sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Capítulo 6 - Compras no Centro da Cidade - Parte Única


    Cheguei em casa.
    Minha mãe não estava fazendo o almoço. Estranhei.
    - Mãe! – chamei.
    - Oi, filho – ela gritou em alguma parte lá de cima. – Estou aqui, me arrumando.
    Me aliviei.
    Subi ao meu quarto e tirei o uniforme da escola. Vesti uma roupa de sair e desci. Minha mãe já me esperava na sala:
    - Vamos? – apressou ela.
    - Vamos.
    Caminhamos até o ponto de ônibus, que ficava no caminho que levava à minha escola, e paramos o ônibus que tinha o nome: CENTRO.
    - É esse – entramos.
    Já dentro do veículo, nos acomodamos nos lugares do fundo.
    - Está ansioso, filho? – ela me perguntou.
    - Estou – respondi, pensando no encontro com a Zoe.
    - Qual o problema?
    Eu não tinha coragem de responder. Eu queria muito ver Zoe, por isso torcia para voltarmos rápido. Mas não queria revelar nada à minha mãe.
    - Ér… nada – respondi.
    Minha mãe desconfiava da minha resposta. Estava claro.
    - Tem certeza?
    - Sim.
    O ônibus já tinha percorrido cerca de um quilômetro desde que saímos. Eu encostei a cabeça na janela, observando as ruas lá fora.
    Mas me surpreendi quando vi – ou acho que vi – o diretor da minha escola na calçada, olhando para mim, com seus malignos olhos vermelhos! Quase dei um salto, pois além do susto, senti algo estranho no meu corpo. Ele desapareceu assim que um carro ultrapassou o ônibus, tampando minha visão.
    - Que foi, Fubuki? – minha mãe perguntou.
    - Eu… eu… - gaguejei, não sabia o que responder – eu vi meu amigo, só isso – menti.
    Continuamos em silêncio.
    Eu fiquei pensando por que me sentia daquele jeito quando estava perto dele, ou perto de Yuuki, Riku ou dos três valentões. Era muito estranho. Era como se fosse uma energia me conectando a eles. Não sabia se era boa ou má, mas sabia que era diferente.
   
    Depois de meia hora finalmente chegamos.
    Entramos no supermercado que, na verdade, parecia um Hipermercado, pois era gigantesco. Nunca vira um daqueles antes, a não ser pela TV. Possuía milhares de metros quadrados. Isso a parte de fora, porque a de dentro parecia muito maior, como se fosse o maior estádio de futebol do mundo! Prateleiras de diversas coisas – doces, salgados, alimentos, bebidas, frutas, brinquedos, etc. – recheava o lugar. Muitos corredores, muitas lanchonetes, muitas pessoas… Eu quase me perdi dentro desse universo todo.
    Peguei um carrinho de supermercado e acompanhei minha mãe enquanto ela pegava as coisas que compraríamos. Passamos por vários lugares diferentes, como se cada um fosse um mundo. Os doces pareciam estar no mundo da fantasia, mas infelizmente não passamos por lá. Minha mãe disse que compraríamos apenas o necessário, o que provavelmente não seriam os salgados também.
    Em minutos nós já estávamos com o carrinho cheio – arroz, carne, frutas, bebidas, massas de bolo, etc.
    - Cansei – reclamou minha mãe, depois de pararmos um segundo.
    - Estou com fome – falei, colocando a mão sobre a barriga.
    Minha mãe olhou em direção a uma lanchonete, a mesma que eu observava durantes minutos:
    - Que tal? – ela perguntou.
    - Não precisa nem perguntar – respondi.
    Entramos no lugar, sentamos numa mesa, com o carrinho de compras ao lado, e vieram nos atender:
    - O que vocês querem? – perguntou uma linda garçonete, muito gentil.
    - Eu quero apenas um cheeseburger e algumas batatas fritas – respondi.
    - E você, senhora?
    - Pode ser apenas uma salada de frutas – respondeu minha mãe. Ela era do tipo de mulher que não gostava muito de frituras e guloseimas, pois sempre me dizia: “Isso faz mal para a saúde, Fubuki.”.  E mesmo assim ela me deixava livre para comer essas besteiras, mas sem exagero, é claro.
    A garçonete partiu com os pedidos.
    - Quero ficar linda pro seu pai, Fubuki – ela confessou.
    - Mas o que isso tem a ver com a comida?
    - Filho, não é isso. Eu estou dizendo que quero ficar bonita de verdade.
    - Tipo… hã, ir ao salão de beleza?
    - Isso.
    - Mas tem algum aqui por perto? – indaguei.
    - Então, eu queria te pedir isso. Já que estamos no centro de Tóquio, será que eu podia?…
    Eu sabia que pergunta ela iria fazer. Eu pensei em como chegaria a tempo para ver Zoe. Se fôssemos ao salão de beleza talvez chegaríamos em casa apenas de noite e, provavelmente, Zoe não ficaria lá no parque me esperando até lá. Mas apenas respondi:
    - Ah, claro que sim, mãe.
    - Muito obrigada, filho.
    Eu fiquei muito preocupado. Não queria decepcionar Zoe, nem decepcionar minha mãe. Mas a única saída era apenas esperar a sorte – o salão de beleza deveria estar vazio.
    Finalmente a garçonete chegou.
   
    Terminamos o lanche e pagamos a conta. Depois nos dirigimos ao caixa para pagar as compras.
    Chegando lá, encontramos filas enormes.
    - Vamos ter que enfrentar isso – observou minha mãe.
    - Sem problemas - eu tentava disfarçar meu desespero.
    Entramos em uma, onde ficamos cerca de vinte minutos.
    Depois de pagar tudo, pegamos as sacolas e saímos do hipermercado.
    Estávamos agora numa avenida muito movimentada.
    Ao lado do mercado havia muitas lojas, onde uma delas era um salão de beleza. Rumamos a ele.
    Ao entrar, vimos que estava muito cheio. Eu e minha mãe nos sentamos num dos bancos do lugar e aguardamos pacientemente por cerca de uma hora, até chegar a vez dela.
    Minha mãe foi atendida enquanto eu continuava sentado lendo uma revista - para ver se o tempo passava mais depressa. Olhei a hora e vi que já eram três e meia da tarde. Será que daria tempo de eu chegar ao parque para me encontrar com a Zoe? Torci muito para isso.
    Tic-tac, tic-tac, tic-tac. O tempo ia passando e eu ia ficando cada vez mais nervoso.
    Até que, finalmente, depois de vinte e tantos minutos, minha mãe já estava pronta. Ela havia arrumado o cabelo, feito as unhas dos pés e das mãos e colocado maquiagem. Ela estava simplesmente linda.
    - Nossa, mãe – falei, surpreso. – Você ficou incrível.
    - Obrigada, filho – ela respondeu, muito agradecida.
    Eu também fiquei impressionado com a rapidez das cabeleireiras, manicures e pedicures, pois normalmente esse tratamento de beleza duraria mais de uma hora.  
    Minha mãe pagou o salão e saímos.
    Ela percebeu que eu estava apressado, então andou no meu ritmo.
    - Eu sabia! – ela me zombou – Parece que alguém aqui tem um encontro.
    - Eu? – gaguejei, sabendo que já estava vermelho.
    Fomos até o ponto de ônibus, até pararmos um, que tinha o nome do nosso bairro.
    Entramos.

    Olhei a hora. Quatro e doze. “Bom, se tudo ocorrer normalmente eu chegarei na hora certa”, pensei.
    Mas infelizmente não deu tudo certo. O trânsito estava praticamente parado. Não havia meio de continuar sem bater nos outros carros. Suspirei.
    - Ela é bonita? – perguntou Sanae.
    - Mãe! – reclamei.
    - Ah, sim, filho. Me desculpa.
    Me aliviei quando ela pediu desculpas. Ela provavelmente iria parar de me fazer essas perguntas, mas:
    - Você vai me apresentar ela, não vai?
    - Ela quem? – respondi – Não tenho nenhum encontro marcado com nenhuma namorada, se é isso que você quer saber!
    De certo modo era verdade. Primeiro que Zoe não era minha namorada. Depois que não era bem um encontro. Era parecido, mas não era um encontro.
    Finalmente o ônibus voltou a andar, o que me aliviou.
    Passamos por avenidas muito movimentadas, apesar de não haver mais trânsitos. Passamos por campos de futebol, por algumas pontes, pela represa da cidade e, finalmente, chegamos ao nosso bairro.
    - Bem na hora! – deixei escapar um alívio. Já estava perto das quatro e meia.
    - Hora de quê? – indagou minha mãe, curiosa.
    - É… hora de jogar… hã, futebol com os meus amigos – menti.
    - Ah – ela, surpreendentemente, acreditou nessa versão.
    O ônibus parou e saímos.
    Voltamos para casa.
    - Cansei – reclamou minha mãe, entrando e desabando no sofá com as sacolas.
    - Bom, agora vou tomar um banho – falou ela.
    - E eu vou jogar futebol com uns amigos – menti.
    - Está bem, mas volte antes das seis, hein?
    - Pode deixar, mãe – respondi, apressado.
    Saí de casa e fui direto ao parque do meu bairro.
    Eu estava com uma dúvida: Zoe ainda estaria lá, me esperando? Nem sei se ao menos ela iria ao nosso “encontro”. Mas eu ainda tinha esperanças.
    Andei.

    Passou um longo dia. Mas ainda havia o encontro com a Zoe. E agora, o que acontecerá? Chegarei a tempo? Ou simplesmente ela não estará lá? Descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem^^

Nenhum comentário:

Postar um comentário