sábado, 1 de junho de 2013

Capítulo 18 - Consciência Pesada - Parte Única


    Quinta-Feira.
    Uma semana depois… do beijo.
    Lembro que na quinta passada a beijei e, dali em diante, nossa relação mudou muito. Eu e Zoe nos conhecemos na quarta e na quinta já havíamos no beijado! Ela disse que gostava de mim, mas, infelizmente, eu gostava de outra garota.
    Ficou tudo entendido entre mim e aZoe, mas eu sentia muita pena dela. Não queria magoá-la, mas não tinha outro jeito. Zoe é uma grande amiga, e entendeu que eu gosto da Shimizu - ou pelo menos eu acho.
    Hoje somos grandes amigos, mas já faz tempo que não a vejo.
    - Hoje vou ao parque – falei a mim mesmo, com esperança de encontrá-la lá.
    Me levantei e fiz minha rotina.
    Depois fui tomar café com a minha mãe.
    Já na mesa:
    - Mãe, hoje voltarei mais tarde da escola.
    - Por quê? – ela perguntou, nos servindo.
    - Estou no time de futebol da minha sala e hoje vamos treinar para o campeonato.
    - Entendi – ela se sentou. – E a Zoe, Fubuki?
    Fiquei completamente vermelho.
    - É… hã, a Zoe? O-o quê que tem a Zoe?
    - Nunca mais a viu? – minha mãe olhava para mim com ironia, o que me deixava constrangido.
    - Mãe, se você está pensando alguma coisa a mais, eu logo aviso: Zoe e eu somos apenas amigos!
    - Não falei nada… – ela se fazia de inocente.
    Comecei a tomar meu café.
    - Mas seu pai e eu começamos sendo amigos – comentou.
    - Mãe!
    - Ah, desculpa, eu só estava avisando.
    - Não precisa – eu já estava ficando zangado.
    - Fubuki, Zoe é uma ótima menina, então não tem problema vocês namorarem. Pelo contrário, acho que ela é ideal para você, pois ela é inteligente, tem juízo e… vamos combinar?… ela é muito bonita.
    - É, muito bonita – concordei, pensando no lindo rosto dela. Então percebi que estava nas nuvens e voltei à realidade, onde a minha mãe me olhava com malícia.
    - Eu sabia! – ela falou sorrindo.
    - Sabia o quê?
    - Que vocês se gostam.
    Minha mãe, de certo modo, estava certa. Mas ela ainda não sabia de tudo.
    - Mãe, é bobagem sua. Somos apenas amigos.
    Então fiquei pensando se com a Zoe é assim, imagine se ela soubesse sobre a Shimizu. Aí seria chatice dupla!
    Quero nem imaginar.
    Depois que terminei o café, peguei minha roupa de esportes, guardei na mochila e fui para a escola.

    Como sempre, encontrei Natsuno, Joe e Yuuki no campus do colégio Matsumoto. Depois entramos.
    Já na sala, cumprimentei Shimizu:
    - Oi.
    - Oi, Fubuki.
    Shimizu era linda, mas, ao mesmo tempo em que eu me sentia feliz perto dela, eu me sentia culpado também, pois enquanto estava aqui Zoe estava sofrendo de solidão e tristeza. Eu sei que ela entendeu o fato de eu gostar de outra, mas isso não evitaria seu sofrimento.
    - Fubuki, algum problema? – perguntou Shimizu, vendo que eu estava pensativo.
    - Não…
    - Que horas é o seu treino?
    - Treino? Que treino?
    - De futebol – ela respondeu, me olhando com certa ironia.
    - Ah! Das uma às três da tarde – respondi. – E o seu?
    - O meu começa uma e meia.
    - Legal… Bom, acho que tenho que ir.
    - Até mais – ela sorriu.
    Então fui para a minha carteira, que ficava perto da janela.
    Logo em seguida o professor chegou, e todos já estavam em seus lugares.
    Passou a primeira aula, a segunda e, por fim, a terceira.
    Hora do intervalo.
    Descemos para o pátio.
    Quando já estávamos numa mesa, decidi perguntar para o Natsuno:
    - Natsuno, você se lembra de quando você falou desse tal de Shin para mim?
    - Lembro – respondeu ele. – Por quê?
    - Porque você falou que ele é um traíra… Por quê? Ele não caça vampiros?
    - Caça. O único problema é que ele é de um clã do mal.
    - Clã do mal? – estranhei.
    - Você não acha que há apenas clãs do bem, acha?
    - Bom, na verdade eu achava sim - admiti.
    - Seu pai não te contou sobre os potes de vidro especiais?
    - Potes de vidros… Ah!, é aqueles que, quando um vampiro vira areia, tem de colocar dentro?
    - Isso mesmo – respondeu Natsuno.
    Joe ficou nos olhando, estranhando nossa conversa. Aliás, não era normal haver vampiros que viram areia. Ou melhor, não era normal haver vampiros!
    - Fubuki – falou Natsuno –, sempre que um vampiro é exterminado, ele tem de ser posto num pote, pois, todo fim de cinco anos, eles são recolhidos.
    - Recolhidos – repeti.
    - Então, a Tribo que tiver o maior número de potes nesse período é a campeã.
    - Ou seja – disse Yuuki –, é como se cada vampiro exterminado fosse um ponto.
    - Exatamente.
    - Mas não entendi a parte Tribo – disse eu.
    - Há milhares de anos, quando teve a primeira guerra entre clãs, esses fizeram alianças com outros para se fortificarem. Daí nasceu as Tribos.
    - Então quer dizer que já houve guerras?
    - Claro! – respondeu Natsuno. – Por exemplo: o clã Ryozukiba era o clã arquirrival do clã Yotsoba. Mas sabe o que aconteceu? A princesa de Ryozukiba e o herói centenário do clã Yotsoba se apaixonaram, aí tiveram romances às escondidas e acabaram tendo um filho. Mas um ninja do clã Hoshimuro, que era apaixonado pela princesa, de ódio, matou o herói do clã Yotsoba. Então, graças à fúria da princesa e à fúria do clã Yotsoba, iniciou-se uma guerra contra o clã Hoshimuro, mas, como eram mais fracos, decidiram se juntar. Daí nasceu o clã Ryotsoba.
    - Caramba! – disse Joe, impressionado.
    Mas eu estava muito confuso.
    Herói centenário, princesas, rivalidades…
    - Natsuno, há quantas Tribos? – perguntei.
    - É, Fubuki, estou vendo que terei de te explicar a história toda do passado.
    - Então vamos lá – brinquei, sorrindo. – Pode começar.
    - Ok – ele disse. – Há milhões de clãs espalhados pelo Mundo Paralelo. Mas, dentre todos esses clãs, existem os menores, os médios e os maiores. Os menores são como se fosse pessoas normais morando em cidades. Esses clãs se misturam facilmente, como acontece com as pessoas da Terra.
    Fiquei meio confuso nessa parte: “pessoas da Terra”. O que ele quis dizer com isso?
    Ele continuou:
    - Já os clãs médios vivem em pequenos palácios, mas também moram em cidades. Porém, ficam em lugares que, aqui na Terra, receberia o nome de condomínios.
    - Tá – falei.
    - E os maiores são os que têm enormes palácios. Dentre eles se destacam os Cinco Grandes.
    - Cinco Grandes?
    - Sim, cada um representa um elemento: a água, a terra, o fogo, o ar e o relâmpago – Natsuno parecia orgulhoso de si, eu só não entendia o porquê. – Dentre esses cinco grandes tem o clã Takeda, Mishimo, Masaki, Kogori e, o principal, o clã Kido.
    - Então quer dizer que eu faço parte do principal clã que existe? – perguntei, meio surpreso.
    - Você não sabia? Cara, você está muito desinformado! Aposto que você não sabe nem que elemento seu clã representa!
    - Fogo? – chutei.
    - Isso. Como você sabe?
    - Ah, Natsuno, você acha que eu não percebi pela cor da minha espada? Sei que você é do relâmpago e o Riku… do vento. Estou certo?
    Na verdade não era só isso. Percebi que no calor eu me sentia mais vivo e eu, por mais incrível que pareça, nunca me queimei. Nem quando coloquei a mão sem querer numa das bocas do fogão da minha antiga casa.
    - Sim, mas você sabe que o clã Masaki é o maior rival do Kido?
    - Verdade? Por quê?
    - Cara, é uma longa história…
    Disso eu não sabia. Então seria por isso que Riku me olhava daquele jeito? Bom, mais uma coisa para nos deixar como rivais, e isso me deixava feliz.
    E, novamente, Zoe me veio à cabeça. Consciência pesada, confusão... Eu sabia que estava apaixonado pela Shimizu, mas também não tirava Zoe da cabeça. Eu me culpava muito porque sabia o que ela estava sentindo nesse momento, e isso me atrapalharia no futuro com certeza.
    Bateu o sinal, e todos voltamos para a sala.

    Quando deu a hora de ir embora, os garotos da nossa sala desceram para o ginásio, que ficava perto da área de atividades da escola.
    No vestiário nos trocamos e fomos para o campo de futebol, onde o treinador de Educação Física nos esperava.
    - Bom dia, alunos! – disse ele.
    - Bom dia! – respondemos em uníssono.
    - Como vocês sabem sou o professor de Educação Física de vocês e, a partir de hoje, serei seu treinador de futebol também. Meu nome é Moshio Takahara, e gostaria que vocês se apresentassem e que dissessem em que posição jogam.
    Daí todos se apresentaram.
    No final, havia, além dos titulares que eu já sabia o nome, Sasaki, Aoki, Nakata, Inoha, Goto, Kasai, Tatsuiya, Akahoshi, Kaji e Kubo, além de mim e do Kai.
    Percebi que não havia mais nenhum atacante além do Natsuno e do Riku, mas nas outras posições estava tudo normal.
    Masao mostrou ao treinador a folha do time titular, e depois começamos o treino.
    O dia estava muito ensolarado, mas não fazia muito calor.
    Primeiro nos aquecemos com atividades físicas básicas, depois corremos em volta do campo e treinamos passes longos e curtos. Enquanto o único goleiro do time era treinado pelo treinador num dos gols, alguns garotos treinavam chutes de falta e pênaltis em outro, dentre eles estavam Masao, Riku, Sasaki e Ozoki. Treinamos também “bolas paradas” (escanteios e faltas de longa distância) e dribles.
    Daí percebi que apenas Kai não treinava, ele parecia com medo de alguma coisa.
    Ele estava no banco, então decidi ir chamá-lo:
    - Ei, Kai, vamos treinar!
    - Não, não – respondeu ele. – Hoje não estou afim.
    - Vamos cara, você não pode perder.
    - É sério, Fubuki, prefiro ficar aqui.
    Vi que eu não podia fazer nada, então apenas me lamentei e voltei ao treino.
    Quando já estava quase no final do treino, apareceram umas meninas (do grupo do handebol da nossa sala) perto do campo, todas gritando o nome de Masao, Natsuno e de alguns outros garotos do grupo dos populares da sala.
    Mas o que me surpreendeu foi que, enquanto gritavam esses nomes, começaram a gritar o meu também! Isso me deixou com vergonha, pois normalmente eu não era popular entre as garotas. Olhei para elas e percebi que a única que não gritara o tempo todo era Shimizu. Ela parecia com… ciúmes? Isso mesmo, pois enquanto as meninas gritavam meu nome Shimizu as olhava com uma certa raiva.
    Meus olhos e os da Shimizu se encontraram, e acenei para ela. Ela sorriu. Mas logo me lembrei da Zoe, do sofrimento que ela estava passando, do beijo...
    Depois as meninas foram embora e o nosso treino acabou.
    - Bom, turma – disse o treinador Takahara –, acabou por hoje. Amanhã nos encontramos aqui na mesma hora. Até mais.
    Nos despedimos e fomos embora.
    Já no campus, quando eu ia me despedir de Natsuno, Yuuki e Joe, decidi perguntar:
    - Natsuno, você vai me explicar agora sobre a rivalidade entre o meu clã e o do Riku?
    - Está bem – disse ele. – Você pode ir à minha casa?
    - Ah, vamos – respondi, curioso para saber onde ele morava.
    Então nos despedimos de Yuuki e do Joe, e caminhamos sentido leste da escola.
 
    Agora começará as explicações. Natsuno me explicará algumas coisas do mundo de nossas famílias, e estou muito ansioso. Você também está? Quer saber um pouco sobre esse misterioso e emocionante passado? Então descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

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