sábado, 29 de dezembro de 2012

Capítulo 4 - Eu me Chamo Zoe - 2ª Parte


    Chegando lá sentei no mesmo banco que sentara no dia anterior, enquanto havia vários garotos jogando futsal na quadra (que não era coberta).
    Por que estava acontecendo aquilo comigo? Eu sabia que estava sendo vigiado dia e noite, mas por quem? E por quê? Eu não achava nenhuma resposta para essas perguntas.
    - Oi – alguém falou ao meu lado, uma voz feminina.
    - Hã? – me virei.
    Era uma linda garota que estava me cumprimentando. Ela tinha longos cabelos castanhos, olhos verdes e pele parda, bronzeada; usava jeans azul e camiseta simples, amarela.
    - Quem é você? – perguntei.
    - Eu me chamo Zoe – ela respondeu abrindo um lindo sorriso -, e você é Fubuki, certo?
    Eu estranhei.
    Como aquela garota, que eu jamais vira antes, sabia meu nome?
    - Sou eu mesmo – respondi afinal –, nos conhecemos?
    - Ainda não, mas sei seu nome porque você é novo aqui – explicou ela.
    Então eu entendi. Afirmei:
    - Certo... Zoe.
    Ela se sentou ao meu lado; fiquei vermelho. Quer dizer, os dois.
    Ficamos em silêncio por alguns instantes.
    - Parece que você não está muito feliz – ela disse, afinal.
    - Parece, é? Está tão claro assim?
    - Bem, você não expressa nenhuma emoção, não fala com ninguém e é a segunda vez que vem para o parque desde quando chegou.
    “Será que ela andara me vigiando?”, me perguntei.
    - Sei disso porque sempre quando estou triste ou solitária venho para cá também.
    - Então você também está triste – adivinhei. Ela confirmou com a cabeça. – E qual é o motivo dessa tristeza? – perguntei.
    - Não sei direito, só sei que estou triste, me sentindo sozinha. Não tenho nenhum amigo, pelo menos por perto.
    Percebi que sentia a mesma coisa.
    - Eu… acho que sei como é – falei. – Me mudei para cá, deixando todos os meus amigos que tinha para trás, agora... – minha voz falhou, não consegui continuar.
    - Entendo.
    Eu não sabia mais o que falar, pois não a conhecia direito. Estava acontecendo muitas coisas estranhas comigo e eu precisava desabafar para alguém. Mas não podia contar tudo sobre mim a um estranho. Mas senti que confiava nela, só não sei por que.
    - Não se preocupe, pode confiar em mim – ela falou percebendo minha insegurança.
    Não respondi.
    Ela se levantou e olhou para mim. Abriu um lindo sorriso e disse:
    - Tchau.
    A olhei fixamente nos olhos.
    Como era linda…
    Senti que ela era confiável, mas apenas respondi:
    - Tchau – e se foi. Quando ela já estava um pouco distante tomei coragem e falei: - Nos vemos amanhã, então?
    Ela assentiu, sorrindo.
    Eu estava encantado, nas nuvens.
    Poderia haver alguém tão bonita como Zoe e Shimizu?
    Mas voltei à realidade.

    Fiquei refletindo sobre tudo o que acontecera nos últimos dias. Era tudo meio assustador. Eu me sentia cada vez mais solitário, cada vez mais triste, cada vez mais assustado... “Assustado por quê?”, me perguntei. Eu não sabia responder. Algo estava voltado para mim, mas eu não sabia o que era! Tudo o que acontecera, obviamente, estava ligado. Tudo estava se juntando, e a única coisa que eu sabia era que mais cedo ou mais tarde descobriria o que era. E sinto que não vou gostar nadinha dessa tal descoberta…

    Já estava anoitecendo. Voltei para casa.
    Quando entrei minha mãe estava na cozinha. Ela me chamou.
    Atendi ao chamado:
    - O que foi, mãe? – perguntei quando já estava na cozinha.
    - Fubuki, amanhã iremos à cidade para fazer compras – ela respondeu enquanto preparava o jantar.
    - Compras? Por quê? – indaguei.
    - Seu pai virá nos visitar!!! – ela sorriu, em tom de comemoração.
    Depois dessa notícia eu quase dei um salto-mortal de tanta alegria que sentia naquela hora.
    - Meu pai? – eu ainda estava meio besta, sem acreditar na notícia.
    - É, e eu quero fazer um jantar delicioso para nós três.
    - Está bem, mãe – eu estava realmente muito emocionado, pois meu pai vinha nos visitar uma ou duas vezes por mês, e sempre que ele vinha nós nos divertíamos muito; e diversão era o que eu mais precisava naquele momento.
    Fui para o meu quarto e tomei um banho quente. Depois desci para o jantar.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Capítulo 4 - Eu me Chamo Zoe - 1ª Parte


    Cheguei em casa.
    Minha mãe não estava lá porque ontem sugeri que ela passeasse um pouco pelo parque daqui do bairro. Eu varreria a casa e arrumaria minha cama.
    Mas tive uma pequena surpresa quando cheguei ao meu quarto, pois já estava arrumadinho, tudo no seu devido lugar.
    Deitei.
    Hoje foi um dia difícil… e estranho também. Na verdade desde quando me mudei para cá tudo era estranho. Não um estranho normal, mas um estranho bem estranho mesmo!
    Tudo começou quando vi alguma coisa se mexendo entre os matos na entrada da floresta, enquanto voltava do meu primeiro dia de aula; então na mesma noite tive um pesadelo muito estranho. Já no segundo dia conheci Yuuki que, no nosso primeiro olhar, me provocou uma sensação estranha, a mesma sensação que senti quando o novo professor de História entrou na sala, olhando diretamente para mim, com seus olhos vermelhos. Mas ele não foi o único que vi que estava com olhos vermelhos, pois no mesmo dia vi esses olhos em dois dos três valentões, enquanto descíamos para o intervalo. Já em casa, de noite, tive outro pesadelo, alguma coisa a ver com uma sombra de olhos avermelhados correndo atrás de mim, uma sombra semelhante a do primeiro pesadelo.
    No terceiro dia, hoje, “conheci” Riku, que, quando passou por mim lá na sala de aula, senti um arrepio, além de perceber algo diferente em seus olhos, mas nada comparado com o que senti ao ver os olhos do Yuuki, do professor Mishito e dos três valentões da escola, sem mencionar ainda no Diretor do colégio!
    Será que olhos vermelhos estão na moda?
    Ah, e desde quando me mudei para Tóquio senti que era vigiado o tempo todo, tanto em casa quanto no caminho da escola e na escola! Isso realmente era muito suspeito.
    Troquei de roupa e desci.
    Varri minha casa.
    Depois assisti um pouco de TV, onde passava meu programa de comédia favorito, que servia para me distrair.
    De repente, o programa foi interrompido por um noticiário – sempre acontecia isso quando eles tinham uma notícia muito importante para dar.
    - Agora à pouco – começou o repórter – foram encontradas cerca de 26 tumbas abertas no cemitério de Tóquio. Ninguém viu nada de suspeito nos últimos dias, mas o porteiro que tinha turno noturno foi encontrado morto no gramado, aparentemente com mordidas de animais no pescoço. Ninguém entende por que isso aconteceu, mas a polícia já começou as investigações. O governo diz que vai reforçar a segurança do cemitério e, quem sabe, prender esses bandidos. Mais notícias a qualquer momento. Aguarde.
    Então o programa voltou.
    Tumbas abertas no cemitério de Tóquio.
    Que tipo de bandido roubaria cadáveres?
    Isso com certeza era muito esquisito.
    Voltei a assistir ao programa.
    Assim que acabou minha mãe chegou em casa.
    - Cheguei, filho – me avisou.
    - Como foi, mãe? – perguntei me levantando do sofá, muito curioso.
    Ela estava indo à cozinha para preparar o almoço:
    - Foi ótimo – senti que ela estava feliz –, pois conheci algumas mulheres, e viramos amigas.
    - Legal – respondi satisfeito.
    Conversamos mais um pouco, enquanto ela fazia a comida.
    Quando já estava tudo preparado eu decidi perguntar:
    - Mãe, ontem você abriu a janela do meu quarto enquanto eu dormia?
    - Eu não! – ela respondeu, estranhando. – Por quê?
    - Ah, nada – respondi.
    Eu agora estava muito surpreso com a resposta. Se não foi minha mãe quem abriu a janela, quem foi então?
    Me estremeci.
    Mais uma coisa estranha para a coleção.
    Eu estava agora em completo desespero. Isso já passara dos limites! Alguma coisa estranha estava acontecendo, ou pelo menos estava para acontecer. E o alvo com certeza seria eu.
    Terminei de almoçar e falei:
    - Mãe, vou dar uma volta pelo parque, tá bom?
    - Claro, filho. Pode ir – ela começara a lavar a louça. – Mas volte antes que anoiteça, hein?
    - Está bem – eu sai.
    Precisava dar uma volta para pensar um pouco, pensar no que fazer.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Capítulo 3 - Instinto Defensivo - 3ª Parte


    As outras aulas foram normais, então, finalmente, bateu o sinal da saída.
    Pegamos nossas coisas e saímos da escola.
    Já no campus, decidi fazer uma coisa. Então chamei Natsuno, Joe e Yuuki. Eles não entenderam o que eu queria, mas mesmo assim me seguiram.
    Fui até Riku, que estava indo embora.
    - Ei, Riku – chamei.
    Ele parou e olhou para mim.
    Chegamos perto dele. Falei:
    - Oi, nós somos Fubuki, Natsuno, Joe e Yuuki – apresentei os outros.
    Ele não respondeu.
    Insisti:
    - Cara, eu percebi que você não tem amigos e sei como se sente – ele olhou para Natsuno, Joe e Yuuki, sendo que esse último recebeu um olhar estranho.
    Continuei:
    - Então, hã… nós quatro queremos ser seus amigos, você aceita?
    Ele bocejou, tossiu e depois virou-se para o sentido do seu caminho – o mesmo que o meu, devido ao fato de morarmos no mesmo bairro.   
    - Vou ser breve e claro – respondeu com frieza –, não preciso de amigos – e se foi.
    Eu e os outros nos entreolhamos com cara de missão falhada.
    Não precisa de amigos? Vi que o caso dele era mais difícil do que pensávamos.
    - É, Fubuki, parece que já sabemos o porquê de ele não ter amigos – comentou Natsuno.
    - Ele… ele só falou sem pensar – respondi, mas com nenhuma confiança no que eu próprio dizia. – Qualquer dia tentaremos de novo.
    - Você que sabe.   
    Depois disso nos despedimos e voltei para casa.
   
    Eu sentia que alguém estava me seguindo, e seguindo de perto. Enquanto andava eu sempre olhava em minha volta, com uma leve sensação de perigo. Não sei por que, mas estava nervoso, com medo de algo. Mas o que era?
    Continuei.
    Eu pensava em Shimizu; e naqueles caras. Como podiam querer bater numa menina indefesa? E como eu parara ali tão de repente, bloqueando a gigantesca mão daquele garoto covarde?
    Era muito estranho.
    Eu sei que sabia lutar um pouco, devido aos treinamentos de artes marciais que recebia do meu “tio adotivo”, mas aquilo era impressionante. Eu só pensei em fazer aquilo e, quando percebi, já estava lá, defendendo Shimizu. Será que era a adrenalina de querer defender alguém importante para mim? Por que a Shimizu é importante para mim. Devia ser isso mesmo, senão qual outra explicação se encaixaria nisso?
    Continuei o caminho.
    Eu já estava perto da entrada da floresta quando vi alguém se escondendo atrás do muro da calçada. Eu olhei e a pessoa saiu, correndo para dentro da floresta. Tentei segui-la, mas quem é que fosse era muito rápido!
    Parei quase entrando na floresta, e observei a paisagem assustadora dentro do lugar. Senti calafrios. O portão de entrada estava muito velho e enferrujado, e uma placa suja que estava em cima dele dizia: FLORESTA FECHADA: NÃO ENTRE!
    Fiquei parado ali por mais alguns instantes, depois fui embora, pensando no que havia visto pelo resto do caminho.

   

    Meu Deus! Vi alguém. Quem será? Algum conhecido? Ou será que é aquele que vive me vigiando? Descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 3 - Instinto Defensivo - 2ª Parte


    Depois das três primeiras aulas bateu o sinal.
    Descemos para o intervalo.
    Enquanto Natsuno, Joe e Yuuki achavam alguma mesa para nos sentar, tratei de pegar um lugar na fila do lanche, que não estava muito cheia.
    Os três garotos que me encarara ontem passaram perto de mim; senti um arrepio, ao mesmo tempo em que sentia um calor percorrer meu sangue.
    - Hoje estou a fim de bater em alguém – comentou um.
    - Eu também – concordou outro; logo percebi que tinham a intenção de que eu ouvisse, mas ignorei.
    Pararam a uns três metros de mim, quando o terceiro disse:
    - Que tal batermos naquele cara ali? – sugeriu, apontando em minha direção.
    - Boa ideia!
    Os três se aproximaram de mim. Eu ainda era o sétimo da fila, então perguntei como quem não quer nada:
    - O que vocês querem?
    O que tinha cabelos loiros deu uma risada horrível, depois respondeu:
    - Você não vai gostar nadinha de saber!
    Eu os encarei. Senti que eles pensavam que eu ia correr, mas eu apenas disse:
    - Não quero confusão.
    - E quem disse que pedimos a sua permissão? – o outro chegou mais perto.
    As pessoas da fila se afastaram, fazendo, junto com outras, um círculo, onde estava dentro apenas eu e os três valentões.
    - Vamos acabar com ele! – falou um dos três aos seus companheiros.
    - Certo! – os outros concordaram.
    Eu estava preparado.
    Eu sabia que uma hora eu teria que brigar, então não estava com medo.
    Mas os olhei fixamente nos olhos, quando percebi algo avermelhado nos dos dois da esquerda.
    O que era aquilo?
    Não era normal uma pessoa ter olhos vermelhos. E eles não eram os únicos que eu havia visto com a mesma aparência em três dias! Senti um arrepio muito forte, algo que me perturbava naqueles olhos.
    Fiquei imóvel, sem conseguir me mexer.
    O que estava havendo comigo?
    Tentei mexer meu braço, mas não deu. Tentei mexer minha perna, não deu.
    E agora?
    Então quando um dos valentões ia me acertar com sua enorme mão:
    - O deixem em paz! – gritou alguém com voz familiar. Era Natsuno, entrando no círculo com Yuuki e Joe.
    - Natsuno? – fiquei surpreso, já me livrando da paralisação.
    - Eu não falei que não deixaríamos os valentões dessa escola te bater, Fubuki? – lembrou-me.
    - Parece que os três patetas estão atacando de novo – falou Joe; eles ficaram furiosos.
    - Quem você chamou de três patetas?! – perguntou um completamente nervoso.
    - Está nervosinho, Hiroshima? – ironizou Natsuno.
    - Vou lhes mostrar quem realmente somos! – disse o loiro, já se preparando com seus companheiros para o ataque.
    - É só vir! – falei, entusiasmado.
    Daí alguém que estava no meio da multidão de curiosos gritou:
    - BRIGA!!
    Em seguida todos os outros começaram a gritar repetitivamente:
    - Briga! Briga! Briga! Briga!...
    Estávamos nos encarando seriamente, prontos para o combate. Mas quando íamos “nos atacar”, alguém gritou:
    - Fubuki, não!
    Olhei para o lado e vi que era Shimizu.
    - Não se meta nisso, garotinha! – gritou Hiroshima.
    Ela entrou na roda e falou a eles:
    - Vocês se acham os valentões, né? Não têm vergonha de quererem bater numa pessoa nova aqui?! Vocês são completamente covardes!
    - Cale-se! – gritou outro dos três, muito irritado.
    Esse último que falou tentou atingir Shimizu com um soco, mas num movimento eu já estava lá, bloqueando seu ataque, segurando sua mão enorme comparada à minha.
    Fez-se um silêncio.
    Todos estavam surpresos, principalmente eu. Como parara ali tão de repente?! As pessoas voltaram a gritar “Briga! Briga! Briga!...”.
    O braço daquele cara era muito pesado. E, para piorar, enquanto eu segurava seu soco, o loiro se preparava para me atacar, quando:
    - Pare com isso, Matsuki! – era o diretor, que aparecera do nada no meio da multidão; Shimizu deixou escapar um profundo suspiro de alívio.
   Finalmente a barulheira parou, agora estavam todos em extremo silêncio, atenciosos.
    - Senhor Diretor?! – Matsuki ficou obviamente assustado. – Eu… eu posso explicar…
    - Ah, claro que pode… mas lá na minha sala!!
    Natsuno se aproximou do diretor e falou:
    - Senhor Diretor, não me leve, por favor, eu estava apenas defendendo meu amigo desses canalhas...
    - Não se preocupe, garoto – interrompeu-o o diretor, sem olhar para ele –, conheço bem esses três.
    Ele deu uma leve olhada para mim – o que me provocou arrepios, pois seus olhos ficaram vermelhos por um instante! – e depois deu meia volta e seguiu em direção à diretoria, levando consigo os três valentões, que nos olharam com muita raiva antes de ir.
    A multidão estava se desfazendo.
    De repente, me assustei:
    - Estou de olho em você! – advertiu Kobi, com seu tom ignorante de sempre e com sua cara terrivelmente assustadora.
    - Hã? – foi o que consegui dizer.
    Mas ela não me deu mais atenção e foi em direção à diretoria, provavelmente para acompanhar a conversa do diretor com os três valentões.
    - Que mulher estranha… - comentei a mim mesmo, ainda com o coração disparado, devido ao susto.  
    Bateu o sinal, e todos voltaram para as suas respectivas salas, enquanto eu observava os valentões saindo, pensando na sensação que sentira perto deles – e perto do diretor também.
    - Liga não, Fubuki – comentou Natsuno comigo –, eles não são de receber bem os novatos.
    - Acho que percebi – brinquei; Natsuno, Yuuki e Joe foram em direção à escada que levava às salas.
    Dei uma olhada em minha volta, e lá estava Riku, bem distante das outras pessoas, subindo as escadas. Senti uma tristeza por ele, pois sabia como ele estava se sentindo. Acho que o pior sentimento que existe é a solidão. Isso nos deixa em muito baixo-astral.
    - Obrigado… hã, por me defender – falei à Shimizu, que ainda estava parada num canto.
    - Eu te defendi? – ela ironizou – Acho que devo uma a você.
    - Que isso – fiquei vermelho.
    Ela não segurou sua risada, me deixando constrangido.
    - O que foi? – perguntei.
    - Ah, nada – ela respondeu, sorrindo –, é que você fica muito fofinho quando está envergonhado – então passou a mão no meu rosto e acrescentou: - Vamos voltar para sala, todos já subiram.
    E era verdade, pois havia apenas nós dois no refeitório.
    - Vamos – concordei.  
    Juntos voltamos para a sala.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Capítulo 3 - Instinto Defensivo - 1ª Parte


    Era uma bela manhã de quarta-feira.
    O sol já estava saindo, o clima estava agradável e eu estava de bom humor.
    “Terceiro dia de aula”, pensei. Até ali estava tudo normal. Ninguém, até agora, arrumara briga comigo, o que era surpreendente – e estranho também. Já se fosse na outra escola...
    Fiz minha rotina de sempre e fui para a escola. O caminho foi normal, embora sentisse ser vigiado o tempo todo.
    Cheguei ao campus da escola e não vi Natsuno, apenas Joe e Yuuki.
    Os cumprimentei.
    Entramos na escola e rumamos à sala de aula.
    Lá estavam as mesmas pessoas de sempre: o grupinho das fofoqueiras, o grupinho do populares, o grupinho dos idiotas e, por fim, o grupinho dos nerds. Eu era dos que não tinham nenhum grupo: os solitários. Acho que devido a ser novato. Mas era apenas o terceiro dia e eu já fizera quatro amigos!
    Ah, Shimizu... Ela estava lá, linda como sempre.
    Cheguei perto dela e nos cumprimentamos ao mesmo tempo – o que nos deixou sem jeito.    
    Depois fui ao meu lugar, perto da janela. Sentei-me, olhando para ela, fascinado por sua beleza.
    Finalmente Natsuno chegou, preocupado se já havia algum professor na sala. Sorte a dele que não. Entrou e também se sentou.
    - Por que chegou atrasado, cara? – perguntei.
    - Perdi a hora – senti que ele estava mentindo, mas ignorei.
    Em seguida uma professora jovem de cabelos castanhos como os olhos entrou na sala. Estava com um garoto ao seu lado, um garoto que eu já havia visto em algum lugar.
    - Bom dia! – ela disse. - Vocês já me conhecem, sou a Professora Kátia, de Sociologia, e esse aqui é um novo aluno – ela apresentou o garoto -, seu nome é Riku Masaki.
    Todos o cumprimentaram.
    Riku não mostrou nenhuma expressão facial, como se não ligasse para nada. Foi aí que me lembrei: eu o vi ontem à tarde no parque, sentado num banco assistindo a uma partida de futsal amistosa.
    Ele se dirigiu à única carteira vazia na sala, que ficava no fundo da minha fileira.
    Enquanto ele passava por mim, senti uma sensação entranha, um arrepio. Ele olhou de relance para mim e vi algo estranho nos seus olhos, algo de tom amarelado; o mesmo que vira nos olhos de Natsuno, e quase o mesmo que vi nos de Yuuki e nos do professor de História, Mishito Toiyama, além dos três grandalhões que vira ontem enquanto descia para o intervalo.
    Ele sentou-se.
    - Quem é ele? – perguntou Natsuno a nós.
    - Ouvi falar que ele é órfão – comentou Joe. – Veio para cá depois que perdeu os pais num acidente horrível!
    - Que acidente? – indagou Yuuki.
    - Não sei, não me disseram o restante da história.
    Fiquei confuso.
    - Quem não te contou o restante da história, Joe? – perguntei.
    - As meninas lá do meio – respondeu ele apontando para o grupinho das fofoqueiras que situava-se no centro da sala.
    Finalmente entendi. “Mas como elas sabiam disso tudo?”, perguntei a mim mesmo. Apenas tirei minhas coisas da mochila e “me concentrei nos estudos”.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Capítulo 2 - Olhos Vermelhos & Presenças Assustadoras - 3ª Parte


    O sol estava se pondo quando eu já estava voltando para casa. Os garotos e as mães com as crianças também estavam indo embora, deixando o parque completamente deserto. Eu era o último. Solitário, como já me acostumava…
    Cheguei em casa e logo fui tomar um banho. Depois desci até a sala e vi um pouco de TV, pois estava passando um programa de comédia, no qual adoro.
    Minha mãe estava terminando de fazer o jantar. Pensei em como ela também se sentia solitária, então decidi que ela precisava conseguir algumas amigas.
    Chegou a hora do jantar e eu fui para a cozinha.
    Sentei-me à mesa.
    Enquanto minha mãe me servia comentei:
    - Mãe, por que você não passeia um pouco amanhã no parque?
    - Ah, filho, não tenho muito tempo para essas coisas – ela sorriu.
    Enquanto ela também se sentava eu falei:
    - Pode deixar que daqui em diante eu arrumo o meu quarto e varro a casa, assim você pode ter mais tempo para si mesma.
    - Não precisa, Fubuki – ela ficou sem graça.
    - Não, sem problemas. Eu faço questão!
    Ela gostou da idéia. Depois disse:
    - Fico feliz que você tenha amadurecido, Fubuki. – ficou pensativa, depois concluiu: - Pensando bem, você até que tem razão. Faz tempo que não saio para passear. Será bom para relaxar.
    - Então está combinado. Eu farei o que prometi e você curte um pouco seus dias.
    Ela assentiu.
    Comemos o resto do jantar em silêncio.
    Quando eram nove da noite voltei ao meu quarto, escovei os dentes no banheiro e fui dormir. Estava frio, então fechei a janela e deitei na cama. Depois caí no sono rapidamente.

    Estava de noite, e eu estava no corredor da minha escola correndo de alguma coisa, alguma coisa muito rápida, quase que me alcançando. Uma voz feminina gritava no meu ouvido: “Corre Fubuki, corre!” A coisa se aproximava rapidamente, me deixando no desespero! Eu não sabia o que era, então dei uma olhada para trás. Mas vi apenas uma coisa preta, como se fosse uma sombra, cujo destaque estava nos olhos, todos avermelhados!
    Desci as escadas.
    Eu agora corria pelo pátio, passando pela porta de entrada e saindo da escola.
    Estava agora no campus.
    Olhei novamente para trás e vi que a coisa já estava à apenas alguns metros de mim! Corri, corri, corri... Outra voz gritava, agora uma masculina: “Vamos, Fubuki, você consegue!” Eu olhei de novo para trás, onde a criatura estava agora a apenas alguns centímetros do meu corpo. Foi quando olhei para frente na hora exata em que esbarrava em alguém de costas para mim. “Graças a Deus estou a salvo”, pensei, caído no chão.
    Mas eu estava completamente enganado quanto a isso.
    A pessoa a qual eu esbarrara também era uma sombra! Ela virou para mim e percebi seus olhos vermelhos, assustadores; então a mesma me agarrou muito selvagem e me atacou com uma mordida no pescoço! Gritei...

    Levantei num pulo, desesperado, com muito medo.
    Meu coração estava quase saindo pela boca, e minha adrenalina estava ao máximo.  
    O que seria aquele sonho? Esse era o segundo dia seguido em que tinha pesadelos. Ambos com coisas correndo atrás de mim!
    Olhei para a janela e vi que estava aberta.
    Estranhei.
    Será que minha mãe havia aberto enquanto eu estava dormindo?
    Ignorei e voltei a dormir, ainda muito abalado. Mas dormi.

   
    Outro pesadelo! Isso já está muito estranho. O que será que está havendo? Será que os dois pesadelos que tive têm alguma ligação? Descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem!!! ^^

Capítulo 2 - Olhos Vermelhos & Presenças Assustadoras - 2ª Parte


    Quando chegou a hora do intervalo – depois da terceira aula – todos descemos ao refeitório, como de costume. Estávamos descendo, Natsuno, Yuuki, Joe e eu, quando olhei para trás para ver se via Shimizu, que ficara na sala guardando suas coisas. Mas o que vi foram apenas os três grandalhões de ontem me encarando, todos provavelmente do 2° ano. Mas o que me chamou a atenção neles foram seus olhos (olhos de apenas dois garotos dos três), que ficaram avermelhados por uma fração de segundo.
    Ignorei e fui tomar o café escolar.
    No refeitório, Kobi ficava olhando para nós quatro parecendo desconfiar de algo. Mas apenas ignoramos. Todos comiam educadamente, a não ser Joe. Sua refeição valia pela minha, a de Natsuno e a de Yuuki juntas! Sem falar que ele comia muito rápido, quase sem respirar. Era muito engraçado.
    Bateu o sinal.
    Voltamos para sala, onde passamos as três últimas aulas em extrema chatice.
    Até que veio a salvação: o sinal de saída.
    Despedi-me de Natsuno, Joe e Yuuki. Depois fui até Shimizu, que estava no campus, rumando a um carro preto estacionado.
    Quando cheguei perto dela perguntei:
    - Você mora muito longe daqui? – eu sei que era uma idiotice uma pergunta dessas, mas não pensei em mais nada naquela hora.
    Mas me surpreendi quando ela parou e me respondeu:
    - Não muito, mas meu pai insiste que eu vá e volte de carro. Ele diz que é por segurança.
    - Entendo – senti que fiquei vermelho. – Então… hã… é só isso. Nos vemos amanhã então, certo?
    - Sim, com toda certeza.
    - Tchau.
    - Tchau – ela entrou no veículo, que partiu.
    Fiquei observando enquanto o carro virava a rua, pensando no lindo rosto daquela garota; em sua voz, em seu jeito...
    Fui embora.

    O caminho foi extremamente normal, embora eu tivesse uma leve impressão de estar sendo observado o tempo todo. Cheguei em casa, onde vi minha mãe fazendo nosso almoço.
    Eu não entendia o porquê das aulas escolares serem tão longas.
    Troquei de roupa no meu quarto e desci para a sala. Liguei a TV e assisti a alguns programas de esportes.
    Almocei.
    Depois decidi ir um pouco lá para fora.
    Havia alguns garotos da minha idade, mais novos e mais velhos do que eu jogando bola na rua.
    Dirigi-me ao parque do meu bairro, que ficava a uns três quarteirões de casa. Na parte onde havia brinquedos (escorregador, gangorra e balançador) estava cheia de crianças e bebês. Já na quadra vi outros garotos jogando bola.
    Sentei-me num dos bancos perto da cerca que separava a quadra da pistinha para ciclistas e fiquei assistindo às partidas de futsal. Até me chamaram para jogar também, mas não aceitei, não estava com nenhum pouco de vontade, nenhum entusiasmo.
    Sentia muita falta dos meus amigos de Okinawa. Era como se fôssemos uma família, uma família que eu jamais tive.
    Minha mãe era adotada, e meu pai tinha sua família no Brasil, então eu não havia primos nem tios por perto. A não ser o “irmão” da minha mãe e meus “avós maternos”.
    Por isso eu convivia com meus amigos. Mas depois dessa mudança, dessa maldita mudança, eu me sentia agora solitário...
    Mas não tinha apenas o lado ruim desta história. Eu conheci Shimizu, com certeza o primeiro amor da minha vida. Pensava nela dia e noite, apesar de tão pouco tempo ter a conhecido. Quer dizer, não a conheci tanto assim, mas sentia como se a conhecesse há muito tempo.
    No banco um pouco mais distante do meu havia um garoto. Ele também estava assistindo à partida de futebol, mas sem nenhuma expressão no rosto. Senti que ele também estava solitário, mas o ignorei. Voltei a assistir ao jogo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Colégio Matsumoto

Esses dois mapas são plantas do colégio Matsumoto. Por enquanto, só o térreo e o primeiro andar. Logo mais eu posto os outros dois andares. Espero que vocês não se confundam xD

Térreo:

Primeiro andar:

Grupo 1:


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Introdução da Primeira Temporada

    Fubuki é um garoto de 15 anos que acaba de se mudar para Tóquio, onde tudo é desconhecido. No princípio, o garoto se sente muito sozinho, mas com o passar do tempo conhece grandes amigos, rivais e até se apaixona! Além disso, muitas revelações levam Fubuki a descobrir segredos sobre seu passado, e percebe que sua vida nunca mais será a mesma.
    Esta temporada é o início de sua grande jornada, onde pouco a pouco o garoto fica mais forte para cada vez mais enfrentar os perigos que estão por vir, assim salvando pessoas inocentes de seres estranhos e muito assustadores.
    O Caçador de Vampiros: primeira temporada.
    Você não pode perder!

    Acompanhem!!! ^^

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Capítulo 2 - Olhos Vermelhos & Presenças Assustadoras - 1ª Parte


    Como faria dali pra frente levantei cedo.
    Apesar de tudo eu adorava acordar naquela hora. Segui minha rotina: escovei os dentes e me vesti. Desci para a cozinha e tomei café, enquanto conversava com minha mãe sobre o dia-a-dia.
    Quando terminei peguei minhas coisas e rumei à escola. Novamente fui à pé.
    Já quando estava em frente à entrada da floresta olhei para a parte onde vira algo se mexendo ontem. Estava tudo normal. Continuei meu caminho com uma leve impressão de estar sendo vigiado.
    Cheguei ao campus da minha escola e vi Natsuno. Ele estava sentado num banco conversando com alguns amigos. Quando me viu se levantou e aproximou-se de mim com os outros dois garotos:
    - E aí Fubuki!
    - Oi, Natsuno. Como vai?
    - Tudo normal – desde ontem eu havia percebido que Natsuno era um cara de bem com a vida, sempre de bom humor. – Esses dois são Joe e Yuuki.
    O grandalhão musculoso, Joe, me cumprimentou:
    - Beleza? – e apertou minha mão tão forte que quase gritei.
    - Hã... beleza.
    - Natsuno nos falou muito sobre você – comentou o outro, loiro, que parecia americano; eu sentia que já o conhecia antes, mas não sabia de onde. Ele olhou com um olhar estranho para mim (e podia jurar que vi seus olhos vermelhos por um instante!), e depois me estendeu a mão; eu a apertei, respondendo:
    - Falou, é? Sobre o quê?
    - Eu os contei que você é novo – respondeu Natsuno enquanto entrávamos na escola –, e decidimos que não deixaremos nenhum dos valentões te bater.
    Eu o interrompi, já subindo as escadas:
    - Natsuno, eu sei me defender muito bem. É sério, não preciso de ajuda.
    Chegamos ao corredor, onde nos deparamos com Kobi, a inspetora da escola. Todos nos assustamos com sua cara horrível.
    - O que fazem aqui fora ainda?! – perguntou ela, com um tom muito ignorante.
    - Ér… - gaguejou Natsuno – Estamos indo para a sala agora… senhorita Kobi.
    - Já deveriam estar lá! – novamente um tom muito antipático.
    - Mas bateu o sinal agora! – falei; mas logo me arrependi quando ela me olhou demoniacamente. - … senhorita Kobi – tentei consertar.
    Mas não adiantou:
    - Estou de olho em vocês, seus moleques! – até Joe parecia assustado. – Pra sala, agora!
    Imediatamente viramos o corredor a direita e fomos para a sala, todos os quatro.
    - Que mulher estranha – comentou Yuuki, rindo; todos assentimos.
    E lá estava ela, ainda mais linda que ontem. Shimizu estava elegantemente bonita. Prendera o cabelo em rabo de cavalo, com algumas mechas na testa. Sua pele branca parecia ainda mais macia, e seu sorriso… Ah, como sempre seu sorriso era encantador.
    Ela era incrivelmente linda.
    Eu a cumprimentei com um “oi”. Ela sorriu, com ironia.
    Minha mesa ficava perto da janela, bem atrás da de Natsuno; Joe e Yuuki sentaram ao nosso lado. Shimizu sentava no lado oposto da sala com as amigas, perto da porta.
    Eu fiquei a observando falar com outras garotas, meio que paralisado.
    O professor entrou na sala olhando diretamente para mim; senti um calor percorrer meu sangue. Não me lembro de tê-lo visto antes, mas já o vira antes. Ou pelo menos senti que o vira antes.
    Ele se sentou e disse:
    - Bom dia, turma! – todos responderam “Bom dia”, e ele se apresentou: - Eu sou Mishito Toiyama, e serei seu professor de História durante esse ano.
    Ele era alto, forte e tinha os cabelos grisalhos. Tinha um bigode estranho e seu nariz era grande.
    Uma garota que sentava no centro da sala se levantou e perguntou:
    - Mas não era o professor Kashima?
    - É verdade – concordou outra que sentava na primeira carteira da minha fileira. – Inclusive ele veio sexta-feira.
    - Vocês têm razão. Mas aconteceu uma coisa horrível com o Kashima, não quero nem comentar – senti que essas palavras saíram com frieza. Logo senti um arrepio.
    Ele deu uma olhada para mim e, por um instante, pensei que seus olhos estavam avermelhados. “Impressão minha”, pensei.
    Ele encerrou a apresentação e começou a aula.