domingo, 24 de novembro de 2013

Capítulo 40 - Conhecendo o Mundo Paralelo: A Base do Fogo Militar - Parte Única

    Passaram-se vários dias desde a aparição do Sacerdote Divino.
    Nada de mais aconteceu nas semanas seguintes. Na escola, muita distância entre eu e a Shimizu. Eu não tinha coragem de falar com ela e vice-versa. Shin não foi nenhum dia também. Riku, Natsuno e eu caçamos vampiros em pequenas aldeias na floresta de Tóquio. Michael ainda não achara nenhum lugar para morar e eu, sem surpresa alguma, estava insatisfeito com a minha vida atual.
    Desde o dia em que fomos cercados por vários vampiros evoluídos, nós três destruímos poucos vampiros graças à ordem do Sacerdote. Várias vezes por semana fomos em missões em que achávamos apenas um ou dois vampiros. Não tinha graça, pois não podíamos mostrar as nossas habilidades máximas de lutas. Aquilo era fácil demais. Claro que nos últimos dias eu treinei muito, mas ainda assim queria um pouco de ação.
    Meu tio Michael me ajudou nos treinamentos, e me deu uma coisa estranha para treinar: uma espécie de colchão que, quando você bate, não sente dor, claro. Mas o mais estranho era que ele era resistente a qualquer coisa, o que facilitava o treinamento. Treinei com o Billy, com a minha Takohyusei e criei um novo golpe, e estou ansioso para colocá-lo em ação.
    Enfim, várias semanas se passaram desde o dia do prédio abandonado. Estava chegando o dia do nosso segundo jogo do campeonato Inter-salas do colégio Matsumoto, e todos estavam ansiosos.
    - Enfrentaremos o 1° G - informou Natsuno, na sala.
    - Dizem que o time deles é repleto de jogadores que jogam o jogo sujo e muito agressivo - inseriu Yuuki; o professor chegou na sala.
    - Isso não importa. Nós temos que ganhar - disse Joe.
    - Claro que vamos ganhar! - falei, sorrindo e otimista; os outros assentiram.
    Já em casa:
    - Finalmente, hein pai - ele sorriu; tinha acabado de chegar.
    Estávamos no começo de Junho, a segunda visita do meu pai desde quando nos mudamos para Tóquio. Ele parecia muito ansioso para saber como eu estava desde quando descobri que era caçador. Então, já que só nós dois estávamos em casa, ele perguntou:
    - Como estão as coisas?
    - Bem - menti, sorrindo.
    Meu pai percebeu a mentira e disse:
    - Fubuki, acho que é hora de eu te mostrar o Mundo Paralelo - ao mesmo tempo em que fiquei surpreso, fiquei feliz.

    Meu pai e eu caminhamos pela floresta sentido Rio das Águas Pesadas. Eu não sabia para onde iríamos, mas sabia que seria um lugar surpreendente. Meu pai estava silencioso, mas sempre atento. Nem sei se ele soube do acontecimento do prédio abandonado, mas ele estava focado em me mostrar o Mundo Paralelo. Eu também estava muito ansioso. Já visitei uma vez, mas não conta, pois fiquei apenas alguns segundos, e no Reino dos Vampiros! Eu queria saber como eram as cidades, as pessoas, os tais palácios...
    Será que a Shimizu mora lá?
    Andamos em silêncio, até finalmente chegarmos à margem do Rio das Águas Pesadas.
    - O que estamos fazendo aqui? - perguntei.
    Ele caminhou até a cachoeira e falou:
    - Aqui tem um portal - e foi para atrás das águas, que caíam fortemente no rio. Era uma bela cascata cheia de rochas enormes. O som da água era muito agradável e tranquilizador. Era sempre o mesmo ritmo, cuja água parecia simples. Um azul muito vivo e limpo, transformando aquela parte da floresta num lugar magnífico.
    Fui até meu pai, e me surpreendi quando vi que atrás da cachoeira havia um túnel. Parecia uma caverna, onde um ar muito puro tomava conta. Era escuro, claro. Mas a luz do dia iluminava um pouco.
    Meu pai caminhava ao fundo do túnel, então eu o segui. Minha curiosidade aumentava conforme adentrávamos no lugar, e eu nem imaginava em que parte do Mundo Paralelo sairíamos. As paredes do túnel eram úmidas e frias. O lugar também era frio. Mas mesmo assim um ótimo lugar, tanto para respirar quanto para meditar, se “desestressar”.
    No fundo do túnel havia uma ampla caverna, onde continha apenas um lago. Meu pai olhou pra mim e falou:
    - Teremos que nos molhar um pouco - estranhei.
    Ele pulou na água e disse:
    - Me siga - daí mergulhou. Rapidamente pulei também, e o vi nadando até um buraco no fundo do lago. Entramos no buraco, onde passamos por um túnel subterrâneo, até sairmos em outro lago, cujas águas tinham um tom mais azul que o lago anterior. Nadamos até a superfície, e saímos numa outra caverna, um pouco mais iluminada graças às tochas que haviam espalhadas pelo lugar, nas paredes.
    Meu pai saiu da água, seguido por mim. Depois chegou perto de mim e me abraçou.
    Estranhei.
    Em seguida, Tony fechou os olhos e se concentrou em algo.
    Eu não estava entendendo nada, mas percebi que nossas roupas estavam secando aos poucos, junto do nosso corpo!
    Era meu pai.
    Depois que estávamos completamente secos, ele me soltou, perguntando:
    - Está pronto?
    - Sim - respondi, ainda surpreso com o “secamento” ao modo Tony; ele apenas sorriu e caminhou até o fundo da caverna, onde apertou uma espécie de botão na parede. Então abriu-se uma porta ao lado do "botão", onde pude ver um círculo roxo muito estranho: era um portal.
    Meu pai percebeu que eu não estava tão surpreso como normalmente ficaria, mas ainda assim falou:
    - Vamos.
    Juntos, entramos no portal, onde passamos pelo túnel que ligava os dois mundos. Era estranha a sensação de entrar ali, onde tudo girava em direções diferentes, deixando qualquer mente confusa.
    Automaticamente, saímos do portal e me vi numa espécie de beco. Eu estava meio tonto, mas logo quando voltei ao normal, percebi que as casas do beco eram completamente diferentes das casas comuns das cidades: as casas do Mundo Paralelo tinham telhados curvos, lembrando o Japão Feudal. Estava de dia, onde o céu era comum. Mas o sol aparentava ser maior que o normal. Havia poucas nuvens, e não estava muito calor.
    Olhei para o meu pai, que apenas caminhou sentido fim do beco. Fui atrás dele, e saímos numa rua muito estranha, cujo asfalto era feito de paralelepípedo. Não havia carros. Porém, muitas pessoas andavam por ali, e percebi que todas as casas daquela cidade eram do estilo feudal.
    - Bem-vindo ao Mundo Paralelo - sorriu meu pai -, e bem-vindo à cidade de Firen, sua terra natal.

    Viramos várias ruas da cidade. Vários habitantes da cidade faziam um tipo de reverência quando viam meu pai. Logo percebi que ele era muito conhecido na cidade. Caminhávamos bastante, e eu não sabia onde meu pai estava me levando.
    A cidade era grande, onde todas as casas eram quase iguais, lembrando o Japão da época do feudalismo. Eram poucas as casas que tinham dois andares ou mais. As pessoas eram sorridentes e simpáticas. Umas cumprimentavam as outras. Como nas cidades do mundo humano, ali havia também muito comércio. Comércio de frutas, verduras e até besteiras do mundo normal! Ou seja, o Mundo Paralelo não era tão diferente do mundo humano.
    Chegamos num lugar um pouco isolado de outras casas. Estávamos, provavelmente, no centro da cidade, mas esse lugar era um tipo diferente do resto dos outros. Havia muitas árvores naquele quarteirão, onde um edifício enorme tomava conta de tudo.
    Fomos até a enorme entrada, onde havia dois seguranças em frente à porta.
    - Boa tarde, senhor Kido! - cumprimentaram os dois juntos.
    - Boa tarde - sorriu meu pai.
    Os dois seguranças abriram passagem a nós e Tony abriu a porta.
    Assim que entramos, fiquei impressionado com aquilo. O lugar era aberto ao céu, e ali era cheio de adolescentes que treinavam iguais os soldados do exército japonês! Aquilo era um exército. Todos estavam uniformizados com um fardamento vermelho escuro, e marchavam ao mesmo ritmo, com suas expressões sérias e focadas. À frente do grupo, um homem vestido com um uniforme da mesma cor dos adolescentes, mas um uniforme mais evoluído, mais autoritário.
    Depois de analisar muito ele, não acreditei quando percebi que o homem era o meu tio Arthur! Eu não o via há muitos anos, desde quando fui ao Brasil com os meus pais. Ele não mudara nada, sempre com sua aparência brusca e agressiva, onde tinha sobrancelhas grossas e uma feição muito experiente.
    - Sentido! - gritou ele; os soldados gritaram "Sentido!" e ficaram imóveis.
    Fomos até meu tio que, quando nos viu, mostrou uma expressão de muita felicidade.
    - Antônio! - cumprimentou meu pai.
    - E aí Arthur - os dois estavam felizes, como se fizesse tempo que não se viam.
    Quando meu tio olhou para mim não conteve o olhar de surpresa.
    - Não me diga que esse é o Fubuki - disse ao meu pai; Tony apenas assentiu.
    - Fubuki!!! - ele me abraçou. Fiquei meio sem jeito, como se tivesse acabado de conhecê-lo.
    - Oi, tio - foi o que consegui falar diante do sufoco.
    - Arthur, acho que agora não é uma boa hora para abraços - avisou meu pai, percebendo a cara dos soldados.
    - Ah é, desculpe-me - ele me soltou e se virou aos soldados, falando: - Descanso!
    Os garotos largaram o jeito sério e comemoraram. Percebi que eles não eram o que eu pensava, pois pareciam mais soltos e moleques. Uns faziam brincadeiras com outros, enquanto outros conversavam entre si, sorrindo a toda hora. No final, eles eram comuns.
    - Quem são eles? - perguntei.
    - Seu tio os treina para o exército da nossa cidade - respondeu Tony.
    - Como assim? - estranhei.
    - Fubuki - agora era Arthur -, nessa cidade há muitos clãs misturados. Há pequenos e médios. Todos aliados do clã Kido. Somos uma Tribo.
    - Eu pensei que nossa Tribo era apenas o clã Kido, Takeda e Mishimo - falei.
    - Esses são os principais - falou meu pai. - Nossa tribo tem dezenas de clãs aliados. Os protegemos e eles nos protegem. Por isso criamos um exército, para nos proteger das Tribos rivais em caso de atentados ou guerras.
    - Então vocês usam caçadores de clãs pequenos para isso? - perguntei, não gostando muito da história.
    - Mais ou menos - respondeu meu tio.
    Fiquei confuso.
    Natsuno não me falara sobre isso. Eu nunca soube sobre exércitos e que nossa Tribo ocupava uma cidade inteira. Nem sequer eu sabia que meu pai usava adolescentes para servirem o exército!
    Mas meu pai disse mais:
    - Esses adolescentes são voluntários.
    - Então quer dizer que estão aqui porque querem? - eu estava mais aliviado; de certo modo, eu sabia que era verdade, pois parecia que todos os soldados gostavam do que faziam. Estava claro na cara deles.
    - Sim - respondeu meu pai. - Esses jovens não são tão fortes quanto caçadores de clãs médios ou grandes, por isso querem se mostrar úteis fazendo parte da nossa força militar. Claro que ainda não estão preparados. Mas temos adultos que já passaram por todo um treinamento, e estão na nossa linha de frente de defesa.
    - Entendi - falei. - Mas eles não caçam vampiros?
    - Não, exatamente. O foco deles é apenas defender nossa cidade. Mas claro que, se encontrarem um vampiro por aí, vão exterminá-lo - ironizou Tony.
    - E adivinha quem fundou o exército - falou Arthur. Mas antes de me deixar pensar, ele mesmo respondeu: - seu avô.
     Eu nunca havia conhecido meu avô. Ele morreu logo após meu nascimento. De parada cardíaca, como disseram meus pais. A única coisa que eu sabia era que ele era um homem muito bom e generoso, e meu pai, de certo modo, puxara para ele.
    - Ou seja - inseriu meu pai -, essa cidade toda… faz parte do Império do Fogo.
    Eu fiquei incrédulo com aquilo. Nunca imaginei que nosso clã era tão grande. Então era por isso que meu tio Arthur não estava mais morando no Brasil, com meus outros tios. Na verdade, ele ajudava no exército da cidade.
    - Bom, temos que ir - disse meu pai.
    Nos despedimos do meu tio e saímos do edifício.
    - Como você chama esse lugar, pai? - perguntei, observando o prédio pelo lado de fora.
    - BFM.
    - E o que significa?
    - Base do Fogo Militar.
    Por fim, eu estava feliz com aquilo.
    - Agora vamos à organização Ko-Ketsu - disse meu pai, feliz; de imediato fiquei ansioso. Eu iria conhecer a organização!!

    Fique atento ao próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

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