segunda-feira, 24 de junho de 2013

Capítulo 20 - O Jogo da Superação - 2ª Parte


    Meu time inteiro estava sem ânimo, e aproveitei o intervalo para reuní-los longe do time titular. Eu percebi os problemas, então decidi ajeitar o time.
    - Parece que temos muitos erros – disse eu.
    - Parece? – ironizou Sasaki. – Esse time é uma vergonha! Como poderíamos ganhar do time titular assim?
    Olhei para ele furioso.
    - Sasaki – falei –, você foi o que mais errou nesse primeiro tempo!
    - Eu? Quem foi que deu o único chute a gol do nosso time? Me responda, Fibuki!
    - Fubuki! – o corrigi. – Tá certo, foi com você a única oportunidade que tivemos. Mas, caso você não percebeu ainda, sua posição é na lateral, e não no ataque!
    - Mas…
    - Mas nada! No segundo gol você estava na área do nosso adversário, lugar dos nossos atacantes. O time adversário viu um furo na sua posição e foi por meio dela que saiu o contra-ataque!
    Isso o deixou sem palavras.
    - Kaji, você ficará na lateral esquerda. O lateral esquerdo, Nakata, será o zagueiro. Já Inoha será o lateral direito, e Sasaki, no ataque.
    Kai olhou para mim, com certa admiração. Enquanto eu ajustava o time, o treinador Takahara ajustava o outro. Meu time foi para o gramado, e eu dei algumas instruções de jogadas. O time titular também foi para o gramado e, quando a bola já estava no meio-campo, o treinador apitou o começo de segundo tempo.
    Saída de bola. Kubo tocou para Sasaki, que recuou para Aoki, que deu um passe na esquerda para Tatsuiya. Este tentou dar um drible em Akira, mas acabou perdendo a bola. Akira dominou na lateral esquerda, passou pela linha do meio-campo e, quando pensou em tocar para Masao, Kaji o desarmou. Em seguida, tocou lá na direita para Inoha, que dominou com perfeição. Este arrancou, tabelou com Kasai e saiu livre na linha de fundo. Mas, ao invés de cruzar a bola na área, preferiu tocar para Sasaki, que vinha correndo na ponta da grande área. Sasaki, dali mesmo, arriscou um chute, a bola bateu na trave, e Joe deu um chutão para frente. Yuuki já dominou a bola no meio-campo, mas logo foi desarmado, pois não tinha alternativas: Tashima, na esquerda, já estava marcado pelo Inoha (o que me surpreendeu, pois Inoha, segundos atrás, estava no ataque); na direita Kubisha estava marcado pelo Kaji e, mais a frente, Riku e Natsuno estavam marcados pelos zagueiros: Goto e Nakata. Daí, sem alternativas, Yuuki ficou desnorteado e perdeu a bola para Aoki. Aoki, o volante, viu bem Tatsuiya passando mais a frente e lhe deu um passe em profundidade. Este saiu na meia-lua e, quando Mike ia impedí-lo, ele tocou para Kubo, que passava ao seu lado. Kubo saiu frente-a-frente com o goleiro, mas, ao invés de chutar, tocou para Sasaki, que ficou sozinho na pequena área. O novo atacante apenas teve o trabalho de empurrar a bola para o gol. 2 a 1.
    Todo mundo do meu time vibrou bastante, e o treinador e o time titular estavam extremamente surpresos. Mas rapidamente a bola foi posta no centro de campo e o jogo recomeçou.
    - Boa, Fubuki! – gritou Kai, do banco de reservas.
    - Obrigado – consegui sorrir.
    Masao vinha em velocidade, driblando todo mundo. Primeiro Kasai, depois Aoki e, por fim, Inoha. Ele ficou cara-a-cara com o zagueiro Goto e, de vez tocar para Natsuno ou Riku (que estavam sozinhos: Riku na esquerda e Natsuno na direita) ele preferiu dar o drible. Resultado: Goto chutou a bola para frente. Mas a redondinha sobrou para Yuuki, que estava livre no meio-campo. Este dominou e, rapidamente, deu um passe aéreo para Natsuno. Este dominou entrando na área e, quando sai para tentar impedir o gol, ele tentou por cobertura…
    Ia ser um golaço, e isso eu não queria. Logo naquele momento, quando meu time estava começando a se animar… Logo quando queríamos o empate. Pensei, por um momento, até em usar meus poderes de caçador (agilidade, velocidade), mas seria trapaça. A bola ia em direção ao gol em câmera lenta, e todos estavam ansiosos para ela entrar logo. Mas, quando ia cair dentro, quando ia passando da linha, apareceu Nakata, dando um chutão para cima.
    Todos se aliviaram, principalmente eu. Parecia que eu tirava um peso de uma tonelada de minhas costas. Nakata vibrou, e eu dei-lhe um abraço apertado.
    - É isso aí! – disse a ele.
    Mas a bola novamente ia sobrar para Yuuki no meio-campo. Vi sua expressão e percebi que ele já tinha algo em mente. Mas, quando ele ia dominá-la, Aoki o antecipou. Este dominou, passou por Yuuki (que ficou muito surpreso) e tocou para Kasai. Kasai, aparentemente, iria levar para a linha de fundo. Mas enganou todos, principalmente seu marcador, Joe: ele cortou o zagueiro e levou a bola por dentro. Já estava na meia-lua, quando arriscou o chute de canhota. A bola ia fazendo efeito, em direção ao cantinho, mas ia sair. Estava claro. Koboshi ainda saltou para tentar espalmá-la, mas não estava ao seu alcance. Ela ia para fora graças ao efeito, mas, surpreendentemente, apareceu Kubo, a desviando e a empurrando para o gol.
    Meu time explodiu em vibração!!! Todos correram em minha direção e se jogaram para cima de mim. Caí, com muito peso me sufocando. Mas era hora de comemorar. Todos estavam felizes, e tinham certeza que eu influenciei muito no resultado: 2 a 2.
    Takahara apitou final do jogo e, mesmo que o resultado fosse igual, nosso time estava muito mais feliz que o titular.
    Nos reunimos no centro do campo com o treinador. Todos se sentaram, exaustos, a não ser Moshio Takahara.
    - Eu sabia que esse coletivo seria ótimo – disse ele.
    - Ótimo? – falou Masao. – Você achou ótimo? Nós, empatarmos com esse time é ótimo?
    - O que você quer dizer, Masao? – indagou Sasaki, muito indignado.
    - Vocês são um bando de perdedores – falou o camisa 10. – Não acredito que pudemos empatar com vocês.
    - Mas empataram – lembrou Kubo.
    - Sorte.
    - Sorte?
    - Claro! Todos aqui sabemos que vocês, reservas, são muito inferiores à nós, titulares.
    - A ponto de sair um resultado igual? – ironizou Sasaki.
    - Como eu disse: foi sorte!
    - Ou superação – disse eu; todos me olharam.
    - Superação? – perguntou Masao.
    - Sim. Todos nós demos o nosso melhor, e conseguimos o que queríamos. Vocês fizeram o primeiro gol muito rápido, o que nos desanimou. Daí vocês dominaram o primeiro tempo. Mas no segundo, com alguns ajustes aqui e alguns ajustes ali, voltamos melhor. Fizemos um gol e ficamos mais confiantes. Depois, empatamos.
    - Inteligência também – inseriu o treinador.
    - Hã? – todos se perguntaram.
    - Como eu disse, esse coletivo foi ótimo. Não só para ver as habilidades de cada um (o que foi necessário), mas também para ver o lado psicológico de cada jogador. Por exemplo, depois do segundo gol do time titular, todos os reservas se abateram, a não ser Fubuki. Fubuki, ao invés de pensar que o jogo estava perdido, como pensou o resto de seu time, apenas reparou os erros. Então, no intervalo, fez seus ajustes necessários, levando ao empate do time. O time reserva se mostrou mais confiante após seu primeiro gol, o que o fez jogar bem, não só atacando, mas como também defendendo. O time titular não se abalou em momento algum, mas Masao sim.
    Todos olharam para o camisa 10, que se mostrou indignado.
    - Eu?
    - Sim, Masao, você. Quando ainda estava 2 a 1 para o seu time, vocês poderiam ter matado o jogo num lance onde incluía você, Natsuno e Riku. Mas você, de vez de tocar a bola para um dos dois, que estavam livres ao seu lado, preferiu fazer uma jogada individual, que não deu certo. Claro que, após esse lance, quase saiu um gol para vocês, mas não graças a você, e sim à visão de jogo do Yuuki.
     - Mas eu acabei perdendo o gol – lembrou Natsuno, com expressão de culpa e tristeza.
    - Não, Natsuno – disse o treinador. – Não foi culpa sua. Você fez certo: tentou encobrir Fubuki. Mas acontece que o zagueiro Nakata, antes lateral, tirou a bola em cima da linha. E, no lance seguinte, saiu o gol. Nesse gol foi graças à raça do novo zagueiro, que acompanhou o lance até o final, e chutou a bola para frente.
    Fiquei impressionado com a visão de jogo do treinador. Fiquei mais seguro depois dessa conversa, e me perguntei se, com ele, perderíamos algum dia.
    - Fubuki – ele falou –, meus parabéns.
    - Hã? – estranhei – Por quê?
    - Você demonstrou que é um ótimo líder.
    Fiquei muito agradecido com esse elogio. Agora que ele tocou nesse assunto, percebi que era verdade. Se não fosse meus ajustes… Se Sasaki continuasse na lateral, sempre nos contra-ataques teríamos um a menos na nossa defesa. Mas, já que coloquei ele no ataque e coloquei outro na lateral, não aconteceu isso. Mesma coisa no lance em que o zagueiro Nakata tirou a bola em cima da linha. Isso não aconteceria se ele ainda estivesse na esquerda, ao invés da zaga. E muitas outras coisas que aconteceram de bom no jogo graças a mim.
    - Obrigado, treinador – disse eu ao Takahara, sorrindo.
    - De nada – ele pôs a mão no meu ombro, satisfeito; então alguns jogadores do meu time começaram a bater palmas, depois mais, até todos ali aplaudirem, a não ser Masao, que se mostrava inconformado.
    Todos aplaudiam, e senti que eu estava vermelho. Olhei para fora do campo, na direção das meninas da nossa sala, que chegara ali há alguns segundos, e vi Shimizu olhando para mim, sorrindo. Sorri para ela, e o dia acabou assim.

    Fique atento ao próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

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