quinta-feira, 13 de junho de 2013

Capítulo 19 - Natsuno Explica - 2ª Parte


    - Vovó, cheguei! – gritou ele, assim que entramos.
    - Está bem, Natsuno – respondeu uma senhora na cozinha.
    Senti um cheiro muito bom, e percebi que vinha de lá.
    - Minha vó é uma ótima cozinheira – comentou o garoto.
    Subimos as escadas e chegamos a um corredor. Entramos no primeiro quarto da direita, que era enorme – pelo menos tinha o dobro de tamanho que o meu!
    Havia a cama de Natsuno, com algumas estantes de livros e de brinquedos nas paredes. Ao lado da cama havia um computador e, em frente, uma cômoda com uma TV de 50 polegadas e um PS3. A janela tinha visão para as belas ruas e casas do bairro e, perto do guarda-roupa, havia um banheiro.
    - Natsuno, você é rico? – perguntei.
    Ele olhou para mim como se eu estivesse louco.
    - O prêmio que recebemos do conselho é dinheiro. Você não sabia?
    - Acho que não – respondi.
    - Cara, acho que sei o porquê.
    Ele pôs sua mochila em cima da cama.
    - Aposto que seus tios paternos ainda estão no Brasil – disse ele.
    - É… - confirmei. – Como você sabe?
    - Meu pai e o seu são grandes amigos. Nossos clãs são enormes, mas a maioria dos meus parentes moram no Palácio do Relâmpago, que fica no Mundo Paralelo. Então eles nem usam muito o dinheiro que ganhamos. Já seu clã, acho que a maioria mora aqui na terra, por isso o dinheiro que sobra para o seu pai nem é tanto.
    Acho que é verdade, pois meu pai tem uma familia enorme no Brasil. Tios, primos, irmãos...
    - Mas todos os clãs são enormes? – perguntei.
    - A maioria. Há alguns que nem tanto, e outros extintos. E o clã Takeda é um deles…
    Isso me deixou com certa pena.
    - Hiroshima… - falou Natsuno. – Você já soube, né?
    - Sim – respondi. Eu sabia que ele havia morrido, mas não sabia que era o último membro, ainda mais de um dos Cinco Grandes!
    Natsuno foi até o guarda-roupa e abriu uma das portas.
    - Bom, isso é o meu trabalho – disse ele, mostrando vários potes especiais, todos de cor vermelha.
    - Caramba, você já matou muitos vampiros - fiquei surpreso.
    - Os últimos dois títulos são da nossa Tribo, por isso temos que honrar nossos pais e tios.
    - Então o que estamos esperando? – falei entusiasmado – Vamos caçá-los!
    Natsuno parecia meio triste.
    - O único problema é que o conselho permite apenas trabalho de equipe.
    - Trabalho de equipe? Como assim?
    - Não posso caçar vampiros, a menos que outros dois caçadores ou mais venham comigo.
    - Mas por que você chegou atrasado naquele dia na escola?
    - Por que eu me encontrei com o meu pai.
    - E quanto a esses potes? Não são desse ano?
    - São… - sua voz falhou. Percebi que Natsuno estava triste, segurando lágrimas.
    - Que foi, Natsuno? – perguntei.
    - Em Janeiro desse ano, quando eu e a minha equipe caçávamos vampiros…
    - O que houve? Aconteceu alguma coisa?
    Escorreu uma lágrima no rosto dele.
    - Caímos numa cilada. Fomos cercados por vampiros e… - sua voz novamente falhou.
    - Entendo.
    Percebi o que Natsuno queria dizer. Sua equipe morreu, mas ele não conseguia falar. Isso é muito difícil… perder amigos…, e desse assunto eu entendo perfeitamente. Mas o caso de Natsuno era diferente, pois ele não estava apenas longe de seus amigos, eles morreram.
    Ele olhou para mim, e percebi que Natsuno estava mais confiante.
    -Precisamos de mais uma pessoa. Até três é permitido para caçar vampiros, e já somos dois.
    - Podemos chamar Riku – sugeri.
    Natsuno olhou para mim.
    - Você está maluco? Riku faz parte da Tribo rival, não podemos chamá-lo.
    - Oh, meu Deus. Quem então?
    - Precisamos resolver esse problema. Vou falar com o meu pai essa semana para ver se ele consegue alguém para nós.
    - Está bem.
    Olhei para o relógio e vi que já estava tarde.
    - Natsuno, já vou indo.
    - Mas já?
    - Cara, minha mãe é muito chata. Deve estar preocupada comigo.
    - Liga pra ela.
    - Não vai dar. Não posso deixá-la sozinha em casa, ainda mais com vampiros atrás de mim.
    - Ok – disse ele.
    Então saímos do quarto dele e descemos.
    Depois me despedi de Natsuno – percebi que ele ficou triste, acho que devido a morar num lugar muito vazio, sem poder ter amigos – e rumei para casa.

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