? Isso é possível? Riku, desde pequeno, seria mesmo um caçador de vampiros?
    - Eu – ele continuou – fui obrigado pelo meu pai desde criança. Você não sabe como isso é duro – quase outra lágrima escorreu dos seus olhos –, você não sabe o que é ter uma infância sem amigos, tendo que lutar contra vampiros toda hora.
    De certo modo eu entendia o que ele queria dizer. Riku era muito solitário, sem amigos por perto. Isso deve ser horrível! Deve não, é. Eu estava muito triste por ele, porque há alguns dias eu sentia a mesma coisa. E o pior: Riku perdeu os pais.
    - Riku, acho que você deve dar chances às pessoas – falei. – Não falo isso por Yuuki, mas falo por você. Há pessoas que querem ser suas amigas, e você tem que aceitá-las. Assim você se sentirá muito melhor. Isso eu te garanto.
     - Não seja idiota – sua voz tinha, agora, um tom de raiva, ódio e vingança. – Ter amigos agora não vai adiantar nada! Perdi meus pais, as únicas pessoas que me amavam. Agora sou obrigado a morar com os meus tios imbecis – sua voz estava falhando. – Bom, eu só vim falar com você para te avisar que vou exterminar aquele seu amigo.
    - Eu não vou deixar! – retruquei.
    Riku se levantou:
    - E vou te dar uma dica.
    - Hã?
    - Não entre no meu caminho, ou então…
    - É o que veremos – Riku se mostrou surpreso. – Você vai ter que passar por cima de mim primeiro.
    - Como quiser - e sorriu, como se estivesse tirando sarro de mim.
    Ele se foi, enquanto eu o olhava, com certa admiração.
    Todos temos amigos, famílias e amores. Mas agora eu tinha, também, um grande rival. E estava muito feliz com isso.
    Riku, foi bom te conhecer, mas lhe garanto que tudo está começando apenas… agora.

    Estava anoitecendo quando terminei meu banho.
    Me sequei, vesti uma roupa de sair e desci à sala.
    Meus pais estavam me esperando: íamos ao cinema.
    Olhei a hora e vi que já eram quase sete da noite.
    - Vamos – apressou minha mãe. – Pegaremos a sessão das nove! Não quero chegar lá com os ingressos esgotados!
    - Calma, amor – falou meu pai. – Temos tempo o suficiente para ir e voltar.
    - Papai tem razão, mãe. Ainda está cedo.
    Vi que a paciência dela já estava acabando.
    Para mais prevenções, eu e meu pai decidimos nos apressar.
    Saímos de casa e fomos pegar o carro na garagem, enquanto minha mãe esperava na calçada.
    Depois que todos já estavam no veículo, finalmente rumamos ao cinema do Shopping Center, que ficava na cidade.
 
    Não sei por que, mas sinto que teremos uma longa noite, tanto no tempo quanto na emoção! Eu estaria certo sobre isso? Ou seria apenas intuição? E se estiver correta a minha intuição, o que vai acontecer? Descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 22 de março de 2013

Capítulo 12 - O Aviso de Um Novo Rival - 1ª Parte


        - Eu também sou membro de um clã especial – ele explicou. – Resumindo: também sou um caçador de vampiros.
    Agora sim. Isso explica tudo. Que alívio.
    Calma aí! Alívio? O que estou pensando? Na verdade eu estava surpreso! Natsuno também ser um caçador…
    - Então isso explica você ter chegado atrasado naquele dia – falei.
    - Exato. Mas como percebeu?
    - Sei lá, apenas desconfiei.
    - De qualquer forma está certo.
    - E também sobre seu pai ser policial.
    - Exato.
    - E sobre a… - não queria falar isso, mas não tinha jeito. – Sobre a sua mãe.
    Vi sua expressão facial mudar para tristeza. Com certeza a mãe de Natsuno foi morta por vampiros, pois ele era um caçador, junto de seu pai e sua família.
    - Fubuki, por que você não me disse sobre isso antes? – ele perguntou.
    - Bem, nem eu mesmo sabia. E como você soube sobre mim?
    - Eu já tinha minhas suspeitas desde a primeira vez que te vi. Você não sentiu nada de diferente?
    Pensando bem ele estava falando a verdade. Na primeira vez que o vi senti um arrepio diferente, além de perceber um tom amarelado em seus olhos.
    - Depois – ele continuou – meu pai me falou sobre ter um caçador na minha escola, e imaginei que fosse você.
    - Então você acertou – brinquei.
    - Não falho nessas coisas – ele sorriu.
    - Me diga uma coisa, Natsuno – falei. – Se você não falha nessas coisas, não percebeu algo estranho nos valentões da escola?
    Ele pensou um pouco, mas senti que sua resposta já estava na ponta da língua:
    - Em dois, apenas.
    - E nos olhos do… Yuuki?
    Novamente ele mudou de expressão. Yuuki era um grande amigo de Natsuno, isso o deixaria mal.
    - Percebi – ele respondeu, com tom de tristeza na voz. – Mas sinto que Yuuki é diferente, sabe? Ele pode ser um vampiro, mas um vampiro do bem. O conheço desde o ano passado.
    - Mas meu pai disse que isso não existe – repliquei, também triste. – Os vampiros se alimentam de sangue humano.
    - Mas tem exceção para tudo.
    Poderia ser verdade. Sempre há uma luz no fim do túnel, e eu torcia para essa luz ser o bem em Yuuki. Apesar de não falar muito com ele, sinto que já somos grandes amigos.
    O que estou dizendo?! E se ele realmente for um vampiro? Não posso ser seu amigo, pois ele poderia querer… bem, você já deve imaginar.
    - Acho que Riku também é um caçador – disse Natsuno.
    - Um caçador?
    Fazia sentido, pois vi algo amarelado em seus olhos também.
    - E o terceiro valentão – ele falou.
    Hiroshima.
    Esse era o terceiro valentão. O mesmo que meu pai atropelou ontem. O mesmo que estava investigando sobre um cientista desaparecido.
    Expliquei tudo à Natsuno.
    No final ele estava surpreso:
    - Um cientista? Nunca ouvi nada sobre ele. Nem na organização Ko-Ketsu.
    - Natsuno, há quanto tempo você é um caçador? – indaguei.
    - Ainda sou um aprendiz – ele respondeu. – Entrei para a organização há apenas alguns meses. Bom Fubuki, já vou indo.
    - Está bem.
    - Ah, e sobre aquele motoqueiro…?
    - Eu o segui, mas ele fugiu. Também era um vampiro.
    - Entendi.
    Nos despedimos, e quando ele estava indo pela floresta, ainda falou:
    - Não se preocupe com a Shimizu, faltar é normal.
    Voltei para casa, pensando em onde Natsuno morava.
    Quando cheguei na sala, me deparei com o meu pai.
    - Parece que já tem um parceiro – ele brincou.
    - Parceiro? Como assim?
    - Aquele garoto, seu amigo. Ouvi a conversa de vocês.
    Senti que meu pai já sabia que Natsuno era um caçador, desde quando o viu na escola. Mas como ele ouvira nossa conversa? Estava escondido?
    - Pai, você já o conhecia? – perguntei.
    - Ele não, mas seu pai faz parte da organização.
    - Ah…
    Minha mãe tinha acabado de fazer a comida, então eu e meu pai fomos à cozinha.
    Nós três almoçamos.
    Depois meu pai falou que iríamos ao cinema da cidade hoje à noite. Perguntei que filme, e ele respondeu que era comédia.
    Gostei da ideia. Nada como um bom filme para se distrair. Só espero que não aconteça nada até lá.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Capítulo 11 - Sábado Revelador - 2ª Parte


    Já era quase uma da tarde, quando minha mãe chegou.
    Eu estava com o meu pai no sofá da sala assistindo a um programa cômico de TV.
    - Cheguei – ela falou, muito feliz.
    - Ah, oi mãe – falei.
    - Boa tarde, filho.
    - Como foi lá no parque? – indagou meu pai, sem muito interesse.
    - Conheci algumas mulheres – ela respondeu; depois olhou para mim – inclusive, Fubuki, eu convidei uma para passar o domingo aqui conosco. Ela trará sua filha. Fiquei sabendo que é da sua idade.
    Ah, não! Mais uma garota? Já havia Shimizu e Zoe. Era mulher demais para a cabeça de um menino. Ainda mais um menino confuso e indeciso como eu. Mas não tive mais nada a falar, a não ser:
    - Como quiser, mãe.
    Ela foi para a cozinha para fazer o almoço, enquanto eu ia para o meu quarto. Meu pai ficou na sala, já colocando no noticiário da tarde.
    Deitei na minha cama e fiquei pensando um pouco.
    Sem vampiros agora.
    Agora eu pensava na minha vida dali pra frente, como um “aprendiz de caçador de vampiros”. Meu primeiro caso não seria, bem, combater vampiros. Eu precisava ver se descobria algo sobre aquele cientista desaparecido. Iria à antiga casa de Hiroshima, para ver se achava algo sobre o assunto. Mas e se não tivesse nada lá? Bom, agora só me resta pensar no melhor e me preparar para o pior. Com certeza eu teria que lidar com o que viesse. Mesmo que sejam vampiros…
    Decidi descansar.
    Amanhã treinaria um pouco com a minha nova espada. Senti que ela era feita especialmente para mim, com tudo ajustado. Era o peso ideal, era afiada como eu queria, e era dourada… Por que eu achava a cor importante? Por que não era a mesma cor da espada que eu usava no meu pesadelo. Lá eu matei meus pais com uma espada vermelha, completamente diferente. Isso já me aliviava.
    De repente senti um calor, depois um arrepio gelado.
    - Essa não! – murmurei.
    Sempre que eu sentia isso acontecia algo estranho. Primeiro aquelas sombras do meu pesadelo. Depois os três valentões – ou dois, como quiser. O professor de História, o diretor e, por fim, aquele motoqueiro misterioso.
    O que viria agora?
    Ouvi um barulho estranho, que não sei distinguir, vindo da floresta. Me levantei e fui à janela ver o que era.
    Ao olhar para baixo, vi Natsuno.
    Espera aí! Natsuno? O que diabos Natsuno queria?
    - Ei, Fubuki! – ele me chamou.
    - E aí Natsuno. O que faz aqui?
    - Desce um pouco. Preciso falar com você.
    Fiz que sim.
    Saí do meu quarto, desci as escadas e saí pela porta dos fundos, que dava na floresta.
    Ao me encontrar com ele:
    - Natsuno, como sabia onde eu morava?
    - Foi fácil – ele sorriu. – Procurei nos arquivos da escola.
    Procurou nos arquivos da escola?
    - O que você quer? – perguntei, estranhando.
    Ele olhou para a floresta.
    - Eu já sei sobre você – ele disse.
    - Sabe sobre mim?
    - Esse lance de caçar vampiros.
    Será que eu ouvi direito? Natsuno realmente descobriu sobre isso? Mas como? Não haveria como ele saber, a não ser…
    - Eu também sou membro de uma família especial – ele explicou. – Resumindo: também sou um caçador de vampiros.

    E agora? Como reagirei? Natsuno ser um caçador com certeza era uma surpresa, mas eu nem imaginava? Descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

segunda-feira, 18 de março de 2013

Capítulo 11 - Sábado Revelador - 1ª Parte


    O dia de Sábado amanheceu ensolarado, como de costume na primavera.
    Eu não estava de mau humor, mas também não estava de bom humor. Por quê? Sei lá! Ultimamente minha vida tem sido estranha. Garotas, pesadelos, sombras, vampiros…
    Ah, e falando nisso, aconteceu uma coisa muito estranha: eu tive uma noite normal! Sem nenhum pesadelo, sem nenhuma presença estranha por perto, sem nada esquisito – exceto isso, que era muito esquisito.
    Levantei-me e fui à cozinha para tomar o café da manhã.
    Me surpreendi quando vi que já eram quase meio-dia. E me surpreendi ainda mais quando vi que era meu pai quem estava fazendo o café! Estava bom demais para ser verdade: finalmente uma coisa estranha.
    Sentei-me à mesa:
    - Onde está a minha mãe, pai? – perguntei.
    Meu pai, já colocando o café na garrafa térmica, respondeu:
    - Ela foi dar uma volta no parque, Fubuki.
    - Já faz muito tempo?
    - Faz nem duas horas.
    Outra coisa estranha. Meu pai acordou cedo? Realmente minha vida estava normal depois de ele ter matado o diretor da minha escola – que na verdade era um vampiro.
    Meu pai me serviu com pãezinhos e café. Depois se sentou:
    - Pai, sobre ontem…
    - Você quer saber quem é Hiroshima – ele completou.
    Assenti.
    - Fubuki, Hiroshima foi encontrado por um dos nossos membros há mais de dez anos. Ele era órfão, e o encontramos através de alguns vampiros, que quase o matou. Hiroshima conseguiu se defender e matou eles. Esse membro estava presente por acaso, então o chamou e pediu a autorização do orfanato, no qual ele estava.
    Fiquei até meio triste. Não sabia que Hiroshima era órfão, muito menos um membro de um clã especial. Coitado… Com certeza teve um passado muito triste.
    - Mas ele estava em alguma missão? – perguntei.
    - Ele decidiu investigar sobre o paradeiro de um cientista pouco conhecido entre nós caçadores – respondeu meu pai.
    - O paradeiro de um cientista? – estranhei. Por que ele investigaria uma pessoa assim? Poderia até ser um chefe dos vampiros, um mafioso, ou qualquer outra pessoa. Mas um cientista?
    - Houve boatos na organização Ko-Ketsu sobre uma pessoa que descobriu uma cura para pessoas contaminadas por vampiros…
    - Espere um pouco! – o interrompi – Você está dizendo que há contaminação?
    - Exato.
    Me senti mau. Normalmente nas histórias de vampiros sempre havia contaminação. Por que eu não pensara nisso antes? Será que porque aqui é vida real?
    - Mas pai, por que o Hiroshima andava com vampiros?
    - Achamos que os vampiros sejam os culpados pelo sequestro desse cientista.
    - E os vampiros (os outros dois valentões) não perceberiam a presença de Hiroshima? – eu estava confuso.
    - Filho, Hiroshima já conseguia controlar seu poder. São poucos os que conseguem esconder sua verdadeira identidade, e Hiroshima era um deles.
    Finalmente entendi. Hiroshima estava investigando os outros dois valentões – que são vampiros – para ver se descobria algo sobre o paradeiro do cientista misterioso. Mas de alguma forma ele foi descoberto, e sofreu tanto a ponto de morrer.
    - Então você acha que esse cientista seja o tal Koyoshima? – perguntei.
    Meu pai ficou pensativo por um momento. Estávamos quase terminando o café da manhã. Em breve minha mãe chegaria, deixando-nos sem um lugar seguro para conversas desse tipo.
    - Tenho certeza – respondeu ele. – Hiroshima falou algo sobre “Koyoshima”, “avisar” e “Pen-drive”. Ele descobriu alguma coisa importante, tão importante que custou a sua vida – percebi a expressão facial de meu pai mudando para tristeza.
    E ele tinha motivos para isso. Conhecia Hiroshima há mais de dez anos, desde quando o garoto era apenas uma criança. E agora…
    - Temos que investigar sobre isso – falou meu pai.
    - Mas onde? – perguntei.
    - Deixa isso comigo, filho. Se Hiroshima morreu por causa dessa informação, não o deixarei correr o mesmo risco.
    - Não – respondi decididamente. – Chegou a minha hora, pai. Acho que já estou na idade de me cuidar muito bem. Quero minha primeira missão… e será essa.
    Vi que meu pai, ao mesmo tempo em que estava preocupado com a minha atitude, estava muito orgulhoso de mim.
    - E você pretende começar por onde, senhor detetive? – ele indagou com ironia.
    Não pudemos deixar de rir, porque realmente foi engraçado num momentos daqueles.
    - Que tal eu saber onde Hiroshima estava morando nesses últimos dias? – respondi.
    - Está certo, então.
    Terminamos de tomar o café em silêncio.

domingo, 17 de março de 2013

Capítulo 10 - A Filosofia do Amor - 3ª Parte


    Quatro da tarde.
    - Mãe, vou dar uma volta ao parque!
    - Claro, filho – ela respondeu, lá do quarto. – Você já sabe a hora de voltar, né?
    - Sei! – e fui.
    Caminhei pensando em tudo o que havia acontecido desde quando me mudara para Tóquio, principalmente nas últimas horas. Eu estava surpreso quanto ao diretor da minha escola ser um vampiro. Tenho quase certeza que era ele quem me vigiava o tempo todo, seja em casa, seja na escola. Mas se ele quisesse realmente me matar ele já teria me matado. Então o que ele queria afinal?
    Havia também o Hiroshima. Meu pai o conhecia de algum lugar. Provavelmente da organização Ko-Ketsu. Mas o que ele estava fazendo perto dos outros dois valentões, que também eram vampiros? – ou pelo menos eu tinha quase certeza quanto a isso. Meu pai pode até tê-lo atropelado, mas eu sentia que ele já ia morrer do mesmo jeito. Hiroshima foi espancado, e conseguiu fugir. E para sua sorte – ou azar, devido ao atropelamento – ele nos encontrou, e antes de morrer ainda tentou avisar algo sobre “Koyoshima”, “avisar” e “Pen-drive”. O que isso significava?
    Eu vi que o professor de História faltou na escola hoje. E também apareceu aquele motoqueiro misterioso tentando me atropelar. Eu o segui até o encurralar, mas por minha surpresa ele fugiu, mas antes deixando um aviso: “Isso é apenas o começo”.
    E a Shimizu? Por que também faltou? Pode ser uma falta normal. Mas também pode ter acontecido algo horrível com ela!
    O que eu estava pensando? Algo horrível? Bom, tudo agora era horrível. Desde quando vi aqueles dentes de vampiros do diretor…
    Me estremeci.
    Cheguei ao parque ao mesmo tempo em que Zoe também chegava. Meu coração começou a bater mais forte – o que já era normal.
    - Oi – falei.
    - Oi.
    Nos sentamos no mesmo banco de ontem, quando… bem, você sabe.
    - Me desculpe por ontem, Zoe – disse a ela.
    - Sem problemas.
    Meu coração batia muito forte, eu sentia um entusiasmo muito grande, além de me sentir feliz ao lado dela.
    - Zoe – eu disse –, sabe, eu não queria… você sabe, te beijar.
    - Precisa ser tão rude assim? – ela estava de certo modo ofendida com a minha frase.
    - Não, não – falei. – Você entendeu errado. Sabe, foi por impulso…
    - Eu sei – ela respondeu, em tom triste.
    - Quer dizer… eu não faria novamente.
    - Grosso!
    Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas continuei:
    - Calma, eu não disse que foi ruim! De certa forma eu até gostei… - essas palavras saíram sozinhas! Juro, eu até pensava isso, mas não queria dizê-las em voz alta!
    Fiquei vermelho.
    Olhei para Zoe e vi que ela também estava vermelha.
    - Você… gostou? – ela perguntou.
    Fiquei meio, sei lá, constrangido?
    - Lembra-se da nossa conversa de ontem? – perguntei.
    - Sobre o amor?
    - Sim, sobre o amor.
    - Lembro. Você disse que estava se sentindo sozinho, mas eu falei que na verdade era falta de um amor.
    Nossos olhos se encontraram, onde percebi um brilho intenso no seu olhar, enquanto os garotos começavam a partida de futebol.
    - Você está apaixonado por quem? – ela perguntou, com voz falhando, desviando o olhar.
    Eu sabia que ela já havia percebido que eu estava apaixonado… mas por outra garota. Mas mesmo assim eu não queria magoar a Zoe. Ela era tão doce, tão meiga, tão simpática, tão especial para mim…
    E agora? O que respondo? Não podia mentir para ela. Mas também não queria magoá-la. Lembrei-me de ontem, quando nos beijamos. Ela havia dito que me amava, o que me deixava ainda mais culpado e confuso.
    - Por outra garota – respondi, com um aperto no coração.
    Vi que ela estava quase chorando.
    - Entendo – falou, afinal.
    Olhei para a quadra, suspirando de culpa.
    Depois voltei a olhar para Zoe, e passei a mão em seu lindo rostinho.
    - Me desculpa – falei.
    Ela olhou para mim, respondendo:
    - Não se preocupe, Fubuki, eu já estou acostumada quanto a isso.
    - Acostumada? – senti pena dela.
    - Prefiro não comentar – uma lágrima escorreu pelo seu rosto; a enxuguei.
    Percebi que não era o momento certo para lhe fazer perguntas, então fiquei em silêncio.
    Ficamos alguns minutos sem falar nada, até que decidi abrir a boca:
    - Zoe, eu não queria te magoar – falei. – Não sei o que deu em mim ontem, mas mesmo que o nosso beijo foi “por acidente”, eu, de certo modo… gostei – senti um alívio vindo dela. – Eu realmente estou apaixonado por outra, mas ainda assim…
    - Você sente algo por mim – ela completou.
    - Então você percebeu?
    - Percebi. Percebi pelo jeito como você olha para mim, com um lindo brilho nos olhos. Mas, ao mesmo tempo em que você me ama, parece que você… me evita.
    Senti um aperto muito forte no peito. Senti que Zoe não era feliz, mas mesmo assim fazia de tudo para não me deixar mal. O que realmente se passava em sua cabeça? Haveria no mundo alguém tão… legal assim? Havia sim. Ela.
    Zoe olhou para mim com um lindo sorriso, que parecia um sorriso triste. Um sorriso muito triste. Por dentro eu chorava muito por ela. Eu sabia muito bem como era o sentimento de solidão. Mas além da solidão que Zoe sentia, ela também estava amando alguém que não a correspondia. Isso com certeza era muito duro.
    A abracei o mais forte que podia. Não forte no sentido de força bruta, mas forte no sentido de emoção.
    - Amigos? – perguntei, enquanto a abraçava.
    - Amigos – ela respondeu, já parando de chorar. – Amigos para sempre.  
    Fiquei feliz.
    Apesar de tudo o que sentia pela Shimizu, Zoe também era uma pessoa a quem eu amava. Mas torcia para ela parar de gostar de mim. Não queria fazê-la sofrer, muito menos por causa de outra garota. Zoe era gentil, simpática, meiga. Uma pessoa muito especial. Uma pessoa rara no mundo de hoje em dia, e eu estava prestes a fazê-la sofrer, e sofrer muito. Amar alguém sem ser correspondido seria pior que a solidão? Ou será que, na verdade, um era parte do outro? Solidão e amor não correspondido davam, com certeza, em tristeza. Ódio se encaixaria aí? Talvez. Mas Zoe não seria capaz de odiar, seria? E a depressão? Isso sim seria provável.
    Isso tudo se resumia na culpa que eu sentia por Zoe. Parecia que eu carregava o céu nos meus ombros!
    - Zoe – falei, depois do abraço.
    - Fala, Fubuki.
    - Quero que você saiba que eu nunca a deixarei. Sempre serei seu amigo, seja nos momentos bons, como nos momentos ruins. Serei seu melhor amigo, isso você pode ter certeza!
    Ela sorriu.
    Como era linda…
    - Fico muito grata – ela respondeu.
    Depois disso nos despedimos, e eu voltei para casa, pensando nesta conversa. Ela significava muito para mim, e para Zoe também. No final das contas, eu estava feliz. Com certeza Zoe encontraria alguém que a amaria tanto quanto a amo. Porque eu a amo muito. Por que não fico com ela? Por que apesar de eu gostar da Zoe, eu amava duas vezes mais Shimizu. Não posso simplesmente ficar com a Zoe. Shimizu também era muito especial para mim. Eu estava quase apaixonado por Zoe, ainda com algumas dúvidas. Mas Shimizu era certeza absoluta. Não entendo o porquê, apesar de eu conhecer mais a Zoe do que ela. Mas essas coisas vem do coração, e isso eu não posso controlar.
    Vai saber sobre o coração… Duvido você o desvendar. Com certeza é o maior desafio do mundo. Será que alguém já o desvendou. Acho que não. E se sim? Eu particularmente prefiro desse jeito, confuso. Assim o amor tem mais graça!!!
    Bom, mais um dia estava indo. Mais um longo dia.
    Amanhã será sábado, um dia que não verei a Shimizu.
    Tchau a todos, e espero que tenham aprendido pelo menos um pouco aqui sobre o amor. Tudo o que houve entre mim e Zoe reflete um pouco a situação de muitas pessoas. E se você ainda não foi uma delas, pode ter certeza que seu dia vai chegar – felizmente ou infelizmente. Por isso, esteja preparado(a) para essa situação, para não magoar alguém ou até ser magoado(a).
    Entendido?
    Tchau.


    Acho que tudo entre mim e Zoe estava entendido. Mas o que aconteceria dali pra frente? Ela seguiria seu caminho e eu o meu? Ou, de alguma forma, acabaremos juntos? Shimizu ou Zoe? Essa é a grande dúvida. Descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

Capítulo 10 - A Filosofia do Amor - 2ª Parte


    Chegando lá, entramos pela lateral esquerda, na secretaria.
    - O que desejam? – perguntou uma das secretárias. Ela era feia, branca, cabelos pretos, usava óculos de grau elevado e usava aparelho nos dentes. Eu até me assustei quando a vi! Seria filha da senhorita Kobi?!
    - Meu filho estuda nessa escola – falou meu pai – e temos que entrar, pois ele precisa assinar uma lista para o campeonato.
    - Qual é o seu nome? – ela me perguntou.
    - É… sou Fubuki Kido – respondi –, do 1° ano B, sala 2.
    Ela vasculhou os arquivos no computador.
    - Você… - ela falou depois de achar meu nome – não é o garoto que fugiu da escola agora a pouco?
    - Sim – respondi.
    - Por quê? – ela olhou estranha para mim.
    E agora? O que respondo? Com certeza entrei numa fria.
    Olhei para Tony. Ele fez uma cara de quem queria falar: “Se vira”.
    Respirei fundo e torci para ela acreditar na minha versão – obviamente falsa.
    - Eu, hã, estava passando mal.
    Ela olhou com muita ironia para mim.
    - Passando mal? – repetiu. – Então você pulou a janela do primeiro andar só porque estava passando mal?
    - Mania minha.
    Ela olhou com muito mais ironia que antes, o que me deixou constrangido. Se eu estivesse no lugar dela pensaria a mesma coisa que ela provavelmente estava pensando: “Esse garoto é louco?”.
    - Ok – ela falou afinal. – Mas só tem um problema.
    - Um problema? – torci para ela não responder o que eu estava pensando.
    - Adiamos o dia das inscrições para terça-feira.
    Me aliviei.
    Pelo menos eu não ficaria fora do campeonato de futebol.
    - E quanto ao material escolar do meu filho? – perguntou meu pai.
    - Quer que eu chame alguém da sua sala para trazê-los? – perguntou a moça.
    - Hã-ham – respondi. – Meu melhor amigo pode vir. Natsuno Kogori.
    - Kogori? – meu pai perguntou.
    - Sim, por quê?
    - Hã, nada.
    Estranhei.
    A moça ligou para a minha sala e o chamou.
    Minutos depois Natsuno estava vindo.
    Quando chegou perto, percebi que meu pai estava estranho. Ele olhou fixamente para Natsuno, enquanto Natsuno o olhava da mesma maneira.
    Senti um arrepio.
    - E aí Natsuno – quebrei o silêncio.
    - Fubuki – ele falou. – Cara, o que deu em você? Por que fugiu daquele jeito?
    - É… - gaguejei.
    - Você estava seguindo aquele louco que tentou te atropelar?
    A secretária olhou para mim.
    - Aquele homem tentou te atropelar? – ela perguntou.
    - Não falei que estava passando mal? – respondi a ela com um sorrisinho irônico. – Então, ele tentou me atropelar e eu fiquei com nervosismo.
    Agora era Natsuno quem olhava para mim.
    - Como assim?
    - Ah, depois te explico tudo.
    Peguei a minha mochila e me despedi.
    Eu e meu pai voltamos ao carro e fomos para casa.
    Chegando lá, almoçamos.
    Fui para o meu quarto e deitei um pouco.
    Tirei uma soneca. Aliás, eu estava cansado. De madrugada persegui um vampiro, que quase me matou. Depois, já de manhã, segui um motoqueiro, também um vampiro.
    Dormi até às duas da tarde.
    Levantei e meu pai estava assistindo TV junto da minha mãe. Ele voltaria para o trabalho na noite de Sábado para Domingo. Então aproveitava seu tempo. Assisti um pouco com eles.

sábado, 16 de março de 2013

Capítulo 10 - A Filosofia do Amor - 1ª Parte


    Passamos o resto da viagem em silêncio.
    Meu pai deixava lágrimas escorrer pelo seu rosto, e eu não tinha coragem de perguntar sobre Hiroshima. Quem era ele afinal?
    Chegamos em casa.
    Minha mãe estava fazendo a comida. Fomos à cozinha:
    - Oi, mãe. Cheguei.
    Ela olhou para mim, com raiva:
    - Bonito isso, né? – ela disse. – Posso saber por que você fugiu da escola?
    E agora? O que eu iria responder? Não podia simplesmente dizer: “Ah, mãe, um vampiro tentou me atropelar de moto em pleno corredor, então eu o segui até a cidade. Depois ele fugiu de mim pulando para o alto de um prédio, dizendo que era só o começo.”.
    - Um garoto estava ameaçando o Fubuki na escola – respondeu meu pai, ainda abalado com a morte de Hiroshima.
    Olhei para ele. Não era a melhor resposta do mundo, mas me livraria de uma explicação à minha mãe.
    Mas teria outro problema: a escola.
    Fugi de lá sem nem mais nem menos. Como poderia explicar? Haveria testemunhas negando se no caso eu desse essa mesma resposta que meu pai deu à minha mãe.
    Sanae voltou a fazer o almoço, enquanto eu e meu pai íamos à sala.
    Sentamos no sofá e meu pai ligou a TV. Estava passando um noticiário dizendo que morreu uma pessoa misteriosamente essa noite. A pessoa foi encontrada muito pálida, e no corpo de delito o resultado foi falta de sangue. No jornal dizia que o morto teve Leucemia, mas eu e meu pai sabíamos que não era bem a resposta certa.
    “As inscrições!”, lembrei. Hoje teria as inscrições para o campeonato da escola. E se eu não assinasse a lista, não participaria. Olhei para o relógio: 9h27. Daria tempo de eu chegar lá e assinar. Mas qual seria a minha explicação?
    - Pai, temos que ir à minha escola.
    - Hã? Mas por quê?
    Expliquei que teria de assinar a lista. Ele pegou o carro na garagem e fomos até a escola Matsumoto.

terça-feira, 12 de março de 2013

Capítulo 9 - O Motoqueiro Misterioso - 3ª Parte


    Minutos depois e um carro preto parava em frente à loja. Era meu pai.
    Eu atravessei a rua e entrei nele.
    - Agora me explica tudo, filho – ele pediu.
    Enquanto voltávamos para casa falei sobre o motoqueiro entrando na escola que, depois que tentou me atropelar, fugiu. Disse que o segui até o beco, até ele me dar “o aviso” e ir embora.
    No final, meu pai comentou:
    - Que estranho. Um vampiro querendo dar apenas um aviso?
    - É, sem falar que o professor de História, também um vampiro, faltou hoje.
    Voltamos para casa o resto da viagem em silêncio.

    Estávamos quase chegando quando, de repente, meu pai atropelou alguém.
    PAF!
    - O que foi isso? – perguntei.
    Saímos do carro e fomos direto ao corpo.
    Era um dos valentões da minha escola!
    - Hiroshima! – gritou meu pai, se agachando.
    Fiquei sem entender nada. Como meu pai conhecia aquele garoto, que ontem queria me bater? Eu estava realmente muito confuso. Não podia imaginar meu pai falando com um vampiro.
    Espere um pouco! Hiroshima era o único dos três valentões que não tinha os olhos vermelhos! Será que…
    - O que houve com você? – meu pai perguntou, analisando o corpo de Hiroshima. Ele estava muito ferido, parecendo que havia sido espancado.
    - Koyoshima… - ele tentou dizer.
    - Vamos levá-lo ao hospital – sugeri.
    - Não! – protestou o valentão.
    - Não temos tempo – falou meu pai, muito sério –, os vampiros começaram a atacar.
    Olhei para o garoto. Senti pena.
    - O que quer dizer “Koyoshima”? – meu pai estava desesperado.
    - Avisar… - Hiroshima falhava sua voz, tentando falar com esforço – Koyoshima… Pen-drive… - então morreu.
    Começaram a cair lágrimas dos olhos do meu pai. Não havia mais ninguém na rua além de nós.
    - NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO!!!!!!! – ele gritou, com ecos.
    Meu pai pegou sua corrente prata-bronze, e então a encostou no pescoço de Hiroshima, que virou pó.
    Estranhei.
    Fiquei ao lado do meu pai, completamente confuso. Ele tirou um pote de vidro cristalino, igualzinho ao de hoje de madrugada, mas amarelo. Depois colocou o pó dentro, contendo o choro.
    Eu ainda me perguntava: quem Hiroshima realmente era? Lembrei que dos três valentões ele era o único normal, sem os olhos vermelhos. Mas por que ele estava gravemente ferido, a ponto de morrer? E havia também esse tal Koyoshima. Ele tentou dizer, antes de morrer, algo sobre “Koyoshima”, “avisar” e “Pen-drive”. Era para avisar algo a esse cara sobre algum Pen-drive?
    Voltamos ao carro e rumamos para casa.
   
   
    Atropelamos uma pessoa! Quem realmente era aquela pessoa? Com certeza não era quem eu estava pensando. Mas quem então? Descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^


   

Capítulo 9 - O Motoqueiro Misterioso - 2ª Parte


    Então, quando a moto chegou a alguns centímetros do meu corpo, Natsuno se jogou pra cima de mim, me jogando para o chão e me salvando.
    Enquanto o vento da moto arranhava o meu rosto, vi os olhos do motoqueiro – estavam profundamente vermelhos.
    Ele continuou pelo corredor, em direção à janela.
    Não pensei duas vezes e o segui.
    Eu corri atrás da moto, surpreendentemente alcançando-a. Todos gritando para eu voltar, mas eu ignorava. Quando a moto chegou perto da janela do fim do corredor, saltou para o lado de fora.
    Eu também pulei.
    Pousei em cima de um ônibus em movimento, na avenida, na lateral do colégio. Me equilibrei. O ônibus seguia pela avenida na mesma direção do motoqueiro, que pousara bem em frente a ele. Íamos direto para a grande cidade.
    O céu estava sem nuvens, totalmente azul, resultando num ótimo clima para uma manhã.
    Eu corri por cima do ônibus para chegar perto da moto, mas a mesma estava mais rápida, se distanciando. O motoqueiro olhou para trás e me viu. Então virou a rua à esquerda.
    Daí eu pulei do ônibus para um caminhão-baú, que estava virando a mesma rua da moto. O trânsito estava intenso. E, graças a isso, o caminhão parou. Mais a frente, vi que o farol estava fechado.
    - Droga! – disse a mim mesmo.
    Do caminhão pulei em cima de um carro que estava mais a frente (onde o motorista gritou “Ei!”) e fui pulando para outros carros. A moto tinha dificuldades para avançar graças ao congestionamento, e isso me dava um pouco de vantagem. Eu continuava me aproximando, até o farol abrir.
    Os carros continuaram seus trajetos, enquanto o motoqueiro virava à direita. Pulei exatamente na garupa de uma moto que seguia o mesmo caminho que o inimigo, e falei:
    - Segue ele!
    - Hã? – se perguntou o motoqueiro; mas sem protestar (e acho que ele pensava que eu estava armado) ele fez o pedido. Acelerou, e estávamos alcançando o inimigo, a apenas alguns metros, quando o farol novamente fechou. Porém, o motoqueiro misterioso virou a avenida à esquerda e pisou fundo. Olhei meu anel, que ganhara do meu pai, e o beijei.
    - Por favor – disse a ele –, se você tem algo a me oferecer, que seja agora!
    De início nada aconteceu.  
    Mas depois me surpreendi. O anel estava deixando sua forma. Aos poucos ele se esticava, virando uma… espada?
    Uma espada não muito grande, pois tinha 60 cm de comprimento. A lâmina de metal era dourada e o cabo era vermelho, lembrando o fogo.
    - Obrigado, pai – agradeci ao anel (agora espada), como se ele fosse meu pai; o motoqueiro que me “ajudara” estranhou.
    Olhei para a avenida à esquerda, onde o motoqueiro se distanciava.
    Apertei a espada dourada e, com toda a minha força, a lancei contra o indivíduo.
    PUFF… acertei o pneu da moto, que furou. Aos poucos ia se esvaziando. O veículo começou a parar, enquanto o motoqueiro misterioso saía para fugir. Não perdi tempo e saltei da moto, correndo em direção a ele.
    O homem tirou o capacete e entrou num beco, correndo muito rápido. Rapidamente peguei minha espada, que ainda estava encravada no pneu da moto, no meio da rua, e o segui. O beco era um lugar deserto de pessoas, apenas com latas e baús de lixo por toda parte. Era fedorento e havia muitas portas laterais e/ou dos fundos de prédios no decorrer das paredes.
    Eu corria, corria, e nada de me aproximar do motoqueiro. Ele virou à esquerda e depois à direita, até que ele se encontrou sem saída – um enorme muro encerrava o caminho.
    Ele parou.
    Quando cheguei perto ele se virou para mim, e vi suas presas e dentes, além dos olhos vermelhos. Mas ele não me atacou.
    - Aonde pensa que vai? – falei, com a minha espada em punho, pronto para o ataque.
    Ele deu uma gargalhada assustadora.  
    - Isso é apenas o começo – me disse.
    - Hã? – perguntei.
    Mas quando eu ia atacá-lo com a minha espada, ele apenas deu um salto e já estava no alto do prédio do beco, indo embora!
    Fiquei lá, parado, de boca aberta, impressionado com o pulo.
    Como assim apenas o começo? Ele me atraiu para ali apenas para me dizer isso? E quem era ele afinal?
    Olhei para trás e lembrei que estava numa grande encrenca – saí da escola sem permissão, seguindo um estranho. Com certeza eu estava em sérios apuros. Não só na escola, mas como fora dela também!
   Voltei para as ruas, ainda pensando no sujeito.
    Eu estava numa avenida, em alguma parte da cidade, perdido. A rua era muito movimentada, com grandes prédios por perto, o que significava que eu já estava na cidade.
    Fui à uma cabine telefônica.
    Sorte que eu tinha algumas moedas no bolso, então disquei o número de casa.
    Minha mãe atendeu:
    - Alô?
    - Oi, mãe.
    - Filho! – o grito foi tão alto que quase pulei de susto – Onde você está? Ligaram da sua escola dizendo que você havia saído de lá e…
    - Calma, mãe – a interrompi –, estou bem. Só estou meio perdido.
    - Perdido? – vi que ela estava realmente muito preocupada.
    - Fubuki? – agora era meu pai quem falava ao telefone.
    - Oi, pai. Desculpe-me por sair da escola assim, desse jeito, mas acho que vi um…
    - Conversamos depois – ele me interrompeu, como se quisesse me dizer que não deveríamos falar sobre isso por telefone. – Onde você está?
    Olhei em volta e vi uma loja chamada YURI, depois vi o nome da avenida numa placa de cruzamentos, perto do semáforo.
    Informei tudo ao meu pai.

domingo, 10 de março de 2013

Capítulo 9 - O Motoqueiro Misterioso - 1ª Parte


    Sexta-Feira.
    Levantei cedo e escovei os dentes. Vesti meu uniforme escolar e desci à cozinha.
    - Onde está meu pai, mãe? – perguntei.
    - Ainda está dormindo, filho.
    Meu pai era dorminhoco. Antes eu nem sabia onde ele trabalhava, mas agora que descobri – ou melhor, ele revelou – eu imaginava como ele se sentia cansado.
    - Bem, depois que saímos atrás de um ladrão ontem de madrugada… - brinquei.
    Minha mãe não gostou nadinha dessa brincadeira.
    Ela me serviu com pãezinhos quentes, que acabara de comprar no mercadinho perto de casa.
    Ela sempre acordava cedo. Uma vez perguntei a ela o porquê. Ela apenas respondera: “Fubuki, é tão lindo ver o dia amanhecer. O sol nascendo… Isso é a prova de que o mundo pode sim ser lindo!”.
    De certo modo eu concordava, mas não tinha coragem de acordar tão cedo apenas para confirmar isso.
   
    Chegando ao campus da escola Matsumoto, me encontrei com Natsuno, Joe e Yuuki. Olhei para esse último com certa perturbação, devido ao que meu pai me dissera essa madrugada. Ele realmente seria um vampiro?
    Os cumprimentei, e Yuuki percebeu que eu estava diferente com ele.
    No corredor, tentamos passar longe da senhorita Kobi, mas ela caminhou até nós.
    - Por que estão andando tão devagar?! – nos perguntou, muito ignorante. – Depressa, para a sala!
    Obedecemos, assustados com a sua cara feia.
    - Por que será que ela só pega nos nossos pés? – resmungou Natsuno; a inspetora ouviu.
    - O que você disse?! – ela perguntou de longe.
    - Ah, nada não senhorita Kobi – Natsuno deu uma risadinha meio sem jeito (e claramente com medo da velha). – Desculpe-me.
    Kobi só nos olhou com sua cara fechada - o que era normal.
    Entramos na sala.
    Assim que entramos um grupo de garotos nos cercou.
    - O que foi? – perguntou Natsuno.
    - Vamos montar nosso time agora – respondeu Masao –, essa aula não haverá professor.
    - E qual seria? – perguntei.
    - De História.
    Estranhei.
    O professor de História faltou justamente hoje, logo após meu pai ter matado o diretor? E os três valentões? Não os vi desde que cheguei. O que teria acontecido?
    Yuuki ficou me observando. Eu podia perceber pelo canto do olho e, quando olhei para ele, ele desviou seu olhar. O que será que se passava em sua cabeça?
    - Bom – falou Joe –, então vamos aproveitar.
    Nos acomodamos nos fundos das fileiras do meio, onde a turma de Masao ficava durante as aulas. Ele pegou um lápis e um caderno.
    - O goleiro com certeza será Koboshi – ele começou, anotando o nome de Koboshi num espaço de goleiro dentro de um campinho de futebol desenhado numa folha. – Joe e Mike serão nossos zagueiros e o lateral esquerdo será Tashima – ele olhou para Tashima, que assentiu –, e o direito será o Akira – o garoto baixinho deu um sorriso de orgulho de si próprio.
    Certo, a defesa já estava montada. Quase metade do time estava em seu lugar. Eu estaria na outra parte?
    - Yuuki será o volante. Na ala direita estará Kubisha – este era irmão gêmeo de Koboshi –, e na ala esquerda Ozoki – esse era um garoto alto de pele morena, aparentemente um zombador de nerds. – E, como todos sabem, eu serei o meia-armador, o camisa 10 do time, o homem que arma as jogadas, aquele que…
    - Tá, tá – interrompeu Natsuno, impaciente, falando por todos nós –, continue.
    - E o atacante será você, Natsuno.
    Natsuno não se mostrou surpreso. Provavelmente ele já era muito conhecido entre os outros, e nos últimos anos era o atacante principal deles.
    - E quem será o outro atacante? – perguntou alguém, cujo nome não estava entre os titulares do time.
    Todos se entreolharam.
    - É verdade. Não temos mais nenhum atacante, nem no time principal, nem no time reserva.
    - E agora?
    - Eu sou esse quem vocês estão procurando.
    Todos olharam para quem falara. Era Riku, que eu nem reparara que havia chegado. Eu olhei em volta da sala e vi que Shimizu também não estava. Estranhei.
    - Você? – perguntou Masao.
    - Algum problema? – Riku não demonstrava nenhuma emoção, como sempre.
    - Na verdade não – respondeu Masao. – Então está certo. Esse será o time. Depois das inscrições veremos os números das camisetas e treinaremos depois das aulas.
    Todos assentiram.
    Eu me senti frustrado, pois nem mencionaram meu nome. Eu sei que era cedo, mas eu queria estar lá, junto de Joe, Natsuno, Yuuki e… Riku.
    Todos voltamos aos nossos lugares.
    - Nosso time desse ano está muito forte – comentou Natsuno.
    - É verdade – concordou Joe. – Pela primeira vez temos defesa, meio-campo e ataque completo.
    Natsuno olhou para mim.
    - Não se preocupe, Fubuki – disse, percebendo meu desapontamento. – Sua hora vai chegar.
    - Espero que sim – respondi, insatisfeito.
    Voltei a olhar em volta da sala, e Shimizu não estava lá. Eu realmente estava preocupado. Onde ela estaria? De repente senti um aperto no coração. Senti que alguma coisa estava acontecendo, só não sabia onde.
    - Preocupado com a Shimizu? – perguntou Natsuno.
    - Eu? – corei de imediato.
    - Fica tranquilo, ela só… faltou. Isso é normal.
    Foi aí que lembrei que o professor de História também tinha faltado.
    Bateu o sinal.
    Segunda aula.
    O tempo foi passando, e a professora enchia a lousa de lição. Eu não conseguia copiar nada no caderno preocupado com a Shimizu. E o pior era que eu não podia fazer nada: não sabia onde ela morava e nem onde o professor de História estava, muito menos podia sair da escola antes da hora! Eu realmente estava muito angustiado.
    De repente ouvimos um barulho de motor vindo lá de baixo. Nos assustamos. O barulho ia aumentando a cada segundo, até que nos levantamos e fomos para o corredor.
    Foi aí que aconteceu a coisa mais estranha que eu já havia visto – um estranho normal, é claro. Um motoqueiro apareceu do nada no corredor em alta velocidade. Ele virou em nossa direção e pisou fundo. Tive a impressão de que ele estava vindo diretamente a mim. Ele chegava perto, e eu sentia cada vez mais um calor percorrer pelo meu sangue.
    “VRRRRRUUUUUUUMMMMM!!!!!”, fazia o motor.
    Todos voltaram para a sala correndo, assustados, enquanto eu ficava ali, paralisado, sem poder me mexer. A moto ia se aproximando, se aproximando, e eu não conseguia mexer nenhuma parte do meu corpo! Eu soava muito, um suor quente e, ao mesmo tempo, gelado.
    - Sai daí, Fubuki – gritava os alunos da minha sala.
    Mas como, sendo que eu nem conseguia me mover?

segunda-feira, 4 de março de 2013

Capítulo 8 - Sou Filho de Um Caçador de Vampiros! - 2ª Parte


    Corremos em alta velocidade pela floresta, até que finalmente chegamos.
    - Sanae! – gritou meu pai.
    Ela apareceu na janela do meu quarto.
    - Tony? Que foi?
    Eu e meu pai deixamos escapar um profundo suspiro.
    Entramos pela porta dos fundos.
    Sentamos no sofá – eu, meu pai e a minha mãe.
    - O que aconteceu? – perguntou minha mãe – Por que vocês saíram correndo daquele jeito?
    Meu pai olhou para mim, provavelmente pensando a mesma coisa que eu.
    - Não foi nada – respondeu, para deixá-la mais calma.
    - Era apenas um ladrão – completei.
    - Um ladrão?! – minha mãe não estava nada satisfeita. – Vocês são loucos?
    - Mas…
    - Mas nada! Vocês poderiam não estar mais aqui essas horas. O que deu na cabeça de vocês?!
    Fiquei assustado. Minha mãe não era do tipo mulher nervosa, mas agora…
    - Ele levou alguma coisa? – ela perguntou mais calma.
    - Creio que não. – respondi.
    Ela deixou escapar um suspiro.
    - Ele estava armado?
    - Não conseguimos ver – respondeu meu pai –, ele fugiu.
    Subimos ao meu quarto.
    Minha mãe fechou a janela do meu quarto e a trancou com cadeado.
    Sentei-me em minha cama, cansado.
    Pensei naquele vampiro. Por que queria me atacar? Será que era porque sou filho de um caçador? Mas se ele quisesse me matar teria me matado antes, nos outros dias. Então o que ele queria afinal?
    Eu não conseguia nenhuma resposta para essas perguntas.
    - Sanae – falou meu pai –, poderia deixar Fubuki e eu a sós um instante?
    Minha mãe estranhou, mas assentiu.
    - Não demorem, hein. Já vai dar três da manhã – e saiu, fechando a porta atrás de si.
    Meu pai se sentou ao meu lado.
    - Então, pai – falei –, o que você quer falar comigo?
    Meu pai tirou o pote de vidro vermelho de um dos bolsos internos de sua jaqueta.
    - Fubuki, poderíamos nos mudar por causa desses vampiros se você quiser. Eles te querem.
    - Mas por quê? Só porque você é um caçador?
    - Não sou apenas um caçador. Fubuki, eu fui quem fundou a organização Ko-Ketsu.
    - Organização o quê?
    - Ko-Ketsu é um abreviamento de Ko-Kyuketsuki (Anti-Vampiros).
    - Ah…
    - Nos mudamos para cá porque estávamos ameaçados. Os vampiros têm fortalezas aqui no Japão, em todas as cidades. Eles atacam às escondidas, toda noite. Por isso estamos lá, para combatê-los.
    - Pai, mas como você soube que eles existiam?
    - Isso vem de geração em geração.
    Ele tirou sua corrente prata e bronze, que se transformou na lendária Ko-Kyuketsuki! Era enorme, e aparentava pesada também. Mas meu pai nem ligava, já devia ser acostumado.
    - Está vendo essa espada? Ela existe à cerca de dez mil anos?
    - Dez mil anos? – me surpreendi. Como uma espada daquelas duraria tanto tempo assim?
    - Nossa família é descendente de caçadores de vampiros, por isso honramos esse cargo. Só nós podemos destruí-los.
    Minha cabeça estava toda confusa. Meu pai era um caçador de vampiros, vampiros que existiam desde muito antes de Cristo nascer. Nossa família era a única que podia exterminá-los. E a espada Ko-Kyuketsuki era verdadeira. Isso realmente era muito estranho!
    - Então nossa família é a mais especial de todas que há nesse mundo? Só porque caçamos vampiros?
    - Não só a nossa. Há mais. Temos membros que tentam descobrir esses “especiais”. Os chamamos de descendente de clãs especiais.
    - Legal. Mas como descobrem esses descendentes? – indaguei.
    - Bem, os vampiros atacam qualquer um, mas quando vêem que estão perto de “caçadores”, assumem sua verdadeira forma.
    - Mas o diretor parecia normal, a não ser os dentes.
    - Ele ficou com olhos vermelhos – meu pai replicou.
    Então entendi. Parecia que, na escola, apenas eu reparava os olhos vermelhos de algumas pessoas. Então quer dizer que Yuuki também é vampiro?
    - E existem vampiros do bem? – perguntei, com alguma esperança.
    - Do bem? – ironizou meu pai – Todos são predadores. Sobrevivem do sangue humano!
    Senti um aperto no coração. Yuuki era meu amigo, e eu vi que Natsuno confiava muito nele. Será que havia esperanças? Se “não”, estaríamos em sérios apuros.
    - Pai – falei –, teremos de nos mudar, né?
    Eu torcia para ele responder que não, pois finalmente eu estava feliz – conheci Natsuno, Joe, Yuuki, Shimizu e Zoe. Eu também estava apaixonado. Não podia me mudar assim, deixando meus amigos e… meu amor.
    - Se você quiser.
    - Se eu quiser? – estranhei.
    - Filho, você lembra que eu disse que os caçadores passam de geração em geração?
    - Sim – respondi, já imaginando suas próximas palavras.
    - Ou nos mudamos, ou então…
    - Eu viro um de vocês.
    Ele assentiu.
    Eu podia ir embora, sem nenhum problema, mas meus amigos poderiam estar em perigo. Não podia deixá-los naquela escola com vampiros por perto.
    - Eu fico – respondi.
    Meu pai não escondia sua preocupação. Ele sabia que eu teria que assumir o posto de caçador mais cedo ou mais tarde, então não teve escolha a não ser concordar.
    - Ótimo. Pegue isso – ele pegou um anel dourado e colocou no meu dedo.
    - Para quê serve? – indaguei.
    - Você saberá na hora certa.
    - E quanto a isso? – perguntei, olhando para o pote de vidro vermelho que meu pai ainda segurava.
    - Ah, isso? Sempre que você matar um vampiro ele virará pó. Nós, caçadores, guardamos por causa da… Ah, é uma longa história.
    Ele se levantou e abriu a porta.
    - Boa noite.
    Então se foi.
    Voltei a deitar, pensando em nossa conversa, todas as coisas que meu pai explicou, me trazendo muitas dúvidas, enquanto olhava atenciosamente o anel. Para quê serviria?
    Não pensei em mais nada e dormi.  
   
   

    Meu pai, um caçador de vampiros? Isso com certeza é muito radical. Isso explica todos os acontecimentos esquisitos dos últimos dias. Mas e agora, como será a minha vida daqui pra frente? Descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 1 de março de 2013

Capítulo 8 - Sou Filho de Um Caçador de Vampiros! - 1ª Parte


    Deixe-me ver se entendi direito.
    Eu estava tendo mais um de meus pesadelos horríveis – o quarto em quatro dias desde quando me mudei para Tóquio –, quando, ao acordar, vi alguém no meu quarto? O segui, pulando para a floresta, e logo vi que era o diretor de minha escola. Mas o mais impressionante foi que, ao capturá-lo, ele se mostrou ser um vampiro! Estava prestes a me atacar quando, de repente, meu pai me salvou, cortando-o ao meio com uma espada lendária. Era isso mesmo?
    - O que houve aqui, pai? – perguntei, ainda sem entender nada.
    Meu pai tinha acabado de baixar sua espada, toda ensangüentada. Ela era muito linda. Tinha cerca de dois metros de comprimento, a parte da lâmina era muito brilhante, cujo metal de fio duplo era prata e bronze e tinha o cabo preto e vermelho. Ela era enorme, como se fosse de um samurai.
    Olhei para o corpo do indivíduo – que antes era o diretor da minha escola – e ele estava simplesmente se transformando em… pó! Ele agora era apenas areia se esfarelando no gramado, que estava encharcado do sangue escuro da coisa.
    - Fubuki, esse cara aí era um vampiro – mesmo já sabendo disso eu me estremeci. – Ele queria te matar.
    Bom, isso eu já havia percebido.
    - Mas eu tenho outra pergunta: por que ele me mataria?
    Meu pai pegou o pó, que estava no chão, e o colocou num pote de vidro cristalino que tinha um tom vermelho. Olhei para a sua espada, e logo a reconheci: a lendária Ko-Kyuketsuki.
    Eu já tinha ouvido muitas histórias sobre ela, além de tê-la visto em filmes e em livros. Mas nunca pensei que essa espada realmente existia.
    De acordo com a lenda, a espada Ko-Kyuketsuki pertencia ao maior samurai do Japão. E servia para destruir vampiros – como diz o próprio nome. Mas se ela realmente existia, quer dizer que meu pai era o maior samurai do Japão? Bom, ele é brasileiro, o que soa estranho. Mas se fosse verdade quer dizer que realmente existem…?
    - Filho – iniciou meu pai –, eu nunca revelei meu trabalho para você, nem para a sua mãe.
    - Percebi – falei, o interrompendo. – Mas por quê?
    - Eu sou um caçador de vampiros.
    Fiquei surpreso. Primeiro pela resposta rápida e direta do meu pai, e também pelo fato de ele ser um… caçador de vampiros! Como meu pai nunca nos dissera que ganhava a vida caçando e exterminando vampiros?
    Inicialmente senti um certa desapontamento, mas no fundo eu entendia o lado do meu pai.
    Então pensei no diretor.
    Ele, uma vez, me olhou com seus olhos vermelhos, lá na escola, quando eu ia brigar com os valentões. E ontem o vi quando ia ao supermercado com a minha mãe. Agora ele mostrou que era um vampiro.
   - Pai, então você está confirmando que o diretor da minha escola era um vampiro?
   Meu pai se espantou na hora.
    - Você está dizendo que esse cara era o diretor da sua escola?!
    - É… sim. Por quê?
    Começamos a caminhar em direção a nossa casa que, provavelmente, estava longe de onde estávamos. A floresta escura me deixava arrepiado. As árvores eram tão grandes que parecia que estávamos no mundo dos gigantes. Mas, além de serem grandes, elas também eram assustadoras. O gramado alto dificultava nossa passagem e, graças ao escuro, não enxergávamos quase nada, diferentemente de quando eu estava perseguindo o… vampiro.
    - Então você notou alguma coisa diferente nele nesses últimos dias, Fubuki? – perguntou meu pai, guardando sua espada, que se transformou numa corrente prata e bronze no seu pescoço.
    - Se você estiver falando dos olhos vermelhos dele…
    Meu pai estava assustado. Não sei o que se passava em sua cabeça, mas imaginei que era o fato de estarmos sendo vigiados – ou pelo menos eu sentia isso.
    - Não só ele, mas como meu professor de História, os três valentões…
    - O que? – meu pai me interrompeu. – Tem mais vampiros na sua escola?
    Agora era eu quem estava assustado. Meu pai tinha razão. Se o diretor, que me olhava com os seus olhos vermelhos, era vampiro, todos os que tinham olhos vermelhos também eram vampiros!
    - Sua mãe! – ele lembrou.
    Ele começou a correr em direção à nossa casa, desesperado. Fui logo atrás. Ele era muito veloz, estava me deixando para trás.
    Será que haveria vampiros na minha casa? Eu torcia pela resposta “não”.