sábado, 16 de março de 2013

Capítulo 10 - A Filosofia do Amor - 1ª Parte


    Passamos o resto da viagem em silêncio.
    Meu pai deixava lágrimas escorrer pelo seu rosto, e eu não tinha coragem de perguntar sobre Hiroshima. Quem era ele afinal?
    Chegamos em casa.
    Minha mãe estava fazendo a comida. Fomos à cozinha:
    - Oi, mãe. Cheguei.
    Ela olhou para mim, com raiva:
    - Bonito isso, né? – ela disse. – Posso saber por que você fugiu da escola?
    E agora? O que eu iria responder? Não podia simplesmente dizer: “Ah, mãe, um vampiro tentou me atropelar de moto em pleno corredor, então eu o segui até a cidade. Depois ele fugiu de mim pulando para o alto de um prédio, dizendo que era só o começo.”.
    - Um garoto estava ameaçando o Fubuki na escola – respondeu meu pai, ainda abalado com a morte de Hiroshima.
    Olhei para ele. Não era a melhor resposta do mundo, mas me livraria de uma explicação à minha mãe.
    Mas teria outro problema: a escola.
    Fugi de lá sem nem mais nem menos. Como poderia explicar? Haveria testemunhas negando se no caso eu desse essa mesma resposta que meu pai deu à minha mãe.
    Sanae voltou a fazer o almoço, enquanto eu e meu pai íamos à sala.
    Sentamos no sofá e meu pai ligou a TV. Estava passando um noticiário dizendo que morreu uma pessoa misteriosamente essa noite. A pessoa foi encontrada muito pálida, e no corpo de delito o resultado foi falta de sangue. No jornal dizia que o morto teve Leucemia, mas eu e meu pai sabíamos que não era bem a resposta certa.
    “As inscrições!”, lembrei. Hoje teria as inscrições para o campeonato da escola. E se eu não assinasse a lista, não participaria. Olhei para o relógio: 9h27. Daria tempo de eu chegar lá e assinar. Mas qual seria a minha explicação?
    - Pai, temos que ir à minha escola.
    - Hã? Mas por quê?
    Expliquei que teria de assinar a lista. Ele pegou o carro na garagem e fomos até a escola Matsumoto.

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