Acordei muito disposto.
Era sexta-feira, o dia do jogo. O segundo do campeonato, por sinal. Tínhamos que vencer de qualquer jeito.
Depois de me arrumar, fui para a escola. Lá encontrei o mesmo pessoal de sempre: o Natsuno, o Yuuki, o Riku, o Joe, o Kai e, infelizmente, o Shin.
Eu não gostava do jeito que ele me olhava. Parecia que ele me provocava, pedindo para eu explodir de fúria a qualquer momento. Mas durante meus treinos com o meu tio Michael, melhorei meu intelectual. Aprendi a não ligar para besteiras, até mesmo se tratando do Shin.
- Estou muito animado - falou Natsuno, já na sala.
- Quem não está? - brinquei.
- Ele - respondeu Yuuki, apontando para o Kai.
Senti uma certa tristeza.
Kai estava no time graças a mim.
No dia em que os garotos da sala estavam montando o time, eles precisavam de mais um. Claro que não era obrigatório, mas seria bom nos treinos coletivos. O único que não tinha grupo era o Kai. Ninguém queria aceitá-lo, mas eu convenci a deixarem ele a entrar. Consegui, mas hoje não sei se foi uma boa ideia.
O garoto solitário tinha alguns amigos nerds, mas que ele só via no intervalo. Eu queria que ele entrasse no time para, pelo menos, fazer alguns amigos, mas não deu certo. Não que ele seja antissocial, mas acontece que ele é meio atrapalhado, e desde que entrou no time, nem relou na bola.
Voltei à realidade quando Natsuno me deu um cutuque, apontando para uma coisa que eu não gostei de ver:
- Oi, gatinha - disse Shin com um sorriso sarcástico. O único problema era que ele estava falando com a Shimizu, que estava sentada no seu lugar.
A garota ignorou ele, que insistiu:
- Tudo bem com você? - ele estava muito próximo dela, que tentava evitá-lo.
- Dá licença, por favor - pediu ela; ele não o fez.
- Por que não quer falar comigo? - seu sorriso sarcástico me enfurecia.
Estava claro que ela não o queria por perto, por isso eu caminhei para tirá-lo de lá. Mas antes que eu pudesse chegar até os dois, o professor entrou na sala, mandando todos os alunos irem aos seus respectivos lugares.
Suspirei.
- Parece que ele quer roubar sua namorada - comentou Natsuno, num sussurro.
- Nunca vou deixar - afirmei; Natsuno sorriu.
As aulas passaram muito rápido, daí quando bateu o sinal de saída, o time da minha sala desceu ao ginásio da escola, para nos trocar no vestiário e irmos ao campo para a partida.
No campo havia arquibancadas, onde alguns alunos da escola preferiram ficar na escola para assistir ao nosso jogo.
Estávamos nos vestiários, todos vestidos, apenas alguns ainda estava colocando suas chuteiras. O treinador apareceu, durão como sempre:
- Hoje eu quero ver o melhor de vocês! Não podemos nem sequer empatar o jogo. O time adversário é muito agressivo, por isso quero que vocês cavem o máximo de faltas possíveis perto da grande área.
Cavar significa chamar uma falta. Exemplo: um jogador fazer de tudo para seu adversário cometer uma falta contra si.
- Entendido - falou alguns garotos em uníssono.
- Repetirei o mesmo time do jogo anterior - ele olhou para Masao. - Quero que você jogue com o time. Você é muito bom em dar passes, então faça o possível para deixar seus companheiros na cara do gol.
- Ok - sorriu Masao.
O treinador olhou para Natsuno e Riku:
- Vocês dois jogam bem no ataque, mas se trabalhassem mais juntos, com certeza sairá mais gols.
- Sim, senhor! - gritou Natsuno, com uma postura igual a de um soldado do exército; os outros riram da brincadeira.
Por fim, Moshio Takahara olhou para mim:
- E você será a nossa arma secreta do segundo tempo - meu coração disparou. - Quando entrar, quero ver muita raça e determinação. E dribles também - sorri, muito grato pelas palavras. Só dizendo aquilo, o treinado me deixou muito confiante quanto ao jogo, e isso era um bom sinal.
Depois de falar algumas estratégias, fomos ao campo, onde o time adversário já se aquecia. Eles não eram grandes como os jogadores do 3°A, mas só olhando suas feições dava para perceber que eles eram muito maliciosos e malandros, pelo menos a maioria.
Após alguns minutos, o jogo começou.
Foi um jogo muito corrido, onde nosso time atacava enquanto o outro cometia muitas faltas. Sempre era Masao quem cobrava, lançando bolas aéreas para a área do inimigo, e foi assim que saiu o primeiro gol. Foi Kasai quem fez o gol, o que me deixou mais feliz que o normal.
Kasai, antes do campeonato começar, era reserva do time da nossa sala. Mas graças ao primeiro coletivo que tivemos - onde o time titular enfrentava o time reserva - ele se destacou. Agora ele era o responsável pela vitória parcial.
O jogo ia rolando, até que Ozoki foi atingido pela perna de um dos jogadores do time adversário, tendo que sair do jogo. O treinador colocou Kubisha (irmão gêmeo do goleiro Koboshi) em seu lugar, fazendo o time ficar um pouco mais lento, porém melhorando na troca de passes. No primeiro tempo, o adversário deu apenas um chute ao gol, onde o goleiro defendeu tranquilamente.
Ainda por cima, no último minuto, Natsuno recebeu na grande área, fintou um dos zagueiros e chutou forte no canto. 2 a 0.
O árbitro apitou final da primeira etapa, e todos se reuniram no banco de reservas.
Depois de substituir o meio-campo Kasai por Kubo e o zagueiro Nakata por Mike, o segundo tempo começou.
O jogo era do mesmo ritmo, sempre com o nosso time ofensivo e muito veloz, até que Masao sofreu uma falta muito dura na entrada da área. Ele ficou no chão gemendo de dor, mas logo conseguiu se levantar.
Riku bateu a falta com perfeição e fez o terceiro gol.
O jogo recomeçou, com o time adversário ainda mais agressivo. Todos os jogadores inimigos estavam furiosos e descontavam no nosso time. Aos poucos meus companheiros iam sofrendo, onde apenas Riku, Natsuno e Yuuki conseguiam se salvar devido às suas agilidades anormais. Mas os adversários continuavam violentos, até que o treinador foi obrigado a tirar o lateral direito Akira para a entrada de Inoha, depois ele tirou Natsuno para entrar o Sasaki.
Percebi que Masao mancava ligeiramente, por isso fiquei preocupado. Até que, quando ele pegou na bola, recebeu um carrinho muito forte, onde ficou caído gritando de dor com a mão na perna direita. O jogador que cometera a falta foi expulso, enquanto a equipe médica entrava no campo para ajudar o camisa 10.
Colocaram-no numa maca, deixando todo o time preocupado.
Os médicos o tiraram do campo e iniciaram uma análise. Corri até eles, e falei ao Masao:
- Você ficará bem.
- Espero que sim - ele sorriu com certo esforço; Masao era meio arrogante, mas eu sabia que ele era gente boa.
- Fubuki - chamou Takahara, do banco de reservas; fui até ele. - Você já sabe o que fazer - fiz que sim; finalmente eu entraria no jogo.
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