sábado, 27 de julho de 2013

Capítulo 25 - A Noite dos Caçadores - Parte Única

     Fui até a sala, onde estava o meu tio Michael, e falei pra ele que ia caçar vampiros. Inclusive pedi pra ele inventar alguma desculpa pra minha mãe não desconfiar de nada, e avisei que ia chegar tarde em casa.
    Fui até Riku e Natsuno. Este último ainda perguntou:
    - Por que demorou tanto?
    - Estava resolvendo umas coisinhas – respondi.
    Riku disparou em direção à floresta, sem nos esperar, mas fomos atrás. O sol ainda estava se pondo, mas as árvores já pareciam assustadoras. Me lembrei de quando fui atrás do diretor da minha escola. Ele seguira o mesmo caminho que Riku estava seguindo agora, e eu tentava imaginar qual seria o seu destino.
    - Para onde estamos indo? – perguntei ao Riku.
    - Descobri uma pequena base dos vampiros. Os que vamos enfrentar são os chamados “vampiros-zumbis”, que foram ressuscitados de cemitérios por vampiros comuns, e que agora estão aterrorizando alguns bairros aqui por perto.
    Assim que Riku falou isso me lembrei do noticiário onde falava que foram encontradas, num cemitério de Tóquio, tumbas abertas. Os cadáveres haviam desaparecido, e o porteiro fora encontrado morto. Na época eu estranhei, pois não sabia sobre os vampiros, mas com a explicação de Riku agora tudo fazia sentido.
    - Quer dizer que os vampiros têm o poder de ressuscitar os mortos? – estranhei.
    - Acho que ressuscitar não seria a palavra certa – respondeu Natsuno. – As pessoas mortas levantam como vampiros, mas não se lembram de nada da sua própria vida. Elas apenas têm o objetivo de morder outras pessoas, assim as contaminando. Já essas “vítimas vivas” sim podem se lembrar de seu passado, porém com uma sede espantadora de sangue.
    Essa segunda explicação me estremeceu por completo.
    Já havíamos corrido muitos metros, e cada vez mais nos distanciávamos da zona urbana. Admito: eu estava com medo. Mas quem não estaria? Vampiros, zumbis… Ainda mais numa floresta tão escura e assustadora como aquela. Eu, literalmente, estava num filme de terror.
    Olhei para o meu anel dourado.
    Era um presente do meu pai. A princípio eu não sabia muito bem como usá-lo, mas rapidamente descobri. Por mais estranho que seja, meu anel virava uma espada! E aquela espada parecia que fora feita especialmente para mim, pois não era nem muito leve nem muito pesada. Assim que me lembrei do dia do bosque da escola – quando quase travei uma luta com Riku – perguntei:
    - Por que a minha espada, quando estava perto da espada de vocês, cresceu alguns centímetros?
    Ninguém respondeu.
    Corremos mais alguns metros quando Riku decidiu abrir a boca:
    - Talvez porque você estava perto de outros dois heróis centenários.
    Ih, lá vem essas conversas do passado de novo… Era uma coisa que me confundia muito, mas eu lembrava um pouco da explicação do Natsuno.
    - A sua espada passou do nível 1 para o nível 2 – inseriu Natsuno.
    - E são quantos níveis? – perguntei.
    - O máximo que já chegaram foi até o nível 14. Fubuki, você também é um herói centenário.
    - Mas o que significa isso, afinal? – Natsuno e Riku olharam para mim, o que me deixou constrangido. Riku olhou para Natsuno, como se dissesse: “Deixa que eu explico.”; Natsuno assentiu.
    - Significa que você foi escolhido pelo seu clã para ser o herói do mesmo durante a sua existência – respondeu Riku. – Você é um dos únicos que podem chegar perto da força do Caçador Lendário.
    - Que, por sinal, não foi descoberto ainda – lembrou Natsuno.
    - Natsuno, lembra quando você falou que nós ainda somos aprendizes? – Natsuno fez que sim – Até quando seremos, e como saberemos que não somos mais?
    - Quem decide é o Conselho – respondeu ele. – Nossas espadas tem de alcançar o nível 3, e precisamos ter, pelo menos, cem potes de vidros cristalinos cheios.
    Entendi perfeitamente. Então seria por isso que Riku decidiu se juntar a nós? Por que acho que ele ainda era um aprendiz.
    - Apenas um caçador nesse mundo conseguiu deixar de ser aprendiz mesmo com a sua espada ainda no nível 2 – inseriu Natsuno.
    - Quem? – perguntei.
    - Riku.
    Me surpreendi completamente. Eu pensava que Riku ainda era um aprendiz, mas depois lembrei que ele era caçador a mais de dez anos.
    Mas meus pensamentos foram cortados depois que ele parou atrás de um mato de repente. Natsuno e eu fizemos o mesmo. Estávamos na beira de uma espécie de aldeia macabra. Aquele lugar era muito assustador, onde vampiros dançavam num ritual em volta de uma fogueira. Havia várias “ocas” na aldeia, e percebi que finalmente havíamos chegado à tal base que Riku falara.
    - Qual o plano? – indagou Natsuno.
    Riku apenas olhou para ele e fez seu anel prateado se transformar na sua espada brilhante e muito afiada. Natsuno suspirou, como se já soubesse o que Riku ia fazer, então também fez seu anel roxo virar sua espada.
    - O que está esperando para sacar a sua espada Takohyusei? – perguntou Riku a mim; imediatamente fiz o que ele pediu. Nossas espadas começaram a brilhar, então Riku disse: - É hora do show!
    Ele saltou em direção aos vampiros que faziam o ritual e, numa velocidade incrível, atingiu vários com apenas uma voadora. Cerca de cinco vampiros estavam no chão. Sem perder tempo ele começou a enfiar sua espada no peito de cada um, fazendo-os virar pó.
    - Aaaaaaargh!!!!! – gritavam os vampiros enquanto eram exterminados.
    Aproveitando a situação, imediatamente os outros vampiros saltaram na direção de Riku, mas Natsuno e eu impedimos os inimigos com vários golpes. Claramente esses vampiros eram muito mais fracos que aqueles de sábado, mas eram bem mais assustadores também. Seus rostos pálidos eram também deformados, cujos olhos não tinham íris. Alguns não tinham pele! Seus dentes eram idênticos aos dentes dos comuns, mas os ‘vampiros-zumbis’ eram muito mais frágeis e lentos. Porém, quando nos demos conta, estávamos cercados por dezenas deles.
    Riku já se juntava a nós e, aos poucos, íamos derrubando os inimigos. Estávamos dentro de um círculo de inimigos, e muitos já estavam inconscientes, mas aparecia mais e mais, e eu não entendia de onde.
    - Não parem de lutar! – gritei.
    - Valeu pela dica – brincou Natsuno.
    Muitos vampiros nos atacavam ao mesmo tempo, mas a minha agilidade me permitia desviar de todos os golpes com facilidade. Acho que a minha espada Takohyusei – como chamava Natsuno e Riku – me dava poderes, e isso me agradava muito. Eu até estava gostando da aventura, quando finalmente fui atingido por um golpe. Era um vampiro dos comuns – que aparecera de algum lugar – que me atingira na cara. Depois percebi outros no meio dos zumbis, até ver que a facilidade já havia passado.
    Graças às nossas espadas, muitos vampiros já haviam virando pó, mas os que só ficaram inconscientes iam levantando novamente, sangrando bastante. Natsuno e Riku, como eram mais experientes que eu, conseguiam transformar os inimigos em pó num único ataque com suas espadas, o que ajudaria muito se eu também soubesse a manha da coisa.
    - Giratória de vento!! – gritou Riku, saltando e girando como se fosse um tornado atingindo (com suas pernas) os vampiros que o cercava. Todos caíram no chão e, ao mesmo tempo em que Riku finalizava com a sua espada, ele desviava dos vampiros que ainda estavam de pé.
    - Socos relâmpago!! – gritou Natsuno. Já o golpe deste eram socos brilhantes e muito rápidos que, ao mesmo tempo em que eram ligeiros, atingiam os vampiros em cheio. Em apenas cinco segundos Natsuno destruíra cerca de quinze vampiros. Daí ele fez a mesma coisa que Riku: enquanto enfiava sua espada nos inimigos caídos, desviava e contra-atacava os que ainda estavam em pé.
    Por um momento eu me senti mal, vendo que os dois eram mais avançados do que eu. Mas meus pensamentos de “Sou um inútil ao lado deles” mudaram para “Tenho que alcançá-los, custe o que custar!”, e isso, de certo modo, me deu muito ânimo e mais forças para continuar lutando.
    - Háááááá!!!! – gritei, enquanto sentia uma energia percorrer meu sangue. Eu me sentia muito mais forte, e experimentei dando um soco que atingiu em cheio a cara de um dos vampiros comuns. Este atingiu os outros que estavam por perto, e vários caíram num só ataque.
    Me surpreendi.
    Natsuno e Riku apenas olharam para mim, mas continuaram lutando. Fui percebendo que os vampiros estavam diminuindo, até que, finalmente, restaram apenas quatro. Estes eram vampiros comuns, e tentaram fugir, mas esbarraram em Riku que, novamente, me surpreendeu com a sua velocidade incrível.
    - Tomem isso! – exclamou, enquanto atacava-os com a sua espada prata. Os vampiros imediatamente viraram pó, sendo cortados ao meio.
    Era o fim.
    Tínhamos acabado com todos aqueles vampiros, e as únicas coisas que sobrara deles era muito sangue e a areia, que significava que os inimigos estavam mortos.
    Nós três suspiramos.
    Olhei para o meu relógio e vi que eram quase sete horas da noite. Me surpreendi vendo que o tempo havia passado muito rápido.
    Um vento gelado passou por nós, e percebi que o pó nem se movia.
    Estranhei.
    - Agora vem a parte mais chata – disse Natsuno, pegando seu “celular” e apertando um botão, fazendo dezenas de potes cristalinos vermelhos se materializarem no gramado.
    Ele distribuiu os potes entre mim, ele e Riku, e começamos a coletar toda a areia dali por perto. Por fim, Natsuno fez a conta.
    - Quantos vampiros matamos? – perguntei.
    - Exatamente… - respondeu ele, terminando a conta – quarenta e dois vampiros.
    Me entusiasmei.
    - Se continuarmos nesse ritmo deixaremos de ser aprendizes em muito pouco tempo – conclui.
    - Vamos com calma – retrucou Riku. – Foi muita sorte encontrarmos dezenas de vampiros de uma só vez. Sem falar que eram todos zumbis, a espécie mais fraca. Se matamos tanto assim é porque eu vinha investigando-os a algum tempo.
    Riku tinha razão. Eu estava ansioso demais para um novato. Talvez eu até me esquecera do perigo que estava correndo enfrentando esses vampiros-zumbis. Mas o meu maior medo era ter que lutar contra vários vampiros evoluídos de uma só vez. Enfrentei um no shopping, a mais de uma semana, e exterminá-lo não foi nada fácil.
    - Bom – disse Natsuno –, já podemos ir.
    - Ainda não – interveio Riku; Natsuno e eu estranhamos.
    - O que pretende fazer? – indaguei.
    - Isso – ele pegou uma tocha no chão e, utilizando o fogo da fogueira da aldeia, incendiou todas as ocas.
    - Mas e as árvores? – perguntou Natsuno.
    - Já fizemos um grande favor para a sociedade matando esses vampiros. Agora eles que se virem com o resto – essas palavras de Riku me assustaram, e percebi que, mesmo sendo do bem, ele era muito frio.
    Depois voltamos para casa.
    Entrei no meu quarto pela janela – que, por sorte, estava aberta – e me deparei com o meu tio Michael, me assustando profundamente. Quase dei um grito.
    - Como foi? – perguntou ele, ansioso.
    Sorri e contei toda a história do meu primeiro dia de caça, muito feliz.
    Depois disso tomei um banho e fui jantar, e, graças ao meu tio, nem minha mãe nem Kaori desconfiaram de nada.
    Depois tive uma noite de sono tranquila que, para mim, era como se fosse uma recompensa depois de ter exterminado vários vampiros aquela noite. Enfim, eu estava satisfeito.

     Minha primeira caçada foi demais! Mas sinto que mais coisas virão por aí. Natsuno, Riku e eu, um ótimo trio. Será que continuaremos no mesmo ritmo? Ou será que não? Descubra nos próximos capítulo de "O Caçador de Vampiros!".
    Você não pode perder!

    Acompanhem ^^

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