quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Capítulo 43 - O Segundo Jogo - 2ª Parte

    Entrei no jogo, onde consegui me destacar. Recebi muitos passes e percebi que todos confiavam em mim, o que me deu mais ânimo para jogar. Primeiro, dei um passe que deixou Riku frente ao goleiro. Ele chutou por cobertura, fazendo 4 a 0. Depois marquei um gol, onde driblei três marcadores e ainda driblei o goleiro.
    Fiquei muito feliz, pois em dois jogos pude marcar dois gols!
    Ainda marquei mais um, de longe. Chutei no cantinho rasteiro, um chute impossível de ser defendido pelo goleiro.
    Acabou o jogo.
    6 a 0.
    Todos comemoraram, mas só depois que descobrimos - da boca de Moshio - que esse time que acabamos de enfrentar tinha levado uma goleada de 11 a 0 no jogo anterior.
    Quando perguntei por Masao, o treinador informou que ele fora levado ao hospital. Todos ficamos preocupados, mas não podíamos fazer nada. Nos despedimos e cada um foi para a sua casa, onde a maioria dos jogadores titulares sentia dores nas pernas devido às faltas duras que sofreram do time adversário.

    Depois de tomar um banho gelado, fui almoçar e depois decidi ir ao parque do meu bairro.
    Encontrei Zoe lá.
    - Oi Zoe, como vai? - a cumprimentei enquanto me sentava ao seu lado.
    - Estou bem - ela sorriu. - Percebi que você anda treinando muito.
    - É - confirmei. - Gosto muito de lutar.
    Na quadra havia algumas crianças jogando bola, mas não faziam muito barulho. Para falar a verdade, aquele lugar era ótimo, onde o ar puro predominava e a tranquilidade tomava conta.
    - Por que você gosta tanto de lutar? - perguntou a garota.
    - Não sei. Gosto de adrenalina.
    - É só isso? - mesmo sendo uma pergunta inocente, quase tive uma parada cardíaca, e percebi que a Zoe percebeu isso. - O que foi? - estranhou ela.
    - Ér… nada - gaguejei.
    Ela ficou me observando, o que me deixou meio sem jeito, envergonhado. Quando virei meu rosto para ela, Zoe desviou o olhar para a quadra.
    - Percebi que há muitas coisas que você ainda não tem coragem de me contar - falou ela, em tom meio triste.
    - É impressão sua - tentei disfarçar.
    - Não é não - nossos olhos se encontraram, onde fiquei fascinado por sua beleza. Eu a via toda semana, mas ainda não me acostumara com aquilo.
    - Você é tão linda - falei.
    - O quê? - ela franziu o cenho, ironizando; suas bochechas ficaram um pouco vermelhas.
    Logo percebi que pensei alto; fiquei completamente vermelho. Zoe riu, me deixando ainda mais sem graça.
    - Fubuki, você não é o único que tem segredos - disse Zoe, quebrando a "tensão".
    - O que quer dizer? - estranhei.
    Ela novamente olhou para mim.
    - Tem uma coisa que preciso te contar, e finalmente criei coragem.
    Essas palavras me deixaram curioso, e com medo também. O que será que ela tinha que me contar? Pensei em tantos absurdos...
    Fiquei em silêncio, esperando.
    Ela olhou para a quadra, falando:
    - Meu medo é de você não me aceitar mais como amigo.
    Aquilo me deixou ainda mais com medo.
    - Zoe, você está me assustando.
    Ela parecia muito preocupada. Seja lá o que queria falar, tinha muito medo.
    - Eu confio muito em você - ela falou –, mas ainda assim é arriscado.
    - O que é arriscado? - eu estava confuso.
    - Sua reação. Nem imagino qual vai ser.
    Eu tremia muito por dentro. Aquilo não me deixava mais apenas com medo, mas sim apavorado.
    - Fala, Zoe - pedi, inseguro.
    - Primeiro me promete uma coisa.
    - O quê?
    - Que você sempre será o meu amigo.
    Essa frase tocou meu coração. Zoe estava certa. De toda forma éramos amigos. Nada poderia evitar isso, então por que eu estava com medo?
    - Prometo - falei, afinal.
    Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. A enxuguei, falando:
    - Pode falar, estou preparado.
    - Será?
    - Pode ter certeza - a abracei muito forte.
    Senti seu coração batendo muito forte, e sabia que era algo sério mesmo. Zoe fungou o nariz, e disse lentamente:
    - Fubuki, eu não sou normal - me espantei na hora.
    - Então quer dizer que...?
    - Tenho poderes. Poderes especiais - aquilo me deixou de queixo caído. - Eu sou um… Místico.

    Zoe é um Místico?? Com certeza foi uma grande surpresa, mas como não percebi antes? Como lidarei com isso? Como será a nossa amizade daqui pra frente? Veja nos próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
     Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

Capítulo 43 - O Primeiro Jogo - 1ª Parte

    Acordei muito disposto.
    Era sexta-feira, o dia do jogo. O segundo do campeonato, por sinal. Tínhamos que vencer de qualquer jeito.
    Depois de me arrumar, fui para a escola. Lá encontrei o mesmo pessoal de sempre: o Natsuno, o Yuuki, o Riku, o Joe, o Kai e, infelizmente, o Shin.
    Eu não gostava do jeito que ele me olhava. Parecia que ele me provocava, pedindo para eu explodir de fúria a qualquer momento. Mas durante meus treinos com o meu tio Michael, melhorei meu intelectual. Aprendi a não ligar para besteiras, até mesmo se tratando do Shin.
    - Estou muito animado - falou Natsuno, já na sala.
    - Quem não está? - brinquei.
    - Ele - respondeu Yuuki, apontando para o Kai.
    Senti uma certa tristeza.
    Kai estava no time graças a mim.
    No dia em que os garotos da sala estavam montando o time, eles precisavam de mais um. Claro que não era obrigatório, mas seria bom nos treinos coletivos. O único que não tinha grupo era o Kai. Ninguém queria aceitá-lo, mas eu convenci a deixarem ele a entrar. Consegui, mas hoje não sei se foi uma boa ideia.
    O garoto solitário tinha alguns amigos nerds, mas que ele só via no intervalo. Eu queria que ele entrasse no time para, pelo menos, fazer alguns amigos, mas não deu certo. Não que ele seja antissocial, mas acontece que ele é meio atrapalhado, e desde que entrou no time, nem relou na bola.
    Voltei à realidade quando Natsuno me deu um cutuque, apontando para uma coisa que eu não gostei de ver:
    - Oi, gatinha - disse Shin com um sorriso sarcástico. O único problema era que ele estava falando com a Shimizu, que estava sentada no seu lugar.
    A garota ignorou ele, que insistiu:
    - Tudo bem com você? - ele estava muito próximo dela, que tentava evitá-lo.
    - Dá licença, por favor - pediu ela; ele não o fez.
    - Por que não quer falar comigo? - seu sorriso sarcástico me enfurecia.
    Estava claro que ela não o queria por perto, por isso eu caminhei para tirá-lo de lá. Mas antes que eu pudesse chegar até os dois, o professor entrou na sala, mandando todos os alunos irem aos seus respectivos lugares.
    Suspirei.
    - Parece que ele quer roubar sua namorada - comentou Natsuno, num sussurro.
    - Nunca vou deixar - afirmei; Natsuno sorriu.
   
    As aulas passaram muito rápido, daí quando bateu o sinal de saída, o time da minha sala desceu ao ginásio da escola, para nos trocar no vestiário e irmos ao campo para a partida.
    No campo havia arquibancadas, onde alguns alunos da escola preferiram ficar na escola para assistir ao nosso jogo.
    Estávamos nos vestiários, todos vestidos, apenas alguns ainda estava colocando suas chuteiras. O treinador apareceu, durão como sempre:
    - Hoje eu quero ver o melhor de vocês! Não podemos nem sequer empatar o jogo. O time adversário é muito agressivo, por isso quero que vocês cavem o máximo de faltas possíveis perto da grande área.
    Cavar significa chamar uma falta. Exemplo: um jogador fazer de tudo para seu adversário cometer uma falta contra si.
    - Entendido - falou alguns garotos em uníssono.
    - Repetirei o mesmo time do jogo anterior - ele olhou para Masao. - Quero que você jogue com o time. Você é muito bom em dar passes, então faça o possível para deixar seus companheiros na cara do gol.
    - Ok - sorriu Masao.
    O treinador olhou para Natsuno e Riku:
    - Vocês dois jogam bem no ataque, mas se trabalhassem mais juntos, com certeza sairá mais gols.
    - Sim, senhor! - gritou Natsuno, com uma postura igual a de um soldado do exército; os outros riram da brincadeira.
    Por fim, Moshio Takahara olhou para mim:
    - E você será a nossa arma secreta do segundo tempo - meu coração disparou. - Quando entrar, quero ver muita raça e determinação. E dribles também - sorri, muito grato pelas palavras. Só dizendo aquilo, o treinado me deixou muito confiante quanto ao jogo, e isso era um bom sinal.
    Depois de falar algumas estratégias, fomos ao campo, onde o time adversário já se aquecia. Eles não eram grandes como os jogadores do 3°A, mas só olhando suas feições dava para perceber que eles eram muito maliciosos e malandros, pelo menos a maioria.
    Após alguns minutos, o jogo começou.
    Foi um jogo muito corrido, onde nosso time atacava enquanto o outro cometia muitas faltas. Sempre era Masao quem cobrava, lançando bolas aéreas para a área do inimigo, e foi assim que saiu o primeiro gol. Foi Kasai quem fez o gol, o que me deixou mais feliz que o normal.
    Kasai, antes do campeonato começar, era reserva do time da nossa sala. Mas graças ao primeiro coletivo que tivemos - onde o time titular enfrentava o time reserva - ele se destacou. Agora ele era o responsável pela vitória parcial.
    O jogo ia rolando, até que Ozoki foi atingido pela perna de um dos jogadores do time adversário, tendo que sair do jogo. O treinador colocou Kubisha (irmão gêmeo do goleiro Koboshi) em seu lugar, fazendo o time ficar um pouco mais lento, porém melhorando na troca de passes. No primeiro tempo, o adversário deu apenas um chute ao gol, onde o goleiro defendeu tranquilamente.
    Ainda por cima, no último minuto, Natsuno recebeu na grande área, fintou um dos zagueiros e chutou forte no canto. 2 a 0.
    O árbitro apitou final da primeira etapa, e todos se reuniram no banco de reservas.
    Depois de substituir o meio-campo Kasai por Kubo e o zagueiro Nakata por Mike, o segundo tempo começou.
    O jogo era do mesmo ritmo, sempre com o nosso time ofensivo e muito veloz, até que Masao sofreu uma falta muito dura na entrada da área. Ele ficou no chão gemendo de dor, mas logo conseguiu se levantar.
    Riku bateu a falta com perfeição e fez o terceiro gol.
    O jogo recomeçou, com o time adversário ainda mais agressivo. Todos os jogadores inimigos estavam furiosos e descontavam no nosso time. Aos poucos meus companheiros iam sofrendo, onde apenas Riku, Natsuno e Yuuki conseguiam se salvar devido às suas agilidades anormais. Mas os adversários continuavam violentos, até que o treinador foi obrigado a tirar o lateral direito Akira para a entrada de Inoha, depois ele tirou Natsuno para entrar o Sasaki.
     Percebi que Masao mancava ligeiramente, por isso fiquei preocupado. Até que, quando ele pegou na bola, recebeu um carrinho muito forte, onde ficou caído gritando de dor com a mão na perna direita. O jogador que cometera a falta foi expulso, enquanto a equipe médica entrava no campo para ajudar o camisa 10.
    Colocaram-no numa maca, deixando todo o time preocupado.
    Os médicos o tiraram do campo e iniciaram uma análise. Corri até eles, e falei ao Masao:
    - Você ficará bem.
    - Espero que sim - ele sorriu com certo esforço; Masao era meio arrogante, mas eu sabia que ele era gente boa.
    - Fubuki - chamou Takahara, do banco de reservas; fui até ele. - Você já sabe o que fazer - fiz que sim; finalmente eu entraria no jogo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Capítulo 42 - Conhecendo o Mundo Paralelo: O Museu & Suas Histórias - Parte Única

    Eu fiquei muito surpreso. Nunca imaginei que o pai do Hiroshima, que era do clã Takeda (agora extinto) fosse um Caçador Lendário.
    - Essa coroa é dada ao Caçador Lendário quando ele assume o poder. Hiro ainda não tinha seu poder total, mais já assumira seu cargo. Comandou o mundo por alguns anos, até… ser morto. Ninguém sabe quem o matou, muito menos como. Eu apenas o encontrei desacordado, sem ferimento algum - estranhei. - Foi a pior dor que senti em toda minha vida. Meu melhor amigo... - uma lágrima escorreu no rosto do meu pai.
     - E isso foi a quanto tempo? - perguntei.
    - Mais ou menos 16 anos. Ele havia acabado de se casar, e sua esposa estava grávida. Hiro pediu para eu cuidar dela e de seu filho que estava por vir, mas não pude.
    Fiquei pasmo. Nem precisei perguntar para Tony explicar o porquê de não ter conseguido.
    - O Palácio da Terra não era dos mais fortes, ainda mais com a morte de Hiro. Nem uma semana se passou desde a sua morte quando vários clãs do mal o invadiram, destruindo a todos. Não sobrou ninguém, apenas cadáveres.
    Aquilo mexeu muito comigo. Natsuno falara que, geralmente, clãs médios ou grandes eram enormes. Como o clã Takeda fora extinto dessa forma?
    - Porém - meu pai continuou -, o único corpo que não fora achado era exatamente o da esposa de Hiro. Ela estava desaparecida, e não sabíamos por onde procurar. Foi aí que conclui que ela estava no mundo humano. Levantei uma hipótese de que ela fugira do Mundo Paralelo, e assim que tivesse a criança, o deixaria em algum orfanato do Japão. Claro que isso seria difícil de acontecer, mas era a única coisa que tínhamos em mente.
    - Daí você deixou alguns membros da organização observando as crianças de todos os orfanatos do país - adivinhei.
    - Isso. Levou anos e anos, até que finalmente o achamos. Era, de fato, Hiroshima, como nos foi apresentado. Logo percebi que o nome dele era muito parecido com o do pai, então descobri que sua mãe, além de tê-lo deixado no orfanato, disse seu nome a algum funcionário de lá.
    - E vocês nunca acharam a pobre mulher? - indaguei.
    - Achamos, sim. Na mesma época. Mas ela mudara muito. Tinha enlouquecido. Colocamo-la numa clínica psiquiátrica, mas... - sua voz novamente falhou.
    - Entendo - foi o que consegui dizer.
    - Acharam ela. Mataram ela e todos os funcionários da clínica. Não foi vampiros, isso eu tenho certeza.
    - Mas por que a matariam?
    - Provavelmente tinham medo de ela ter um filho muito poderoso. Mais um, aliás. Sabiam do Hiroshima, mas não onde estava. Tinham medo de que o mesmo virasse o herdeiro de seu pai.
    - Pai, mas ela não tinha o poder da Terra, tinha ?
    - Tinha. Ela, mesmo antes de se casar com Hiro, já era do clã Takeda. Eles eram primos - finalmente eu entendi.
    - Que absurdo - falei. - Matarem pessoas inocentes apenas para evitar a paz no mundo.
    Eu realmente estava irritado com aquilo. Muitos morreram por próprios caçadores, que mataram os inocentes apenas por medo de uma pessoa boa, no caso um Caçador Lendário. Aquilo era ridículo!
    - Assim que achamos Hiroshima - continuou meu pai -, o treinamos duramente, e eu me aproximei muito dele. Eu jurei que o manteria vivo, como havia prometido à Hiro. Coloquei-o para treinar até com monges, para ele conseguir se ocultar de vampiros.
    - Assim os inimigos não saberiam que ele era um caçador - conclui.
    - Exatamente. Anos se passaram, e Hiroshima estava muito forte. Ele tinha seu trio, mas o mesmo foi morto por vampiros. Daí ele passou a participar de missões que não envolviam exterminar vampiros, como a do caso do cientista desaparecido.
    - É, você falou.
    - Até que ele faleceu…
    Decidi mudar de assunto:
    - Qual é o próximo objeto?
    Caminhamos ao sexto. Não sei se eu estava enxergando bem, mas aquilo era... uma pedra?
    - De qual lugar é essa pedra? - perguntei, já imaginando que ele diria que era de alguma montanha mágica ou algo do tipo.
    - Da lua do Mundo Paralelo - imediatamente fiquei surpreso (eu já estava acostumado a ficar assim. Quando se trata de Mundo Paralelo, qualquer coisa surpreendia, e isso, de certo modo, me dava mais ânimo para caçar). - Fubuki, há muitas coisas que você vai descobrir ainda - falou meu pai.
    - Acho que percebi - brinquei; Tony riu.
    Daí ele me mostrou mais objetos, até que finalmente chegamos ao final do corredor. Entramos na porta, e me vi novamente no pátio principal. Eu nem havia percebido que o corredor tinha forma de C.
    Depois entramos na porta por onde eu vira os caçadores saindo apressados minutos atrás.
    - Essa é a saída de emergência.
    Estávamos numa sala muito pequena, com apenas um buraco na parede. Meu pai entrou nele e desapareceu. Fiz o mesmo.
    Era uma espécie de tobogã, muito longo, por sinal. Era até divertido, mas eu tinha medo de onde sairia. Depois de alguns segundos deslizando ali, finalmente cai em cima de um colchão, que logo vi que era do mesmo material que era feito o colchão de treinamento que meu tio Michael me dera dias atrás.
    Meu pai estava em pé, parado. E quando viu que eu já estava ali, me disse:
    - Agora vou lhe mostrar o meu lugar favorito dessa cidade inteira - imediatamente fiquei curioso.

    Caminhamos sentido leste pelas ruas até chegarmos numa zona onde não havia tantas casas como no resto da cidade. Ali era a zona rural, cheia de hortas e trabalhadores de campos. Eu via muito verde e, apesar de não gostar de lugares muito calmos, eu senti vontade de morar ali. As belas árvores tomavam conta da região, com folhas verdes muito vivas, assim como os gramados que cercavam as poucas casas que haviam ali. Vi um lago onde pessoas se banhavam, se divertindo muito com grandes sorrisos. Fiquei feliz só de ver aquilo.
    Continuamos caminhando até chegarmos nos limites da cidade. Havia muitos morros, mas uma montanha se destacava ali. Era a única por perto. Nela havia uma enorme escada embutida, e foi em direção a ela que andamos.
    - Teremos que subir isso aí? - perguntei ao meu pai.
    - Lógico - respondeu ele; resmunguei, enquanto subíamos.
    A escada era enorme e, quando olhei para baixo, senti calafrios. Subimos mais, mais e mais, até chegarmos no final dela. Estávamos numa espécie de intervalo entre escadas. Havia mais degraus a se subir, mas também havia dois caminhos que levavam ao fundo da montanha.
    - O da direita leva ao Império da Terra - disse meu pai. - O da esquerda também - ele riu, mas eu não vi graça.
    - Qual seguiremos? - indaguei, ironizando.
    - Nenhum. Vamos subir mais um pouco.
    Subimos vários degraus, até chegarmos finalmente ao topo da montanha. Meu pai se virou para a cidade, e falou:
    - Veja como é linda a vista daqui de cima.
    Olhei para baixo, a enorme cidade. Realmente era muito bonita. Dali de cima podia se ver qualquer ponto, inclusive seus limites, onde havia muitas árvores e grandes morros. Dali eu pude ver o BFM e a organização Ko-Ketsu. Mas percebi também que eu não conhecera nem metade da cidade, apenas um pedaço da zona leste.
    Ele se virou e disse, apontando para uma espécie de templo:
    - Esse é o templo que fica a tumba de Onikira - me estremeci só de ouvir o nome. - Mas não viemos para isso, eu só queria te mostrar essa linda paisagem. A cidade de Firen.
    Novamente me virei para a paisagem. Realmente eu nunca tinha visto nada igual. O sol ainda estava no céu, dando a perceber que ainda era umas três da tarde. Poucas nuvens, e um céu azul, que se destacava muito perto do verde dos morros do fim do horizonte. Tudo misturado à bela cidade, que não tinha poluição nem nada do tipo.
     - O único problema é que, para vê-la, precisamos subir essas escadas todas - brinquei.
    - Mas vale a pena - concordei.
    Depois de apreciarmos mais um pouco a vista, descemos aquela escada inteira e caminhamos até o beco de quando entramos. Voltamos ao mundo humano pelo portal e saímos da caverna do subsolo da cachoeira. Quando chegamos em casa, minha mão perguntou:
    - Onde estavam?
    - Treinando - menti, sorrindo.
    Ela estava almoçando com Kaori, e meu tio apareceu, cumprimentando meu pai. Já ia dar quatro da tarde, então desisti de ir ao parque do meu bairro. Passei o resto do dia em casa, e tudo foi normal, até a hora de dormir.
    Por fim, eu estava satisfeito por ter conhecido o Mundo Paralelo, e vi que muitas surpresas ainda estão por vir.
    Me senti bem.

    Finalmente conheci o Mundo Paralelo! Muitas histórias e surpresas, onde meu pai me mostrou coisas que eu nem sonhava ver. Conheci também o pai do Natsuno e da Shimizu! Enfim, adorei esse dia. O que mais virá pela frente? Quais descobertas aparecerão? Não perca os próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Capítulo 41 - Conhecendo o Mundo Paralelo: A Organização Ko-Ketsu - Parte Única

    Andamos muito pela cidade, e por onde passávamos, muitas pessoas faziam uma reverência ao meu pai, que respondia sempre com um sorriso. Eu não estava acostumado com aquilo, mas me sentia mais protegido. Parecia que todos daquela cidade eram protetores nosso. E, de certo modo, eram.
     Eu percebi que não existiam carros ali. Nem motos, apenas bicicletas. Mas era raro eu ver alguém usando uma. As pessoas gostavam de andar, estava na cara. Até que, finalmente, encontramos uma coisa não muito boa.
    Um homem muito forte - que estava ao lado de uma melancia no chão - ameaçava um rapaz magro que, provavelmente, vendia frutas, pois ele estava atrás de uma barraca cheia de bananas, maças, uvas e melancias. Muitas pessoas observavam a confusão, com medo. O homem forte o puxou pela blusa agressivamente, dizendo:
    - Quero meu dinheiro de volta!
    - Mas não foi culpa minha ter caído. Aliás, foi o senhor quem derrubou - o comerciante estava muito assustado.
    - Isso não importa! Eu paguei e quero a mercadoria.
    - Mas senhor...
    - "Mas" nada! - interrompeu-o o valentão.
    O pobre homem ficou imóvel, até que o outro o largou. Este esperava que o comerciante lhe desse outra melancia ou o seu dinheiro, mas nada aconteceu.
    De repente, o grandalhão derrubou a barraca de frutas do comerciante e avançou até ele, dando-lhe um soco na cara, assim o derrubando no chão. O magro murmurou de dor, e quando ia levar outro soco, meu pai já estava bloqueando seu ataque.
    - Acho melhor parar - disse Tony; o comerciante se mostrou muito aliviado.
    O valentão o olhou, tentando disfarçar o medo.
    - Senhor Kido, me desculpe, acontece que...
    Antes que ele pudesse terminar de falar, dois policiais já seguravam seu outro braço, o algemando com o braço que meu pai segurava.
    - Acho que não é pra mim que você deve se explicar - disse meu pai. Então os policiais conduziram o homem até uma viatura do outro lado da rua (o primeiro carro que eu havia visto) e o colocou na traseira, levando para, provavelmente, a delegacia.
    - Muito obrigado, senhor - disse o bom homem ao Tony, ainda assustado.
    - Não tem de quê - sorriu meu pai, o ajudando a levantar a barraca de madeira. Daí outras pessoas que estavam por perto ajudaram o comerciante a colocar as frutas de volta no lugar, enquanto meu pai vinha até mim.
    - Vamos?

    Depois de andar bastante, finalmente chegamos numa zona da cidade onde havia muitos edifícios de três ou quatro andares. Entre eles, um se destacava. E foi até ele que caminhamos.
    - Essa é a organização - falou meu pai.
    O edifício era maior que o BFM, tanto de largura quanto de altura. Tinha cerca de cinco andares, e suas paredes eram de um vermelho escuro muito forte, com lindos detalhes alaranjados nas janelas. O telhado escuro era como os telhados das outras casas da cidade: era pontudo no centro e curvo nas pontas. A porta era de aço, cuja borda também era alaranjada. Não havia seguranças ali. Meu pai se aproximou da entrada e, simplesmente, abriu.
    Estranhei.
    - Ninguém entra aqui - falou meu pai. - Ninguém é tão tolo.
    Estávamos numa pequena sala fechada, onde só havia a porta de entrada. Apesar de pequena, não era abafada. Uma lâmpada fluorescente amarela iluminava ali. Mas o mais estranho era que a lâmpada não ficava no teto, e sim na parede lateral à esquerda.
    De repente um fio de luz apareceu das duas paredes laterais e passou pelo meu corpo e pelo do meu pai, dos pés à cabeça, como se estivesse nos analisando.
    Era laser, daqueles que usam em museus para proteger algo. Mas, ao invés de ser vermelho, aquele era amarelo.
    - Boa tarde, senhores Tony e Fubuki Kido - disse uma voz de algum alto falante que eu não conseguia ver.
    - Boa tarde, Helena - falou meu pai ao nada.
    - Ér... Boa tarde - falei também, estranhando.
    O teto se abriu, me assustando. Não dava para ver nada adiante da abertura escura, mas eu sabia que ali havia muito espaço. Aquele com certeza era um lugar muito estranho, onde eu sabia que havia muitas surpresas.
    Me assustando, o chão que pisávamos começou a se mexer, e logo percebi que o mesmo estava subindo.
    - Quem é... Helena? - perguntei.
    - A voz - disse meu pai, simplificando.
    - Hum - falei.
    O chão continuava a subir lentamente, passando por um lugar muito escuro, me deixando com curiosidade de onde sairíamos. Até que, finalmente, parou. Eu não via nada além de paredes e do teto. Apesar de estarmos num lugar vazio e escuro, eu, de certo modo, enxergava um pouco.
    Percebi que meu pai também enxergava.
    A parede à nossa frente se abriu como se fosse uma porta. Tudo se iluminou, onde um clarão tomou minha visão por alguns instantes. Quando voltou, meu pai estava à minha frente. Caminhei até ele, e vi que estávamos numa espécie de parapeito.
    Fiquei pasmo quando olhei para baixo, o gigantesco pátio. Havia centenas de pessoas vagando por ali! Todas com algo para fazer, desde entregar papéis a outras, ou mandar recados. Era muita movimentação, e todas apressadas e preocupadas com algo, porém sempre sorridentes.
    Algumas davam gargalhadas, enquanto outras corriam e entravam numa mesma porta. A maioria estava armada com diferentes tipos de espadas.
    No pátio havia diversas mesas e cadeiras enfileiradas, além de diversos computadores ou outros tipos de objetos como rádios ou até celulares. De longe, percebi um rapaz - não muito velho - com fones de ouvido e, provavelmente, trocando de música no seu Iphone. Além de tudo isso, havia sofás, filtros de café, TVs, geladeiras e mais algumas coisas do cotidiano.
    Olhei para o meu pai, fascinado.
    Ele já era acostumado com aquilo, e apertou um botão no parapeito.
    Em seguida, o chão que estávamos pisando começou a descer. Enquanto descia lentamente, meu pai falou:
    - O que acha da organização Ko-Ketsu?
    - Muito legal - respondi, ainda encantado, observando o lugar.
    Finalmente chegamos ao térreo. Ali não havia janelas, mas ainda assim era um lugar muito agradável. As lâmpadas ficavam em lustres, mas parecia que era uma iluminação natural, solar. Não havia ventiladores ali, mas pelo lugar passava muita brisa. Eu sentia também o ar puro. Um ar muito bom, muito agradável.
    Eu realmente estava encantado.
    Meu pai me guiou rumo ao fundo do pátio, onde todos que estavam no caminho o cumprimentavam. Claramente, meu pai era o mais conhecido ali. Na verdade, todos se conheciam, mas meu pai era o mais famoso, o mais respeitado.
    Alguns me olhavam com certa admiração, outros nem ligavam tanto. Mas, enfim, eu estava feliz por conhecer aquilo. Havia pessoas de diversas idades lá, inclusive da minha. Havia mais homens do que mulheres, mas ainda assim havia meninas bonitas espalhadas por ali.
    Finalmente chegamos à sala. Entramos, onde me vi num lugar muito belo. Ali era uma espécie de escritório, porém era enorme. Um enorme sofá à direita, e uma TV em frente a ele. Em frente à porta por onde entramos, a uns vinte metros, uma janela. Estava aberta, dando passagem à luz solar. Fora isso, não havia mais nada.
    Olhei para o sofá, onde havia dois homens sentados. Um era muito parecido com um amigo meu.
    Meu pai foi até eles e os cumprimentou.
    - O que faz aqui, Tony? - perguntou o de cabelo roxo-escuro. - Pensei que você tinha ido visitar sua família - ele olhou para mim, e seu olhar era idêntico ao do meu melhor amigo.
    - E aí, Fubuki - ele me cumprimentou sem se levantar.
    Eu nem fiquei surpreso por ele saber meu nome. Aliás, por que ficaria? Muitas pessoas que eu nem conhecia sabia mesmo...
    Caminhei até ele, que me estendeu a mão:
    - Muito prazer, senhor Kogori - o cumprimentei, adivinhando quem era.
    - Pode me chamar de Hayato - sorriu ele.
    - Ok - falei; logo percebi que ele tinha a mesma personalidade de Natsuno.
    - Pelo visto seu pai decidiu te mostrar o Mundo Paralelo - disse o outro, soando meio antipático; apenas assenti.
    Ele me estendeu a mão, dizendo:
    - Muito prazer, Fubuki - suas mãos eram frias, e levei um choque quando percebi quem ele era. Aquelas mãos, aqueles olhos...
    - Digo o mesmo… senhor Mishimo - meu coração estava a mil. Então aquele era o pai da Shimizu?
    Era um homem de aparência jovem, cuja pele branca era muito macia, lembrando a de uma mulher. Admito que ele era bonito, mas seu rosto demonstrava que o homem era mal-humorado.
    Os dois voltaram a assistir TV, enquanto meu pai dizia:
    - Fubuki, quero lhe mostrar algo.

    Após sairmos da sala, caminhamos pelo pátio.
    - O Hayato é muito boa gente - falou meu pai. Depois ele olhou para mim com uma cara estranha: - Percebi que você ficou um pouco nervoso na frente do Shindo. O que houve?
   - Nada - menti; meu pai percebeu que eu não estava falando a verdade.
    - Ele não é muito de falar, mas ainda assim também é gente boa. Não precisa ter medo.
    - Nem fiquei com medo - protestei.
    - Então o que era? - meu pai soou desconfiado.
    - Nada, já falei. Apenas impressão sua.
    Meu pai ainda estava incerto sobre aquilo.
    - Fubuki, você está me escondendo algo?
    - Não, pai - respondi impaciente. - Fica frio.
    - Tá - foi a última palavra dele.
   Chegamos à porta e entramos. Estávamos agora num corredor curvo, onde tinha uma enorme vitrine no seu decorrer. Dentro dela, muitos objetos. Fomos ao primeiro ao nosso alcance:
    - Isso aqui é a espada de Taiyo Hentsu - disse meu pai, mostrando uma bela espada de cabo azul-marinho com alguns detalhes prata. Prata como a longa lâmina, de aproximadamente dois metros de comprimento.
    - E quem é esse? - indaguei.
    - O caçador dono do recorde. Ele foi o que mais destruiu vampiros em toda a história. Milhares. Não lembro quantos, mas nunca chegarei a essa marca - meu pai riu, mas parecia insatisfeito com aquilo.
    Caminhamos até o segundo objeto.
    - De quem era essa faca? - ri; era apenas uma faca. Muito bonita, mas eu preferiria mil vezes uma espada.
    - De um falecido amigo meu - respondeu meu pai, assumindo uma expressão triste; logo me arrependi da brincadeira.
    - Arc Dadilan foi o homem que matou o Rei Ogro da colina Rosan. Muitos tentaram em toda a história, mas ele foi o único que conseguiu. Ele era especialista com facas, e essa era uma especial. Foi criada pelos monges especialmente para ele que, com ela, matou o inimigo. Um inimigo muito poderoso, por sinal.
    Primeiro, eu fiquei impressionado sabendo que ogros existem. Depois, mais ainda, sabendo que o rei deles foi morto por uma faca.
    Caminhamos até o terceiro objeto.
    Foi aí que me assustei. Aquilo não era bem um objeto, era a cabeça de um vampiro horrível!
    - Pai, pra quê vocês guardariam a cabeça de um vampiro? - perguntei, ironizando.
    - Acontece que esse não é um vampiro comum - falou meu pai. - É a cabeça de um Vampiro-Demoníaco, uma raça muito rara. Só existe no Reino dos Vampiros.
    Me surpreendi. Quer dizer que alguém entrou lá e conseguiu sair vivo e, ainda por cima, com a cabeça de um vampiro?
    - Os Vampiros-Demoníacos são a raça mais forte e rara que existe, Fubuki. E você sabe quem foi que conseguiu arrancar a cabeça de um?
    Fiz um sinal de "não" com a cabeça.
    - Eu - respondeu Tony; fiquei, de certo modo, orgulhoso. Mas por que meu pai entraria no Reino dos Vampiros?
    Deixei esse assunto pra depois.
    Continuei reparando a cabeça do indivíduo. Ele era muito feio, ainda mais de boca aberta. Com certeza fora uma morte muito feia, pois sua boca estava completamente aberta, assim como seus olhos, sem vida, é claro. Seus cabelos negros eram bagunçados, e sua pele era avermelhada, com muitos pelos, parecendo um lobisomem. Seu nariz era enorme e suas orelhas pontudas.
    Apesar de tudo, seu rosto não estava danificado.
    No corredor havia outras pessoas e, sem querer, me esbarrei num garoto mais ou menos da minha idade, que também estava com o pai. A primeira coisa que reparei foi nos seus cabelos, que chamavam muita a atenção por ter um tom alaranjado muito forte.
    - Desculpe-me - pediu ele.
    - Que nada - falei, sorrindo; percebi que ele era gente boa. Nossos pais se cumprimentaram. Com certeza já se conheciam - Seu pai também está te mostrando o museu da organização? - perguntei.
    - Está sim - falou ele, tão ansioso quanto eu. - Muito legal, não acha?
    - Aham - assumi.
    - Aliás, meu nome é Inko Kuraima - ele me estendeu a mão, sorrindo.
    - Eu sou Fubuki Kido - a apertei.
    - Do clã do fogo - disse ele, meio que fascinado.
    - Esse mesmo - rimos.
    Seu pai também me cumprimentou, depois meu pai e eu continuamos a "jornada".
    Caminhamos até o quarto objeto.
    Era um pergaminho, muito velho.
    - Isso é o mapa que um pirata usava na época do 5° Caçador Lendário. Foi achado dentro de um navio afundado no Oceano das Águas Pesadas.
    Me surpreendi duplamente.
    Primeiramente, claro, por saber que existiam piratas. Depois, porque Águas Pesadas era um nome conhecido para mim. Eu sabia que existia o rio, mas nem imaginava que existia um oceano! Quero nem imaginar como seria nadar ali...
    - Foi muito milagre esse pergaminho resistir à agua - disse Tony; concordei.
    - Talvez não seja de papel - conclui.
    - Mas é - replicou meu pai, mas desinteressado no assunto.
    Fomos ao quinto objeto.
    Era uma coroa.
    Muito bela e brilhante. Dourada, claro. Havia muitas pedras preciosas embutidas nela, e percebi que algumas eram diamantes. A coroa era tradicional, como a de um rei de histórias em quadrinhos ou até de contos de fadas.
    Olhei para meu pai, e vi sua expressão novamente triste.
    - Vai me dizer que era de um amigo seu - falei.
    - Era sim - disse ele, falhando sua voz. - Meu melhor amigo.
    Fiquei espantado. Nunca imaginei que meu pai seria amigo de um rei.
    - Ele era rei de onde? - perguntei.
    - Do mundo todo - respondeu meu pai, me deixando ainda mais surpreso. - Pai de Hiroshima Takeda, membro do clã da Terra e, por fim, o 10° Caçador Lendário.
    Meu queixo caiu de vez.
    Então quer dizer que... o último caçador lendário era o melhor amigo do meu pai e... o pai do Hiroshima??
    Depois disso eu fiquei sem palavras.
    Quais histórias eu descobriria ainda?

    Fique atento ao próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

domingo, 24 de novembro de 2013

Capítulo 40 - Conhecendo o Mundo Paralelo: A Base do Fogo Militar - Parte Única

    Passaram-se vários dias desde a aparição do Sacerdote Divino.
    Nada de mais aconteceu nas semanas seguintes. Na escola, muita distância entre eu e a Shimizu. Eu não tinha coragem de falar com ela e vice-versa. Shin não foi nenhum dia também. Riku, Natsuno e eu caçamos vampiros em pequenas aldeias na floresta de Tóquio. Michael ainda não achara nenhum lugar para morar e eu, sem surpresa alguma, estava insatisfeito com a minha vida atual.
    Desde o dia em que fomos cercados por vários vampiros evoluídos, nós três destruímos poucos vampiros graças à ordem do Sacerdote. Várias vezes por semana fomos em missões em que achávamos apenas um ou dois vampiros. Não tinha graça, pois não podíamos mostrar as nossas habilidades máximas de lutas. Aquilo era fácil demais. Claro que nos últimos dias eu treinei muito, mas ainda assim queria um pouco de ação.
    Meu tio Michael me ajudou nos treinamentos, e me deu uma coisa estranha para treinar: uma espécie de colchão que, quando você bate, não sente dor, claro. Mas o mais estranho era que ele era resistente a qualquer coisa, o que facilitava o treinamento. Treinei com o Billy, com a minha Takohyusei e criei um novo golpe, e estou ansioso para colocá-lo em ação.
    Enfim, várias semanas se passaram desde o dia do prédio abandonado. Estava chegando o dia do nosso segundo jogo do campeonato Inter-salas do colégio Matsumoto, e todos estavam ansiosos.
    - Enfrentaremos o 1° G - informou Natsuno, na sala.
    - Dizem que o time deles é repleto de jogadores que jogam o jogo sujo e muito agressivo - inseriu Yuuki; o professor chegou na sala.
    - Isso não importa. Nós temos que ganhar - disse Joe.
    - Claro que vamos ganhar! - falei, sorrindo e otimista; os outros assentiram.
    Já em casa:
    - Finalmente, hein pai - ele sorriu; tinha acabado de chegar.
    Estávamos no começo de Junho, a segunda visita do meu pai desde quando nos mudamos para Tóquio. Ele parecia muito ansioso para saber como eu estava desde quando descobri que era caçador. Então, já que só nós dois estávamos em casa, ele perguntou:
    - Como estão as coisas?
    - Bem - menti, sorrindo.
    Meu pai percebeu a mentira e disse:
    - Fubuki, acho que é hora de eu te mostrar o Mundo Paralelo - ao mesmo tempo em que fiquei surpreso, fiquei feliz.

    Meu pai e eu caminhamos pela floresta sentido Rio das Águas Pesadas. Eu não sabia para onde iríamos, mas sabia que seria um lugar surpreendente. Meu pai estava silencioso, mas sempre atento. Nem sei se ele soube do acontecimento do prédio abandonado, mas ele estava focado em me mostrar o Mundo Paralelo. Eu também estava muito ansioso. Já visitei uma vez, mas não conta, pois fiquei apenas alguns segundos, e no Reino dos Vampiros! Eu queria saber como eram as cidades, as pessoas, os tais palácios...
    Será que a Shimizu mora lá?
    Andamos em silêncio, até finalmente chegarmos à margem do Rio das Águas Pesadas.
    - O que estamos fazendo aqui? - perguntei.
    Ele caminhou até a cachoeira e falou:
    - Aqui tem um portal - e foi para atrás das águas, que caíam fortemente no rio. Era uma bela cascata cheia de rochas enormes. O som da água era muito agradável e tranquilizador. Era sempre o mesmo ritmo, cuja água parecia simples. Um azul muito vivo e limpo, transformando aquela parte da floresta num lugar magnífico.
    Fui até meu pai, e me surpreendi quando vi que atrás da cachoeira havia um túnel. Parecia uma caverna, onde um ar muito puro tomava conta. Era escuro, claro. Mas a luz do dia iluminava um pouco.
    Meu pai caminhava ao fundo do túnel, então eu o segui. Minha curiosidade aumentava conforme adentrávamos no lugar, e eu nem imaginava em que parte do Mundo Paralelo sairíamos. As paredes do túnel eram úmidas e frias. O lugar também era frio. Mas mesmo assim um ótimo lugar, tanto para respirar quanto para meditar, se “desestressar”.
    No fundo do túnel havia uma ampla caverna, onde continha apenas um lago. Meu pai olhou pra mim e falou:
    - Teremos que nos molhar um pouco - estranhei.
    Ele pulou na água e disse:
    - Me siga - daí mergulhou. Rapidamente pulei também, e o vi nadando até um buraco no fundo do lago. Entramos no buraco, onde passamos por um túnel subterrâneo, até sairmos em outro lago, cujas águas tinham um tom mais azul que o lago anterior. Nadamos até a superfície, e saímos numa outra caverna, um pouco mais iluminada graças às tochas que haviam espalhadas pelo lugar, nas paredes.
    Meu pai saiu da água, seguido por mim. Depois chegou perto de mim e me abraçou.
    Estranhei.
    Em seguida, Tony fechou os olhos e se concentrou em algo.
    Eu não estava entendendo nada, mas percebi que nossas roupas estavam secando aos poucos, junto do nosso corpo!
    Era meu pai.
    Depois que estávamos completamente secos, ele me soltou, perguntando:
    - Está pronto?
    - Sim - respondi, ainda surpreso com o “secamento” ao modo Tony; ele apenas sorriu e caminhou até o fundo da caverna, onde apertou uma espécie de botão na parede. Então abriu-se uma porta ao lado do "botão", onde pude ver um círculo roxo muito estranho: era um portal.
    Meu pai percebeu que eu não estava tão surpreso como normalmente ficaria, mas ainda assim falou:
    - Vamos.
    Juntos, entramos no portal, onde passamos pelo túnel que ligava os dois mundos. Era estranha a sensação de entrar ali, onde tudo girava em direções diferentes, deixando qualquer mente confusa.
    Automaticamente, saímos do portal e me vi numa espécie de beco. Eu estava meio tonto, mas logo quando voltei ao normal, percebi que as casas do beco eram completamente diferentes das casas comuns das cidades: as casas do Mundo Paralelo tinham telhados curvos, lembrando o Japão Feudal. Estava de dia, onde o céu era comum. Mas o sol aparentava ser maior que o normal. Havia poucas nuvens, e não estava muito calor.
    Olhei para o meu pai, que apenas caminhou sentido fim do beco. Fui atrás dele, e saímos numa rua muito estranha, cujo asfalto era feito de paralelepípedo. Não havia carros. Porém, muitas pessoas andavam por ali, e percebi que todas as casas daquela cidade eram do estilo feudal.
    - Bem-vindo ao Mundo Paralelo - sorriu meu pai -, e bem-vindo à cidade de Firen, sua terra natal.

    Viramos várias ruas da cidade. Vários habitantes da cidade faziam um tipo de reverência quando viam meu pai. Logo percebi que ele era muito conhecido na cidade. Caminhávamos bastante, e eu não sabia onde meu pai estava me levando.
    A cidade era grande, onde todas as casas eram quase iguais, lembrando o Japão da época do feudalismo. Eram poucas as casas que tinham dois andares ou mais. As pessoas eram sorridentes e simpáticas. Umas cumprimentavam as outras. Como nas cidades do mundo humano, ali havia também muito comércio. Comércio de frutas, verduras e até besteiras do mundo normal! Ou seja, o Mundo Paralelo não era tão diferente do mundo humano.
    Chegamos num lugar um pouco isolado de outras casas. Estávamos, provavelmente, no centro da cidade, mas esse lugar era um tipo diferente do resto dos outros. Havia muitas árvores naquele quarteirão, onde um edifício enorme tomava conta de tudo.
    Fomos até a enorme entrada, onde havia dois seguranças em frente à porta.
    - Boa tarde, senhor Kido! - cumprimentaram os dois juntos.
    - Boa tarde - sorriu meu pai.
    Os dois seguranças abriram passagem a nós e Tony abriu a porta.
    Assim que entramos, fiquei impressionado com aquilo. O lugar era aberto ao céu, e ali era cheio de adolescentes que treinavam iguais os soldados do exército japonês! Aquilo era um exército. Todos estavam uniformizados com um fardamento vermelho escuro, e marchavam ao mesmo ritmo, com suas expressões sérias e focadas. À frente do grupo, um homem vestido com um uniforme da mesma cor dos adolescentes, mas um uniforme mais evoluído, mais autoritário.
    Depois de analisar muito ele, não acreditei quando percebi que o homem era o meu tio Arthur! Eu não o via há muitos anos, desde quando fui ao Brasil com os meus pais. Ele não mudara nada, sempre com sua aparência brusca e agressiva, onde tinha sobrancelhas grossas e uma feição muito experiente.
    - Sentido! - gritou ele; os soldados gritaram "Sentido!" e ficaram imóveis.
    Fomos até meu tio que, quando nos viu, mostrou uma expressão de muita felicidade.
    - Antônio! - cumprimentou meu pai.
    - E aí Arthur - os dois estavam felizes, como se fizesse tempo que não se viam.
    Quando meu tio olhou para mim não conteve o olhar de surpresa.
    - Não me diga que esse é o Fubuki - disse ao meu pai; Tony apenas assentiu.
    - Fubuki!!! - ele me abraçou. Fiquei meio sem jeito, como se tivesse acabado de conhecê-lo.
    - Oi, tio - foi o que consegui falar diante do sufoco.
    - Arthur, acho que agora não é uma boa hora para abraços - avisou meu pai, percebendo a cara dos soldados.
    - Ah é, desculpe-me - ele me soltou e se virou aos soldados, falando: - Descanso!
    Os garotos largaram o jeito sério e comemoraram. Percebi que eles não eram o que eu pensava, pois pareciam mais soltos e moleques. Uns faziam brincadeiras com outros, enquanto outros conversavam entre si, sorrindo a toda hora. No final, eles eram comuns.
    - Quem são eles? - perguntei.
    - Seu tio os treina para o exército da nossa cidade - respondeu Tony.
    - Como assim? - estranhei.
    - Fubuki - agora era Arthur -, nessa cidade há muitos clãs misturados. Há pequenos e médios. Todos aliados do clã Kido. Somos uma Tribo.
    - Eu pensei que nossa Tribo era apenas o clã Kido, Takeda e Mishimo - falei.
    - Esses são os principais - falou meu pai. - Nossa tribo tem dezenas de clãs aliados. Os protegemos e eles nos protegem. Por isso criamos um exército, para nos proteger das Tribos rivais em caso de atentados ou guerras.
    - Então vocês usam caçadores de clãs pequenos para isso? - perguntei, não gostando muito da história.
    - Mais ou menos - respondeu meu tio.
    Fiquei confuso.
    Natsuno não me falara sobre isso. Eu nunca soube sobre exércitos e que nossa Tribo ocupava uma cidade inteira. Nem sequer eu sabia que meu pai usava adolescentes para servirem o exército!
    Mas meu pai disse mais:
    - Esses adolescentes são voluntários.
    - Então quer dizer que estão aqui porque querem? - eu estava mais aliviado; de certo modo, eu sabia que era verdade, pois parecia que todos os soldados gostavam do que faziam. Estava claro na cara deles.
    - Sim - respondeu meu pai. - Esses jovens não são tão fortes quanto caçadores de clãs médios ou grandes, por isso querem se mostrar úteis fazendo parte da nossa força militar. Claro que ainda não estão preparados. Mas temos adultos que já passaram por todo um treinamento, e estão na nossa linha de frente de defesa.
    - Entendi - falei. - Mas eles não caçam vampiros?
    - Não, exatamente. O foco deles é apenas defender nossa cidade. Mas claro que, se encontrarem um vampiro por aí, vão exterminá-lo - ironizou Tony.
    - E adivinha quem fundou o exército - falou Arthur. Mas antes de me deixar pensar, ele mesmo respondeu: - seu avô.
     Eu nunca havia conhecido meu avô. Ele morreu logo após meu nascimento. De parada cardíaca, como disseram meus pais. A única coisa que eu sabia era que ele era um homem muito bom e generoso, e meu pai, de certo modo, puxara para ele.
    - Ou seja - inseriu meu pai -, essa cidade toda… faz parte do Império do Fogo.
    Eu fiquei incrédulo com aquilo. Nunca imaginei que nosso clã era tão grande. Então era por isso que meu tio Arthur não estava mais morando no Brasil, com meus outros tios. Na verdade, ele ajudava no exército da cidade.
    - Bom, temos que ir - disse meu pai.
    Nos despedimos do meu tio e saímos do edifício.
    - Como você chama esse lugar, pai? - perguntei, observando o prédio pelo lado de fora.
    - BFM.
    - E o que significa?
    - Base do Fogo Militar.
    Por fim, eu estava feliz com aquilo.
    - Agora vamos à organização Ko-Ketsu - disse meu pai, feliz; de imediato fiquei ansioso. Eu iria conhecer a organização!!

    Fique atento ao próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Capítulo 39 - Invadindo o Território Inimigo! - 2ª Parte

    Entramos num corredor obscuro, onde nas laterais havia dois elevadores - desativados, claro - e no final uma escada de cada lado. Perto das escadas, uma janela que dava visão à rua. Porém, a janela estava tampada com madeiras presas na parede à pregos. Com certeza aquilo era obra dos vampiros.
    Caminhamos até a escada da direita e subimos ao primeiro andar, preparados. Estávamos agora num corredor repleto de apartamentos. Caminhamos até o primeiro, onde abrimos a porta e não havia ninguém no lugar. Nem no segundo e nem no terceiro apartamento. Quando íamos entrar no quarto e último:
    - Invasores!! - gritou um vampiro. Ele estava no corredor, acompanhado de outros dois. Correram em nossa direção, quando Natsuno gritou:
    - São dos evoluídos!!
    Os indivíduos chegaram perto, quando Natsuno tentou acertá-los. Mas desviaram e o atacaram, o derrubando.
    Riku acertou um, mas outro o atingira. Mas o Masaki continuou de pé, enquanto um terceiro tentou acertá-lo com um chute. Riku desviou e o acertou com um soco, mas o vampiro continuou de pé e deu-lhe uma rasteira. Quando ia dar um golpe nele, Natsuno o ajudou com um forte chute no peito. Os outros dois me atacaram, mas desviei dos golpes e também tentei acertá-los, mas em vão. Os dois juntos eram muito fortes, e começaram a me atacar com sequências de socos fortes e rápidos. Eu desviava de todos, mas eles mantinham a mesma sequência sem cansar.
    - Socos relâmpagos!! - Natsuno atingiu os dois com seus socos, os derrubando. Suspirei e vi Riku travando uma luta com o terceiro vampiro. Os outros dois (que me atacara) estavam de pé, e vieram atacar Natsuno e eu. Eles atacaram com socos e chutes, mas desviávamos e contra-atacávamos, fazendo-os recuar. Até que Natsuno sacou sua Takohyusei e enfiou no peito de um, mas sua espada ficou presa no corpo do inimigo, que gritava de dor:
    - Aaaaaaargh!!!
    Natsuno não conseguia tirar sua espada do peito do vampiro (para seu desespero e para desespero do inimigo também) e quando o outro ia lhe atacar, agi:
    - Punho de fogo!! - o acertei no estômago com a minha mão brilhando feito o fogo. O indivíduo, com o impacto, voou a alguns metros, e quando caiu no chão eu já estava enfiando minha espada no seu peito, o transformando em pó. Mas a minha mão começou a doer, como se estivesse queimada, mas ignorei ao máximo.
    Natsuno já conseguia tirar sua Takohyusei ensanguentada do peito do vampiro, esparramando sangue pelo chão. O inimigo também virou pó e o Kogori se aliviou.
    Olhamos para Riku, que pisava no peito do seu adversário que estava no chão. O vampiro muito feio rosnava, com sua cara toda inchada e seu nariz sangrando muito. Riku enfiou sua espada no peito do indivíduo, que se transformou em pó.
    Tínhamos exterminado eles.
    Enquanto Natsuno colhia o pó, decidi falar:
    - É melhor sairmos daqui. Pelo jeito há muitos vampiros evoluídos pelo prédio.
    Riku não disse nada, mas percebi que ele não queria admitir. Ele sabia da força dos evoluídos, e sabia também que era muito arriscado se continuássemos. Natsuno estava assustado. Ele também não queria morrer, então falou:
    - Você tem razão.
    Olhamos para Riku, que estava calado. Ele desviou o olhar:
    - Somos dos Cinco Grandes, não podemos fugir assim de vampiros. Temos que defender nossos orgulhos e honrar nossos clãs.
    - Mas ainda somos muito fracos - foi o que consegui dizer. - Eram só três agora, e quase perdemos. Não quero nem imaginar se formos cercados.
    Riku sabia que eu estava certo, e isso o atingia em cheio. Ele era muito orgulhoso e não queria fugir. Isso estava claro para mim, pois em pouco tempo eu já o conhecia.
    - Riku - chamei; mas, assim que disse isso, apareceram vários vampiros da escada, bloqueando nossa saída para as ruas.
    - Droga!! - gritou Natsuno.
    Olhei bem para eles e, pela aparência, percebi que eram dos evoluídos.
    Riku estava com o seu rosto sem expressão, porém eu sabia que ele também estava assustado.
    - Para o terraço! - gritei aos dois; imediatamente fomos para as escadas que subiam e corremos a toda velocidade, com os vampiros atrás de nós.
    - São muitos - falou Natsuno.
    Subimos para o segundo andar, onde nos deparamos com alguns vampiros comuns.
    - Punho de fogo!!
    - Socos relâmpagos!!
    Os inimigos caíram no chão, mas não estavam mortos. Sem parar, continuamos subindo as escadas, e passamos pelo terceiro, quarto e quintos andar. Quando subimos mais, estávamos no terraço.
    Rapidamente fechamos e bloqueamos com nossos corpos a porta que dava ao interior do prédio.
    - Estamos fritos! - falou Natsuno.
    - Droga! - exclamou Riku.
    Olhei para o céu, suspirando. A noite estrelada estava linda, com sua lua cheia brilhando muito. O clima estava ótimo, onde a brisa batia no meu rosto sem parar.
    Mas eu estava numa situação crítica, onde vampiros evoluídos estavam atrás de nós. Eles vinham correndo rumo ao terraço, onde Natsuno, Riku e eu bloqueávamos a porta para que não passassem, senão morreríamos.
    E, quando os inimigos chegaram à porta, não fizeram muito esforço para abri-la a ponto de nos jogar para longe. Estávamos caídos, cercados de vampiros evoluídos.
    Meu coração disparou e meu sangue começou a ferver. Seria nosso fim?
    Olhei para Natsuno e Riku, ambos apavorados.
    Os vampiros nos olhavam maliciosamente. Estavam à nossa frente e, quando olhei para trás, vi que estávamos encurralados. Se déssemos uns três passos dianteiros cairíamos do prédio diretamente para a rua. Olhei novamente para os inimigos, e um deles disse:
    - Cometeram um grande erro entrando em nosso território.
    - Vocês estão matando inocentes! - gritei; Riku e Natsuno olharam para mim.
    - É mesmo? - ironizou o mesmo inimigo. - Por que não podemos?
    Não falei nada. Eu não tinha o que falar. Eu não estava com medo deles, mas sabia que iríamos morrer. O vampiro que falara correu em minha direção e me atacou, mas desviei, gritando:
    - Punho de fogo!! - atingi suas costas, jogando o mesmo para a rua movimentada lá em baixo.
    - Aaaaaaaargh!!!!! - gritou, enquanto caia. Até que ouvi o impacto de seu corpo num carro. Depois ouvi derrapadas na avenida, mas não deixei isso chamar a minha atenção.
    Os inimigos não ficaram com medo, e todos - uns quinze, pelo menos - vieram atacar nós três.
    Aquele com certeza seria o nosso fim… mas eis que aconteceu algo inesperado: num flash de luz alguém com uma roupa preta e completamente encapuzado apareceu na nossa frente, brilhando.
    Estranhamos.
    Os vampiros também estranharam, e pararam diante do indivíduo. Percebi muito pavor nos rostos dos inimigos, e o homem encapuzado abriu seus braços, tampado nossas visões graças à sua roupa preta.
    - Sejam eliminadas, criaturas do demônio! - gritou o indivíduo, com uma voz imperativa. Daí um feixe de luz caiu do céu e atingiu os vampiros, que gritavam enquanto seus corpos eram carbonizados pela luz:
    - AAAAAAAAAARRRGHH!!!!!!!!!
    Natsuno, Riku e eu ficamos completamente impressionados! Nos levantamos, vendo o feixe desaparecendo e os vampiros totalmente queimados. Não sobrara ninguém!
    - Quem… é… você? - foi o que consegui falar, de tão espantado que estava.
    O homem, sem olhar para nós, falou, calmamente:
    - Vocês três estão proibidos de caçar em excesso.
    - Mas por quê? - protestei.
    - Fubuki - disse Natsuno, como se quisesse dizer que era melhor eu ficar calado.
    Daí, num flash de luz mais forte que o primeiro, o homem encapuzado desapareceu, deixando nós três sozinhos no terraço do prédio abandonado.
    Eu estava desacreditando naquilo. Como haveria alguém tão forte como aquele homem?
    - É a primeira vez que os vejo agindo - falou Riku; eu não entendi, mas vi que Natsuno concordava com o Masaki.
    Logo percebi que os dois sabiam algo sobre o homem misterioso.
    Perguntei:
    - Quem é ele?
    - Um membro do Conselho dos Clãs Especiais - falou Riku.
    - Hã? - me surpreendi.
    - Em outras palavras - interveio Natsuno -, aquele homem era um Sacerdote Divino.
    Me espantei completamente.

    Apareceu um Sacerdote Divino! Só o nome já mostrava que ele era muito forte, ainda mais exterminando todos aqueles vampiros de uma só vez! E nos disse para pararmos de caçar em excesso... E agora, o que faremos? Seguiremos suas ordens ou continuaremos assim? Veja nos próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Capítulo 39 - Invadindo o Território Inimigo! - 1ª Parte

    Corremos pelo subsolo de Tóquio por vários minutos sentido nossa missão. Pegávamos vários caminhos diferentes, não nos perdendo graças ao mapa que Kai me entregara. Chegaríamos ao prédio abandonado em muito pouco tempo, onde nos infiltraríamos e exterminaríamos todos os vampiros presentes ali.
    Pisávamos em águas sujas e fedorentas, sem escolha. Natsuno era, claramente, o que mais odiava o lugar. Eu nem ligava muito, nem Riku, eu acho. O esgoto era um lugar muito maltratado, mas nosso foco era outro.
    Paramos.
    Estávamos no final de um túnel. Sairíamos numa espécie de canal, e naquele canal era o lugar que estaria a entrada para o prédio. Mas vi uma sombra na parede, por isso fiquei imóvel. Natsuno e Riku fizeram o mesmo, e também viram a sombra.
    - Deve ser um dos vampiros - sussurrou o Masaki.
    O indivíduo caminhava pelo canal, com seus passos agressivos e lentos. Até que a sombra desapareceu.
    Nós três saímos do túnel e fomos para o canal: um córrego raso e largo com diversas passagens para lugares inimagináveis.
    - A entrada é ali - apontei para o teto, onde havia uma escada de mão que ia do chão até dentro de um buraco, cujo destino não podia se ver graças à escuridão.
    Fomos a ela e eu fui o primeiro a subi-la.
    Entrei no buraco e me vi numa espécie de poço. Continuei subindo a escada até sair num lugar muito escuro. A escada continuava, e saia do poço. Subi até ver que eu estava numa espécie de quarto abandonado.
    Saí do poço e me estremeci. Eu estava com um mal pressentimento.
    Natsuno e Riku também saíram do poço, e estavam ao meu lado. O quarto estava muito vazio e escuro. A única coisa que o iluminava eram as pequenas brechas de luz da porta fechada de madeira, que tinha saída para algum lugar iluminado.
    - Finalmente chegamos - falei.
    - Está vindo alguém - disse Riku, sério.
    Logo pude ouvir passos em direção ao quarto onde estávamos. Eram duas pessoas, aparentemente. Rapidamente nos escondemos perto da porta, prontos para o ataque.
    Os indivíduos abriram a mesma, assim escondendo nós três automaticamente atrás da porta, e quando a fecharam perceberam nossas presenças. Mas era tarde demais. Natsuno e Riku atacaram os dois vampiros com suas Takohyusei, os exterminando rapidamente, sem nem ao menos deixá-los sentir dor. Os vampiros viraram pó, enquanto Riku falava:
    - Vamos logo à luta.
    Ele caminhou em direção à porta e, antes que eu pudesse impedi-lo, Riku já estava invadindo o segundo lugar. Natsuno colhia o pó enquanto eu ia atrás de Riku. Quando entrei onde ele estava - uma espécie de sala de arquivos, pois havia muitos armários ali - Riku já estava lutando contra os três vampiros que estavam no lugar.
    Ele estava cercado pelos três, mas quando fui ajudá-lo:
    - Giratória de vento!! - gritou, pulando e atacando os indivíduos com suas pernas girando como se fossem um tornado, dando uma impressão de que suas pernas puxavam o ar, dando mais força ao seu ataque.
    - Aaaaaargh!!! - gritaram os vampiros sangrando bastante e com suas caras inchadas. Riku já pousou no chão acertando os vampiros caídos com uma "espadada" em cada, os transformando em areia. A única coisa que sobrou ali foi sangue.
    Natsuno entrou na sala, dizendo:
    - Caramba, mais pó?
    Ele colheu os três rapidamente, guardando os potes cristalinos vermelhos no interior de sua jaqueta. Mas o mais estranho era que não havia volume ali, como se não tivesse potes guardados com ele.
    Riku saiu da sala, sem nos esperar. Fomos atrás, dando numa espécie de recepção. Estávamos atrás de um balcão, e depois do mesmo havia uma sala de espera. Como todo o prédio, o lugar também estava abandonado, cheio de poeira e sujeira, sem falar a falta de luz, dando ao lugar um clima assustador.
    Saímos da recepção, onde apareceram quatro vampiros. Eles se surpreenderam quando nos viram, mas logo nos atacaram.
    Mas, antes que chegassem perto:
    - Socos relâmpagos!! - gritou Natsuno, dando vários socos nos quatro indivíduos. Socos que eram rápidos ao mesmo tempo em que brilhavam, parecendo raios elétricos. Os indivíduos gritavam enquanto eram atingidos, e quando caíram percebi que haviam levado uma descarga elétrica.
    Fiquei surpreso.
    Quando invadimos aquela aldeia de vampiros-zumbis, Natsuno e Riku usaram os mesmo golpes que usaram hoje, porém parece que ficaram mais fortes desde aquele dia. Andaram treinando?
    Mas eu não queria ficar para trás. Eu também tinha um novo golpe a ser mostrado.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Capítulo 38 - Os Preparativos para a Nova Missão - 2ª Parte

    Na sala, fui falar com o Kai:
    - Kai, preciso de uma ajudinha sua.
    - Minha? - estranhou ele, com o seu jeito tímido.
    - Sim - sorri. - Preciso de um mapa do esgoto da cidade.
    Ele estranhou na hora!
    - Mapa do esgoto? Pra quê?
    Decidi contar-lhe tudo sobre caçadores e vampiros. Kai não se mostrou tão surpreso como eu esperava - acho que ele já desconfiava de algo estranho em mim, Natsuno e Riku - e falou:
    - Moleza! - e abriu um grande sorriso.
    Ele fuçou seu celular tão rápido que não acreditei. O professor chegou na sala, mas ele continuava ali. Até que:
    - Achei! - falou ele, me mostrando um mapa no celular; fiquei espantando.
    - Nossa... Como...?
    - Agora só falta passar para o papel - disse ele. - Olha, vou fazer uma cópia numa folha aí na hora da saída te entrego.
    - Certo - falei, feliz.
   
    Chegou a noite e, como combinado, esperei Riku e Natsuno no parque do meu bairro. Coloquei a bandana que meu pai usava, pois quando a usei ontem na escola eu me sentia mais seguro.
    Natsuno e Riku chegaram juntos.
    - Vocês estão prontos? - perguntei, entusiasmado.
    - Com certeza! - respondeu Natsuno; Riku só assentiu.
    - Está com o mapa? - perguntou o Masaki.
    - Está aqui - mostrei a folha que Kai me entregara depois que saímos da escola:

***

    - Pronto, Fubuki - disse Kai, quando já estávamos no corredor indo embora; ele me entregou uma folha de caderno com um mapa desenhado perfeitamente.
    - Caramba - falei, de boca aberta.
    Ele apenas sorriu e falou:
    - Quero que você me conte os detalhes da missão amanhã - assenti e fui embora.


***

    - O Kai é incrível - disse Natsuno, surpreso.
    - É - concordei - E aí, vamos ou não?

    Se não fosse o treinamento no Rio das Águas Pesadas, eu com certeza não conseguiria acompanhar Riku e Natsuno nos saltos. Nós três estávamos rumando ao nosso objetivo de um jeito diferente: pulávamos de uma casa para outra, assim chegaríamos mais rápido e não chamaríamos a atenção de outras pessoas.
    - Então entraremos pelo leste do nosso objetivo - falei. - É um ponto que não há muitas pessoas e que também tem o caminho mais fácil.
    - Mas e se entrássemos pelo norte? - perguntou Natsuno - Seria muito mais rápido do que pelo leste.
    - Isso é verdade - disse eu -, mas acontece que a entrada do esgoto fica numa rua movimentada.
    - Atah!
    - Podemos entrar pelo sul também, se vocês quiserem - continuei -, mas é num córrego. Ou seja, molharíamos nossos pés - Natsuno fez cara de quem preferia a minha primeira opção; já Riku não falara nada.
    Pulávamos de casa em casa na bela noite estrelada de lua cheia. Estávamos quase chegando ao centro da cidade, provavelmente mais rápidos do que um ônibus. E admito: eu sentia um friozinho na barriga de vez em quando.

    Depois de vários minutos estávamos numa rua muito vazia.
    Fui até o bueiro no meio da rua e puxei a tampa. Logo que abri subiu um fedor insuportável de esgoto, e isso deixou Natsuno com menos vontade de entrar ali.
    Desci primeiro ao esgoto pela escada de mão, seguido de Natsuno (que ficou com ânsia de vômito) e, por último, Riku. Este último fechou a tampa, mas o lugar não ficou escuro porque havia lâmpadas acesas ali.
    O esgoto, obviamente, fedia muito, pois havia pequenos córregos infestados de fezes e urinas. As paredes úmidas eram repletas de sujeiras e morfo. Muita água suja era despejada no lugar através de canos, e eu nem imaginava o destino do líquido todo.
    Havia muitos caminhos a se seguir, todos em forma de túneis. Nunca imaginei que no subsolo teria tantas passagens assim, mas a nossa sorte era que tínhamos um mapa em mão.
    - Sejam bem-vindos ao subterrâneo de Tóquio – falei, brincando; Natsuno não gostou nadinha da brincadeira.
    - Vamos ou não? - disse Riku; sorri, entusiasmado.

    Estamos numa missão! Invadiremos o prédio pelo esgoto e mataremos os vampiros um por um. Será que o nosso simples plano dará certo? Ou acontecerá algo que irá nos atrapalhar? Não perca o próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

domingo, 10 de novembro de 2013

Capítulo 38 - Os Preparativos para a Nova Missão - 1ª Parte

    Eu ainda não acreditava que a Shimizu era uma caçadora. Aquilo com certeza era uma descoberta incrível. Uma das maiores surpresas da minha vida! Eu nunca soube que eu era até umas semanas atrás. Pensei que eu era um humano normal, novo em Tóquio, sem amigos, familiares e solitário.
    No meu primeiro dia na escola, eu estava perdido num dos corredores, até que ela me ajudou. A Shimizu foi a primeira pessoa que falou comigo desde que cheguei à cidade; Natsuno a segunda. Natsuno era um caçador, por isso tive uma sensação estranha quando falei com ele pela primeira vez. Mas nunca senti nada estranho perto da Shimizu. Nunca pude imaginar ela sendo uma caçadora! Será que ela sabia que eu também era?
    Olhei para Natsuno, furioso:
    - O que foi? - perguntou ele - Eu não sabia!
    - Como não? Você sempre soube que eu e o Riku éramos caçadores.
    - Mas nunca consegui perceber algo na Shimizu.
    Olhei para o céu, ainda com o choque. Eu não sei se o fato de ela ser caçadora era bom ou ruim, só sei que era estranho.

    Já na sala de aula, no dia seguinte, me sentei e fiquei olhando para o lado de fora, pensativo. Fiquei com aquela descoberta na cabeça a noite toda. Inclusive sonhei com a Shimizu caçando vampiros. Era muito estranho aquilo.
    - Por que está tão pensativo? - me perguntou Yuuki.
    - Shimizu também é uma caçadora - falei, baixo; Yuuki e Joe se espantaram na hora. Olhei para Natsuno, que parecia se sentir culpado.
    Riku chegou na sala e, quando passou por mim, disse:
    - Preciso falar com você depois - e olhou para Natsuno, dizendo: - Com você também.
    Estranhamos.
    Mas logo a minha atenção foi chamada pela chegada dela. Como sempre Shimizu estava linda. Ela entrou olhando diretamente para mim, e quando viu que eu estava olhando para ela, a garota desviou o olhar imediatamente.
    Suspirei.
    - Vocês ficaram sabendo? - perguntou Joe a nós.
    - O quê? - indagou Natsuno.
    - Parece que entraram dois assaltantes ontem aqui na escola - eu e Natsuno nos entreolhamos na hora, com vontade de rir, pois sabíamos muito bem do que se tratava.
    - E roubaram o quê? - perguntou Yuuki.
    - Nada - respondeu Joe.
    Ambos olharam para nós.
    - Encheu de polícia na escola ontem à noite - inseriu o grandalhão.
    - Da próxima vez tomem mais cuidado - advertiu Yuuki, rindo.
    - Pode deixar - respondi junto de Natsuno.

    No intervalo, Riku juntou-se a mim, Natsuno, Yuuki e Joe, que estávamos numa mesa perto da cozinha, e falou:
    - Temos uma missão hoje.
    - Missão? - perguntei. - Qual?
    - Descobri um esconderijo dos vampiros.
    Estranhei.
    - E onde é isso? - perguntou Natsuno.
    - Num prédio abandonado, perto do Shopping Center do norte - me estremeci na hora, pois foi lá a minha primeira batalha, quando fui ao cinema com o meu pai e a minha mãe.
    - Como descobriu isso, Riku? - perguntei.
    - Sabe o professor de biologia? - disse ele.
    - O que todos chamam de ‘careca’? - estranhou Joe.
    - Ele mesmo. Também é um vampiro.
    Natsuno, Yuuki, Joe e eu nos espantamos na hora! Como eu não havia percebido?
    Olhei para Natsuno.
    - Eu não sabia - se defendeu ele.
    Riku explicou:
    - Fubuki, não sei por que, mas eu tenho um faro maior que vocês em perceber vampiros ou caçadores por perto.
    - Então você sempre soube que a Shimizu era caçadora? - indaguei.
    - Sabia. Mas pelo que percebi, ela não caça - estranhei.
    - Nem todos os caçadores têm sangue de guerreiro - explicou Natsuno. - Alguns ajudam em outras coisas, esses são os mais fracos, os que não têm habilidade de combate.
    - Voltando à missão - disse Riku -, andei investigando esse professor e descobri esse esconderijo.
    - E há muitos vampiros lá?
    - Sim. Por toda a parte. Estão num prédio abandonado, mas há vampiros vigiando quem chega perto. Eles fazem muitas vítimas no beco dos fundos do edifício. Mas vamos destruir todos, assim enchendo mais potes do que nunca.
    - Você está louco?! - perguntei - Não podemos fazer isso. Se há tantos como você diz, não podemos simplesmente entrar assim.
    Riku olhou para mim, com o seu rosto sem expressão:
    - Então o que quer fazer?
    - Vamos entrar no prédio pelo esgoto - imediatamente Natsuno olhou para mim, como se quisesse dizer: "Tá de brincadeira!".
    Riku não concordava, mas decidiu me ouvir:
    - Normalmente, nesse tipo de prédio, há passagens para o esgoto. Se entrarmos por aí, os vigias dos vampiros não nos verão. Daí podemos entrar sem sermos percebidos e matá-los pouco a pouco. - Natsuno ainda olhava para mim ainda sem acreditar - Melhor do que a gente ser atacado por dezenas de uma só vez.
    - Você tem razão - falou Riku; fiquei surpreso - Assim teremos mais chances de sobreviver.
    Fiquei feliz, ao contrário de Natsuno. Pelo jeito ele não gostava muito de entrar no esgoto.
    - Mas precisamos ir por uma entrada de esgoto que esteja distante do prédio - observou Riku -, e também precisamos saber o caminho correto, pois no subterrâneo há muitos.
    - Isso deixa comigo - falei, sorrindo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Capítulo 37 - Uma Ajuda Inesperada! - Parte Única

        Natsuno e eu estávamos no gigantesco refeitório. Mas era horário de faxina, então estava cheio de moças da limpeza pelo lugar. O pior era que não tínhamos muito tempo, pois oito horas a escola fecharia todas as suas portas, nos impossibilitando de completar nossa super missão: encontrar os arquivos da Shimizu, para descobrirmos seu endereço.
    - E aí Fubuki, o que vamos fazer? – perguntou Natsuno.
    Havia muitas mesas enfileiradas pelo lugar. Estávamos no fim da escada, onde ninguém podia nos ver. Perto de nós estava a cantina onde pegávamos nossos lanches. A diretoria ficava no fim do lugar. Ou seja, não tínhamos outra opção a não ser passar por todas aquelas faxineiras.
    De repente, o sinal da escola tocou. Natsuno e eu estranhamos na hora! Não só nós dois, mas também todos os funcionários, que ficaram se perguntando o porquê daquele sinal. Então alguém disse, pelos auto-falantes que ficavam espalhados pelo colégio:
    - Todos os faxineiros do refeitório, favor ir para o pátio principal.
    Daí todos aqueles que limpavam o lugar, sem entender nada, entraram numa porta, que dava no pátio.
    Eu e Natsuno ficamos aliviados e, ao mesmo tempo, muito surpresos.
    - Aquela voz é familiar - disse Natsuno.
    - Parecia do treinador Moshio Takahara - concordei.
    Mas o importante era que o caminho estava limpo. Assim que o último faxineiro desapareceu, corremos em direção à diretoria, e Natsuno escorregou no piso molhado no meio do caminho e bateu a bunda no chão.
    - Ai! - gritou.
    - Não grite! - adverti.
    - Foi mal. É que doeu... - ele se levantou, sentindo dores, e não pude deixar de rir, o que o irritou. - Vamos logo!
    Continuamos correndo e entramos com cuidado no corredor da diretoria. Lá estava escuro e vazio. Estava até meio assustador. Não era muito grande, e havia cinco portas: as duas da direita eram os vestiários feminino/masculino e as duas da esquerda eram a sala dos professores e a sala do diretor. No final havia uma porta que dava na secretaria, e era lá o nosso destino.
    Caminhamos lentamente, com receio de alguém aparecer. A luz estava apagada, então como estávamos completamente vestidos de pretos, eu mal conseguia ver Natsuno e vice-versa.
    Finalmente chegamos.
    Natsuno foi o primeiro a entrar, e sinalizou que o caminho estava limpo. Entrei também.
    A secretaria era um lugar onde pessoas eram atendidas, na maioria das vezes pais ou parentes de alunos. Ali era um bom lugar para pegar informações, tanto pelo histórico de nota de um indivíduo quanto pelo seu comportamento. Lembro de ter vindo uma vez, no dia que persegui o motoqueiro. Foi uma mulher muito feia que atendera eu e meu pai. Mas ela não estava lá. Aliás, ninguém estava, apenas eu e Natsuno.
    No lugar havia três portas. A da esquerda levava ao pátio principal. A que ficava na parede à nossa frente, mas bem no canto à esquerda, próximo à que levava ao pátio, era uma saída para as ruas. E, por último, a porta da direita, que levava à sala de arquivos.
    Natsuno suspirou de alívio.
    - Finalmente vamos completar esta missão.
    - É - concordei, também aliviado.
    Tentamos entrar na sala, mas estava trancada.
    - Droga! - gritei baixo.
    - Calma, a chave deve estar por aqui.
    Sem pensar começamos a procurar. Abrimos diversas gavetas de armários, e nada de encontrarmos. Era quase um desespero, pois havíamos chegado tão longe para isso acontecer.
    - Continue procurando - falei.
    Procuramos, procuramos e nada.
    - Na sala dos professores - sugeriu Natsuno.
    Fomos para lá, onde também havia muitos armários e estantes de livros. Procuramos cerca de dez minutos, mas nada.
    - Não temos muito tempo - falei, olhando para o relógio. Eram exatamente sete e quarenta e cinco. - Quando fecharem todas as portas estaremos ferrados.
    - Vamos à sala do diretor - disse Natsuno.
    Fomos para lá. Assim que entrei, tive calafrios. Aquela era a sala do diretor que me atacara. Eu sei que desde que meu pai o exterminou contrataram outro, mas ainda assim ali havia um ambiente estranho, como se ele ainda estivesse ali, como se aquela sala ainda fosse dele.
    - Fubuki, você está bem? - perguntou Natsuno, percebendo minha tremedeira.
    - Estou, fica tranquilo - o acalmei. - Foram só as lembranças - Natsuno entendeu.
    Naquela sala havia retratos antigos, com certeza de antigos diretores. Uma janela só, que estava trancada. Sem falar que dava visão ao pátio.
    Começamos a procurar no único armário que tinha, mas não havia nada lá. Fui até a mesa do diretor e abri as gavetas. Havia cinco, e foi na ultima que achei uma chave.
    - Achei! - comemorei.
    - Será que é essa mesmo? - indagou Natsuno.
    - Não sei, mas até agora foi a única que achamos - sorri.
    Corremos até a secretaria e tentamos abrir a porta da sala dos arquivos.
    Conseguimos.
    Entramos rapidamente, e no lugar continha muitos armários, todos organizados de acordo com as salas. Fomos, claro, até o armário da sala 2, e abrimos a grande gaveta, onde havia vários históricos escolares dos alunos. Estava em ordem alfabética, então foi fácil achar o da Shimizu. Peguei o papel. Mas, assim que peguei...
    - O que estão fazendo aqui? - era um dos inspetores da escola.
    Natsuno e eu cobrimos nossas caras com as "toucas de bandidos" e corremos em direção ao homem. Ele pensou que íamos atacar ele, por isso fez um gesto de defesa, mas apenas passamos por ele e saímos da sala. Abrimos a porta que dava ao corredor e disparamos, com ele logo atrás.
    - Voltem aqui! - gritou.
    Corremos sem olhar para trás. Estávamos perto da porta que dava ao refeitório, e eu torcia para o mesmo estar vazio ainda.
    Abrimos a porta, e nos deparamos com alguns faxineiros. Não eram tantos como antes, mas todos ficaram assustados, pensando ser um assalto. Corremos em direção à escada, com o inspetor gritando:
    - Peguem ladrão! Peguem ladrão!
    Da porta do pátio principal apareceram alguns seguranças, atraídos, provavelmente, pelo grito do homem. Eram quatro, e foram atrás de nós.
    - Droga! - exclamou Natsuno - Acho que não tem como piorar!
    Assim que falou isso apareceram dois na escada. Sem pensar e sem outra escolha, os atacamos com chutes. Os dois ficaram caídos, enquanto subíamos as escadas, com os quatro seguranças e o inspetor ainda correndo atrás de nós.
    Estávamos, agora, no andar de cima, e corremos em direção à escada que levava aos fundos do colégio. Passamos pelas salas 9 e 10, sempre desviando das faxineiras assustadas que encontrávamos pelo caminho.
    Descemos as escadas tão rápidos que quase cai. Estávamos agora no corredor do fundo, onde havia a porta que levava à sala dos funcionários e outra que dava no bosque. Escolhemos, claro, a segunda opção.
    Assim que saímos nos vemos cercados por três guardas. Natsuno e eu aceleramos mais ainda, rumo ao campo de futebol, que ficava à nossa esquerda.
    Cada vez mais apareciam seguranças e guardas atrás de nós, sem falar o inspetor, que gritava igual louco:
    - Peguem os ladrões!
    Corríamos a toda velocidade e, assim que entramos no campo, alguém disse:
    - Aqui!
    Fomos até ele, que estava perto do banco de reservas, e nos escondemos atrás de algumas placas grandes que estavam lá.
    - Fiquem quietos - era o treinador Takahara.
    Fizemos o que ele pediu.
    De repente, ouvimos alguém se aproximando. Eram muitos passos, e então percebemos que eram os seguranças e o inspetor.
    Eles foram até o treinador, que estava na frente das placas, e o inspetor perguntou:
    - Takahara, você viu dois indivíduos passando por aqui?
    - Não - mentiu Takahara, lamentando.
    - Tem certeza? - a voz do inspetor levava muita malícia e desconfiança.
    O treinador demorou um pouco e respondeu:
    - Olha, agora que você insistiu, acho que vi dois vultos pretos correndo pra lá - e apontou para a esquerda, ao norte do bosque.
    - Deve ser eles - disse outra voz, provavelmente um dos guardas. - Os dois estavam vestidos de pretos.
    - Então vamos antes que eles escapem!
    Então assim que todos já estavam longe, saímos do nosso esconderijo, e perguntei:
    - Por que nos ajudou, treinador?
    Ele olhou muito furioso para nós e falou:
    - Saiam logo daqui!
    Natsuno e eu ficamos muito assustados, então atravessamos o campo correndo sentido leste do bosque, por onde entramos no começo da missão. Quando já estávamos um pouco longe me virei para trás e ainda falei, mais pra mim mesmo do que pra ele:
    - Obrigado, treinador! - e continuamos.

    As grades em cima do muro ainda estavam desligadas, então pulamos para a rua.
    Foi um enorme alívio quando saímos da escola, e corremos em direção à minha casa.
    Passamos pelo campus da escola - que  estava deserto - e pegamos a rua que ia ao meu bairro. Natsuno e eu estávamos muito cansados e com a adrenalina ao máximo. Mas o mais importante era que eu estava com os dados da Shimizu na minha mão. Era uma folha de papel com seu nome e sobrenome, endereço, número residencial e mais alguns dados, tudo dentro de um envelope, também de papel.
    - Vamos parar um pouco - pediu Natsuno, cansado.
    Já estávamos longe da escola, então concordei. Nos sentamos no banco de um ponto de ônibus de uma rua pouco movimentada, e o descanso foi incrível. Parecia que tínhamos ido a uma guerra.
    No final, estávamos sorridentes. Conseguimos completar a missão, então decidi ver logo os dados da garota.
    - Agora vamos desvendar o mistério - falei; Natsuno sorriu.
    Olhei para o papel e li:
    - Shimizu Mishimo, data de nascimento... Telefone... Aqui! O endereço! - olhei para Natsuno, e me arrepiei quando vi que ele estava de boca aberta olhando para o papel. - Natsuno? - estranhei.
    - Eu não acredito! - disse ele; não entendi nada.
    Com certeza era algo relacionado ao papel. Li novamente:
    - Shimizu Mishimo... - foi ai que percebi: - Peraí! Mishimo... Já ouvi esse sobrenome em algum lugar...
    Foi aí que veio a lembrança de quando Natsuno me explicara sobre clãs na escola há alguns dias:

***

    – Há milhares de clãs espalhados pelo Mundo Paralelo. Mas, dentre todos esses clãs, existem os menores, os médios e os maiores. Os menores são como se fosse pessoas normais morando em cidade. Esses clãs se misturam facilmente, como acontece com as pessoas da Terra.  Já os clãs médios vivem em pequenos palácios, mas também moram em cidades. Porém, ficam em lugares que, aqui na Terra, receberia o nome de condomínios.
    - Tá - falei, confuso.
     - E os maiores são os que têm enormes palácios. Dentre eles se destacam os Cinco Grandes.
    - Cinco grandes?
    - Sim, cada um representa um elemento: a água, a terra, o fogo, o ar e o relâmpago. Dentre esses cinco grandes tem o clã Takeda, Mishimo, Masaki, Kogori e, o principal, o clã Kido.

***

    - Natsuno, então quer dizer que a Shimizu também é uma caçadora?? - perguntei, completamente espantado.
    Ele fez que sim com a cabeça e inseriu:
    - E, além disso, ela faz parte dos Cinco Grandes - essa descoberta foi, com certeza, uma das maiores surpresas da minha vida!

    Shimizu também é caçadora?!! Como não percebi antes? E ela era de um dos Cinco Grandes! O que faço? Será que ela percebeu que também sou caçador? Ou talvez ela nem saiba sobre a sua história? Não perca os próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Capítulo 36 - Missão Matsumoto! A Infiltração Complicada - Parte Única

    Fiz minha rotina de sempre e fui para a escola. Aliás, era segunda-feira, dia de aula.
    No campus, encontrei Natsuno, Riku, Joe e Yuuki. Nos cumprimentamos.
    Já na sala, vi Shimizu. Ela nem sequer olhou na minha cara de tão desapontada que estava. Eu também nem tive coragem de ir falar com ela. Minha mãe sempre diz que é bom dar tempo ao tempo, e essa era a minha decisão final, pelo menos por enquanto.
    Nos acomodamos nas cadeiras e Natsuno me perguntou:
    - E aí, qual é a missão?
    - Que missão? – interveio Yuuki.
    - É muito secreta e simples – respondi. – Quero descobrir onde Shimizu mora.
    - Ah, só isso? – riu Joe – Basta seguí-la na hora de ir embora.
    Todos olhamos para ele, que corou:
    - O que foi?
    - Você acha que somos rápidos o suficiente para seguirmos o carro que leva ela sempre?! – advertiu Natsuno.
    - É mesmo, desculpa – Joe deu uma risadinha, meio sem jeito.
    O professor chegou na sala, mas ainda assim falei:
    - Natsuno, você já fez isso antes, lembra?
    - Lembro sim. Foi quando descobri seu endereço.
    - Isso! – falei tão alto que todos da sala me olharam, inclusive o professor e a Shimizu; fiquei sem jeito.
    - Mas Fubuki – cochichou Natsuno –, não foi tão fácil assim. Na verdade, foi muito trabalhoso. Quase que me pegam.
    - Mas não pegaram – lembrei.
    - E quando vocês pretendem fazer isso? – indagou Yuuki.
    Olhei para Natsuno, que me olhou de volta.
    - Hoje a noite – disse ele –, é quando não há mais aulas, mas a escola estará com suas portas abertas, pois é também a hora que os funcionários fazem a faxina e outros veem se está tudo em ordem - assenti.
    - Então está fechado – falei baixo, sorrindo. – Hoje às sete horas nos encontramos no campus – ele sorriu também.
    - Boa sorte pra vocês – falou Yuuki.
    - Obrigado – agradeci.
    - E tomem cuidado com a senhorita Kobi – lembrou Joe; todos rimos.

    O céu estava escurecendo, e ia dar sete da noite quando cheguei ao campus. E lá estava Natsuno, me esperando. Me surpreendi quando vi que ele também veio completamente de preto. Depois de ver minha roupa, ele disse:
    - Parece que somos espiões – rimos. – Fubuki, pra quê essa faixa vermelha na testa? – me perguntou, vendo minha bandana.
    - Era do meu pai – respondi. – Me dará sorte.
    Olhei para o enorme prédio da escola Matsumoto, que tinha suas luzes todas acesas na noite escura.
    - Como entraremos? – perguntei, pois o portão principal estava fechado.
    - Pelos fundos.

    Contornamos a lateral direita da escola, onde a rua era muito mais vazia que qualquer outra ali nas redondezas. Havia algumas casas, mas ninguém na rua, apenas alguns carros estacionados. Ali era um bairro onde as pessoas só ficavam em casa, e isso era um ponto positivo na nossa missão.
    Chegamos num muro enorme com uma cerca de linhas finas em cima. O pior era que havia diversas placas dizendo para não nos aproximarmos dessa cerca, porque a eletricidade a protegia contra intrusos. Olhei para Natsuno, que não se mostrava preocupado. Ele caminhou na direção do muro e começou a escalar normalmente. Depois passou pela cerca como se fosse uma cerca comum.
    Fiquei completamente espantado!
    - Natsuno… - gaguejei.
    Ele olhou para mim e sorriu:
    - Sou imune ao choque – explicou. – Acho que devido a eu ser do clã Kogori, do relâmpago.
    Natsuno, dali de cima, olhou para dentro da escola e pulou para o gramado do bosque. Caminhou pela direita até chegar ao ginásio, e abriu algo na parede, aparentemente um disjuntor. Ele fez alguma coisa (apertou alguns botões), e depois fez sinal pra eu pular também. Com um pouco de medo, escalei o muro e cheguei à cerca elétrica, e nada aconteceu.
    Suspirei de alívio.
    Daí passei para o lado de dentro, e Natsuno veio até mim.
    - Entramos – falei. – Agora o próximo passo.
    Assim que falei isso, Natsuno me puxou para trás de uma árvore, e então percebi a causa: um guarda estava vagando pelo bosque com uma lanterna em mão, provavelmente para ver se estava tudo em ordem. Ficamos escondidos até ele sumir de vista.
    - Precisamos tomar cuidado com eles – disse Natsuno. – Há alguns pelo lugar.
    Ao contrário do prédio, o busque estava muito escuro. Seus postes de luz estavam apagados, pelo menos a maioria. Estávamos na parte direita da escola, bem ao fundo, onde havia o ginásio e muitas árvores. No centro do bosque continha uma bela fonte de água. No centro da fonte, uma espécie de poste. Acho que era a única parte iluminada do lugar, e de longe pude perceber que havia dois guardas sentados num banco perto da fonte. Era incrível o tamanho do bosque. Mesmo na escuridão, dava para ver que o prédio Matsumoto ainda estava longe, pelo menos a uns cem metros.
    - Vamos – cochichou Natsuno.
    Caminhamos sentido sul do lugar (rumo ao prédio) lentamente, tomando cuidado para não sermos vistos pelos guardas. O gramado era bem tratado, o que facilitava nossa missão. Havia um guarda à nossa frente com sua lanterna. Ele estava de costas para nós.
    Natsuno apontou para a direita, para desviarmos do indivíduo, mas, assim que demos um passo, apareceu outro. Rapidamente nos escondemos na primeira árvore que achamos.
    - Encontrou alguma coisa? – perguntou o guarda que aparecera, que era negro.
    - Não – respondeu o outro, se virando para o primeiro. O negro se aproximou dele. - Como será que sumiu essa peruca? – questionou o branco; o negro não respondeu.
    Natsuno e eu nos entreolhamos. Não falamos nada, mas era como se perguntássemos um ao outro: que peruca?
    - A senhorita Kobi está uma fera – comentou o negro.
    - Temos que achar logo, senão vai sobrar para nós – daí os dois guardas andaram sentido norte do bosque, passando por mim e Natsuno, mas tomamos cuidado para eles não nos ver.
    - Parece que tem mais guardas do que eu pensava – disse Natsuno, lamentando.
    - Vamos continuar! – falei – Se podemos destruir vampiros, por que não podemos nos infiltrar numa simples escola?
    Natsuno concordou.
    Continuamos andando.
    O céu já estava bem mais escuro do que antes, e eu quase não via Natsuno graças à sua roupa. O lugar também ficava um pouco assustador, pois aquelas árvores me lembravam a floresta atrás da minha casa, com seus troncos enormes e seu clima assombroso.
    Finalmente chegamos perto. O prédio estava a apenas quinze metros de nós. O único problema era que tinha dois guardas perto do portão do fundo, e o lugar já era bem iluminado.
    - Droga! – resmungou Natsuno.
    - O que faremos? - perguntei.
    O Kogori pensou, analisou o cenário onde estávamos e quando chegou a uma conclusão, falou:
    - Aprenda!
    Ele subiu na árvore que estávamos escondidos, sacou sua Takohyusei e cortou um galho com cuidado. Depois desceu e, com força, jogou na fonte de água, que estava a uns quarenta metros de onde estávamos. Com o barulho da água, os guardas que estavam no banco se assustaram e se levantaram, gritando:
    - Aqui!
    De repente, os dois que estavam na porta correram na direção da fonte, daí aproveitamos e corremos até o portão. Natsuno entrou e depois foi a minha vez. Antes de fechar o portão, ainda olhei para a fonte, e vi dezenas de guardas vasculhando por perto.
    Sorri.
    - Ótima mira, hein Natsuno – ele fez um gesto de vitória.
    Estávamos no meio de um corredor longo. Nas duas pontas havia escadas que levavam ao andar de cima, onde se situavam as salas dos primeiros anos. Na nossa frente, uma porta. Provavelmente era a sala central dos faxineiros.
    - Tive uma ideia – falou Natsuno; fiquei curioso.

    Estávamos numa sala muito bem organizada, cheia de vassouras, rodos, pás e esfregões, além de alguns objetos estranhos também. Natsuno procurava algo, e eu não sabia o que era.
    - O que procura? – decidi perguntar.
    - Uniformes – respondeu ele; foi aí que entendi.
    - Natsuno – falei –, essa é a sala dos materiais dos faxineiros, o que quer dizer que seus uniformes não ficam aqui.
    Natsuno quase caiu de tanta decepção.
    - Então eles levam pra casa? – falou ele, cabisbaixo.
    - Não, não – disse eu. – Pra falar a verdade, parece que eles têm uma sala onde deixam suas roupas de trabalho.
    - E onde fica? – perguntou o garoto de imediato.
    - Não sei – essa resposta o deixou ainda mais de baixo astral. – Mas não podemos desistir – falei. – Temos que pegar o que precisamos para darmos o fora logo daqui. Estamos muito longe para voltarmos atrás.
    - É! – concordou o garoto.
    Olhei para fora pela brechinha da porta, e estava tudo em ordem. Depois caminhamos vagarosamente pela esquerda, rumo à escada, quando apareceu uma sombra bem na nossa frente. Era alguém descendo a escada! Natsuno e eu corremos a toda velocidade para a outra ponta do corredor. Subiríamos pela escada da ponta direita, que deixava o caminho mais longo.
    Antes de virarmos a curva, ainda olhei para ver se estava tudo limpo. E estava.
    Subimos rapidamente, até chegarmos no corredor do segundo andar. Estávamos bem no meio, perto do corredor que levava à escada do pátio principal.
    Natsuno e eu nos escondemos assim que vimos uma faxineira esfregando o chão, na metade do corredor, bem na frente da sala 9.
    - Teremos que rodear o corredor inteiro – falei.
    - E tudo por causa de uma faxineira – resmungou ele.
    Rodeamos, sempre atentos ao caso de aparecer alguém. Felizmente ocorreu tudo bem. Passamos pelas salas 12, 13, 14, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e, quando íamos passar pela sala 7, saiu uma faxineira da mesma, nos assustando. A sorte foi que ela não nos viu, por isso entramos na sala 6 num salto.
    - Droga! – exclamamos, dentro da sala.
    - O que faremos? – perguntou Natsuno.
    Olhei em volta, e fiquei besta quando vi o que nos salvaria.
 
    - Tem certeza que isso vai dar certo? – perguntou Natsuno, na escuridão do balde.
    Havia três baldes grandes vazios na sala. Provavelmente deixados por algum faxineiro que iria limpar ali mais tarde. Simplesmente viramos eles de ponta cabeça e colocamos sobre nós, assim caminharíamos por toda parte sem sermos descobertos.
    - Lógico! – afirmei.
    Havia apenas um furo (que eu mesmo fiz) que me dava visão para o lado de fora do balde. Fui o primeiro a sair da sala. A faxineira estava de costas, fuçando seu celular. Caminhei debaixo do balde em sua direção, com Natsuno atrás. Assim que ela se virou, ficamos imóveis.
    A moça não desconfiou de nada e passou por nós. Agora o caminho estava limpo. Rumamos ao final do corredor, na curva que dava na escada que descia até o refeitório. Havia outra faxineira que aparecera no fim do corredor, perto das salas 8 e 9. Ela esfregou o chão e veio em nossa direção.
    - Droga! – falei a mim mesmo.
    Se ela continuasse, com certeza tentaria tirar os baldes que encontraria no caminho (no caso, os que estavam escondendo eu e o Natsuno) e certamente nos descobriria. Natsuno e eu ficamos parados, paralisados. Não podíamos fazer nada, apenas esperar um milagre.
    A moça vinha esfregando o chão, muito perto de nós. Centímetro por centímetro ia se aproximando.
    Eu suava.
    Tudo ia pro ar se ela nos descobrisse, e isso não podia acontecer. Estávamos longes, e mesmo se não estivéssemos seria horrível ser pegos e com nossos pais chamados pela escola. Pensariam que estávamos roubando algo. Ou até a Kobi pensaria que éramos os ladrões de sua peruca! Não, isso não!
    Quando o esfregão estava a apenas meio metro de mim, a faxineira disse:
    - O que esses baldes fazem aqui?
    Ela encostou o esfregão na parede e caminhou na minha direção, até que:
    - Amiga, me ajuda aqui? – pediu alguma mulher que estava atrás de nós; pela minha ótima audição percebi que ela estava no fim do corredor, provavelmente em frente à sala 5.
    - Com o quê? – a faxineira que estava na minha frente indagou.
    - Deixei alguns baldes na sala 6. São grandes iguais esses aí – provavelmente apontou para os nossos. – Me ajuda?
    - Claro! – a moça desviou de nós e caminhou sentido sala 6.
    Ligeiramente giramos 360° com os baldes, e podemos ver as duas entrando na sala 6. Não pensamos duas vezes: Natsuno e eu saímos debaixo dos baldes e corremos até a escada do refeitório. Ainda pudemos ouvir a faxineira:
    - Que estranho! Não estão aqui!
   Descemos a escada rapidamente, até chegarmos ao refeitório. Estávamos aliviados por ter saído daquela enrascada, mas tivemos uma forte decepção ao chegar ao refeitório. Ficamos surpresos com a quantidade de faxineiros que continham no lugar.
    - Agora sim estamos perdidos – falei, rindo atoa. Mas naquele momento de frustração não havia nada de engraçado.

    Estamos infiltrados no colégio Matsumoto! Apesar de parecer simples, esta missão está sendo muito complicada, ainda mais agora que nos deparamos com vários faxineiros de uma só vez. Conseguiremos continuar sem ser vistos? Ou a nossa missão acaba aqui? Fique sabendo no próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^