Eu ainda não acreditava que a Shimizu era uma caçadora. Aquilo com certeza era uma descoberta incrível. Uma das maiores surpresas da minha vida! Eu nunca soube que eu era até umas semanas atrás. Pensei que eu era um humano normal, novo em Tóquio, sem amigos, familiares e solitário.
No meu primeiro dia na escola, eu estava perdido num dos corredores, até que ela me ajudou. A Shimizu foi a primeira pessoa que falou comigo desde que cheguei à cidade; Natsuno a segunda. Natsuno era um caçador, por isso tive uma sensação estranha quando falei com ele pela primeira vez. Mas nunca senti nada estranho perto da Shimizu. Nunca pude imaginar ela sendo uma caçadora! Será que ela sabia que eu também era?
Olhei para Natsuno, furioso:
- O que foi? - perguntou ele - Eu não sabia!
- Como não? Você sempre soube que eu e o Riku éramos caçadores.
- Mas nunca consegui perceber algo na Shimizu.
Olhei para o céu, ainda com o choque. Eu não sei se o fato de ela ser caçadora era bom ou ruim, só sei que era estranho.
Já na sala de aula, no dia seguinte, me sentei e fiquei olhando para o lado de fora, pensativo. Fiquei com aquela descoberta na cabeça a noite toda. Inclusive sonhei com a Shimizu caçando vampiros. Era muito estranho aquilo.
- Por que está tão pensativo? - me perguntou Yuuki.
- Shimizu também é uma caçadora - falei, baixo; Yuuki e Joe se espantaram na hora. Olhei para Natsuno, que parecia se sentir culpado.
Riku chegou na sala e, quando passou por mim, disse:
- Preciso falar com você depois - e olhou para Natsuno, dizendo: - Com você também.
Estranhamos.
Mas logo a minha atenção foi chamada pela chegada dela. Como sempre Shimizu estava linda. Ela entrou olhando diretamente para mim, e quando viu que eu estava olhando para ela, a garota desviou o olhar imediatamente.
Suspirei.
- Vocês ficaram sabendo? - perguntou Joe a nós.
- O quê? - indagou Natsuno.
- Parece que entraram dois assaltantes ontem aqui na escola - eu e Natsuno nos entreolhamos na hora, com vontade de rir, pois sabíamos muito bem do que se tratava.
- E roubaram o quê? - perguntou Yuuki.
- Nada - respondeu Joe.
Ambos olharam para nós.
- Encheu de polícia na escola ontem à noite - inseriu o grandalhão.
- Da próxima vez tomem mais cuidado - advertiu Yuuki, rindo.
- Pode deixar - respondi junto de Natsuno.
No intervalo, Riku juntou-se a mim, Natsuno, Yuuki e Joe, que estávamos numa mesa perto da cozinha, e falou:
- Temos uma missão hoje.
- Missão? - perguntei. - Qual?
- Descobri um esconderijo dos vampiros.
Estranhei.
- E onde é isso? - perguntou Natsuno.
- Num prédio abandonado, perto do Shopping Center do norte - me estremeci na hora, pois foi lá a minha primeira batalha, quando fui ao cinema com o meu pai e a minha mãe.
- Como descobriu isso, Riku? - perguntei.
- Sabe o professor de biologia? - disse ele.
- O que todos chamam de ‘careca’? - estranhou Joe.
- Ele mesmo. Também é um vampiro.
Natsuno, Yuuki, Joe e eu nos espantamos na hora! Como eu não havia percebido?
Olhei para Natsuno.
- Eu não sabia - se defendeu ele.
Riku explicou:
- Fubuki, não sei por que, mas eu tenho um faro maior que vocês em perceber vampiros ou caçadores por perto.
- Então você sempre soube que a Shimizu era caçadora? - indaguei.
- Sabia. Mas pelo que percebi, ela não caça - estranhei.
- Nem todos os caçadores têm sangue de guerreiro - explicou Natsuno. - Alguns ajudam em outras coisas, esses são os mais fracos, os que não têm habilidade de combate.
- Voltando à missão - disse Riku -, andei investigando esse professor e descobri esse esconderijo.
- E há muitos vampiros lá?
- Sim. Por toda a parte. Estão num prédio abandonado, mas há vampiros vigiando quem chega perto. Eles fazem muitas vítimas no beco dos fundos do edifício. Mas vamos destruir todos, assim enchendo mais potes do que nunca.
- Você está louco?! - perguntei - Não podemos fazer isso. Se há tantos como você diz, não podemos simplesmente entrar assim.
Riku olhou para mim, com o seu rosto sem expressão:
- Então o que quer fazer?
- Vamos entrar no prédio pelo esgoto - imediatamente Natsuno olhou para mim, como se quisesse dizer: "Tá de brincadeira!".
Riku não concordava, mas decidiu me ouvir:
- Normalmente, nesse tipo de prédio, há passagens para o esgoto. Se entrarmos por aí, os vigias dos vampiros não nos verão. Daí podemos entrar sem sermos percebidos e matá-los pouco a pouco. - Natsuno ainda olhava para mim ainda sem acreditar - Melhor do que a gente ser atacado por dezenas de uma só vez.
- Você tem razão - falou Riku; fiquei surpreso - Assim teremos mais chances de sobreviver.
Fiquei feliz, ao contrário de Natsuno. Pelo jeito ele não gostava muito de entrar no esgoto.
- Mas precisamos ir por uma entrada de esgoto que esteja distante do prédio - observou Riku -, e também precisamos saber o caminho correto, pois no subterrâneo há muitos.
- Isso deixa comigo - falei, sorrindo.
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