terça-feira, 3 de setembro de 2013

Capítulo 28 - Um Presente do Meu Pai - 2ª Parte

    Caminhei lentamente, pensando em qual seria meu próximo passo. Meu tio, no primeiro, apenas pediu para eu entrar no Rio das Águas Pesadas. Na hora eu tinha certeza que era uma coisa insignificante, mas depois me surpreendi com a força e o peso da água. Eu não conseguia de jeito nenhum ficar de pé, até que cai de mal jeito na água e me afoguei.
    Fui um desespero total, onde pensei que iria morrer.
    Até que apareceu aquela garota de asas…
    Não faço a mínima ideia de quem era ela e o porquê de ter aparecido ali, só sei que sua presença me acalmou muito. Ela disse que era meu anjo da guarda, mas eu não entendi essa parte.
    Pensei que eu ia morrer ali, e comecei a lembrar dos meus dias em Tóquio, dias marcantes. Conheci muitos amigos e me apaixonei… Por duas garotas, acho. Eu sabia que não podia morrer ali, e algo me deu forças, como se fosse um poder oculto que eu tinha dentro de mim. Me salvei, e ainda consegui ficar de pé no rio. Eu até estava na parte funda! O que era muito estranho…
    Enfim, a única questão era essa: quem era aquela menina?
    Respostas era uma coisa que eu estava precisando muito.
    Finalmente cheguei.
    Olhei para aquele rio que, de vista, parecia um rio comum, mas eu sabia que não era. Aquelas águas eram estranhas, e pesadas também. Demorei para conseguir me equilibrar nele, mas quando consegui o resultado foi ótimo. Eu parecia muito mais leve que antes, e estava muito satisfeito quanto a isso.
    - Vou entrar um pouco no rio – decidi.
    Dobrei minhas calças e tirei meus chinelos.
    Mas quando dei meu primeiro passo:
    - Uuuurgh-AU!! – um latido ensurdecedor ao meu lado; me virei noventa graus para a direita e me deparei com um cachorro gigante!
    - AAAAHHHHH!!!!! – me assustei; o cachorro era vermelho e muito grande, cujos dentes afiados eram assustadores. Seus olhos malignos tinham um tom avermelhado, e ele aparentava ser um vira-lata.
    Ele estava rosnando para mim, o que me deixava imóvel e muito assustado.
    - Urgh- AU!! – latiu ele, aparentemente muito bravo; calcei meus chinelos lentamente.
    - Calminha, amigo – disse eu, segurando meu coração; mas novamente o cachorro (que estava apenas a uns dez metro de mim) latiu, ainda mais forte:
    - Uuuurgh-AAUU!!!! – e, de repente, saltou em minha direção.
    Desviei e, sem perder tempo, disparei em direção à rua que eu entrara na floresta, com o cão correndo atrás de mim.
    Enquanto eu corria, eu até pensei em sacar a minha espada e lutar, mas seria loucura. O cachorro, que era bem maior do que eu, era muito veloz. Mas só depois de algum tempo que eu percebi que a minha velocidade também estava incrível! No começo eu não entendia como, mas depois caiu a ficha.
    - Muito obrigado, tio Michael – agradeci, falando sozinho; mas não era hora para pensar em resultado de treinamento, pois o cachorro ainda corria atrás de mim, e estava me alcançando! Olhei para trás, e ele parecia maior e ainda mais feio. Com certeza me devoraria. "É o meu fim!", pensei.
    O que eu mais queria naquele momento era chegar às ruas, mas depois pensei no que faria quando chegasse lá. Eu apenas levaria o perigo para outras pessoas. Mas e se eu, por acaso, encontrasse Riku? Não, isso não. Eu não podia pensar numa coisa dessas, pois eu não queria imaginar que dependia dele. Eu queria ficar mais forte que Riku, e não que ele me salvasse de novo.
    - Droga! – disse a mim mesmo, sem saber o que fazer. Eu já estava cansado, e novamente olhei para trás.
    O cachorro estava mais próximo.
    Olhei para frente e vi que finalmente eu estava perto da rua. Não sei como, mas “acelerei”. Pulei para fora da floresta, caindo na calçada. Mas sem olhar para trás corri, não sei por que, em direção ao parque.
    Chegando lá vi Zoe, que observava eu me aproximando dela; Zoe não entendia o que estava acontecendo.
    - Por que está correndo deste cachorrinho, Fubuki? – perguntou ela.
    Sem parar de correr estranhei:
    - Cachorrinho?
    Cheguei até ela e olhei para trás.
    Um cachorro muito pequeno corria atrás de mim e, quando parei, ele foi até mim.
    Mas ainda assim o cãozinho era vermelho!
    - Billy! – gritou meu tio; ele estava no gramado do parque, um pouco perto de onde estava Zoe e eu. O cãozinho foi até meu tio, que abaixou para passar a mão sobre sua cabeça.
    - Billy? – perguntei, muito confuso com a situação e ainda com o coração batendo feito um tambor.
    - Sim – respondeu meu tio. – É o nome dele.
    - Não acredito que você estava correndo desse cachorrinho – ironizou Zoe, rindo da minha cara.
    - Mas eu juro que… - imediatamente parei de falar, pois se falasse a história toda Zoe iria querer saber o que eu estava fazendo na floresta (sem falar que ela não acreditaria na história do cachorro gigante).
    - Fala, Fubuki – pediu ela, curiosa.
    - Nada não – disse eu. Depois me virei para o meu tio, falando: - Pensei que você tinha ido à cidade.
    Meu tio olhou para mim, como se quisesse me dizer alguma coisa, mas não podia porque Zoe estava por perto.
    Novamente me virei para Zoe:
    - Desculpe-me de não ter te cumprimentado – fiquei sem jeito.
    Ela me deu um beijo no rosto e perguntou:
    - Tudo bem com você?
    - Tudo  – respondi, ficando vermelho. Meu coração estava batendo mais forte do que na hora em que eu estava fugindo daquele cachorro gigante, e cada vez mais eu pensava estar me apaixonando pela linda Zoe.
    Ela riu.
    - O que foi? – perguntei.
    - Ah, nada – respondeu ela, sorrindo –, é que você fica muito fofinho quando está envergonhado… - então, assim que falou isso, Zoe lembrou uma vez quando Shimizu me falara a mesma coisa, logo após eu tê-la defendido daqueles grandalhões da escola.
    Ri atoa.
    - O que foi? – agora era Zoe quem perguntava.
    - Nada não – respondi; Zoe apenas sorriu, sem entender.
    - Fubuki, temos que ir – disse meu tio.
    - Mas por quê? – protestei.
    - Sua mãe mandou eu vim te buscar – essas palavras me deixaram constrangido. Com certeza deu a impressão à Zoe que eu era 'filhinho de mamãe'.
    Zoe novamente riu.
    - Desculpa, Zoe, mas tenho que ir.
    - Vai lá – ela me deu outro beijo no rosto; e senti que fiquei mais vermelho ainda.
    Então fui embora, junto com meu tio, que carregava aquele cachorrinho vermelho no colo, enquanto Zoe nos observava, sorrindo.

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