segunda-feira, 18 de março de 2013

Capítulo 11 - Sábado Revelador - 1ª Parte


    O dia de Sábado amanheceu ensolarado, como de costume na primavera.
    Eu não estava de mau humor, mas também não estava de bom humor. Por quê? Sei lá! Ultimamente minha vida tem sido estranha. Garotas, pesadelos, sombras, vampiros…
    Ah, e falando nisso, aconteceu uma coisa muito estranha: eu tive uma noite normal! Sem nenhum pesadelo, sem nenhuma presença estranha por perto, sem nada esquisito – exceto isso, que era muito esquisito.
    Levantei-me e fui à cozinha para tomar o café da manhã.
    Me surpreendi quando vi que já eram quase meio-dia. E me surpreendi ainda mais quando vi que era meu pai quem estava fazendo o café! Estava bom demais para ser verdade: finalmente uma coisa estranha.
    Sentei-me à mesa:
    - Onde está a minha mãe, pai? – perguntei.
    Meu pai, já colocando o café na garrafa térmica, respondeu:
    - Ela foi dar uma volta no parque, Fubuki.
    - Já faz muito tempo?
    - Faz nem duas horas.
    Outra coisa estranha. Meu pai acordou cedo? Realmente minha vida estava normal depois de ele ter matado o diretor da minha escola – que na verdade era um vampiro.
    Meu pai me serviu com pãezinhos e café. Depois se sentou:
    - Pai, sobre ontem…
    - Você quer saber quem é Hiroshima – ele completou.
    Assenti.
    - Fubuki, Hiroshima foi encontrado por um dos nossos membros há mais de dez anos. Ele era órfão, e o encontramos através de alguns vampiros, que quase o matou. Hiroshima conseguiu se defender e matou eles. Esse membro estava presente por acaso, então o chamou e pediu a autorização do orfanato, no qual ele estava.
    Fiquei até meio triste. Não sabia que Hiroshima era órfão, muito menos um membro de um clã especial. Coitado… Com certeza teve um passado muito triste.
    - Mas ele estava em alguma missão? – perguntei.
    - Ele decidiu investigar sobre o paradeiro de um cientista pouco conhecido entre nós caçadores – respondeu meu pai.
    - O paradeiro de um cientista? – estranhei. Por que ele investigaria uma pessoa assim? Poderia até ser um chefe dos vampiros, um mafioso, ou qualquer outra pessoa. Mas um cientista?
    - Houve boatos na organização Ko-Ketsu sobre uma pessoa que descobriu uma cura para pessoas contaminadas por vampiros…
    - Espere um pouco! – o interrompi – Você está dizendo que há contaminação?
    - Exato.
    Me senti mau. Normalmente nas histórias de vampiros sempre havia contaminação. Por que eu não pensara nisso antes? Será que porque aqui é vida real?
    - Mas pai, por que o Hiroshima andava com vampiros?
    - Achamos que os vampiros sejam os culpados pelo sequestro desse cientista.
    - E os vampiros (os outros dois valentões) não perceberiam a presença de Hiroshima? – eu estava confuso.
    - Filho, Hiroshima já conseguia controlar seu poder. São poucos os que conseguem esconder sua verdadeira identidade, e Hiroshima era um deles.
    Finalmente entendi. Hiroshima estava investigando os outros dois valentões – que são vampiros – para ver se descobria algo sobre o paradeiro do cientista misterioso. Mas de alguma forma ele foi descoberto, e sofreu tanto a ponto de morrer.
    - Então você acha que esse cientista seja o tal Koyoshima? – perguntei.
    Meu pai ficou pensativo por um momento. Estávamos quase terminando o café da manhã. Em breve minha mãe chegaria, deixando-nos sem um lugar seguro para conversas desse tipo.
    - Tenho certeza – respondeu ele. – Hiroshima falou algo sobre “Koyoshima”, “avisar” e “Pen-drive”. Ele descobriu alguma coisa importante, tão importante que custou a sua vida – percebi a expressão facial de meu pai mudando para tristeza.
    E ele tinha motivos para isso. Conhecia Hiroshima há mais de dez anos, desde quando o garoto era apenas uma criança. E agora…
    - Temos que investigar sobre isso – falou meu pai.
    - Mas onde? – perguntei.
    - Deixa isso comigo, filho. Se Hiroshima morreu por causa dessa informação, não o deixarei correr o mesmo risco.
    - Não – respondi decididamente. – Chegou a minha hora, pai. Acho que já estou na idade de me cuidar muito bem. Quero minha primeira missão… e será essa.
    Vi que meu pai, ao mesmo tempo em que estava preocupado com a minha atitude, estava muito orgulhoso de mim.
    - E você pretende começar por onde, senhor detetive? – ele indagou com ironia.
    Não pudemos deixar de rir, porque realmente foi engraçado num momentos daqueles.
    - Que tal eu saber onde Hiroshima estava morando nesses últimos dias? – respondi.
    - Está certo, então.
    Terminamos de tomar o café em silêncio.

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