sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Capítulo 31 - O Primeiro Desafio: 1°B vs. 3°A, a Abertura do Campeonato! - 1ª Parte

    Acordei todo dolorido.
    Quem me acordou? Billy.
    Quando eu já estava tomando café, meu tio apareceu na cozinha, dizendo:
    - Esse cachorro é atormentado? Sete horas da manhã e já está latindo!
    - É o meu novo despertador – brinquei.
    Já na escola, encontrei os mesmos garotos. Na sala, sem Shimizu.
    Estranhei.
    Mais um dia sem ela. Mas por quê? O que estava acontecendo? Shimizu realmente estava me evitando? Ou estaria passando por outros problemas?
    Quando todos já estavam em seus lugares, Shin entrou na sala. A primeira pessoa que ele olhou foi eu. Shin me olhava estranho, como se estivesse me provocando. Mas eu nem ligava. Tinha problemas demais para pensar. Quer dizer, não ‘demais’ em quantidade, mas ‘demais’ em importância. Shimizu era o problema.

    Depois que bateu o sinal da saída, todos descemos para o campo, pois enfrentaríamos o 3° A. Chegando lá o time adversário já estava uniformizado e todos aquecendo. Fomos ao vestiário para nos trocar. Lá:
    - Bom, já montei a escalação – afirmou o treinador Moshio Takahara, se sentando num dos bancos.
    Todos fomos até ele.
    - Koboshi no gol – começou –, Joe e Nakata na defesa – fiquei feliz, pois Nakata era lateral esquerdo e, graças àquele jogo coletivo que tivemos no nosso segundo treino, sua posição foi encontrada, e agora ele era titular –, juntos de Akira e Tashima nas laterais. Yuuki como volante, os dois alas serão Ozoki e Kasai – Kasai era outro do time reserva, que foi muito importante no coletivo – e Masao será o meia – este não se mostrava surpreso. – Os atacantes serão Natsuno e Riku – terminou Takahara.
    Fiquei até um pouco decepcionado por não fazer parte do time titular, pois eu tinha muita vontade de jogar. No coletivo, joguei como goleiro, o que era chato. Mas, para ser titular, eu teria que lutar bastante para conseguir, pois Masao era muito bom jogador, sem falar em Kasai, Ozoki e até nos dois atacantes: Riku e Natsuno.
    - Espere um pouco – protestou Shin. – Eu tenho que ser titular! Sou goleador – Takahara olhou com certa raiva para o garoto, que continuou: - Não acredito que sou reserva do Kogori e do Masaki!
    - Quem monta o time sou eu – advertiu o treinador. – Fique quieto, se não quiser sair fora daqui – Shin, mesmo explodindo de raiva, assentiu. Os outros garotos gostaram da bronca do treinador, inclusive eu.
    Fomos para o gramado.
    Aquecemos um pouco, até o treinador avisar:
    - Time, o jogo já vai começar. Vão para o campo.
    Os onze titulares foram para lá, enquanto o restante ia para o banco de reservas. O adversário também já estava preparado e, como eram dois anos mais velhos que nós, eram maiores, o que assustava muito os jogadores do time da nossa sala, principalmente Akira, que era baixinho. Até Natsuno parecia meio com medo, ao contrário de Joe e Riku.
    No banco estava eu, Shin, Mike e Kubisha (ambos eram titulares), Inoha, Goto, Sasaki, Aoki, Tatsuiya, Akahoshi, Kaji, Kubo e, por último, Kai. Com certeza, o número de reservas teria que diminuir, eu só não sabia quando. Decidi perguntar:
    - Treinador, qual é o máximo de jogadores reservas?
    - Como é um campeonato de escola não tem isso – respondeu ele, sem olhar para mim.
    Finalmente eu havia entendido. Eram muitos jogadores, por isso as oportunidades eram pequenas. Eu teria que me esforçar ao máximo se quisesse ser titular. Neste exato momento o juiz apitou: o jogo começava.
    Riku tocou para Natsuno, que recuou para Yuuki. Este deu um passe na direita para Akira que, marcado pelo adversário, tocou atrás para Nakata. Este, graças à pressão de dois jogadores inimigos, deu um chutão para a lateral.
    - Mais calma! – gritou o treinador ao time.
    Nakata pediu desculpas, e o time adversário cobrou o arremesso lateral. Assim que recebeu a bola, o meio-campo deu um passe para um outro que penetrava a nossa área. Este dominou no peito e, assim que ia chutar para o gol, Joe tentou chutar a bola (que estava no alto), mas acabou acertando a perna do atacante, que caiu.
    Pênalti.
    Ninguém reclamou porque o pênalti foi muito claro. Mas claramente todos estavam com cara de lamentação. Nem um minuto de jogo havia se passado ainda!
    O mesmo atacante que sofrera o pênalti ajeitou a bola na marca certa, enquanto Koboshi se preparava.
    O juiz apitou.
    Bola para um lado, goleiro pro outro: gol. O time adversário inteiro comemorou, enquanto um desânimo tomava conta do rosto de todos nós.
    - Vamos levar uma sacolada – comentou Sasaki, um dos reservas. O treinador imediatamente o olhou com certa fúria.
    - Vamos time!! – gritou ele aos titulares.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Capítulo 30 - Modo Ataque! A Transformação do Meu Tio Michael - 3ª Parte

    Abri meus olhos com Billy lambendo meu rosto.
    - Decidiu acordar? – perguntou meu tio. Ainda estávamos na floresta, e meu tio comia um sanduíche. Ele já estava normal; Billy também. Percebi que a chuva parara e, perto da cachoeira, se formava um lindo arco-íris. Meu corpo estava todo dolorido, e perguntei:
    - Venci?
    - Venceu o quê? – perguntou ele.
    - A luta.
    - Ah, você estava sonhando.
    Imediatamente me espantei. Aquilo tudo não se passava de um sonho?!
    - Brincadeira – falou meu tio; me aliviei, irritado com a mentira dele.
    Ele chegou até mim e me deu um dos sanduíches, então disse:
    - Agradeça a Billy, que te ajudou – olhei para o cachorrinho, que latiu; sorri.
    - Tio, você poderia me explicar como você…
    - Me transformei? Fubuki, eu sou um Místico.
    - Místico – repeti.
    - Eu tenho um Modo Ataque, assim como Billy. Nessa forma, eu fico muito mais forte e veloz.
    - Percebi – falei. – Mas desde quando… Bem, você sabe. Como isso é possível?
    - Não sei te explicar – falou ele. – Eu já nasci assim. No começo, quando eu era criança, muitas vezes eu me transformava ou em alertas ou em momentos constrangedores.
    - Tipo o quê? – estranhei.
    - Sem comentários – riu ele, como se fosse constrangedor demais para comentar sobre aquilo. – Enfim, com muito treinamento eu consegui controlar meu poder. Me transformo, como você percebeu, numa fera. Num tigre, pra ser mais específico.
    Eu estava ainda muito surpreso. Eu não sabia desse poder que, por sinal, era muito estranho. Mas meu tio ficava muito forte e, se não fosse Billy, realmente ele teria me derrotado.
    Meu tio se sentou ao meu lado.
    - Há muitos anos, Fubuki, quando seu pai ainda era apenas um aprendiz, ele caiu numa armadilha. Naquela época ele já era muito forte, mas estava cercado por dezenas de vampiros evoluídos – me impressionei com aquilo – e seu pai, no começo, até que estava resistindo. Mas, aos poucos, ele foi cansando, e os vampiros tiravam vantagem disso. A batalha estava acontecendo numa estrada de madrugada, e eu, coincidentemente, estava passando pelo lugar e vi aquela cena. Imediatamente fui ajudá-lo.
    - E o que aconteceu? – perguntei, curioso.
    - Derrotamos, juntos, todos aqueles vampiros. Ou seja, sempre tente trabalhar em equipe, mesmo que seja apenas um cachorro – olhei para Billy. Não sei por que, mas pedi a ajuda dele. E Billy, numa incrível velocidade, já estava me ajudando. Será que ele estava atento ao meu pedido a luta inteira?
    - Foi a primeira vez que você o viu? – indaguei, dando uma mordida no sanduíche; meu tio fez que sim.
    - Viramos grandes amigos e ele me contou sobre os caçadores e vampiros. Inicialmente eu até fiquei feliz por saber que eu não era o único diferenciado no mundo, pois eu, sinceramente, me achava uma aberração – percebi um tom de tristeza nessa parte. – Daí seu pai conheceu sua mãe, e ambos viraram amigos. Quando fui ver, já estavam casados.
    Aquela história me deixou muito feliz, só não sei por que. Mas eu me sentia mais animado, mais motivado. Meu tio estava me treinando e, claramente, eu já estava bem mais forte que antes. Mas o que viria pela frente?
    - Que horas são? – perguntei.
    Ele olhou seu relógio e respondeu:
    - Quatro e quinze – me surpreendi. Michael se levantou e inseriu: - Hora de voltarmos para casa – assenti.
    O resto do dia foi normal, e antes de dormir decidi refletir um pouco sobre a vida.
    Meu tio se transformou num… tigre, e lutou contra mim. Ele era incrivelmente forte e, se não fosse Billy, eu teria perdido a luta. Billy também se transformava, e ficava muito feio e enorme. Porém, eu sentia que no futuro serviria de grande ajuda. E quanto aos Místicos? Michael é um, mas com certeza havia mais pelo mundo, igual aos caçadores. Mas quantos? E que tipo de poderes podem existir? Essa questão, sem dúvida nenhuma, me deixava muito curioso e confuso também.
    Enfim, decidi parar de pensar e dormi.

    Hoje uma grande descoberta. Os Místicos! Meu tio revelou ser um e contou um pouco sobre o passado. Mas será que encontro mais alguns por aí? E se encontrar, que tipo de poder terão? Não perca o próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Capítulo 30 - Modo Ataque! A Transformação do Meu Tio Michael - 2ª Parte

    Michael olhou para mim e rosnou, depois saltou em minha direção com uma velocidade incrível!
    - HÁÁÁÁ – gritou ele (então percebi que sua voz não mudara).
    Meu tio começou a me atacar com golpes muito rápidos, mas eu desviava de todos. Mas minha defesa logo foi quebrada, pois meu tio mantinha sempre a mesma sequência, e era impossível de desviar de todos os seus socos por muito tempo. O primeiro foi no meu estômago, o segundo no meu rosto, fazendo meu nariz sangrar. Eu ainda desviava da maioria, mas isso logo foi mudando.
    Meu tio era muito mais rápido e selvagem que antes. Seus golpes eram fortes, e estavam acabando comigo. Percebi ferimentos pelo meu corpo, e finalmente comecei a ver mais sangue. Tentei contra-atacar enquanto me defendia, mas não conseguia.
    A essa altura, já estava chovendo.
    - Lute, Fubuki! – gritou ele. Michael não estava me dando nenhuma moleza, e eu percebia isso na força que ele estava usando contra mim, que não era pouca.
    “Droga!”, falei a mim mesmo. Me esforcei ao máximo, e finalmente eu conseguia contra-atacar, mas com golpes inúteis. Meu tio conseguia manter a mesma sequência, e parecia não cansar nunca! Eu, por outro lado, já estava exausto, prestes a perder a luta.
    Foi quando me lembrei dos meus treinos, e de quando Michael disse: "Fubuki, força você tem, porém só consegue usá-la em casos de alerta."
    É isso!
    Sempre quando eu dizia a mim mesmo algo que me deixava furioso, eu ganhava forças extras, e o dia do afogamento foi um exemplo, quando falei que eu não sou fraco. Decidi então me lembrar de quando meu tio dissera que eu era e, incontrolavelmente, gritei:
    - Eu não sou fraco!
    Comecei a desviar mais rápido e a atacar meu tio. O acertei com um golpe, mas ele gritou:
    - Vamos acelerar um pouco!
    Meu tio não dava agora mais apenas socos, ele também me atacava com chutes e começou a se movimentar muito rápido, me deixando confuso. Ele atacava minha frente, mas, quando eu percebia, ele já estava atrás de mim. Muitos golpes ele acertava em mim, mas claramente eu estava mais forte. Parei de atacar e voltei a me defender, e meu tio não conseguia mais me acertar, porém ainda continuava na mesma sequência, sem cansar. Eu parecia mais energético e atento, e desviava de todos os golpes dele, até que tentei adivinhar aonde ele iria após seu próximo golpe. Ao mesmo tempo em que eu me defendia, eu tentava observar seus ataques, de onde vinham e onde ele apareceria depois deles. Daí, instintivamente, antes de meu tio aparecer ali, ataquei o nada. Mas, assim que ataquei, meu tio apareceu no momento do golpe, que concentrei todas as minhas forças. Meu soco acertou em cheio a cara do Michael, que foi parar no tronco de uma árvore. Mas o que me surpreendeu foi que, quando o ataquei, minha mão de alguma forma brilhou. Num tom alaranjado, acho.
    Só deu tempo de eu soltar um suspiro quando meu tio já estava ativo de novo. Ele vinha correndo em minha direção, mas eu sabia que ele não ia me atacar por ali. Então, quando ele chegou bem perto, decidi abaixar e, no mesmo momento, meu tio me atacara com uma voadora pela lateral. Mas eu estava abaixado, então ele acertou o nada e se desequilibrou, caindo. Aproveitei para lhe atacar, mas, surpreendentemente, meu tio se levantou e me deu uma rasteira. Cai e saquei minha espada Takohyusei e, com ela, bloqueei o soco de Michael. Em seguida o chutei no peito, e levantei.
    Meu tio vinha com mais velocidade, e agora eu já estava com a minha espada em mão. Desviei de seus golpes, mas um me acertou no estômago. Em seguida outro na perna, mas o terceiro, que seria no peito, desviei e segurei seu braço. Porém, meu tio era muito mais forte do que eu, então me jogou para longe. Enquanto eu “voava”, meu tio vinha em minha direção, então gritei, automaticamente:
    - Modo ataque! – Billy saltou para cima do meu tio, com sua forma grande. Meu tio caiu e, quando pretendia se levantar, eu estava com a minha espada em seu pescoço. – Venci – falei, afinal.
    Eu estava exausto e sangrando em diversas partes do meu corpo, e meu tio quase ileso, porém muito surpreso. Ele sorriu, e desabei.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Capítulo 30 - Modo Ataque! A Transformação do Meu Tio Michael - 1ª Parte

    Meu tio, Billy e eu estávamos no meio da floresta.
    - Qual será o terceiro passo? – perguntei.
    Meu tio bocejou e respondeu:
    - Ficar de pé no Rio das Águas Pesadas até o sol se pôr – disse ele. Imediatamente fiquei furioso, mas meu tio logo disse: - É brincadeira – e riu.
    Me aliviei.
    - Fubuki, pegue Billy no colo – o cachorrinho veio até mim e fiz o que meu tio pediu.
    - Pra quê? – perguntei.
    - Coloque-o em suas costas – fiz o pedido, estranhando. – Modo Ataque! – gritou meu tio. De repente, senti que Billy estava ficando mais pesado e estava crescendo. Ele assumiu uma forma muito maior e mais forte, até ficar igual à primeira vez que o vi: com sua cara feia, mostrando seus dentes caninos perigosos e seus olhos malignos. Caí graças ao peso.
    - Ai! – gritei, no chão, com uma tonelada de peso em minhas costas.
    Billy assumira sua forma de ataque, e estava em cima de mim. Meu tio caminhou até mim e gritou:
    - Levanta!
    - Não consigo – foi o que consegui falar. Por mais que eu me esforçasse eu nem conseguia me mover direito. Aquele cachorro era muito pesado, então parecia impossível eu me levantar! Quando eu estava no rio, eu até que conseguia ficar agachado no começo. Mas nesse novo treino eu nem sequer me mexia direito, sem falar que eu estava perdendo o ar.
    Tio Michael sentou-se na mesma pedra de antes e tirou um jornal para ler, enquanto eu sofria com Billy em cima de mim, me esforçando ao máximo para levantá-lo.
    - Tio, tenho até que horas para concluir meu treino?
    - Você ficará aí até conseguir – respondeu ele, o que me desanimou.
    - Sorte que eu almocei – falei a mim mesmo.
    Fiquei vários minutos ali tentando levantar, mas parecia impossível. Billy nem se quer se movia! Parecia até uma montanha que estava me esmagando.
    - Tenho que conseguir! – falei.
    Meu tio ainda lia seu jornal, como se nada estivesse acontecendo. Billy parecia até uma estátua, pois não latia nem se mexia.
    - Ei, cachorrinho, dá uma forcinha – pedi; mas Billy nem sequer ligou para o que eu disse.
    - Vamos Fubuki – disse meu tio –, se concentra na sua força interna.
    Não entendi muito, mas tentei tirar forças do meu interior – a mesma que consegui quando me salvei daquele rio. Me concentrei, mas nada.
    - Como eu faço isso? – perguntei.
    Michael guardou seu jornal e se levantou, depois chegou até mim:
    - Hã? – estranhei, vendo que ele estava bem à minha frente.
    - Segura isso! – meu tio me atacou e, quando foi me acertar, consegui desviar alguns centímetros. Meu tio acertou o chão, e percebi que finalmente havia me movido um pouco. Mas como?
    - Viu? – perguntou meu tio.
    - Ainda não entendi – falei.
    - Fubuki, força você tem, porém só consegue usá-la em casos de alerta.
    Mesmo assim eu ainda estava confuso. Meu tio deitou do lado da rocha que sentara, e fechou os olhos, tentando tirar um cochilo.
    Fiquei pensando no que ele havia me dito.
    Lembrei de alguns momentos de alerta que vivi: quando protegi Shimizu dos valentões da escola. Eles iam atacá-la, porém eu já estava lá, defendendo ela bloqueando o golpe de um deles. Foi incrível, porque eu só havia pensado naquilo e já estava lá!
    Depois me lembrei de quando estava me afogando no rio. De alguma forma eu me salvara de lá, mas como? Me lembro de ter pensado se tudo acabaria ali. Conheci muitos amigos e estava apaixonado. Não sei se por duas garotas, mas eu estava. Pensei na minha mãe e no meu pai. Qual seria a reação deles quando recebessem a notícia de que eu estava morto… Lembrei-me de Zoe. Aquela garota solitária que, mesmo não tendo muitos amigos, era feliz, e gostava de mim. Mas eu gostava da Shimizu, e sentia na pele o sofrimento da Zoe. Lembrei, por último, de quando meu tio disse: "Mas qual clã precisaria de um herói centenário tão fraco assim como você?".
    “Eu não sou fraco”, falei a mim mesmo.
    De repente, meu tio disse:
    - Não saiu daí ainda… fraco?
    De imediato gritei:
    - Eu não sou fraco! – meu tio se levantou e olhou para mim, e meu sangue parecia quente. Eu parecia um pouco mais forte, enquanto sentia uma adrenalina interna percorrer minhas veias. Aproveitei minha força extra e tentei levantar. Não consegui levantar Billy, porém consegui sair debaixo dele. Fiquei de pé, com meu tio sorrindo:
    - Finalmente – falou ele.
    - Ufa – suspirei, cansado e dolorido. – E agora, qual o próximo passo?
    - Olha Fubuki, levantar Billy não era um passo – essa notícia veio igual a um golpe em mim.
    - Não era? – perguntei, me sentindo um estúpido por me esforçar atoa.
    - Era só um teste – falou ele.
    Billy já voltava ao normal. Eu percebi que o tempo estava mudando: estava ficando frio.
    - Qual o terceiro passo então? – perguntei, impaciente.
    Meu tio veio até mim e disse:
    - Vou te revelar uma coisa – fiquei curioso, mas meu tio logo continuou: - Há pessoas normais, há caçadores e, além desses dois, Fubuki, há pessoas que tem poderes especiais.
    Fiquei surpreso de imediato. O que Michael queria dizer com aquilo?
    - Essas pessoas são chamadas de Místicos – falou meu tio.
    - Místicos? – perguntei – Mas o que isso tem a ver com o meu treino?
    Meu tio se distanciou um pouco de mim e abriu um pouco as pernas. Depois ele começou a se concentrar em algo, como se estivesse meditando.
    - Tio? – estranhei.
    Ele olhou para mim, e seu olhar mudou. Um brilho verde tomou conta de seus olhos – e, por um instante, lembrei-me daquele anjo que vi debaixo d’água – e meu tio estava mudando! Sua pele estava criando pêlos alaranjados, e seus cabelos bagunçados estavam crescendo. Seus músculos estavam aumentando, e seus dentes não eram mais simples dentes, eram presas!
    - Tio, o que está acontecendo? – perguntei, muito assustado.
    Mas ele não respondeu. Ainda estava em “transformação”. Suas orelhas estavam ficando pontudas, e seu nariz se transformava num focinho. Ele tinha, agora, uma calda, e sua pele agora era só pêlo laranja.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Capítulo 29 - Shin Encrenca e Irritação Altamente Perigosa! - 3ª Parte

    A quarta e a quinta aula foram normais, a não ser o fato de Shin e eu nos olharmos toda hora, nos estranhando. Mas eu sempre me segurava para não explodir, pois o garoto tinha o dom de me deixar furioso.
    Chegou a sexta.
    A professora Kátia, de sociologia, estava passando lição na lousa, quando alguém bateu na porta: Toc-toc. Ela abriu e o treinador Moshio Takahara apareceu, pedindo:
    - Desculpe-me, professora, mas posso dar só um recadinho ao time masculino do futebol?
    - Claro! – respondeu ela, sorrindo. Daí ele se virou para os alunos (primeiramente para mim – senti algo estranho) e disse:
    - Amanhã, após as aulas, haverá o nosso primeiro jogo do Torneio Inter-Salas.
    Imediatamente todos nos surpreendemos!
    No cartaz estava escrito que seria dia 15 de maio.
    - Mas já? – perguntou Masao, o líder do time.
    - Houve uns imprevistos na escola – explicou o treinador – e adiaram alguns jogos.
    - Mas não estamos preparados – interveio Sasaki.
    - Estamos sim! – advertiu Takahara – Já tivemos dois treinos, o que foi o suficiente. Hoje não poderei treiná-los, por isso se preparem da melhor forma possível. Bom, só vim avisar isso. Tragam suas chuteiras amanhã, porque vamos enfrentar a Turma A do 3° ano – ficamos mais surpresos ainda.
    Muitos comentários surgiram pela sala, como: “Vamos pegar um 3°ano de cara!”, ou “Caramba, vamos levar uma surra.” Até Natsuno se mostrava preocupado, mas o treinador inseriu:
    - E, se não vencermos esse jogo, vocês serão castigados – então ele sorriu melancolicamente; percebi que todos pareciam furiosos com o treinador, pois, além de termos de enfrentar um 3° ano de cara, se perdêssemos ainda seríamos castigados!
    - Calem a boca, seu bando de idiotas! – gritou Shin a nós, devido aos comentários. – Vocês estão com medo de quê? Eu estou aqui, e vou acabar com a raça desses do 3°. E, se não ganharmos, vou acabar é com vocês – essa frase deixou todos os moleques muito nervosos com Shin, e quase todo mundo partiu para cima dele.
    - Você nem é do time! – exclamou Masao.
    - Agora é – replicou o treinador; Shin deu seu sorriso provocador, o que nos deixou ainda mais irritados. – Enfim, nos encontramos lá no campo amanhã às uma da tarde – daí ele agradeceu a professora e se despediu de nós. Em seguida, a professora voltou a escrever na lousa, enquanto todos os garotos ainda se seguravam para não avançar em Shin, que apenas ignorava, como se gostasse de provocar os outros.
   Quando deu a hora de ir embora, voltei para casa junto de Riku. Caminhamos em silêncio, porém cada um pensando numa coisa diferente. Não sei no que ele estava pensando, mas meus pensamentos estavam voltados para Zoe e Shimizu.
    A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi almoçar, depois subi ao meu quarto para me trocar. Em casa estava apenas minha mãe e minha tia. Tio Michael havia ido procurar alguma casa, e Billy provavelmente estava com ele. Mas fui surpreendido:
    - Au-au! – latiu ele; fui até a janela e olhei para baixo, o começo da floresta. E lá estava ele, aparentemente me chamando. Pulei, e Billy disparou floresta adentro.
    - Billy, espera! – ordenei; mas o cachorrinho vermelho ignorou.
    Ele não era tão rápido como era no seu “Modo Ataque”, mas ainda assim era veloz. Eu não entendi para onde ele estava indo, até que chegamos até meu tio, que estava parado ao lado do Rio das Águas Pesadas.
    - Por que demorou tanto? – perguntou ele, com sua mochila nas costas.
    - Desistiu de procurar casas? – ironizei.
    - Já estão cuidando desse assunto pra mim – meu tio sorriu. – E aí, pronto para o terceiro passo?
    Essa pergunta me deixou muito feliz:
    - Completamente – respondi, coçando o nariz.
    - Então vamos começar!

    Finalmente o terceiro passo! Qual será? E há também o garoto que Natsuno falara há alguns dias, o Shin. Percebi de cara que ele era um mala irritante, que sabia como me deixar furioso. Mas eu tinha que aguentar. Quer saber o que vai acontecer daqui pra frente? Então veja nos próximos capítulos de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Capítulo 29 - Shin Encrenca e Irritação Altamente Perigosa! - 2ª Parte

    Era quinta-feira, dia de duas aulas de português.
    - Será que a Shimizu vem hoje? – ironizou Natsuno, quando já estávamos em nossos lugares. Não respondi, apenas torcendo para que fosse ‘sim’ no final das contas.
    Mas nem sinal dela.
    Isso me deixou com certa mágoa.
    Shimizu estaria me evitando? Mas por quê? Ou ela estaria confusa, ou então realmente não gostava de mim. Tentei não pensar nesse assunto.
    A professora chegou, então abrimos nossos cadernos.
    De repente, quando a porta já estava fechada, alguém bateu.
    Imediatamente pensei que era Shimizu, mas senti uma presença estranha.
    Estremeci.
    A mulher abriu a porta e um garoto de cabelo moicano loiro entrou. Senti algo incrível dentro de mim, e percebi que Natsuno e Riku também sentiram o mesmo. Olhei para os dois e, pelas suas caras, vi que ambos já conheciam o garoto.
    - Desculpe por chegar atrasado – disse o garoto à professora, com sua cara de malicioso.
    - Faz tempo que não vem às aulas, Shin – assim que disse o nome do menino, meu coração disparou. Shin, o garoto traíra que Natsuno falara? Também um caçador, porém de um clã do mal.
    - Estava viajando – explicou-se Shin; claramente ele estava mentindo. O garoto olhou para Riku, Natsuno e, por último, para mim (inclusive me deu um sorrisinho maléfico, que me deixou furioso). Com certeza ele sabia que nós três também éramos caçadores e estava me provocando.
    Shin foi até a última carteira da fileira que ficava encostada na parede da porta, e lá mesmo se sentou, folgadamente. Fiquei o observando, então, quando Shin olhou para mim, perguntou muito baixo:
    - Algum problema… Kido?
    Me espantei de imediato.
    Como ele sabia meu sobrenome? Eu nunca havia visto Shin antes e acredito que vice-versa. Não respondi à sua provocação e olhei para Natsuno.
    - Fica esperto com ele – me avisou. Depois olhei para Riku, que apenas olhou novamente para mim.
    - Não sei por que – disse Joe –, mas está me dando uma vontade enorme de bater naquele cara.
    - Calma, grandão – pediu Natsuno. – Sem agressões… por enquanto.
    Yuuki riu.
    - Já sei até um apelido para ele - riu Natsuno. - "Shin Encrenca e Irritação Altamente Perigosa" - todos rimos.
    As aulas se passaram, até a hora do intervalo.
    Já no refeitório, sentamos na mesma mesa de sempre. Não sei explicar o porquê, mas eu sentia falta dos três valentões, do professor de História e do diretor. Onde eles estariam nesse momento? Um dos valentões, Hiroshima (que na verdade era um caçador disfarçado), estava morto. Mas e os outros? Por que desapareceram do mapa? Acho que devido ao fato de eu ser caçador. Mas por que não fugiram antes? Quem dera se eu soubesse a resposta.
    Eu era muito observador, então vi Shin mexendo com algumas meninas e, em seguida, derrubando lanches dos nerds. De tão furioso, quase me levantei para tirar satisfações com ele, mas Yuuki me impediu.
    Shin olhou para mim e mostrou o seu sorriso provocador que, novamente, me deixou cuspindo fogo.
    - Não caia na provocação dele – advertiu Riku.
    Ele estava certo.
    Mas eu não era de perder a cabeça tão fácil, então não entendia o que estava havendo comigo. Seria por causa da nova vida de caçador? Não, não era isso. Acho que por causa do lance da Shimizu. Aquilo sim esquentava a minha nuca. Mulheres eram muito complicadas, e Shimizu também não deixava de ser. Me declarei para ela, porém a garota, dali em diante, me evitava. Eu não entendia o porquê, mas tinha certeza que Shimizu estava confusa e muito insegura.
    - Fubuki, é verdade que você está treinando duro? – perguntou Natsuno.
    - É sim – respondi, surpreso. – Como sabe?
    - Um passarinho me contou – brincou ele.
    - Estou treinando com o meu tio Michael, que é um excelente treinador.
    - Pensei que você já sabia lutar – disse Riku.
    - Lutar eu sei, mas estou aprendendo outras coisas – respondi.
   - Tipo o quê? – indagou Natsuno.
    - Vocês saberão em breve – sorri; Natsuno e Riku deram de ombros, enquanto Yuuki e Joe apenas ouviam nossa conversa.
    - Enfim – disse eu –, vamos mudar de assunto – então começamos a falar sobre o time de futebol da sala, para que os dois "não-caçadores" também entrassem na conversa.

Capítulo 29 - Shin Encrenca e Irritação Altamente Perigosa! - 1ª Parte

    Quinta-Feira.
    O despertador me acordou exatamente às seis horas.
    Mas não era o alarme que ficava debaixo do meu travesseiro, e sim Billy latindo! O cachorrinho latia tão alto que, provavelmente, acordara a casa inteira. Assim que viu que meus olhos se abriram, ele saltou em cima de mim, então passei minha mão sobre sua cabeça.
    - E aí, amigão – o cumprimentei; Billy latiu.
    Me levantei e fiz a mesma rotina de sempre, percebendo que o cachorro realmente acordara todo mundo. Não pude controlar o riso.
    Quando saí para ir para a escola, me surpreendi: Riku estava me esperando na frente da minha casa!
    - Riku? – estranhei.
    - Vamos ou não? – falou ele; não tive nada a fazer a não ser assentir.
    Caminhamos rumo à escola, quando Riku abriu a boca:
    - Fubuki, meus pais não morreram num acidente de carro.
    - Isso eu já sabia – respondi, lembrando o dia que nos falamos no parque. – Você falou que eles haviam sido atacados por vampiros.
    - Mas era mentira.
    De imediato eu fiquei surpreso.
    - Mentira? Como assim?
    O rosto sem expressão de Riku parecia triste, mas ele explicou:
    - Tínhamos um grande amigo por perto. Ele sempre nos visitava e tratava meus pais muito bem. Não sei bem onde se conheceram, mas eram próximos há bastante tempo. Porém, esse mesmo amigo que apoiava minha família em momentos mais difíceis, nos ajudava nas dificuldades, é o mesmo que os assassinou.
    Essas palavras me provocaram um choque muito grande!
    Então quer dizer que os pais do Riku foram assassinados por um homem que dizia ser amigo deles?! Isso com certeza era muita covardia e trairagem. Mas eu ainda não entendia o porquê de o assassino ter feito aquilo.
    - Riku, mas qual foi o motivo de isso ter acontecido? – perguntei.
    - Eu não sei – essa resposta saiu com firmeza. – Ele invadiu nossa casa e nos atacou. Matou meu pai, que era um homem muito forte, e em seguida minha mãe. Consegui fugir, mas me arrependo disso.
    Percebi que o garoto solitário segurava o choro, com vergonha de demonstrar seus sentimentos. Mas eu sentia na pele o sofrimento dele.
    - Eu devia ter ficado lá e ter lutado! – lamentou ele – Mas fugi como um rato, deixando meus pais morrerem.
    - Mas se você tivesse ficado, você poderia estar morto agora – tentei consolá-lo.
    - Eu preferiria assim – essas palavras me espantaram. – Minha vida não tem mais sentido. Perdi meus pais, meus únicos bens. Agora só me resta honrar meu clã…
    - Sinto muito – foi a única coisa que consegui dizer.
    Caminhamos uma boa parte do caminho em silêncio, quando decidi perguntar:
    - Por que você desistiu de atacar Yuuki.
    Sem olhar para mim, Riku respondeu:
    - Porque ele é um vampiro diferente – sorri.
    Finalmente chegamos ao campus, onde nos encontramos com Natsuno, Joe e Yuuki. Depois de nos cumprimentarmos, entramos no colégio Matsumoto e subimos para a nossa sala.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Capítulo 28 - Um Presente do Meu Pai - 3ª Parte

    No caminho, falei o que havia acontecido na floresta para o meu tio. No final ele disse:
    - Aquilo era o segundo passo – imediatamente fiquei surpreso.
    - Como assim? – perguntei.
    - Veja este cachorro – meu tio me mostrou Billy. – Não percebeu que ele é parecido com o cachorro que te “atacou”?
    Falando desse jeito, até que meu tio tinha razão. Como eu não havia percebido antes?
    - Mas ele é muito menor que o outro – falei.
    - Este cachorro é especial – replicou Michael. – O tamanho original dele é este mesmo, mas ele pode assumir a sua forma de ataque que, evidentemente, é a que você viu.
    Eu estava espantado. Eu nunca imaginaria que aquele cachorrinho seria tão perigoso a ponto de me fazer correr (e olha que já lutei contra vários vampiros!)
    - Mas não entendi o motivo do treino – lembrei.
    - Na verdade era apenas um teste. Eu queria ver como estava a sua velocidade e a sua resistência.
    - E qual a sua conclusão?
    Meu tio olhou para o céu, e pensei que ele daria uma resposta negativa, mas:
    - Você está incrível – fiquei feliz de imediato. – Seu objetivo era conseguir sair da floresta intacto, e você conseguiu.
    Fiquei feliz, mas logo lembrei outra coisa:
    - Tio, se você não estava na cidade, onde você foi?
    - Me encontrar com o seu pai – respondeu ele; estranhei.
    - Pra quê?
    - Ele queria ter uma conversa comigo, e te mandou um presente.
    Fiquei muito ansioso. Fazia muito tempo que meu pai não me dava presentes. Qual seria?
    - Cadê? – perguntei.
    - Aqui – respondeu ele, me entregando Billy.
    - Ele? – perguntei, meio que decepcionado.
    - Sim – meu tio me deu o cachorro e, assim que o peguei, Billy lambeu meu rosto. Fiquei, não sei por que, muito feliz.
    - Que bonitinho – ri, enquanto ele lambia meu rosto.
    - Au! – latiu Billy, balançando o rabo.
    Meu tio sorriu, e chegamos em casa.
    - Seremos grandes amigos – falei a Billy; e me surpreendi quando percebi que ele me entendeu.
    Entrei, e minha mãe perguntou:
    - O que achou do seu presente, filho?
    - Adorei! – respondi, impressionado vendo que a minha mãe já sabia.
    - Já até preparei uma casinha para ele – disse Kaori.
    Billy latiu de felicidade e o coloquei no chão. O cachorrinho ficou correndo pela casa, sem rumo, provocando risos de todos nós.
    O resto do dia foi normal e, já à noite, fui dormir, com medo de ter outro pesadelo. Mas, graças a Deus, foi tudo normal.

    Levei um susto! Mas quem imaginaria que um cachorrinho como Billy poderia se transformar naquela fera? Com certeza aquilo era anormal. E Billy agora é meu bicho de estimação. Quer saber quais serão os próximos passos do meu treinamento? Então descubra nos próximos capítulo de "O Caçador de Vampiros".
     Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Capítulo 28 - Um Presente do Meu Pai - 2ª Parte

    Caminhei lentamente, pensando em qual seria meu próximo passo. Meu tio, no primeiro, apenas pediu para eu entrar no Rio das Águas Pesadas. Na hora eu tinha certeza que era uma coisa insignificante, mas depois me surpreendi com a força e o peso da água. Eu não conseguia de jeito nenhum ficar de pé, até que cai de mal jeito na água e me afoguei.
    Fui um desespero total, onde pensei que iria morrer.
    Até que apareceu aquela garota de asas…
    Não faço a mínima ideia de quem era ela e o porquê de ter aparecido ali, só sei que sua presença me acalmou muito. Ela disse que era meu anjo da guarda, mas eu não entendi essa parte.
    Pensei que eu ia morrer ali, e comecei a lembrar dos meus dias em Tóquio, dias marcantes. Conheci muitos amigos e me apaixonei… Por duas garotas, acho. Eu sabia que não podia morrer ali, e algo me deu forças, como se fosse um poder oculto que eu tinha dentro de mim. Me salvei, e ainda consegui ficar de pé no rio. Eu até estava na parte funda! O que era muito estranho…
    Enfim, a única questão era essa: quem era aquela menina?
    Respostas era uma coisa que eu estava precisando muito.
    Finalmente cheguei.
    Olhei para aquele rio que, de vista, parecia um rio comum, mas eu sabia que não era. Aquelas águas eram estranhas, e pesadas também. Demorei para conseguir me equilibrar nele, mas quando consegui o resultado foi ótimo. Eu parecia muito mais leve que antes, e estava muito satisfeito quanto a isso.
    - Vou entrar um pouco no rio – decidi.
    Dobrei minhas calças e tirei meus chinelos.
    Mas quando dei meu primeiro passo:
    - Uuuurgh-AU!! – um latido ensurdecedor ao meu lado; me virei noventa graus para a direita e me deparei com um cachorro gigante!
    - AAAAHHHHH!!!!! – me assustei; o cachorro era vermelho e muito grande, cujos dentes afiados eram assustadores. Seus olhos malignos tinham um tom avermelhado, e ele aparentava ser um vira-lata.
    Ele estava rosnando para mim, o que me deixava imóvel e muito assustado.
    - Urgh- AU!! – latiu ele, aparentemente muito bravo; calcei meus chinelos lentamente.
    - Calminha, amigo – disse eu, segurando meu coração; mas novamente o cachorro (que estava apenas a uns dez metro de mim) latiu, ainda mais forte:
    - Uuuurgh-AAUU!!!! – e, de repente, saltou em minha direção.
    Desviei e, sem perder tempo, disparei em direção à rua que eu entrara na floresta, com o cão correndo atrás de mim.
    Enquanto eu corria, eu até pensei em sacar a minha espada e lutar, mas seria loucura. O cachorro, que era bem maior do que eu, era muito veloz. Mas só depois de algum tempo que eu percebi que a minha velocidade também estava incrível! No começo eu não entendia como, mas depois caiu a ficha.
    - Muito obrigado, tio Michael – agradeci, falando sozinho; mas não era hora para pensar em resultado de treinamento, pois o cachorro ainda corria atrás de mim, e estava me alcançando! Olhei para trás, e ele parecia maior e ainda mais feio. Com certeza me devoraria. "É o meu fim!", pensei.
    O que eu mais queria naquele momento era chegar às ruas, mas depois pensei no que faria quando chegasse lá. Eu apenas levaria o perigo para outras pessoas. Mas e se eu, por acaso, encontrasse Riku? Não, isso não. Eu não podia pensar numa coisa dessas, pois eu não queria imaginar que dependia dele. Eu queria ficar mais forte que Riku, e não que ele me salvasse de novo.
    - Droga! – disse a mim mesmo, sem saber o que fazer. Eu já estava cansado, e novamente olhei para trás.
    O cachorro estava mais próximo.
    Olhei para frente e vi que finalmente eu estava perto da rua. Não sei como, mas “acelerei”. Pulei para fora da floresta, caindo na calçada. Mas sem olhar para trás corri, não sei por que, em direção ao parque.
    Chegando lá vi Zoe, que observava eu me aproximando dela; Zoe não entendia o que estava acontecendo.
    - Por que está correndo deste cachorrinho, Fubuki? – perguntou ela.
    Sem parar de correr estranhei:
    - Cachorrinho?
    Cheguei até ela e olhei para trás.
    Um cachorro muito pequeno corria atrás de mim e, quando parei, ele foi até mim.
    Mas ainda assim o cãozinho era vermelho!
    - Billy! – gritou meu tio; ele estava no gramado do parque, um pouco perto de onde estava Zoe e eu. O cãozinho foi até meu tio, que abaixou para passar a mão sobre sua cabeça.
    - Billy? – perguntei, muito confuso com a situação e ainda com o coração batendo feito um tambor.
    - Sim – respondeu meu tio. – É o nome dele.
    - Não acredito que você estava correndo desse cachorrinho – ironizou Zoe, rindo da minha cara.
    - Mas eu juro que… - imediatamente parei de falar, pois se falasse a história toda Zoe iria querer saber o que eu estava fazendo na floresta (sem falar que ela não acreditaria na história do cachorro gigante).
    - Fala, Fubuki – pediu ela, curiosa.
    - Nada não – disse eu. Depois me virei para o meu tio, falando: - Pensei que você tinha ido à cidade.
    Meu tio olhou para mim, como se quisesse me dizer alguma coisa, mas não podia porque Zoe estava por perto.
    Novamente me virei para Zoe:
    - Desculpe-me de não ter te cumprimentado – fiquei sem jeito.
    Ela me deu um beijo no rosto e perguntou:
    - Tudo bem com você?
    - Tudo  – respondi, ficando vermelho. Meu coração estava batendo mais forte do que na hora em que eu estava fugindo daquele cachorro gigante, e cada vez mais eu pensava estar me apaixonando pela linda Zoe.
    Ela riu.
    - O que foi? – perguntei.
    - Ah, nada – respondeu ela, sorrindo –, é que você fica muito fofinho quando está envergonhado… - então, assim que falou isso, Zoe lembrou uma vez quando Shimizu me falara a mesma coisa, logo após eu tê-la defendido daqueles grandalhões da escola.
    Ri atoa.
    - O que foi? – agora era Zoe quem perguntava.
    - Nada não – respondi; Zoe apenas sorriu, sem entender.
    - Fubuki, temos que ir – disse meu tio.
    - Mas por quê? – protestei.
    - Sua mãe mandou eu vim te buscar – essas palavras me deixaram constrangido. Com certeza deu a impressão à Zoe que eu era 'filhinho de mamãe'.
    Zoe novamente riu.
    - Desculpa, Zoe, mas tenho que ir.
    - Vai lá – ela me deu outro beijo no rosto; e senti que fiquei mais vermelho ainda.
    Então fui embora, junto com meu tio, que carregava aquele cachorrinho vermelho no colo, enquanto Zoe nos observava, sorrindo.