Cheguei em casa e o almoço já estava pronto. Minha mãe estava na cozinha com Kaori, então perguntei:
- Onde está o meu tio Michael?
- Foi procurar uma casa para comprar – respondeu minha mãe.
- Mas por que ele não me esperou?
- Aquele ali só não come carne crua porque não gosta – disse Kaori; todos rimos.
Enquanto minha mãe e Kaori almoçavam, fui para o meu quarto trocar de roupa. Depois desci, e minha mãe me chamou:
- Vem almoçar, filho.
- Estou sem apetite, mãe – falei. E era verdade. Aquele lance com a Shimizu estava enchendo minha cabeça. Decidi ir ao lugar das reflexões: o parque.
- Que surpresa te encontrar aqui – disse eu, vendo Zoe sentada no banco de sempre.
- Ah, oi Fubuki! – ela se mostrou feliz.
Nos cumprimentamos, e sentei ao seu lado.
- O que foi dessa vez? – perguntou ela.
- Hã? – disse eu, sem entender.
- Percebi pela sua cara – explicou Zoe. – O que aconteceu? Me conta.
- Nossa, você percebe tudo – ironizei. – Mas não aconteceu nada dessa vez – sorri, tentando mentir. Mas não consegui disfarçar:
- Fubuki, fala logo – insistiu ela. – Não confia mais em mim?
- Não, não é isso.
- É o quê então?
Eu não queria dizer nada para Zoe, pois se tratava do meu lance com a Shimizu. Eu não queria deixá-la triste, pois gostava muito dela, então queria evitar falar sobre o que me deixava de cabeça cheia.
Ficamos alguns segundos sem falar nada, até que Zoe quebrou o silencio:
- Eu sei que tem a ver com ela – isso me deixou mal. Meu coração se sentia culpado, e parecia que eu estava carregando uma tonelada de cimento em minhas costas.
Virei meu rosto para o outro lado, com certo remorço.
- Fubuki, olha nos meus olhos – pediu ela.
Então fiz o que ela pediu. De repente, meu coração começou a bater mais forte, enquanto eu olhava aquele lindo olhar, um brilho intenso, capaz de encantar até um morto. Por um momento, pensei estar apaixonado pela Zoe, mas logo meu coração se acalmou. Zoe, por outro lado, não me olhava com tristeza. Pelo contrário, ela parecia bem feliz. Não entendi o motivo, mas vê-la daquele jeito me deu um pouco mais de ânimo.
- Pode me contar – disse ela.
Eu não conseguia falar. Na verdade, eu nem sabia o que falar. Eu não poderia contar sobre os vampiros pra Zoe. Percebi que a minha enrascada era pior do que eu pensava. E olha que estou nessa vida de caçador há apenas alguns dias. Imagine daqui a alguns meses. Ou até anos!
- Parece que eu não deveria ter te contado o que sinto por você – lamentou ela.
- Por quê? – perguntei.
- Você ainda pergunta? – respondeu Zoe, desviando o olhar. – Fubuki, você me olha com outros olhos.
- Como assim?
- Dá a impressão que você evita contar sobre a sua vida pessoal para mim, com medo de me fazer sofrer – isso era verdade, o que me deixou muito mal. – Eu sei que você gosta da…
- Shimizu – completei; Zoe imediatamente olhou para mim.
- Decidiu falar o nome dela? – não respondi – Isso já é um bom começo. Agora conta o que houve entre vocês, por favor.
Hesitei.
- Fubuki?
- Não tem nada pra falar, é sério – menti.
Não sei se Zoe acreditou, mas desistiu.
- Zoe – disse eu –, o que em mim te atraiu?
Ela riu.
- Qual a graça? – perguntei.
- Nenhuma – ironizou ela. – Essas coisas são do coração. Não sabemos o porquê que gostamos de uma pessoa. Só gostamos e pronto.
- Mas você… tipo, não faz ideia?
- Ah, sei lá – ela olhou nos meus olhos. – Talvez esse seu jeito fofo de ser.
Imediatamente protestei:
- Fofo?
- Sim. Fofo. Por quê? Algum problema?
- Não, nenhum. Mas fofo talvez não seja um elogio que os garotos gostem de ouvir – expliquei.
Zoe riu mais uma vez, o que me deixou constrangido.
- Vocês garotos são mesmo bobos…
- Não entendi.
- Vocês são machistas. Garotas gostam de meninos fofos, por isso não entendo o porquê de vocês não gostarem de serem chamados assim.
Não falei nada, pois eu não sabia explicar o porquê também. Zoe estaria certa? Talvez. Mas ainda assim fiquei feliz com a resposta dela. Até que “fofo” não é um elogio assim tão ruim.
Ficamos no parque por mais alguns minutos, e depois fomos embora.
Já em casa, meu tio estava na cozinha. Fui até ele:
- E aí, Fubuki – ele me cumprimentou, colocando a comida no seu prato.
- Isso é hora de almoçar? – brinquei.
- Ah, vida de trabalhador é assim mesmo: não temos hora para comer – rimos juntos. – Está servido?
- Estou sim – respondi, percebendo minha barriga roncando. Também coloquei comida num prato e começamos a "almoçar". – Conseguiu alguma casa para morar? – perguntei.
- Ainda nada. Aqui nas redondezas haviam três, me falaram, mas quando cheguei lá duas já tinham sido compradas e a outra era pra alugar.
- Que pena – respondi, vendo que, se meu tio achasse uma casa, não ia ser tão perto da minha. – Tio, quando vamos começar meus treinos duros?
- Por que está tão apressado? – perguntou ele.
- Hoje começam as minhas caças – respondi, o que o surpreendeu. – Conheço dois amigos que também são caçadores, e decidimos montar um trio.
- Mas você não acha que está muito cedo?
- Os dois já são acostumados – expliquei.
- Olha, Fubuki, a partir de amanhã já podemos treinar. Porém, os treinos vão ter que ser à tarde.
- Por mim tudo bem – falei, satisfeito.
Depois que acabamos de comer, passamos o dia assistindo, até dar cinco da tarde, quando decidi ir ao meu quarto. Chegando lá senti um arrepio, e eu já sabia o que era. Fui até a janela – que dava visão à floresta – e olhei para baixo, onde havia o lindo gramado e muitas árvores.
- Ei, Fubuki – gritou Natsuno, ao lado de Riku –, vamos ou não, caçar vampiros?
Sorri, muito feliz. Finalmente eu iria ir à minha primeira caça.
- Estou indo! – respondi.
Finalmente vou caçar vampiros! Só espero não me sair mal... Enfim, o mais importante é que novamente vou sentir o gosto da adrenalina. Quer saber como será a minha caçada? Então descubra no próximo capítulo de "O Caçador de Vampiros".
Você não pode perder!
Acompanhem ^^
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