sábado, 29 de junho de 2013

Capítulo 22 - Armadilha Mortal - Parte Única

    - Parece que isso pertence a vocês – disse ele, jogando dois potes cristalinos vermelhos cheios de pó na nossa frente.
    Estranhei:
    - Riku? – ele olhou em volta e disse:
    - Não se preocupem, não são dos evoluídos.
    Imaginei que ele estivesse se referindo aos vampiros. Sua espada prateada brilhava, e eu sentia uma energia diferente na minha. Olhei para Natsuno, e seu rosto estava normal. Os vampiros estavam surpresos, como se já conhecessem Riku. Afinal, o que ele estava fazendo ali?
    - E aí, vamos lutar ou não? – Riku deu um salto na direção dos três vampiros com a sua espada, pronto para atacá-los.
    - Ele está louco de atacar pela frente? – estranhou Natsuno.
    Mas ele surpreendeu a todos quando desapareceu e apareceu bem ao lado dos vampiros, que ficaram desnorteados. Com uma voadora Riku derrubou os três, e enfiou sua espada no peito de cada um rapidamente. Em seguida os vampiros viraram pó.
    - AAAAAARGH!!! – gritou um vampiro que estava num galho. Quando olhei em sua direção vi Natsuno enfiando sua espada em seu peito. Me surpreendi completamente. Como ele parara ali tão rápido?
    De repente, dois de uma vez só me atacaram. Desviei do soco de um e abaixei quando o chute do outro ia acertar meu rosto. Imediatamente o ataquei com um gancho, em seguida girei 180 graus para a direita acertando o outro com um chute no peito. O que eu acertara com o gancho se levantou, sangrando, mas Natsuno o surpreendeu enfiando sua espada roxa em suas costas. O outro também se levantara, mas o ataquei com uma sequência de socos na cara e na barriga.
    Riku lutava contra três vampiros de uma vez, desviando de vários golpes ao mesmo tempo e, em seguida, os contra-atacando. Natsuno correu na direção do vampiro da esquerda e eu na direção do vampiro da direita. Eu estava pronto para lhe dar um soco, mas o vampiro desviou e me atingiu com as suas garras. Fez-se um corte no meu braço que começou a sangrar. Ele tentou outro golpe, mas segurei seu braço e tentei lhe atacar com a minha espada, mas fui bloqueado.
    O vampiro segurava meu braço enquanto eu segurava o dele, e nos olhamos olho a olho. Senti um arrepio muito grande olhando aqueles enormes olhos vermelhos e assustadores, como se eu estivesse mergulhando num mar de sangue. O vampiro abriu a boca e tentou me morder, mas lhe acertei com uma joelhada no estômago. Daí o inimigo abaixou a guarda e, sem pensar duas vezes, o ataquei com toda a minha força (concentrada na espada) e cortei sua cabeça. Foi uma cena horrível a cabeça do indivíduo caindo no chão. Nunca vi tanto sangue na minha vida. Então ela e o corpo do vampiro começaram a virar pó na poça de sangue.
    Riku já havia derrotado dois dos vampiros, lutando apenas contra um, e percebi que Natsuno já havia destruído seu adversário e estava enfrentando outro! O vampiro que restara tentou fugir, mas Riku já o impedia. Natsuno derrotou o vampiro com qual estava lutando e Riku, num ataque só com a sua espada, destruiu o que tentara fugir.
    Finalmente todos os vampiros já haviam sido exterminados.
    - Podem ficar com o pó – disse Riku, guardando sua espada (que já se transformara no anel prata). Ele suspirou e desapareceu no meio da escuridão da floresta, deixando Natsuno e eu muito pensativos.
    De repente, uma coisa veio à minha cabeça:
    - O encontro!! – olhei para o relógio e vi que eram cinco e vinte e oito. – Droga! – gritei.
    Eu estava muito atrasado e, mesmo se fosse me encontrar com a Shimizu, eu estava muito sujo e tinha um corte no braço. Depois outra coisa veio à minha cabeça: como eu iria explicar esse corte para a minha mãe?
    - Fubuki, você pode ir tomar um banho lá em casa – disse Natsuno. – Posso até te emprestar uma roupa minha.
    Natsuno me salvara mais uma vez.
    - Muito obrigado – disse eu; Natsuno sorriu.
    Ele pegou seu celular e apertou um botão. De repente, vários potes cristalinos vermelhos se materializaram de um líquido que escorrera do celular. Fiquei de boca aberta. Nunca tinha visto algo do tipo.
    - Vamos coletar todo o pó – disse ele.

    Vinte minutos depois eu estava na casa do Natsuno tomando um banho. Enquanto eu estava no chuveiro muita coisa vinha à minha cabeça: o porquê dos vampiros me atacarem, a ajuda de Riku e, por fim, o encontro. Shimizu com certeza nunca mais iria querer olhar na minha cara. Nem sequer apareci no nosso ponto de encontro. Claramente eu não poderia contar a ela sobre os vampiros.
    Mas o que eu faria então?
    A amo tanto… Esses vampiros malditos, tinham que aparecer justo naquela hora?! Estou percebendo que essa vida de caçador não será nada fácil…
    Vesti a roupa que Natsuno me emprestara e fomos para seu quarto.
    - Fubuki, aqueles vampiros queriam algo em especial com você – estranhou Natsuno.
    - Tipo o quê? – perguntei.
    - Não faço ideia. Normalmente os vampiros preferem ficar longe dos caçadores, ainda mais você que é do clã Kido – Natsuno tinha razão. O diretor da escola me vigiava dia e noite, querendo algo. Ele poderia me matar a qualquer momento, mas não matou. Isso tudo era muito estranho. E aqueles sonhos, o que significariam? Uma mensagem ou algo do tipo? O problema era que tudo estava acontecendo muito de repente. Mudança de cidade, paixão por duas garotas, ataque de vampiros, descoberta sobre a minha historia e o meu destino… Com certeza minha vida não era normal, não mais.
    - Natsuno, quando aquele vampiro falou da última armadilha…
   Imediatamente a expressão no rosto de Natsuno mudou. Seus olhos se encheram de lágrimas, e Natsuno abaixou a cabeça, como se não tivesse coragem de olhar para mim.
    - Natsuno? – chamei.
    - É passado – disse ele, sorrindo, voltando a olhar para mim.
    Eu percebi que Natsuno não queria falar nada sobre o assunto, então concordei.
    - E por que Riku nos ajudou?
    - Essa é uma boa pergunta – respondeu ele. – E o mais estranho é que ele deixou o pó dos vampiros para nós.
    - Isso está muito estranho. Logo Riku, que é de uma tribo rival…
    - Acho que ele é diferente dos outros membros do seu clã.
    Que por sinal não era um clã que agradava muito aos outros. O clã Masaki era malvado, segundo Natsuno, então certamente um deles não ajudaria Natsuno e eu, a não ser Riku. Este era diferente, só não sei porquê.
    - Bom, tenho que ir – disse eu. Olhei para o relógio e vi que eram seis e meia. Me despedi de Natsuno e voltei para casa, mas agora mais atento ao perigo.
   
    - Cheguei! – avisei minha mãe.
    - Chegou cedo, Fubuki – disse ela, terminando de aprontar o jantar.
    Subi ao meu quarto e deitei na minha cama. A sensação de estar descansando depois de uma batalha era ótima, porém algo ainda me abalava, e muito. Como eu faria para me desculpar com a Shimizu. Nem sei seu número, muito menos seu endereço. Aquele era o encontro mais importante da minha vida, e foi estragado graças àqueles vampiros! Se eu pudesse voltar no tempo, e ter pego outro caminho… Mas e se aqueles vampiros me atacassem enquanto eu estivesse com ela? Bom, então foi melhor assim. Posso até ter perdido o encontro, mas o mais importante era que a Shimizu estava bem.
    Shimizu, como é linda…
    Desabei.

    Uma armadilha! E diretamente para mim!! Ah, tem alguma coisa aí... O que será que eu tenho que atrai tanto os vampiros? E como vou conseguir me desculpar com a Shimizu? Descubra nos próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Capítulo 21 - O Dia do Encontro - 2ª Parte

    Tomei banho, me arrumei e desci para avisar à minha mãe que eu já ia.
    Segui rumo à escola, onde me encontraria com a Shimizu. Enquanto eu andava, tentava imaginar como ela estaria, qual roupa estaria usando. Ao mesmo tempo torcia para nada dar errado – nenhum vampiro aparecer e me atacar. Aquela noite era a noite. Não apenas um encontro, mas um encontro com a Shimizu. Com certeza seria um sábado decisivo na minha vida e, aquele encontro, eu não queria perder por nada nesse mundo.
    Eu já estava quase na metade do caminho, e ainda tinha tempo de sobra para chegar ao ponto de encontro. Marcamos para as cinco, e ainda eram quatro e meia. Será que era exagero meu sair de casa muito cedo? Bom, é o entusiasmo. A amo, fazer o quê.
    Senti um arrepio.
    Meu coração disparou, e percebi presenças estranhas. O mais incrível era que eu estava bem na entrada da floresta, onde dias atrás vira alguém me vigiando. Algo iria acontecer, e eu sabia.
    - Aonde pensa que vai? – me perguntou a voz de alguém; levei um susto, porque ela soava bem ao meu ouvido. Olhei para trás e vi dois homens estranhos, cujos olhos tinham um brilho intenso vermelho. Eles imediatamente mostraram seus dentes: eram vampiros!
    - Droga! – exclamei; só havia nós na rua.
    - Parece que não gostou da nossa visita – ironizou o outro.
    Olhei para frente e me deparei com outros três.
    - Estou cercado – percebi.
    Os três também mostraram seus dentes, e me atacaram.
    Desviei, porém fui acertado por um golpe de um dos vampiros que estavam atrás de mim. Caí e rapidamente me levantei.
    - O que vocês querem? – perguntei; era uma pergunta meio imbecil naquele momento, mas não pude controlar.
    - Você.
    Eu não podia lutar contra cinco vampiros ao mesmo tempo, então só tinha uma escolha.
    - Eu? Por quê?
    - Você faz muitas perguntas, garoto – disse o que me acertara.
    - Vamos pegá-lo logo! – gritou outro.
    - Ninguém vai me pegar! – exclamei. Os cinco correram na minha direção com golpes e logo saquei meu anel-espada. Desviei de todos os golpes, mas quando fui contra-atacar fui surpreendido por uma rasteira. Cai, e todos me atacaram. Porém…
    - HÁÁÁÁ!!!! – gritou uma voz muito conhecida: esta pessoa chegou dando um soco em um, um chute em outro e derrubando outros três com uma rasteira. Os cinco vampiros estavam no chão.
    - Natsuno? – estranhei.
    - E aí Fubuki, vai ficar aí no chão mesmo? – me levantei. Os cinco vampiros já estavam de pé, e nos atacaram.
     - Vamos sair daqui! – gritei.
    Sem perder tempo corremos para a floresta, com os vampiros atrás aparentemente sedentos de sangue! Passamos pelo velho portão e adentramos na escuridão assustadora.
    - Eles são muitos – expliquei. – Não podemos contra eles.
    A floresta era muito assustadora, com seus troncos estranhos e enormes. Sem falar que já estava escurecendo. Corríamos sem rumo desviando das árvores, com os cinco vampiros nos perseguindo.
    - O encontro! – lembrei.
    - Fubuki, acho que não é hora para falar de encontros agora. Cara, vamos ser devorados por vampiros!
    Natsuno estava certo na primeira parte, mas o problema era que o encontro seria com a Shimizu. Nunca mais ela vai querer olhar na minha cara! Mas outra coisa me perturbava:
    - Natsuno, o que você fazia por aqui?
    - Recebi um recado de que vampiros iriam te atacar.
    - De quem?
    - Riku.
    - Riku? – estranhei. Corríamos a toda velocidade pela floresta, sem poder lutar. Se continuássemos naquele ritmo talvez até sairíamos da cidade!
    - Fubuki, não podemos fugir a noite toda – falou Natsuno.
    - Eu sei, temos que lutar. – Natsuno olhou para trás, e avisou:
    - Nunca os ataque pela frente. Vampiros têm uma agilidade impressionante. As árvores podem servir de grande ajuda para nós, porém também podem ser obstáculos. Sua espada tem o poder do fogo, e a minha do relâmpago. Ou seja: use todo seu poder concentrado nela, assim a deixando ainda mais forte e útil. Ah, e lembre-se: procure sempre atacá-los no peito.
    Paramos e nos escondemos atrás de uma árvore. Os vampiros também pararam. Já estava escuro, e eles não sabiam onde estávamos escondidos. Porém percebi os cincos nos farejando. O anel roxo e dourado do Natsuno estava se transformando em sua espada.
    - Ali! – gritou um deles apontando para atrás de uma árvore perto de nós. Não entendi bem. Os vampiros foram até o lugar (uma árvore que estava na frente da árvore que estávamos escondidos) e encontraram um pano. Pegaram o pano e farejaram.
    - Nos enganaram.
    Agora eu entendia tudo: Natsuno deixara o pano lá para confundi-los.
    Ele olhou para mim e disse:
    - Agora – atacamos dois dos vampiros acertando-os no peito com nossas espadas; eles imediatamente viraram pó. Os outros três ficaram furiosos.
    - Menos dois – disse eu, já me preparando para a luta.
    - Quem vai ser o próximo? – ironizou Natsuno.
    Os vampiros rosnaram.
    Natsuno e eu já estávamos prontos para atacar, quando um dos vampiros disse olhando diretamente para mim:
    - Seus pesadelos estão apenas começando – e correu com os outros dois. Estranhei, mas não perdi tempo e os segui.
    - Ah não, vocês não vão fugir desse jeito!
    - Fubuki! – gritou Natsuno, ficando para trás. Mas, sem escolha, ele também nos seguiu. Enfim, agora éramos nós que estávamos correndo atrás dos vampiros, rumo ao lugar por onde entramos na floresta.
    - Fubuki, acalme-se – pediu Natsuno; mas minha vontade falava mais alto. Eu queria saber o que aquele vampiro queria dizer com “Seus pesadelos estão apenas começando”. Me lembrou o recado daquele motoqueiro, no centro da cidade.
    Os vampiros fugiam sem olhar para trás, até que me surpreenderam: pararam e ficaram nos esperando. Eu já tinha minha espada empunhada, e também parei. Logo Natsuno chegou até nós. Éramos nós dois contra os três vampiros.
    - Vocês querem mesmo morrer? – perguntou um dos inimigos.
    - Por que vocês estão atacando o Fubuki? – indagou Natsuno; os vampiros responderam soltando uma gargalhada horrível e muito assustadora.
    - Vou acabar com vocês, seus otários! – avisei.
    - Será? – ironizou outro vampiro. De repente, de trás das árvores e da escuridão, vários vampiros surgiram. Não sei de onde saiu tantos assim, mas percebi que era uma armadilha.
    - Nossa – me impressionei, de boca aberta.
    Olhei para o rosto de Natsuno, e vi uma expressão de muito horror.
    - De novo não – disse ele, tremendo.
    - Olha lá – disse um dos vampiros que surgira, apontando para Natsuno –, não é aquele garoto que sobreviveu da nossa ultima armadilha?
    Estranhei.
    - Ultima armadilha? – perguntei a Natsuno; mas agora saiam lágrimas de seus olhos. Então lembrei.
    - Seu desgraçado! – ele gritou. Pensei que Natsuno ia atacá-lo, mas ele parecia imóvel, como se soubesse a força do inimigo.
    Eram aproximadamente dez vampiros, fora os três que me atacara. Todos preparados para nos atacar, quando:
    - Parece que a diversão começou – disse alguém atrás de mim –, mas não me chamaram.
    - Riku? – perguntei.
    Era Riku, em carne e osso, bem atrás de nós com a sua espada Takohyusei prata em mãos.
    - Parece que isso pertence a vocês – disse ele, jogando dois potes cristalinos vermelhos cheios de pó - eu estava surpreso e, bem no fundo, feliz. Mas sabia que aquela batalha não seria nada fácil.

    Riku aparece! Muito mais vantagem para nós. Mas por que ele nos ajuda? E como será a luta? Venceremos os vampiros facilmente? Ou... morreremos em batalha? Descubra no próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Capítulo 21 - O Dia do Encontro - 1ª Parte

    Tem coisas na vida que podem ser boas para você, enquanto são péssimas para um amigo. Às vezes, por causa disso, você até se sente mal, fazendo com que essa coisa boa pareça um inimigo. Mas, na verdade, não é. É apenas uma coisa boa que não veio numa boa hora. Uma coisa que poderia vir antes ou… depois. Quase sempre essas coisas não aparecem na hora certa, mas se você não aproveitá-las mesmo nas horas erradas, talvez essa oportunidade não apareça novamente. E seu amigo poderá até ficar feliz, mas você não, e se arrependerá, quem sabe, por toda a sua vida. Por isso não é sempre que você deve desistir de algo por causa de um amigo.
    Era assim como eu me sentia.

    Era sábado, o dia do encontro com a Shimizu.
    Eu sei que eu poderia ficar mais feliz, mas sei que há uma pessoa que não está. Pelo contrário: a Zoe gosta de mim, e entende que eu gosto de outra. Mas isso não impede seu sofrimento. Ela é muito bonita e muito legal também, e não merece isso. Amor não correspondido. Tanta gente que sofre com esse tipo de situação. Apesar de eu não ser uma dessas pessoas, causo o sofrimento de uma, e isso deixa um peso na consciência, porque a pessoa é uma menina que, em pouco tempo, virou minha amiga, e uma das melhores! É uma pessoa que me entende por completo – ou quase. Ela é simplesmente a Zoe.
    Assim que me levantei escovei os dentes e desci para o café da manhã.
    Já na cozinha, avisei minha mãe:
    - Mãe, hoje vou sair, e só volto à noite.
    Ela logo estranhou.
    - Aonde você vai?
    - Na casa de um amigo – minha mãe imediatamente me olhou com malícia. – O que foi mãe?
    - Nada. Esse amigo é homem ou mulher?
    - O que você quer dizer?
    - É algum encontro? – fiquei vermelho. Minha mãe percebia tudo, e isso, de certo modo, me deixava constrangido.
    - Um encontro? Com quem? Que ideia maluca!
    - Porque você está nervoso, filho? É com a Zoe, não é?
    - Não – assim que respondi, ela afiou seu olhar, como se fizesse uma armadilha e eu caísse direitinho.
    - Ah, então realmente é um encontro! – exclamou. – Se não é com a Zoe, é com quem então?
    Ela ficou pensativa, com uma expressão de confusa, mas logo falei:
    - Mãe, eu já disse que não vou a encontro algum! Vou à casa de um amigo novo da minha sala. Só isso!
    - Ok – ela parecia ter desistido, mas eu conhecia bem a minha mãe. – Que horas você vai e a que horas volta?
    - Vou as cinco e volto antes das onze – respondi.
    - Mas por que tão tarde? Você poderia ir durante a tarde.
    E agora? O que responder? As palavras saíram automaticamente:
    - Ele joga num time de futebol, e o jogo é a tarde – apesar de muito simples, essa resposta derrubou de vez as hipóteses da minha mãe; fiquei aliviado.

    Depois do almoço, minha mãe mandou-me ir ao mercado para comprar alguns alimentos para o jantar. Saí exatamente às uma da tarde. Eu não precisava ir naquele mercado lá do centro da cidade porque iria comprar apenas algumas coisas. O mercadinho ficava perto da minha casa, a uns três quarteirões.
    Caminhei tranquilamente pelas ruas. Muito pouca movimentação, apenas algumas crianças brincando nas ruas paradas. Passei pelo parque na esperança de ver Zoe, mas nada. Enquanto passava por ali passou um filme pela minha cabeça. Quando a encontrei pela primeira vez e quando nos beijamos. Quando vi Riku, com seu rosto sem expressão. Mais tarde descobri que aquele “sem expressão” significava tristeza. Ele perdera os pais, e vivia sozinho com os tios “imbecis”, como falou. Lembrei-me dos meus primeiros dias na cidade, quando eu sentava num dos bancos e ficava me lembrando dos meus amigos de Okinawa. Quando eu me sentia só.
    Mas, graças a Deus, isso acabou. Fiz novos amigos. Natsuno, Shimizu, Zoe, Yuuki e Joe apareceram para me salvar. Encontrei uma luz no fim do túnel, e descobri que a amizade pode renascer muitos mortos. E eu era um.
    Finalmente cheguei ao mercadinho. Comprei o que tinha que comprar e fui embora. Depois decidi ir ao parque.

    Era três e alguma coisa.
    Sentei no mesmo banco que me sentara das outras vezes observando vários rapazes jogando bola. De vista já conhecia todos. O sol iluminava tudo, mas não estava muito quente. Uma brisa refrescava o clima. Aliás, era primavera.
    - Posso me sentar também? – meu coração disparou; era Zoe.
    A olhei, e vi a mesma menina linda e simpática de sempre. Zoe era sorridente. Então, como de costume, sorrimos um para o outro.
    - Claro – respondi; ela se sentou.
    - Faz tempo que não venho aqui – declarou ela.
    - Eu também.
    - Percebo que você está mais feliz.
    Olhei para ela.
    - O que quer dizer?
    - Acho que a sua solidão passou – Zoe sorriu.
    Assenti.
    - E a sua? – perguntei.
    - Não me sinto só – ela respondeu naturalmente.
    - Não se sente só? – estranhei – Uma vez você me disse que sempre quando se sentia só vinha ao parque.
    - Tenho você e a minha mãe agora – essas palavras me atingiram profundamente. Enquanto eu tinha vários amigos, Zoe só tinha um. E mesmo assim era sempre a Zoe sorridente. Isso que a fazia ser maravilhosa. Além de ser uma grande amiga, era única.
    - Vou corresponder ao máximo – respondi automaticamente; ela olhou para mim e abriu um lindo sorriso.
    - Fico feliz por saber disso.
    Quando eu estava perto da Zoe eu me sentia diferente… Me sentia melhor. Suas palavras me faziam refletir sobre a vida, e perceber que a felicidade pode estar em qualquer lugar. Zoe era um exemplo disso.
    - Você é incrível – disse a ela.
    - Hã? – ela perguntou; a olhei, e vi que estava vermelha. – Você também – ela disse.
    Ficamos mais um bom tempo ali sentados, conversando sobre a escola e o nosso cotidiano, até chegar a hora de eu ir embora. Me despedi da Zoe e fui.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Capítulo 20 - O Jogo da Superação - 2ª Parte


    Meu time inteiro estava sem ânimo, e aproveitei o intervalo para reuní-los longe do time titular. Eu percebi os problemas, então decidi ajeitar o time.
    - Parece que temos muitos erros – disse eu.
    - Parece? – ironizou Sasaki. – Esse time é uma vergonha! Como poderíamos ganhar do time titular assim?
    Olhei para ele furioso.
    - Sasaki – falei –, você foi o que mais errou nesse primeiro tempo!
    - Eu? Quem foi que deu o único chute a gol do nosso time? Me responda, Fibuki!
    - Fubuki! – o corrigi. – Tá certo, foi com você a única oportunidade que tivemos. Mas, caso você não percebeu ainda, sua posição é na lateral, e não no ataque!
    - Mas…
    - Mas nada! No segundo gol você estava na área do nosso adversário, lugar dos nossos atacantes. O time adversário viu um furo na sua posição e foi por meio dela que saiu o contra-ataque!
    Isso o deixou sem palavras.
    - Kaji, você ficará na lateral esquerda. O lateral esquerdo, Nakata, será o zagueiro. Já Inoha será o lateral direito, e Sasaki, no ataque.
    Kai olhou para mim, com certa admiração. Enquanto eu ajustava o time, o treinador Takahara ajustava o outro. Meu time foi para o gramado, e eu dei algumas instruções de jogadas. O time titular também foi para o gramado e, quando a bola já estava no meio-campo, o treinador apitou o começo de segundo tempo.
    Saída de bola. Kubo tocou para Sasaki, que recuou para Aoki, que deu um passe na esquerda para Tatsuiya. Este tentou dar um drible em Akira, mas acabou perdendo a bola. Akira dominou na lateral esquerda, passou pela linha do meio-campo e, quando pensou em tocar para Masao, Kaji o desarmou. Em seguida, tocou lá na direita para Inoha, que dominou com perfeição. Este arrancou, tabelou com Kasai e saiu livre na linha de fundo. Mas, ao invés de cruzar a bola na área, preferiu tocar para Sasaki, que vinha correndo na ponta da grande área. Sasaki, dali mesmo, arriscou um chute, a bola bateu na trave, e Joe deu um chutão para frente. Yuuki já dominou a bola no meio-campo, mas logo foi desarmado, pois não tinha alternativas: Tashima, na esquerda, já estava marcado pelo Inoha (o que me surpreendeu, pois Inoha, segundos atrás, estava no ataque); na direita Kubisha estava marcado pelo Kaji e, mais a frente, Riku e Natsuno estavam marcados pelos zagueiros: Goto e Nakata. Daí, sem alternativas, Yuuki ficou desnorteado e perdeu a bola para Aoki. Aoki, o volante, viu bem Tatsuiya passando mais a frente e lhe deu um passe em profundidade. Este saiu na meia-lua e, quando Mike ia impedí-lo, ele tocou para Kubo, que passava ao seu lado. Kubo saiu frente-a-frente com o goleiro, mas, ao invés de chutar, tocou para Sasaki, que ficou sozinho na pequena área. O novo atacante apenas teve o trabalho de empurrar a bola para o gol. 2 a 1.
    Todo mundo do meu time vibrou bastante, e o treinador e o time titular estavam extremamente surpresos. Mas rapidamente a bola foi posta no centro de campo e o jogo recomeçou.
    - Boa, Fubuki! – gritou Kai, do banco de reservas.
    - Obrigado – consegui sorrir.
    Masao vinha em velocidade, driblando todo mundo. Primeiro Kasai, depois Aoki e, por fim, Inoha. Ele ficou cara-a-cara com o zagueiro Goto e, de vez tocar para Natsuno ou Riku (que estavam sozinhos: Riku na esquerda e Natsuno na direita) ele preferiu dar o drible. Resultado: Goto chutou a bola para frente. Mas a redondinha sobrou para Yuuki, que estava livre no meio-campo. Este dominou e, rapidamente, deu um passe aéreo para Natsuno. Este dominou entrando na área e, quando sai para tentar impedir o gol, ele tentou por cobertura…
    Ia ser um golaço, e isso eu não queria. Logo naquele momento, quando meu time estava começando a se animar… Logo quando queríamos o empate. Pensei, por um momento, até em usar meus poderes de caçador (agilidade, velocidade), mas seria trapaça. A bola ia em direção ao gol em câmera lenta, e todos estavam ansiosos para ela entrar logo. Mas, quando ia cair dentro, quando ia passando da linha, apareceu Nakata, dando um chutão para cima.
    Todos se aliviaram, principalmente eu. Parecia que eu tirava um peso de uma tonelada de minhas costas. Nakata vibrou, e eu dei-lhe um abraço apertado.
    - É isso aí! – disse a ele.
    Mas a bola novamente ia sobrar para Yuuki no meio-campo. Vi sua expressão e percebi que ele já tinha algo em mente. Mas, quando ele ia dominá-la, Aoki o antecipou. Este dominou, passou por Yuuki (que ficou muito surpreso) e tocou para Kasai. Kasai, aparentemente, iria levar para a linha de fundo. Mas enganou todos, principalmente seu marcador, Joe: ele cortou o zagueiro e levou a bola por dentro. Já estava na meia-lua, quando arriscou o chute de canhota. A bola ia fazendo efeito, em direção ao cantinho, mas ia sair. Estava claro. Koboshi ainda saltou para tentar espalmá-la, mas não estava ao seu alcance. Ela ia para fora graças ao efeito, mas, surpreendentemente, apareceu Kubo, a desviando e a empurrando para o gol.
    Meu time explodiu em vibração!!! Todos correram em minha direção e se jogaram para cima de mim. Caí, com muito peso me sufocando. Mas era hora de comemorar. Todos estavam felizes, e tinham certeza que eu influenciei muito no resultado: 2 a 2.
    Takahara apitou final do jogo e, mesmo que o resultado fosse igual, nosso time estava muito mais feliz que o titular.
    Nos reunimos no centro do campo com o treinador. Todos se sentaram, exaustos, a não ser Moshio Takahara.
    - Eu sabia que esse coletivo seria ótimo – disse ele.
    - Ótimo? – falou Masao. – Você achou ótimo? Nós, empatarmos com esse time é ótimo?
    - O que você quer dizer, Masao? – indagou Sasaki, muito indignado.
    - Vocês são um bando de perdedores – falou o camisa 10. – Não acredito que pudemos empatar com vocês.
    - Mas empataram – lembrou Kubo.
    - Sorte.
    - Sorte?
    - Claro! Todos aqui sabemos que vocês, reservas, são muito inferiores à nós, titulares.
    - A ponto de sair um resultado igual? – ironizou Sasaki.
    - Como eu disse: foi sorte!
    - Ou superação – disse eu; todos me olharam.
    - Superação? – perguntou Masao.
    - Sim. Todos nós demos o nosso melhor, e conseguimos o que queríamos. Vocês fizeram o primeiro gol muito rápido, o que nos desanimou. Daí vocês dominaram o primeiro tempo. Mas no segundo, com alguns ajustes aqui e alguns ajustes ali, voltamos melhor. Fizemos um gol e ficamos mais confiantes. Depois, empatamos.
    - Inteligência também – inseriu o treinador.
    - Hã? – todos se perguntaram.
    - Como eu disse, esse coletivo foi ótimo. Não só para ver as habilidades de cada um (o que foi necessário), mas também para ver o lado psicológico de cada jogador. Por exemplo, depois do segundo gol do time titular, todos os reservas se abateram, a não ser Fubuki. Fubuki, ao invés de pensar que o jogo estava perdido, como pensou o resto de seu time, apenas reparou os erros. Então, no intervalo, fez seus ajustes necessários, levando ao empate do time. O time reserva se mostrou mais confiante após seu primeiro gol, o que o fez jogar bem, não só atacando, mas como também defendendo. O time titular não se abalou em momento algum, mas Masao sim.
    Todos olharam para o camisa 10, que se mostrou indignado.
    - Eu?
    - Sim, Masao, você. Quando ainda estava 2 a 1 para o seu time, vocês poderiam ter matado o jogo num lance onde incluía você, Natsuno e Riku. Mas você, de vez de tocar a bola para um dos dois, que estavam livres ao seu lado, preferiu fazer uma jogada individual, que não deu certo. Claro que, após esse lance, quase saiu um gol para vocês, mas não graças a você, e sim à visão de jogo do Yuuki.
     - Mas eu acabei perdendo o gol – lembrou Natsuno, com expressão de culpa e tristeza.
    - Não, Natsuno – disse o treinador. – Não foi culpa sua. Você fez certo: tentou encobrir Fubuki. Mas acontece que o zagueiro Nakata, antes lateral, tirou a bola em cima da linha. E, no lance seguinte, saiu o gol. Nesse gol foi graças à raça do novo zagueiro, que acompanhou o lance até o final, e chutou a bola para frente.
    Fiquei impressionado com a visão de jogo do treinador. Fiquei mais seguro depois dessa conversa, e me perguntei se, com ele, perderíamos algum dia.
    - Fubuki – ele falou –, meus parabéns.
    - Hã? – estranhei – Por quê?
    - Você demonstrou que é um ótimo líder.
    Fiquei muito agradecido com esse elogio. Agora que ele tocou nesse assunto, percebi que era verdade. Se não fosse meus ajustes… Se Sasaki continuasse na lateral, sempre nos contra-ataques teríamos um a menos na nossa defesa. Mas, já que coloquei ele no ataque e coloquei outro na lateral, não aconteceu isso. Mesma coisa no lance em que o zagueiro Nakata tirou a bola em cima da linha. Isso não aconteceria se ele ainda estivesse na esquerda, ao invés da zaga. E muitas outras coisas que aconteceram de bom no jogo graças a mim.
    - Obrigado, treinador – disse eu ao Takahara, sorrindo.
    - De nada – ele pôs a mão no meu ombro, satisfeito; então alguns jogadores do meu time começaram a bater palmas, depois mais, até todos ali aplaudirem, a não ser Masao, que se mostrava inconformado.
    Todos aplaudiam, e senti que eu estava vermelho. Olhei para fora do campo, na direção das meninas da nossa sala, que chegara ali há alguns segundos, e vi Shimizu olhando para mim, sorrindo. Sorri para ela, e o dia acabou assim.

    Fique atento ao próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Disputa

    Após serem exterminados, os vampiros viram pó. Então, quando vão à caça, os caçadores levam um pote especial consigo, assim recolhendo o pó do vampiro que for morto. Daí eles passam a guardar esses potes e, no final de cada 5 anos, todos os caçadores de uma determinada Tribo juntam seus potes (que é como se fossem pontos) e entregam ao Conselho dos Clãs Especiais. Isso é chamado de Disputa. A Tribo que tiver o maior número de potes é a campeã, e recebem prêmios milionários e um lindo e valioso troféu.

Tribo

    A cada mil anos, um novo Caçador Lendário nasce em um clã diferente, cujo futuro é salvar o mundo. Isso atrai a atenção dos outros clãs, tanto os honestos como os maléficos. Enquanto os maléficos tentam acabar com esse Caçador Lendário quando ele ainda não é um adulto, os outros clãs o protegem. Isso causa guerras entre clãs, por isso, há milhares de anos, se formaram as Tribos (junção de clãs para os mesmo se protegerem entre si e fundirem forças). Existem milhares de Tribos espalhadas pelos dois mundos.

Conselho dos Clãs Especiais

    É como se fosse o governo de um país. O Conselho dos Clãs Especiais serve para pôr ordem no Mundo Paralelo e evitar guerras entre Tribos. Foi criado logo após a última grande guerra que teve, há dois mil anos. É formado por vários monges e profetas. É o poder total. Eles ficam no Templo Lendário e têm uma tropa de guerreiros, divididos entre Caçadores de Elite e Sacerdotes Divinos.

Mundo Paralelo


    Existente até hoje, o Mundo Paralelo é o lugar onde ficam os palácios dos clãs especiais. Fica separado do mundo humano, e só entra membros de clãs e vampiros (ou monges, profetas e outros tipos de monstros). O Mundo Paralelo é como se fosse um planeta, mas de outra dimensão. Não é muito diferente da Terra, pois existe muita população, seja de clãs, seja de monges. Mas não há apenas monges, profetas e caçadores, pois vampiros também vivem no lugar. Lá, cada clã tem seu palácio, e cada palácio tem seu país. Seja no país do fogo (Palácio do clã Kido), país da água (Palácio do clã Mishimo), país da terra (Palácio do clã Takeda), país do vento (Palácio do clã Masaki), ou no país do relâmpago (Palácio do clã Kogori). Esses são os principais clãs, chamados de Os Cinco Grandes, que vivem em enormes palácios. Os outros clãs – os “menos-importantes” (mas há também uns grandes) – vivem em pequenos palácios, sendo juntos da população ou espalhados pelo mundo. Mas todos são fortes e muito difíceis de serem invadidos.
Um fator marcante no Mundo Paralelo é que todas as casas de lá são como de antigamente, cujos telhados deixavam com a cara do Japão Feudal. O Mundo Paralelo não é muito evoluído tecnologicamente, mas tem um poder militar muito forte.

Caçador Lendário

    Este nasce a cada mil anos. O Caçador Lendário é, com certeza, o homem mais poderoso do mundo, aquele designado a proteger o universo de vampiros e outros inimigos. Possui a espada Ko-Kyuketsuki, uma arma muito poderosa, que mede mais de dois metros de comprimento, e todo Caçador Lendário tem um Guia, aquele que o ajuda em momentos difíceis, onde é preciso seriedade e muita inteligência. Já houveram dez Caçadores Lendários até a atualidade, e o último, que ainda estava em preparação, foi morto misteriosamente. Mas, surpreendendo a todos, nasce o 11° no ano seguinte, o que seria “contra as regras da natureza”. Ninguém sabe ainda quem é este último.

Caçador

    Existem milhares de clãs especiais espalhados pelo mundo, cujo objetivo é caçar vampiros. Esses clãs, obviamente, não são normais, pois seus membros têm agilidade anormal, diferenciando-os de pessoas normais. Esses membros são chamados de Caçadores. Os Caçadores caçam vampiros e, de certa forma, protegem o mundo, tendo como objetivo recolher o pó dos vampiros (pois estes viram pó quando exterminados) e entregar, todo final de 5 anos, ao Conselho de Clãs Especiais. Daí a Tribo que tiver o maior numero de potes cheios do pó é a campeã.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Capítulo 20 - O Jogo da Superação - 1ª Parte


    Aquilo estava muito estranho.
    Será que eu sou sonâmbulo? Ou… entrou alguém no meu quarto durante a noite?
    - Fubuki? – chamou minha mãe; eu estava nas nuvens, pensando no assunto. – Ainda está dormindo? – ironizou. – E por que está soado?
    - Não sei – respondi.
    - Depressa, você está atrasado!!
    Daí, ainda estranhando não só o sonho, mas como o fato de a minha porta estar trancada, fui para o banheiro para me arrumar para ir à escola.

    Já no colégio, me encontrei com a mesma turma de sempre. Depois entramos e, já na sala, começamos os estudos..

    Depois da última aula, tocou o sinal. Como ontem, todos os meninos, ao invés de ir embora, fomos para o campo da escola, pois iríamos treinar.
    - Hoje o treino será um coletivo – disse o treinador Takahara quando já estávamos todos reunidos.
    O campo ficava ao oeste do bosque, a uns trinta metros do prédio escolar. Perto do campo havia duas quadras, já um pouco mais distante do edifício. Seria numa delas que Shimizu e as outras meninas treinaria handebol.
    - Professor – chamou Masao –, você não acha que é muito cedo para um coletivo?
    - Muito cedo? – ironizou Moshio. – Masao, por acaso você quer treinar o time no meu lugar? – isso deixou o garoto sem graça e o treinador com uma sensação de durão.
    - Não, senhor – respondeu Masao, em tom de desculpas.
    - Então vamos começar. Dois tempos de quinze minutos cada, com um intervalo de cinco – todos se espantaram. – Ah, e será o time titular contra o time reserva – todos ficaram mais surpresos ainda.
    - Mas isso é muita injustiça – disse eu.
    Ele olhou para mim com raiva, como se quisesse me bater – e, por um momento, tive até uma sensação de ele ser um vampiro!
    O treinador Takahara apenas montou os times:

TITULAR:

GOL- Koboshi
ZAG- Joe
ZAG- Mike
LTD- Akira
LTE- Tashima
VOL- Yuuki
MCD- Kubisha
MCE- Ozoki
MCO- Masao
ATA- Natsuno
ATA- Riku

    - Pronto – disse Takahara. – O time titular já está pronto. Falta o reserva.
    - Treinador – disse Natsuno. – Estamos com graves problemas no time reserva.
    - Graves problemas?
    - Sim. Não temos atacantes e nem goleiro.
    - Isso deixa comigo. – Takahara pegou sua prancheta e começou a escrever. Depois mostrou a todos nós:

TIME RESERVA

GOL-
ZAG- Inoha
ZAG- Goto
LTD- Sasaki
LTE- Nakata
VOL- Aoki
MCD- Kasai
MCE- Tatsuiya
MCO- Akahoshi
ATA- Kaji
ATA- Kubo

    Todos ficaram surpresos.
    - Sou meio-campo de origem – disse Kaji. – Mas talvez eu dê certo no ataque.
    - Eu também – disse Kubo.
    - Mas ainda falta o goleiro – falou Masao ao treinador.
    Olhei para Takahara e, não sei por que, eu sabia que a vítima seria eu.
    - Será Fubuki ou Kai – observou Yuuki.
    - Você – disse o treinador, apontando pra mim.
    - Mas eu nem sou goleiro – tentei me defender.
    - Acho que não temos nenhum goleiro no time reserva. Mas é só hoje.
    Não tive nada a fazer a não ser aceitar.
    - Bom – disse o treinador –, agora que já temos os times, vamos começar!!!
    Todos fomos para o gramado. O time titular com colete amarelo e o reserva com um vermelho. Nos posicionamos, o treinador pôs a bola no centro do campo e apitou: o jogo começou.
    Foi tudo muito rápido: Natsuno tocou a saída de bola para Riku, que recuou para Yuuki. Este tocou para o lateral esquerdo, Tashima, que correu e tabelou com Ozoki, saindo na linha de fundo. Depois mandou a bola para a área, e Riku cabeceou quase livre na marca do pênalti. A bola ia no cantinho, mas consegui desviá-la com as pontinhas do dedo, e ela foi na trave! Mas voltou para Natsuno sozinho na pequena área, que fez o gol. 1 a 0.
    Natsuno comemorou, e o treinador se mostrou feliz. Fiquei muito indignado com ele, pois era muita desvantagem. Olhei para meu time e todos estavam desanimados. Durante os toques de bola do time titular, percebi que o time todo estava mal posicionado: o lateral direito (Sasaki) não ficou na sua posição, pois subiu demais. E o zagueiro Inoha ficou parado no meio-campo o tempo inteiro.
    Peguei a bola no fundo do gol e a joguei para Kubo. Ele a pôs no centro de campo e, quando já estavam todos posicionados, Takahara autorizou a saída de bola.
    Kubo tocou para Kaji, que tentou dar um passe na lateral direita, mas Sasaki estava adiantado para pegar a bola, então a mesma saiu para lateral.
    Tashima cobrou o arremesso lateral, e Masao pegou na bola. Kaji tentou desarmá-lo (o que foi estranho, pois ele estava muito recuado para sua posição), mas Masao se livrou facilmente e tocou a bola para Kubisha, que passava correndo. Este dominou a bola, e percebi que havia apenas um zagueiro (Goto), e o lateral esquerdo estava na nossa área. Kubisha tocou para Riku, que ajeitou se livrando de Goto e, dali da meia-lua da frente da área, arriscou um chute. A bola explodiu no travessão e foi para fora.
    Todos se surpreenderam, pois o chute foi muito forte. Acho que nem com cinco goleiros daria para impedir o gol.
    Peguei a bola para cobrar o tiro de meta e toquei na lateral esquerda para Nakata. Ele correu com a bola até o meio de campo, e tocou para Aoki. Ele tabelou com Tatsuiya e deu um passe para Akahoshi. Percebi que Kaji (que era atacante) não acompanhara a jogada, e Sasaki estava muito adiantado. E foi para ele o passe: Akahoshi, que estava de frente com a área, deu um passe para Sasaki, que penetrava na grande área. Ele estava extremamente livre, pois a linha de defesa errou. Sasaki ficou cara a cara com Koboshi e chutou, mas o goleiro defendeu e espalmou para escanteio.
    Fiquei até feliz, pois para um time que mal pegava na bola já tínhamos um ataque ótimo.
    Kasai foi cobrar o escanteio. Ele mandou a bola para a área, mas Joe tirou. Yuuki já dominou na meia-lua da área e arrancou. Percebi que havia um furo na lateral direita, pois Sasaki estava na área do inimigo! Yuuki percebeu isso também, e deu um passe para Ozoki, que ficou livre. Este correu em velocidade máxima, passou pela linha do meio-campo e, quando finalmente ia aparecer um zagueiro nosso, Ozoki tocou para Masao mais a frente. Masao estava perto da área, e vi que o outro zagueiro ainda estava no meio de campo. O camisa 10 conduziu a bola até a meia-lua, até aparecer Nakata. Daí ele deu um corte e tocou para Natsuno, que penetrava na área. Natsuno dominou a bola, olhou para o gol e chutou no canto: gol.
    Fiquei furioso com o meu time, pois no contra-ataque do time titular apenas Nakata, Goto e Aoki voltaram para o campo de defesa. Natsuno não comemorou, e o treinador apitou final do primeiro tempo.

Capítulo 19 - Natsuno Explica - 3ª Parte


    Assim que cheguei subi ao meu quarto.
    Tomei um banho e me vesti. Depois desci para a sala, onde minha mãe estava assistindo.
    Sentei-me num sofá, e ela estava deitada no outro.
    - Fubuki – disse ela –, seu tio Michael passará umas semanas conosco.
    - O tio Michael? – perguntei. – Por quê?
    Meu tio Michael era muito legal, irmão de consideração da minha mãe. Como vocês sabem, ela é adotada. Os pais adotivos da minha mãe já tinham Michael como filho biológico quando a adotaram. Ele é cinco anos mais velho que ela, mas minha mãe é, claramente, muito mais madura que ele.
    Antes de vir para Tóquio, eu morava em Okinawa com a minha mãe. Morávamos bem ao lado dos meus avós, e meu tio Michael morava com eles. Por isso estranhei a notícia da minha mãe.
    - Mãe, o tio Michael foi expulso de casa? - estranhei.
    - Claro que não, filho – respondeu ela, rindo. – Ele está prestes a se casar, e está procurando um lugar para morar aqui em Tóquio.
    - Meu tio vai se casar?
    - Vai sim. Parece que ele conheceu a moça por acidente, e os dois se apaixonaram à primeira vista.
    Nunca imaginei que meu tio Michael fosse se casar um dia, pois ele é meio… irresponsável. Quando ficávamos juntos, na minha infância, brincávamos de muitas coisas. Ele tem um jeito moleque, apesar da idade. Mas sua aparência não demonstra nada da realidade, pois ele parece frágil, mas é faixa preta em Artes Marciais. Afinal, foi ele quem me ensinou tudo o que sei, e seu sonho é montar uma academia de Kung Fu.
    De qualquer modo eu estava feliz.
    - Quando ele vai vir?
    - Acho que semana que vem ou na outra.
    Depois disso, minha mãe preparou o jantar, jantamos e fui dormir.
    Na minha cama lembrei-me de uma coisa: não fui ao parque procurar por Zoe.
    Droga! Como isso foi acontecer?
    Sinto muitas saudades dela, e preciso vê-la.
    Mudei meus pensamentos para Riku.
    Ele mudara muito de ontem para hoje. Percebi que seus olhos não estavam mais cheios de raiva, e ele, aparentemente, tinha deixado de querer atacar Yuuki.
    Yuuki também estava muito estranho. Será que houve alguma coisa entre os dois?
    Acho que tem algo que não estou sabendo…
    Dormi.

    Eu estava num lugar, que parecia o nada. Tudo estava vermelho, com algumas névoas e estrelas brancas. O lugar me dava a sensação de estar num forno, e eu soava muito.
    Então vi a imagem da minha mãe.
    - Fubukiiiiii… - gritava ela com ecos, enquanto sua imagem se distanciava.
    - Mããããããããeee… - gritei.
    De repente uma voz, também produzindo ecos:
    - Vamos fazer um trato: sua mãe por você.
    Depois a de Natsuno (também com ecos) que parecia um pouco assustada:
    - Fubuki, o que está havendo com você?
    Agora aparecia a imagem da Shimizu assustada:
    - Fubuki, me ajuda!! – sua voz também com ecos.
    - Shimizu, não!
    Apareceu, depois da Shimizu, a imagem da Zoe, e ela dizendo:
    - Vou tentar rastreá-la – então ela fechou os olhos e começou a brilhar.
    Eu estava assustado, frente à imagem da Zoe, que brilhava muito. Depois ela desmaiou.
    - Zoe! – gritei, tentando segurá-la para impedir que caísse. Mas percebi que era apenas um espírito, pois ela atravessou meus braços. Então Zoe caiu no chão e desapareceu.
    Senti algo muito forte: tristeza.
    De repente apareceu a imagem do meu pai e do Natsuno se distanciando, ambos tristes:
    - Nãããããããããããããããããoooooo… - gritei.
    Então tudo apagou.
    Agora eu estava no completo escuro.
    - Fubuki – disse uma voz desconhecida, aparentemente de um homem de idade.
    - O quê? – perguntei.
    - Você pode salvá-los.
    Estranhei.
    - Posso? Mas como?
    - Basta aceitar o seu destino.
    - Que destino?
    - Você saberá...
    Então, de repente, as vozes dos meus pais, Shimizu, Zoe e Natsuno:
    - Fubuuukiiiiiiiiiiii… - todas juntas em eco.

    Acordei.
    Olhei para o lado de fora da janela e percebi que já era de manhã.
    - Fubuki! – gritou minha mãe, batendo na porta.
    - Hã? – perguntei. – Mãe?
    - Filho, você está atrasado! Tem de ir pra escola.
    Olhei a hora e vi que era verdade, não daria tempo nem de eu tomar café.
    Levantei rapidamente e abri a porta.
    Minha mãe perguntou:
    - Por que trancou a porta?
    Me estremeci por completo.
    - Eu não tranquei nada.
    O que havia acontecido?
 
    Que estranho! Não me lembro de ter trancado a porta! E aquele pesadelo, seria outra mensagem oculta? Por que era muito… assustador. Aquela voz… Sinto que já a ouvi antes, mas de onde? Oh meu Deus, como ser caçador é difícil. Quer ver o que vai acontecer daqui pra frente? Então descubra nos próximos capítulos de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

quinta-feira, 13 de junho de 2013

2ª Mensagem

    Pessoal, antes que vocês se confundam quero avisar que, mesmo a história se passando no Japão, o sistema escolar é parecido com o daqui do Brasil. Vejam:

*Entrada: 7h00
*Saída: 12h20
*São 6 aulas por dia. Cada aula dura 50 minutos e o intervalo dura 20.
*Começo do ano letivo: início de abril
*Fim do ano letivo: final de fevereiro
*Férias: de primavera (março), de verão (meio de julho até meio de agosto) e de Ano Novo (final de dezembro ao início de janeiro).
Obs.: Fubuki está no primeiro ano do ensino médio.

    Bom, acho que isso facilita um pouco o entendimento da história. Aliás, espero que vocês estejam gostando =)
    Não se esqueçam de continuar acompanhando e de comentar bastante!!! rs'
    Um abraço!!!

Capítulo 19 - Natsuno Explica - 2ª Parte


    - Vovó, cheguei! – gritou ele, assim que entramos.
    - Está bem, Natsuno – respondeu uma senhora na cozinha.
    Senti um cheiro muito bom, e percebi que vinha de lá.
    - Minha vó é uma ótima cozinheira – comentou o garoto.
    Subimos as escadas e chegamos a um corredor. Entramos no primeiro quarto da direita, que era enorme – pelo menos tinha o dobro de tamanho que o meu!
    Havia a cama de Natsuno, com algumas estantes de livros e de brinquedos nas paredes. Ao lado da cama havia um computador e, em frente, uma cômoda com uma TV de 50 polegadas e um PS3. A janela tinha visão para as belas ruas e casas do bairro e, perto do guarda-roupa, havia um banheiro.
    - Natsuno, você é rico? – perguntei.
    Ele olhou para mim como se eu estivesse louco.
    - O prêmio que recebemos do conselho é dinheiro. Você não sabia?
    - Acho que não – respondi.
    - Cara, acho que sei o porquê.
    Ele pôs sua mochila em cima da cama.
    - Aposto que seus tios paternos ainda estão no Brasil – disse ele.
    - É… - confirmei. – Como você sabe?
    - Meu pai e o seu são grandes amigos. Nossos clãs são enormes, mas a maioria dos meus parentes moram no Palácio do Relâmpago, que fica no Mundo Paralelo. Então eles nem usam muito o dinheiro que ganhamos. Já seu clã, acho que a maioria mora aqui na terra, por isso o dinheiro que sobra para o seu pai nem é tanto.
    Acho que é verdade, pois meu pai tem uma familia enorme no Brasil. Tios, primos, irmãos...
    - Mas todos os clãs são enormes? – perguntei.
    - A maioria. Há alguns que nem tanto, e outros extintos. E o clã Takeda é um deles…
    Isso me deixou com certa pena.
    - Hiroshima… - falou Natsuno. – Você já soube, né?
    - Sim – respondi. Eu sabia que ele havia morrido, mas não sabia que era o último membro, ainda mais de um dos Cinco Grandes!
    Natsuno foi até o guarda-roupa e abriu uma das portas.
    - Bom, isso é o meu trabalho – disse ele, mostrando vários potes especiais, todos de cor vermelha.
    - Caramba, você já matou muitos vampiros - fiquei surpreso.
    - Os últimos dois títulos são da nossa Tribo, por isso temos que honrar nossos pais e tios.
    - Então o que estamos esperando? – falei entusiasmado – Vamos caçá-los!
    Natsuno parecia meio triste.
    - O único problema é que o conselho permite apenas trabalho de equipe.
    - Trabalho de equipe? Como assim?
    - Não posso caçar vampiros, a menos que outros dois caçadores ou mais venham comigo.
    - Mas por que você chegou atrasado naquele dia na escola?
    - Por que eu me encontrei com o meu pai.
    - E quanto a esses potes? Não são desse ano?
    - São… - sua voz falhou. Percebi que Natsuno estava triste, segurando lágrimas.
    - Que foi, Natsuno? – perguntei.
    - Em Janeiro desse ano, quando eu e a minha equipe caçávamos vampiros…
    - O que houve? Aconteceu alguma coisa?
    Escorreu uma lágrima no rosto dele.
    - Caímos numa cilada. Fomos cercados por vampiros e… - sua voz novamente falhou.
    - Entendo.
    Percebi o que Natsuno queria dizer. Sua equipe morreu, mas ele não conseguia falar. Isso é muito difícil… perder amigos…, e desse assunto eu entendo perfeitamente. Mas o caso de Natsuno era diferente, pois ele não estava apenas longe de seus amigos, eles morreram.
    Ele olhou para mim, e percebi que Natsuno estava mais confiante.
    -Precisamos de mais uma pessoa. Até três é permitido para caçar vampiros, e já somos dois.
    - Podemos chamar Riku – sugeri.
    Natsuno olhou para mim.
    - Você está maluco? Riku faz parte da Tribo rival, não podemos chamá-lo.
    - Oh, meu Deus. Quem então?
    - Precisamos resolver esse problema. Vou falar com o meu pai essa semana para ver se ele consegue alguém para nós.
    - Está bem.
    Olhei para o relógio e vi que já estava tarde.
    - Natsuno, já vou indo.
    - Mas já?
    - Cara, minha mãe é muito chata. Deve estar preocupada comigo.
    - Liga pra ela.
    - Não vai dar. Não posso deixá-la sozinha em casa, ainda mais com vampiros atrás de mim.
    - Ok – disse ele.
    Então saímos do quarto dele e descemos.
    Depois me despedi de Natsuno – percebi que ele ficou triste, acho que devido a morar num lugar muito vazio, sem poder ter amigos – e rumei para casa.

Capítulo 19 - Natsuno Explica - 1ª Parte


    Depois de nos despedir de Yuuki e Joe, Natsuno e eu caminhamos em sentido leste da escola, pois ele começaria a explicar a origem da rivalidade entre meu clã e o do Riku.  
    - Fubuki – iniciou Natsuno –, esse negócio de caçar vampiros existe a mais de dez mil anos.
    - É, isso eu já sei – o interrompi. – Continue.
    - A cada mil anos, nasce um Caçador Lendário, aquele guerreiro especial, que tem o poder de salvar o mundo.
    - Tipo, hã, o mais forte?
    - Exato – respondeu ele. – O 1° Caçador era do clã Kido, e ele tinha o mesmo nome que você. Esse caçador salvou o mundo depois que derrotou Onikira, que era o Deus dos Vampiros.
    - Ah, então eles tinham um deus?
    - Tinham… quer dizer, têm.
    - Como assim “têm”?
    - Porque o 1° Caçador não o matou, apenas o aprisionou num templo do Mundo Paralelo. Inclusive há um clã que é o guardião da tumba de Onikira.
    - Tá – disse eu.
    Já tínhamos andado muito, atravessando muitas avenidas e passando por ruas movimentadas, e percebi que estávamos numa zona nobre da cidade.
    - E, como eu disse, um novo Caçador Lendário nasce a cada mil anos, então nasceu o 2° e, quando nasceu o 3°, que era do clã Kogori, o clã Masaki, na época o clã malvado mais temido, tentou o assassinar quando ele ainda era um bebê.
    - Mas por quê? – perguntei.
    - Oras, porque, como eu disse, o Caçador Lendário é o único que pode salvar o mundo. Daí o clã Masaki queria o assassinar, assim podendo dominar tanto o Mundo Paralelo, quanto o Mundo Humano.
    - Quê mais?
    - Eles não conseguiram, pois o clã Kido o protegeu. Daí nasceu a maior rivalidade entre clãs, então, como não venceu, o clã Masaki decidiu se fortificar, fazendo alianças com outros clãs malvados, assim dando origem às Tribos.
    - E essas Tribos começaram a aparecer – adivinhei.
    - Isso, começando pelo clã Kido, que conseguiu fazer aliança com os outros três grandes. Depois os clãs médios e pequenos fizeram várias alianças entre si, daí passou a existir o Conselho dos Clãs Especiais.
    Isso me deixou meio confuso.
    - E pra quê serve esse conselho? – perguntei.
    - É como se fosse o governo de um país, mas, no caso, do Mundo Paralelo. Esse conselho é composto por Monges e Profetas, e são eles quem organizam as Disputas, que vence aquela Tribo que tiver o maior número de potes especiais no final de cada cinco anos.
    - Entendi. Então quer dizer que os nossos clãs fazem parte da mesma Tribo?
    - Isso mesmo. E adivinha: nossa Tribo é a atual campeã.
    Natsuno parecia muito orgulhoso de si, pois estava sorrindo para si próprio.
    Finalmente chegamos à sua casa, que me surpreendeu:
    - Caramba, Natsuno, sua casa é… demais!
    E era verdade, pois a casa era enorme e muito bonita. O telhado, as paredes, as janelas e portas… Tudo! Tinha até um pequeno jardim.
    - Vem – Natsuno me chamou. – Vou te mostrar umas coisinhas.
    Fomos para a porta e ele a abriu.

sábado, 1 de junho de 2013

Capítulo 18 - Consciência Pesada - Parte Única


    Quinta-Feira.
    Uma semana depois… do beijo.
    Lembro que na quinta passada a beijei e, dali em diante, nossa relação mudou muito. Eu e Zoe nos conhecemos na quarta e na quinta já havíamos no beijado! Ela disse que gostava de mim, mas, infelizmente, eu gostava de outra garota.
    Ficou tudo entendido entre mim e aZoe, mas eu sentia muita pena dela. Não queria magoá-la, mas não tinha outro jeito. Zoe é uma grande amiga, e entendeu que eu gosto da Shimizu - ou pelo menos eu acho.
    Hoje somos grandes amigos, mas já faz tempo que não a vejo.
    - Hoje vou ao parque – falei a mim mesmo, com esperança de encontrá-la lá.
    Me levantei e fiz minha rotina.
    Depois fui tomar café com a minha mãe.
    Já na mesa:
    - Mãe, hoje voltarei mais tarde da escola.
    - Por quê? – ela perguntou, nos servindo.
    - Estou no time de futebol da minha sala e hoje vamos treinar para o campeonato.
    - Entendi – ela se sentou. – E a Zoe, Fubuki?
    Fiquei completamente vermelho.
    - É… hã, a Zoe? O-o quê que tem a Zoe?
    - Nunca mais a viu? – minha mãe olhava para mim com ironia, o que me deixava constrangido.
    - Mãe, se você está pensando alguma coisa a mais, eu logo aviso: Zoe e eu somos apenas amigos!
    - Não falei nada… – ela se fazia de inocente.
    Comecei a tomar meu café.
    - Mas seu pai e eu começamos sendo amigos – comentou.
    - Mãe!
    - Ah, desculpa, eu só estava avisando.
    - Não precisa – eu já estava ficando zangado.
    - Fubuki, Zoe é uma ótima menina, então não tem problema vocês namorarem. Pelo contrário, acho que ela é ideal para você, pois ela é inteligente, tem juízo e… vamos combinar?… ela é muito bonita.
    - É, muito bonita – concordei, pensando no lindo rosto dela. Então percebi que estava nas nuvens e voltei à realidade, onde a minha mãe me olhava com malícia.
    - Eu sabia! – ela falou sorrindo.
    - Sabia o quê?
    - Que vocês se gostam.
    Minha mãe, de certo modo, estava certa. Mas ela ainda não sabia de tudo.
    - Mãe, é bobagem sua. Somos apenas amigos.
    Então fiquei pensando se com a Zoe é assim, imagine se ela soubesse sobre a Shimizu. Aí seria chatice dupla!
    Quero nem imaginar.
    Depois que terminei o café, peguei minha roupa de esportes, guardei na mochila e fui para a escola.

    Como sempre, encontrei Natsuno, Joe e Yuuki no campus do colégio Matsumoto. Depois entramos.
    Já na sala, cumprimentei Shimizu:
    - Oi.
    - Oi, Fubuki.
    Shimizu era linda, mas, ao mesmo tempo em que eu me sentia feliz perto dela, eu me sentia culpado também, pois enquanto estava aqui Zoe estava sofrendo de solidão e tristeza. Eu sei que ela entendeu o fato de eu gostar de outra, mas isso não evitaria seu sofrimento.
    - Fubuki, algum problema? – perguntou Shimizu, vendo que eu estava pensativo.
    - Não…
    - Que horas é o seu treino?
    - Treino? Que treino?
    - De futebol – ela respondeu, me olhando com certa ironia.
    - Ah! Das uma às três da tarde – respondi. – E o seu?
    - O meu começa uma e meia.
    - Legal… Bom, acho que tenho que ir.
    - Até mais – ela sorriu.
    Então fui para a minha carteira, que ficava perto da janela.
    Logo em seguida o professor chegou, e todos já estavam em seus lugares.
    Passou a primeira aula, a segunda e, por fim, a terceira.
    Hora do intervalo.
    Descemos para o pátio.
    Quando já estávamos numa mesa, decidi perguntar para o Natsuno:
    - Natsuno, você se lembra de quando você falou desse tal de Shin para mim?
    - Lembro – respondeu ele. – Por quê?
    - Porque você falou que ele é um traíra… Por quê? Ele não caça vampiros?
    - Caça. O único problema é que ele é de um clã do mal.
    - Clã do mal? – estranhei.
    - Você não acha que há apenas clãs do bem, acha?
    - Bom, na verdade eu achava sim - admiti.
    - Seu pai não te contou sobre os potes de vidro especiais?
    - Potes de vidros… Ah!, é aqueles que, quando um vampiro vira areia, tem de colocar dentro?
    - Isso mesmo – respondeu Natsuno.
    Joe ficou nos olhando, estranhando nossa conversa. Aliás, não era normal haver vampiros que viram areia. Ou melhor, não era normal haver vampiros!
    - Fubuki – falou Natsuno –, sempre que um vampiro é exterminado, ele tem de ser posto num pote, pois, todo fim de cinco anos, eles são recolhidos.
    - Recolhidos – repeti.
    - Então, a Tribo que tiver o maior número de potes nesse período é a campeã.
    - Ou seja – disse Yuuki –, é como se cada vampiro exterminado fosse um ponto.
    - Exatamente.
    - Mas não entendi a parte Tribo – disse eu.
    - Há milhares de anos, quando teve a primeira guerra entre clãs, esses fizeram alianças com outros para se fortificarem. Daí nasceu as Tribos.
    - Então quer dizer que já houve guerras?
    - Claro! – respondeu Natsuno. – Por exemplo: o clã Ryozukiba era o clã arquirrival do clã Yotsoba. Mas sabe o que aconteceu? A princesa de Ryozukiba e o herói centenário do clã Yotsoba se apaixonaram, aí tiveram romances às escondidas e acabaram tendo um filho. Mas um ninja do clã Hoshimuro, que era apaixonado pela princesa, de ódio, matou o herói do clã Yotsoba. Então, graças à fúria da princesa e à fúria do clã Yotsoba, iniciou-se uma guerra contra o clã Hoshimuro, mas, como eram mais fracos, decidiram se juntar. Daí nasceu o clã Ryotsoba.
    - Caramba! – disse Joe, impressionado.
    Mas eu estava muito confuso.
    Herói centenário, princesas, rivalidades…
    - Natsuno, há quantas Tribos? – perguntei.
    - É, Fubuki, estou vendo que terei de te explicar a história toda do passado.
    - Então vamos lá – brinquei, sorrindo. – Pode começar.
    - Ok – ele disse. – Há milhões de clãs espalhados pelo Mundo Paralelo. Mas, dentre todos esses clãs, existem os menores, os médios e os maiores. Os menores são como se fosse pessoas normais morando em cidades. Esses clãs se misturam facilmente, como acontece com as pessoas da Terra.
    Fiquei meio confuso nessa parte: “pessoas da Terra”. O que ele quis dizer com isso?
    Ele continuou:
    - Já os clãs médios vivem em pequenos palácios, mas também moram em cidades. Porém, ficam em lugares que, aqui na Terra, receberia o nome de condomínios.
    - Tá – falei.
    - E os maiores são os que têm enormes palácios. Dentre eles se destacam os Cinco Grandes.
    - Cinco Grandes?
    - Sim, cada um representa um elemento: a água, a terra, o fogo, o ar e o relâmpago – Natsuno parecia orgulhoso de si, eu só não entendia o porquê. – Dentre esses cinco grandes tem o clã Takeda, Mishimo, Masaki, Kogori e, o principal, o clã Kido.
    - Então quer dizer que eu faço parte do principal clã que existe? – perguntei, meio surpreso.
    - Você não sabia? Cara, você está muito desinformado! Aposto que você não sabe nem que elemento seu clã representa!
    - Fogo? – chutei.
    - Isso. Como você sabe?
    - Ah, Natsuno, você acha que eu não percebi pela cor da minha espada? Sei que você é do relâmpago e o Riku… do vento. Estou certo?
    Na verdade não era só isso. Percebi que no calor eu me sentia mais vivo e eu, por mais incrível que pareça, nunca me queimei. Nem quando coloquei a mão sem querer numa das bocas do fogão da minha antiga casa.
    - Sim, mas você sabe que o clã Masaki é o maior rival do Kido?
    - Verdade? Por quê?
    - Cara, é uma longa história…
    Disso eu não sabia. Então seria por isso que Riku me olhava daquele jeito? Bom, mais uma coisa para nos deixar como rivais, e isso me deixava feliz.
    E, novamente, Zoe me veio à cabeça. Consciência pesada, confusão... Eu sabia que estava apaixonado pela Shimizu, mas também não tirava Zoe da cabeça. Eu me culpava muito porque sabia o que ela estava sentindo nesse momento, e isso me atrapalharia no futuro com certeza.
    Bateu o sinal, e todos voltamos para a sala.

    Quando deu a hora de ir embora, os garotos da nossa sala desceram para o ginásio, que ficava perto da área de atividades da escola.
    No vestiário nos trocamos e fomos para o campo de futebol, onde o treinador de Educação Física nos esperava.
    - Bom dia, alunos! – disse ele.
    - Bom dia! – respondemos em uníssono.
    - Como vocês sabem sou o professor de Educação Física de vocês e, a partir de hoje, serei seu treinador de futebol também. Meu nome é Moshio Takahara, e gostaria que vocês se apresentassem e que dissessem em que posição jogam.
    Daí todos se apresentaram.
    No final, havia, além dos titulares que eu já sabia o nome, Sasaki, Aoki, Nakata, Inoha, Goto, Kasai, Tatsuiya, Akahoshi, Kaji e Kubo, além de mim e do Kai.
    Percebi que não havia mais nenhum atacante além do Natsuno e do Riku, mas nas outras posições estava tudo normal.
    Masao mostrou ao treinador a folha do time titular, e depois começamos o treino.
    O dia estava muito ensolarado, mas não fazia muito calor.
    Primeiro nos aquecemos com atividades físicas básicas, depois corremos em volta do campo e treinamos passes longos e curtos. Enquanto o único goleiro do time era treinado pelo treinador num dos gols, alguns garotos treinavam chutes de falta e pênaltis em outro, dentre eles estavam Masao, Riku, Sasaki e Ozoki. Treinamos também “bolas paradas” (escanteios e faltas de longa distância) e dribles.
    Daí percebi que apenas Kai não treinava, ele parecia com medo de alguma coisa.
    Ele estava no banco, então decidi ir chamá-lo:
    - Ei, Kai, vamos treinar!
    - Não, não – respondeu ele. – Hoje não estou afim.
    - Vamos cara, você não pode perder.
    - É sério, Fubuki, prefiro ficar aqui.
    Vi que eu não podia fazer nada, então apenas me lamentei e voltei ao treino.
    Quando já estava quase no final do treino, apareceram umas meninas (do grupo do handebol da nossa sala) perto do campo, todas gritando o nome de Masao, Natsuno e de alguns outros garotos do grupo dos populares da sala.
    Mas o que me surpreendeu foi que, enquanto gritavam esses nomes, começaram a gritar o meu também! Isso me deixou com vergonha, pois normalmente eu não era popular entre as garotas. Olhei para elas e percebi que a única que não gritara o tempo todo era Shimizu. Ela parecia com… ciúmes? Isso mesmo, pois enquanto as meninas gritavam meu nome Shimizu as olhava com uma certa raiva.
    Meus olhos e os da Shimizu se encontraram, e acenei para ela. Ela sorriu. Mas logo me lembrei da Zoe, do sofrimento que ela estava passando, do beijo...
    Depois as meninas foram embora e o nosso treino acabou.
    - Bom, turma – disse o treinador Takahara –, acabou por hoje. Amanhã nos encontramos aqui na mesma hora. Até mais.
    Nos despedimos e fomos embora.
    Já no campus, quando eu ia me despedir de Natsuno, Yuuki e Joe, decidi perguntar:
    - Natsuno, você vai me explicar agora sobre a rivalidade entre o meu clã e o do Riku?
    - Está bem – disse ele. – Você pode ir à minha casa?
    - Ah, vamos – respondi, curioso para saber onde ele morava.
    Então nos despedimos de Yuuki e do Joe, e caminhamos sentido leste da escola.
 
    Agora começará as explicações. Natsuno me explicará algumas coisas do mundo de nossas famílias, e estou muito ansioso. Você também está? Quer saber um pouco sobre esse misterioso e emocionante passado? Então descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^