quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Capítulo 5 - Montando o Time do Campeonato - 3ª Parte


    Depois veio a terceira aula e, por fim, o intervalo.
    Descemos.
    Natsuno, Joe, Yuuki e eu nos sentamos numa mesa perto da cantina.
    - Por que você agiu daquele jeito? – perguntei ao Natsuno.
    - Você não entende, Fubuki – ele respondeu, sem dar importância à minha pergunta.
    - E por que não?
    - Tá legal, vou responder.
    - Estou esperando.
    Natsuno disse lentamente:
    - Ele é um nerd.
    Apesar de eu já saber de sua resposta antes mesmo que ele a dissesse me impressionou sua atitude.
    - O que isso tem a ver? Ele é um ser humano como todos nós!
    - Os nerds não jogam bola – Natsuno estava impaciente. – Resumindo: eles servem apenas para estudar e para esses jogos de raciocínio.
    - Isso é preconceito.
    - Isso é a realidade – replicou ele.
    Olhei para Joe e Yuuki. Os dois não haviam falado nada até agora, mas senti que Yuuki estava do meu lado e Joe no de Natsuno.
    - Natsuno – iniciei –, você não sabe o que Kai está sentindo.
    - E você sabe?
    Fiquei triste. Na verdade eu sabia, e muito bem. Kai se sentia sozinho, sem companhia, sem amigos. O caso dele era pior que o meu, pois eu tinha Natsuno, Joe e Yuuki.
    - A solidão é o pior sentimento que existe – respondi. – Você não sabe como é porque tem muitos amigos. Mas Kai não. Imagine um mundo onde você não tem ninguém por perto, um mundo onde você é zombado o tempo todo, excluído o tempo todo!
    Percebi que a expressão no rosto de Natsuno mudara. Ele finalmente estava refletindo sobre sua atitude. Só não entendi por que ele percebeu que estava errado tão rápido.
    - Prometo que pedirei desculpas a ele – afirmou. – Você tem toda razão. Não sei exatamente o que o Kai sente, mas pelo menos tenho uma ideia.
    Eu estava orgulhoso. Não só de mim, mas dele também.
    Comemos o resto do lanche em silencio, e percebi que Natsuno estava, agora, triste.
    Bateu o sinal e voltamos para a sala.
    Lá vi Natsuno pedir desculpas a Kai, e Kai aceitando. Natsuno voltou ao seu lugar, onde ficou lá até a hora da saída, sem ao menos dizer mais nada. Eu até tentava puxar assunto, mas ele evitava falar.
    Já era hora de voltarmos para casa.
    Natsuno não nos esperou. Por algum motivo senti que ele queria ficar sozinho, então não o chamei.
    - O que houve com ele? – perguntei a Joe e Yuuki, que desciam comigo.
    - Natsuno nunca te contou sua história? – indagou Yuuki.
    - Ele apenas disse que seu pai é policial e que mora com a avó. Por quê?
    A expressão no rosto de Yuuki também mudou, enquanto ele respondia:
    - Natsuno também se sente sozinho.  
    Estranhei:
    - Se sente sozinho? Mas ele é sempre um cara alegre, de bom humor…
    - Ele perdeu a mãe quando tinha três anos - Yuuki me interrompeu -, e o pai só pensa no trabalho. Por isso ele mora com a avó, num lugar muito vazio, por sinal.
    Foi aí que finalmente entendi. Não sabia disso, Natsuno não me contara. De alguma forma eu sabia como ele se sentia. Não é fácil viver sem a mãe e sem o pai por perto, eu tinha certeza disso. Foi então que me lembrei do meu pesadelo. Aquele pesadelo horrível, onde eu era excluído pelos meus pais.
    Despedi-me de Yuuki e Joe.
   
    No caminho para casa começou a cair lágrimas dos meus olhos, enquanto eu me lembrava do meu pesadelo, onde eu matara meus pais de ódio por eles me excluírem. Eu sei que era apenas um pesadelo, mas até agora não acreditava nisso. Como eu poderia fazer aquilo, uma coisa tão horrível? Ainda mais com os meus pais, quem eu amo muito. Mas o importante é que aquilo tudo não era real.
    Mudei meus pensamentos para Natsuno. Não sabia que ele perdera a mãe. Ele me parecia um cara tão de bom humor… Mas na verdade ele também se sentia sozinho, assim como eu. Se ter pesadelos sobre a morte dos pais já era ruim, imagine perdê-los de verdade. Eu não saberia o que fazer se perdesse a minha mãe.
    Lembrei também de Riku.
    Joe me falara que ele perdeu os pais recentemente. No começo eu nem liguei muito, mas refletindo melhor eu começo a ter pena dele.
    No final das contas percebi que não sou o único que me sinto solitário. Kai, Natsuno e Riku também se sentem como eu. E há também aquela menina que vi no parque ontem: a Zoe.
    Prometi a ela que nos veríamos hoje. E, não sei por que, estou muito ansioso para isso. Quando fico perto dela eu sinto algo diferente dentro de mim, quase a mesma coisa que sinto quando estou perto da Shimizu. As duas eram muito lindas, e ambas tinham um jeito mágico de me deixar fascinado, de me deixar muito fascinado. Aquele encanto… Eu estaria apaixonado pelas duas?! Não, não. Apesar de tudo eu sabia que o que sentia pela Shimizu era mais forte. Mas de uma maneira ou de outra eu estava indeciso quanto a isso. Isso é uma prova de que a vida de uma pessoa não é nada fácil.
    Foi aí que me lembrei: como eu me encontraria com Zoe sendo que… marquei com a minha mãe para irmos fazer compras? Oh, meu Deus. Que vida complicada!
    Continuei meu caminho, rumando à minha casa, tentando achar uma solução para esse problema.
   
   
    Coitado do Natsuno! Não sabia sobre a sua história. Mas e o encontro com a Zoe? Como eu resolverei esse problema? Chegarei a tempo, ou desapontarei a recém-conhecida minha? Descubra no próximo capítulo de “O Caçador de Vampiros”.
    Você não pode perder!

    Acompanhem^^

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