sábado, 29 de dezembro de 2012

Capítulo 4 - Eu me Chamo Zoe - 2ª Parte


    Chegando lá sentei no mesmo banco que sentara no dia anterior, enquanto havia vários garotos jogando futsal na quadra (que não era coberta).
    Por que estava acontecendo aquilo comigo? Eu sabia que estava sendo vigiado dia e noite, mas por quem? E por quê? Eu não achava nenhuma resposta para essas perguntas.
    - Oi – alguém falou ao meu lado, uma voz feminina.
    - Hã? – me virei.
    Era uma linda garota que estava me cumprimentando. Ela tinha longos cabelos castanhos, olhos verdes e pele parda, bronzeada; usava jeans azul e camiseta simples, amarela.
    - Quem é você? – perguntei.
    - Eu me chamo Zoe – ela respondeu abrindo um lindo sorriso -, e você é Fubuki, certo?
    Eu estranhei.
    Como aquela garota, que eu jamais vira antes, sabia meu nome?
    - Sou eu mesmo – respondi afinal –, nos conhecemos?
    - Ainda não, mas sei seu nome porque você é novo aqui – explicou ela.
    Então eu entendi. Afirmei:
    - Certo... Zoe.
    Ela se sentou ao meu lado; fiquei vermelho. Quer dizer, os dois.
    Ficamos em silêncio por alguns instantes.
    - Parece que você não está muito feliz – ela disse, afinal.
    - Parece, é? Está tão claro assim?
    - Bem, você não expressa nenhuma emoção, não fala com ninguém e é a segunda vez que vem para o parque desde quando chegou.
    “Será que ela andara me vigiando?”, me perguntei.
    - Sei disso porque sempre quando estou triste ou solitária venho para cá também.
    - Então você também está triste – adivinhei. Ela confirmou com a cabeça. – E qual é o motivo dessa tristeza? – perguntei.
    - Não sei direito, só sei que estou triste, me sentindo sozinha. Não tenho nenhum amigo, pelo menos por perto.
    Percebi que sentia a mesma coisa.
    - Eu… acho que sei como é – falei. – Me mudei para cá, deixando todos os meus amigos que tinha para trás, agora... – minha voz falhou, não consegui continuar.
    - Entendo.
    Eu não sabia mais o que falar, pois não a conhecia direito. Estava acontecendo muitas coisas estranhas comigo e eu precisava desabafar para alguém. Mas não podia contar tudo sobre mim a um estranho. Mas senti que confiava nela, só não sei por que.
    - Não se preocupe, pode confiar em mim – ela falou percebendo minha insegurança.
    Não respondi.
    Ela se levantou e olhou para mim. Abriu um lindo sorriso e disse:
    - Tchau.
    A olhei fixamente nos olhos.
    Como era linda…
    Senti que ela era confiável, mas apenas respondi:
    - Tchau – e se foi. Quando ela já estava um pouco distante tomei coragem e falei: - Nos vemos amanhã, então?
    Ela assentiu, sorrindo.
    Eu estava encantado, nas nuvens.
    Poderia haver alguém tão bonita como Zoe e Shimizu?
    Mas voltei à realidade.

    Fiquei refletindo sobre tudo o que acontecera nos últimos dias. Era tudo meio assustador. Eu me sentia cada vez mais solitário, cada vez mais triste, cada vez mais assustado... “Assustado por quê?”, me perguntei. Eu não sabia responder. Algo estava voltado para mim, mas eu não sabia o que era! Tudo o que acontecera, obviamente, estava ligado. Tudo estava se juntando, e a única coisa que eu sabia era que mais cedo ou mais tarde descobriria o que era. E sinto que não vou gostar nadinha dessa tal descoberta…

    Já estava anoitecendo. Voltei para casa.
    Quando entrei minha mãe estava na cozinha. Ela me chamou.
    Atendi ao chamado:
    - O que foi, mãe? – perguntei quando já estava na cozinha.
    - Fubuki, amanhã iremos à cidade para fazer compras – ela respondeu enquanto preparava o jantar.
    - Compras? Por quê? – indaguei.
    - Seu pai virá nos visitar!!! – ela sorriu, em tom de comemoração.
    Depois dessa notícia eu quase dei um salto-mortal de tanta alegria que sentia naquela hora.
    - Meu pai? – eu ainda estava meio besta, sem acreditar na notícia.
    - É, e eu quero fazer um jantar delicioso para nós três.
    - Está bem, mãe – eu estava realmente muito emocionado, pois meu pai vinha nos visitar uma ou duas vezes por mês, e sempre que ele vinha nós nos divertíamos muito; e diversão era o que eu mais precisava naquele momento.
    Fui para o meu quarto e tomei um banho quente. Depois desci para o jantar.

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