sábado, 23 de fevereiro de 2013

Capítulo 7 - Tentação Dupla - 1ª Parte


    - Demorei? – perguntei a ela, depois que cheguei.
    - Mais ou menos – Zoe me respondeu, sorrindo.
    Ela estava incrivelmente linda! Seus lindos e longos cabelos castanhos desciam em tranças pelas suas costas, seus olhos verdes brilhavam mais que no dia anterior e ela usava uma roupa muito apropriada para o seu corpo: uma saia até os joelhos e camiseta de mangas curtas, verde claro. Ela realmente era uma garota linda.
    Sentei ao seu lado no banco.
    Meu coração batia muito forte, e eu não conseguia falar nada, como se as palavras tivessem sumido da minha boca.
    - Dia difícil? – ela perguntou, quebrando o silêncio.
    - Deve ser.
    - Como assim deve ser?
    - Ah, sei lá – respondi. – Acho que não foi difícil, apenas… cansativo.  
    Os garotos começaram a jogar futebol na quadra.
    - Pensei que você não viria – ela admitiu, com um leve tom de tristeza.
    - Pensou, é? – eu estava sem jeito – Bom, estou aqui – brinquei.
    - Estou vendo. Que sorte, não? – ela deu um lindo sorriso para mim.
    Sem querer nossas mãos se encontraram no banco. Fiquei muito envergonhado, então a tirei de imediato. Olhei para o lindo rostinho dela e percebi que estava um pouco vermelho. Ela também me olhou, então me fixei em seus olhos, um belo brilho.    
    Desviei o olhar:
    - Desculpe-me – pedi.
    - É… sem problemas.
    Continuamos observando os garotos jogarem futebol.
    - Decidiu se abrir para mim, Fubuki? – ela perguntou, afinal.
    Eu sentia que confiava nela, mas não sabia de onde. Decidi responder:
    - Sabe, Zoe, desde quando me mudei para Tóquio eu me sinto muito sozinho, como você sabe . Não sei por que, apesar de eu ter amigos e tudo mais…
    - É falta de um amor – ela me interrompeu.
    - Falta de um amor?
    - Quando estamos na infância não nos apaixonamos tão seriamente como na adolescência. Sentimos algo diferente, que inicialmente parece ser solidão. Mas na verdade estamos… apaixonados por alguém distante ou não estamos.
    - Então se você está se sentindo sozinha é porque você também está apaixonada? – perguntei.
    - Exatamente.
    Fiquei com um pouco de ciúmes, apesar de eu saber que estava apaixonado pela Shimizu. Mas mesmo assim Zoe me despertava uma sensação muito forte, o que era estranho.
    - Sabe, Fubuki – ela falou, quebrando o silêncio –, eu realmente estou gostando de alguém, só não sei se esse alguém me aceitaria. Estou muito insegura.
    Ela olhou para mim. Eu também a olhei, e nossos olhos se encontraram.
    - E por que não te aceitaria, se você é tão linda? – perguntei; ela ficou vermelha.
    - Mas a beleza não interfere nos sentimentos reais de uma pessoa – ela voltou os olhos ao pôr do sol.
    - É tão lindo, não é? – comentei, também olhando a bela paisagem.
    - Assim como o amor.
    Voltei a olhar para ela. Senti que Zoe queria me dizer algo, mas não conseguia falar. Ela olhou para mim e, por impulso, a beijei.
    Nos beijamos por apenas alguns segundos, mas parecia que era uma eternidade, uma ótima eternidade! Meu coração batia como se fosse um tambor numa fanfarra. Sua pele era tão macia… Sua boca, seu cheiro…
    Paramos.
    Eu estava incrédulo quanto aquilo. Nunca imaginei que chegaríamos a tal coisa... Respirei fundo, recuperando o ar.
    - Me… me desculpe – foi o que consegui falar naquele momento.
   Zoe estava parecendo um pimentão, assim como eu. Olhei-a fixamente nos olhos, enquanto ela olhava os meus; depois se virou para o outro lado.
    Fiquei sem entender sua atitude, e a minha também.
    O que havia acontecido comigo?
    Não sabia por que fiz aquilo, mas não me arrependia.
    Fiquei a observando, enquanto me lembrava do seu aroma.
    Eu simplesmente não conseguia falar mais nada!
    - Fubuki – ela me chamou.
    - Hã? – perguntei.
    - Eu… eu… eu te amo! – escorreu uma lágrima no seu rosto.
    Enxuguei-a. Depois ela se levantou e saiu correndo chorando de volta para casa.
    Fiquei paralisado, enquanto via a linda Zoe se distanciando, sua saia balançando enquanto corria. Pensei sem parar nas suas últimas palavras: “Eu te amo”.
    Seria verdade? Ela não brincaria com uma coisa dessas. No final, eu estava impressionado. Não só com o que ela dissera, mas também com o que havia acabado de acontecer.
    E como ela era linda…
    Os garotos continuavam a jogar bola na quadra.
    Me perguntei: será que eu estava me apaixonando por duas garotas ao mesmo tempo?
    Mas não tinha mais tempo para pensar nisso, tinha de voltar para casa, pois já era cinco e meia. Como o tempo passa rápido quando estamos felizes!
    Voltei para casa.

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